Suínos
Suinocultura em expansão: 2024 registra recordes de exportação e aumento de preços
Até o final de setembro, os preços do suíno vivo avançaram 5,6% em relação ao mês anterior e 34,9% em relação ao mesmo período do ano passado, encerrando o mês em R$ 8,58.
Produção
Os primeiros resultados referentes ao 2º trimestre de 2024, divulgados pelo IBGE em agosto, mostram que o abate de suínos totalizou 14,6 milhões de cabeças, indicando um aumento de 3,9% em comparação com o trimestre anterior e um incremento de 2,5% em relação ao mesmo trimestre de 2023.
O peso das carcaças atingiu 1,34 milhão de toneladas, representando uma elevação de 4,4% em relação ao trimestre anterior e um crescimento de 1,0% na comparação interanual. Prospectivamente, a Conab projeta para 2025 um crescimento de 1,2% no rebanho e de 1,6% na produção de carne em comparação com 2024.
Para o comércio exterior é esperado um avanço de 2,8% nas importações de carcaças e de 3,0% nas exportações no próximo ano.
No que concerne às exportações, segundo dados da Secex, de janeiro a setembro, os embarques de carne suína (industrializada e in natura) bateram recorde, registrando 862,1 mil toneladas. Isso representa um avanço de 5,3% na comparação com o mesmo período de 2023.
Preço
Segundo a Cepea/Esalq, até o final de setembro, os preços do suíno vivo avançaram 5,6% em relação ao mês anterior e 34,9% em relação ao mesmo período do ano passado, encerrando o mês em R$ 8,58.
Suínos
ABCS destaca impactos do Brasil livre de febre aftosa na suinocultura
Evento reuniu especialistas para painel que contou com a moderação da ABCS.
A Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) discutiu os impactos da conquista do status de Zona Livre de febre aftosa para a suinocultura durante a 5ª edição do Fórum Estadual da Suinocultura. O evento foi organizado pela Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (ASEMG) junto com suas afiliadas regionais: Associação dos Suinocultores do Centro Oeste Mineiro (ASSUICOM), Associação dos Suinocultores do Vale do Piranga (ASSUVAP) e Associação dos Suinocultores do Triângulo e Alto Paranaíba (ASTAP), e aconteceu na última terça-feira (29).
A retirada da vacinação contra a febre aftosa, após 60 anos, representa um marco sanitário importante para o Brasil, que já não registra casos da doença em bovinos há quase duas décadas. Embora a vacinação seja focada nos bovinos, a doença também afeta os suínos, que se contaminados são reservatórios da doença, podendo apresentar lesões, perdas produtivas, febre e até morte súbita. Dessa forma, a suinocultura brasileira também é indiretamente beneficiada, com a proteção de mais de 44 milhões de animais, reconhecimento internacional junto a Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA), ampliação das exportações, novas oportunidades de mercado, inclusive no mercado de genética e melhoria no diagnóstico de doenças.
Para falar sobre o tema e debater os desafios de operação no setor de suínos frente ao processo de Zona Livre de Aftosa e a importância da retirada de aftosa para o mercado de suínos em Minas Gerais, o Fórum recebeu o Fiscal Agropecuário e Médico Veterinário do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), Natanael Lamas Dias, Coordenador do programa de vigilância da Febre Aftosa, e a Médica Veterinária e Gerente de Serviços Veterinários na Topigs Norsvin, América Latina, Heloiza Irtes, em um painel moderado pelo analista técnico da ABCS e médico veterinário, Bruno de Morais.
Natanael explicou que estamos num momento histórico. “Talvez a mensagem mais importante disso tudo é trazer ao setor produtivo pro lado da fiscalização de forma a nos notificar caso haja uma suspeita de doença vesicular. A eficiência do do país em conseguir essa mudança de status nos abre portas comerciais para exportar para países que remuneram melhor a nossa proteína animal, como é o caso do Japão, Coreia do Sul e Canadá”. Já Heloiza utilizou essa conquista como um exemplo de como a iniciativa público-privada pode trabalhar juntos em prol dos produtores, e também trouxe a perspectiva dos consumidores, que ganham ainda mais confiança na qualidade do produto, podendo impactar no aumento de consumo.
Para Bruno, a suinocultura possui um papel crucial no cenário agropecuário, especialmente diante da retirada da vacinação contra a febre aftosa em bovinos. Ele destacou que, com a eliminação dessa vacina, os suínos se tornam ainda mais importantes como sentinelas da doença, pois não apenas são amplificadores do vírus, mas também podem apresentar sintomas que afetam a saúde e a produção. “Essa situação requer um cuidado redobrado dos produtores, que devem estar atentos às possíveis consequências dessa mudança e à importância de manter rigorosos padrões de biosseguridade para proteger tanto seus rebanhos quanto a cadeia produtiva como um todo”, concluiu.
Suínos
Da arquitetura à experiência gastronômica: uma visão de empreendedorismo e sustentabilidade
Casal Rodrigo Torres e Andrea Zerbetto adquiriram uma propriedade familiar há sete anos e com visão empreendedora conseguiram desenvolver a criação de suínos, melhorando os gargalos encontrados no início do negócio, tornando-se um grande modelo de produção para a região da Zona da Mata mineira e todo o Brasil.
A história de Rodrigo Torres com a suinocultura começou há sete anos. Junto de sua esposa, Andrea Zerbetto, é proprietário do Grupo Aro, uma empresa de arquitetura que até então usava a expertise do casal em construções de luxo e preservação de patrimônio cultural. Em 2017, Rodrigo vislumbrou a possibilidade de adquirir a Granja Memória, localizada na zona rural de Raul Soares, um negócio familiar de quatro décadas que estava sob administração de seus pais e tios.
Depois de muita pesquisa sobre a suinocultura e suas possibilidades enquanto negócio, o casal oficializou sua entrada no ramo, assumindo o desafio de transformar a Granja Memória em um empreendimento grandioso e sustentável. E foi aí que no dia 17 de setembro de 2017 – um dia após a Assuvap oficializar o lançamento da Bolsa de Suínos do Interior de Minas, a BSIM – Rodrigo e Andrea tornaram-se suinocultores.
Os primeiros anos foram marcados por um intenso aprendizado. Segundo Torres, as dificuldades eram inúmeras, desde a compreensão básica do manejo de suínos até a necessidade de altos investimentos. “Estudamos profundamente o mercado, mas a produtividade da granja era muito baixa. Precisávamos investir para melhorar tudo, desde a genética até a nutrição dos animais, mas, sem conhecimento técnico, priorizar esses investimentos foi um desafio enorme”, explica.
Diante das dificuldades financeiras, o casal recorreu a empréstimos, enfrentando o dilema de como alocar recursos para garantir o sucesso da nova fase da Granja Memória.
Também enfrentaram a crise do setor em 2021 e 2022, mas superaram os desafios. Com maturidade profissional, visão empreendedora, capacitação e vontade de prosperar na área, conseguiram se reestabelecer, não só melhorando os gargalos encontrados no início do negócio, como superando as expectativas, tornando-se um grande modelo de produção para a região da Zona da Mata mineira e todo o Brasil.
Nasce O Cortês
“Nós planejávamos o nosso próprio frigorífico e queríamos verticalizar a produção, mas ainda não sabíamos o caminho exato. Passamos seis, sete anos estudando até criar o modelo que pretendemos inaugurar no próximo ano”, ressalta Torres
O Cortês é a mais nova marca do Grupo Aro que está prevista para lançamento em meados 2025 e vem para inovar a experiência gastronômica com carne suína. Da produção, Rodrigo e Andrea alimentaram o sonho de ter um frigorífico próprio focado em produzir alimentos de excelência que atendam o paladar da classe A e B com carne de alto padrão; além do foco em exportação para a América do Norte e Europa.
Já em construção dentro das dependências da Fazenda Memória, o frigorífico O Cortês traz uma proposta totalmente inovadora de desmistificar a carne suína e mostrar que ela pode ter um lugar nas mesas mais exigentes, com um produto de alta qualidade e uma experiência gastronômica diferenciada. Para atender a expectativa, inicialmente O Cortês irá oferecer oito linhas de produtos sofisticados, que incluem cortes nobres como Prime Rib e T-Bone, além de refeições prontas no modelo ‘easy open’, em latas; com molhos e especiarias importadas.
O projeto é resultado de um investimento robusto de R$ 25 milhões. Com um modelo de financiamento estruturado, os empresários do Grupo Aro utilizaram R$ 13,5 milhões oriundos do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), além de R$ 6 milhões captados de investidores. O restante do montante foi captado com recursos próprios do casal, que acreditam firmemente no potencial de retorno do frigorífico. De acordo com as projeções de Rodrigo, há expectativa de que O Cortês alcance uma margem bruta de 33% e até 2027, um faturamento anual de R$ 200 milhões.
Operações previstas para 2025
Qualidade, certificação e personalização são os três pilares que sustentam o frigorífico. A qualidade é assegurada pela escolha da raça Duroc, conhecida pelo excelente marmoreio, que confere uma carne macia, suculenta e saborosa. Além disso, a certificação de rastreabilidade de raça garante que cada corte de carne provém geneticamente da raça Duroc, fortalecendo o compromisso com a procedência e autenticidade.
Os produtos d’O Cortês também contarão com a certificação de pegada de carbono positiva, visto que a produção será em consórcio com o cultivo de florestas de eucalipto e recuperação de mata nativa, fortalecendo a sustentabilidade do negócio.
O bem-estar animal também é priorizado, com um sistema de manejo que minimiza o estresse dos animais, por meio de condições como ambiente com temperatura controlada e até música clássica. Rodrigo destaca a importância desses cuidados: “Práticas de bem-estar reduzem os níveis de cortisol, impactando diretamente na qualidade da carne.”
Consumidor contemporâneo
Além de cortes especiais e produtos embalados a vácuo em caixas requintadas, O Cortês oferece porções menores para atender às necessidades das famílias atuais, evitando desperdícios e possibilitando um consumo consciente. Segundo Rodrigo, o objetivo é concorrer com refeições prontas e oferecer uma experiência gourmet acessível, em que o consumidor possa apreciar uma carne suína de alta qualidade sem comparar diretamente com o preço de outras carnes.
Um legado de inovação e sustentabilidade
A sustentabilidade sempre esteve no centro das decisões de Rodrigo e Andrea e, agora, a história do casal é um exemplo inspirador de empreendedorismo e responsabilidade ambiental. O frigorífico O Cortês pretende ser conhecido nos próximos anos como referência mundial em produção de carne suína sustentável, o qual contará com um modelo de consórcio do frigorífico com a produção de madeira, onde há, até o momento, 50 hectares de eucalipto plantado, o que representa mais de 55 mil árvores com dois anos de idade.
A projeção para os próximos 10 anos é alcançar cerca de 130 hectares destinados ao cultivo de eucalipto e outros 20 hectares para recuperação de mata nativa.
E quando o assunto é sustentabilidade, além do plantio, outras medidas são tomadas pensando no meio ambiente: a Fazenda Memória conta com usina de biogás, que converte os dejetos dos suínos em energia limpa; e busca fornecedores de grãos em áreas próximas, para reduzir as emissões com transporte. “A ideia é que o nosso produto ajude a não só reduzir o aquecimento global, mas contribuir para o resfriamento”, detalha Rodrigo.
O Cortês é, de fato, cortês
Ao transformar a Fazenda Memória em um modelo de sustentabilidade e inovação, o casal não apenas cria um produto de alto padrão, mas também contribui para o desenvolvimento de uma suinocultura mais consciente.
“A escolha do nome O Cortês não foi por acaso. Queremos que o nosso produto seja cortês com o meio ambiente, cortês com os animais e cortês com os nossos clientes. Queremos que o nosso legado seja de um agronegócio cortês, que respeita o ambiente e oferece o melhor ao consumidor”, conclui Rodrigo, reforçando a visão de um futuro onde a suinocultura e a sustentabilidade caminham lado a lado.
Suínos 18 mil toneladas
Exportação de carne suína do Paraná bate recorde em setembro
Vietnã aparece pela primeira vez como líder na importação do produto paranaense, enquanto dois mercados que começaram a comprar carne suína este ano – Filipinas e República Dominicana – já estão entre os 10 principais parceiros comerciais.
Setembro foi o melhor mês para a exportação de carne suína paranaense desde 1997, quando se iniciou a série histórica do Agrostat, plataforma que acompanha o setor agropecuário no comércio exterior, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Foram enviadas cerca de 18,6 mil toneladas para o Exterior, com receita de US$ 47,7 milhões. No mesmo mês de 2023 o Paraná tinha vendido 17,1 mil toneladas, ou 9% a menos que neste ano, enquanto o volume arrecadado foi de US$ 36,5 milhões, representando 25% a menos.
A análise do Boletim de Conjuntura Agropecuária, do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), referente à semana de 25 a 31 de outubro, também destaca grandes volumes adquiridos por países novos na pauta de importação de suínos paranaenses, como Filipinas e República Dominicana, além do crescimento de vendas ao Vietnã.
As Filipinas fizeram as primeiras compras das carnes suínas do Estado neste ano, reforçando os volumes a partir de julho e em setembro figuraram na quinta posição entre os principais compradores. Foram enviadas 1,9 mil toneladas, que renderam US$ 5,3 milhões. A República Dominicana também estreou em 2024 e no mês passado adquiriu 490 toneladas, pagando US$ 973 mil, ficando na sétima posição.
O Vietnã é cliente assíduo do Paraná desde outubro de 2018, mas pela primeira vez foi o principal comprador, com aquisição de 3,3 mil toneladas de carne suína. Em 2023 tinha ficado em terceiro no mês de setembro, com cerca de 2,3 mil toneladas. Hong Kong, que no mesmo mês do ano passado foi o principal destino, comprando 5,5 mil toneladas, passou agora para segundo lugar, com 2,8 mil toneladas. “Os dados evidenciam a constante busca por novas oportunidades de mercado para a carne suína paranaense, bem como a confiança de determinados importadores na manutenção e ampliação das relações comerciais”, analisou a veterinária do Deral Priscila Cavalheiro Marcenovicz.
Completam o ranking dos 10 principais importadores de carne suína paranaense: Uruguai (2,4 mil toneladas), Singapura (2,3 mil toneladas), Argentina (1,5 mil toneladas), Angola (486 toneladas), Geórgia (481 toneladas) e Libéria (442 toneladas).
Bovinos
A desvalorização do real, as exportações recorde e a oferta limitada de animais no mercado interno provocaram fortes altas nos principais cortes bovinos nos mercados paranaenses. Com exceção da carne moída de primeira e da paleta com osso, todos os cortes pesquisados pelo Deral apresentaram aumento expressivo.
A estimativa é que os preços permaneçam em patamares mais elevados no médio prazo. Em razão disso, a tendência é que o consumidor opte por proteínas mais baratas, como a carne suína e de frango.
Fango
O boletim registra ainda que as exportações brasileiras de carne de frango tiveram retração de 0,7% em volume e 3,9% em faturamento nos nove primeiros meses de 2024. Foram enviados 3,819 milhões de toneladas agora, contra 3,793 milhões de toneladas nos três primeiros trimestres de 2023. O faturamento caiu de US$ 7,4 bilhões para US$ 7,1 bilhões.
Para o Paraná, que é o primeiro produtor e primeiro exportador no País, o mercado internacional foi mais favorável. No período relatado foram exportadas 1,619 milhão de toneladas, com faturamento de US$ 2,959 bilhões. Representou aumento de 1,4% sobre os 1,597 milhão de toneladas e de 1,6% sobre os US$ 2,913 bilhões alcançados em 2023.
Mel
As exportações de mel brasileiro também tiveram aumento nos primeiros nove meses, chegando a 27,8 mil toneladas, ou 32% a mais que as 21 mil toneladas do ano passado. O faturamento este ano foi de US$ 71,7 milhões, com crescimento de 8,6% em relação aos US$ 66,1 milhões de 2023.
O Paraná foi o quarto maior exportador no Brasil, com 2.518 toneladas e receita cambial de US$ 6,3 milhões. No ano anterior tinha enviado ao Exterior 1.595 toneladas, faturando US$ 4,5 milhões. A exportação de mel é liderada por Piauí, seguido de Minas Gerais e Santa Catarina.
Mandioca
O documento do Deral faz referência também ao patamar alto de remuneração para os produtores de mandioca no Estado. Em abril deste ano a tonelada foi cotada a R$ 433,40. A partir daí passou a se valorizar cada vez mais, chegando a R$ 647,19 nesta quarta-feira (30). A média para outubro do ano passado foi de R$ 587,26.
A valorização financeira animou os produtores, que também comemoraram a volta das chuvas. Volumes maiores de
precipitações pluviais facilitaram o trabalho de colheita das raízes e criaram boas condições para o plantio. Cerca de 83% da área de 140 mil hectares está colhida, com expectativa de totalizar 3,68 milhões de toneladas.
Para o próximo ciclo, em 2025, há expectativa de plantio em 148 mil hectares, podendo ultrapassar os 4 milhões de toneladas de mandioca.
Soja e milho
A safra dos dois principais grãos de verão evolui de maneira normal, com condições de clima favoráveis para o plantio e para o desenvolvimento das lavouras já semeadas. A soja já está plantada em mais de 74% da área de 5,8 milhões de hectares, enquanto o milho cobre praticamente todos os 259 mil hectares.