Suínos
Suinocultura brasileira reinventa sua forma de trabalhar para superar desafios
Para o setor, 2023 foi marcado por certa estabilidade de preço pago ao produtor, ao mesmo tempo por instável e relativamente alto o custo dos insumos, principalmente milho e farelo de soja, resultando em um período de margens muito reduzidas ou, até mesmo, negativas.

“A suinocultura é tradicionalmente uma atividade desafiadora. Crises fazem parte de um setor que aprendeu a ser resiliente e a reinventar a forma de trabalhar”, evidenciou o presidente da Comissão Científica do Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS), Paulo Bennemann, em um levantamento abrangente sobre a suinocultura brasileira em 2023.

Presidente da Comissão Científica do Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS), Paulo Bennemann: “O maior desafio em 2023 foi a sustentabilidade do setor” – Fotos: Divulgação/Nucleovet
De acordo com o médico-veterinário, o ano foi marcado por certa estabilidade de preço pago ao produtor, ao mesmo tempo por instável e relativamente alto o custo dos insumos, principalmente milho e farelo de soja, resultando em um período de margens muito reduzidas ou, até mesmo, negativas. “Ao final do primeiro semestre, com o recuo do custo dos insumos, o quadro se ajustou e a cadeia pôde adaptar-se a um cenário ligeiramente favorável, porém ainda desafiador em função de preços médios da composição de custos do suíno”, destacou Bennemann.
Bastante dependente do resultado das safras, a cadeia de produção de proteína animal tem enfrentado dificuldades na previsão do custo de produção, principalmente devido às flutuações climáticas. “O maior desafio em 2023 foi a sustentabilidade do setor. Manter o equilíbrio entre custo e produção. Em um cenário de margem zero, a busca por redução de perdas ao longo da cadeia é fundamental. Ser mais eficiente se torna o foco do negócio”, relatou o presidente.
Apesar das adversidades, 2023 foi ano próspero para as exportações. “A exportação de carne suína superou, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal em 10% os volumes realizados em 2022. Ultrapassamos a marca de mais de 1 milhão de toneladas e Santa Catarina foi o principal estado exportador, um feito positivo para o setor”.
Cenário otimista
Segundo Bennemann, as projeções para 2024 indicam um cenário com uma maior estabilidade em relação às variações de preços dos insumos. “As exportações continuam em um bom patamar, porém o grande desafio ainda é fomentar o mercado interno”, afirmou ao apontar que a projeção da Consultoria Cogo Inteligência Agro de consumo brasileiro para 2024 da carne suína é de 21 kg/habitante/ano, número bastante inferior se comparado às proteínas de frango (49 kg) e bovina (32 kg).
Quanto às demandas fundamentais, o especialista citou as adequações aos padrões de bem-estar animal, ESG e legislações – como a Portaria 798 do MAPA –, mas ressaltou o bom desempenho do setor frente aos desafios. “A cadeia de suinocultura é muito organizada na sua gestão. Dessa forma, desafios ambientais, legais e inerentes aos aspectos de sustentabilidade serão bem atendidos”.
Em sua avaliação, a cadeia produtiva enfrentará desafios significativos, contudo está no caminho certo para continuar em destaque no cenário mundial. “O Brasil é o quarto maior produtor mundial de carne suína e o quarto maior exportador desta proteína. Somos bons no que fazemos, produzimos uma proteína animal de alta qualidade, com segurança alimentar e de forma sustentável”, concluiu Paulo Bennemann.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



