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Suinocultura brasileira blindada na compartimentação

Sistema de compartimentação na suinocultura ainda é recente e a adesão ao sistema é de caráter voluntário

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Arquivo/OP Rural

Artigo escrito por Maurício Marchi, médico veterinário e coordenador Técnico da Theseo Saúde Animal

Seguindo os trilhos da cadeia produtiva avícola nacional, a suinocultura brasileira tem a oportunidade de se destacar ainda mais no mercado exportador de carne a partir da criação da Instrução Normativa no 44 do MAPA, que estabelece as normas para a Certificação Sanitária da Compartimentação da Cadeia Produtiva de Suínos.

O Brasil é o 4o maior produtor e 4o maior exportador de carne suína. Quando observamos os números da cadeia suinícola nacional e seu impacto na economia, verificamos a importância da participação deste setor no PIB (Produto Interno Bruto). O PIB da suinocultura no Brasil, gerou 63,576 bilhões de reais em 2015 (ABCS, 2015).

Em termos de volume de abate em 2017, o Brasil abateu 43,19 milhões de cabeças, 2% a mais em relação à 2016 (IBGE, 2018) e o consumo per capta chegou a 14,7kg em 2017 (ABPA 2018). Segundo números da ABPA 2018, aproximadamente 20% de toda produção de carne suína no ano de 2017 seguiu para exportação.

IN no 44

Publicada em 19 de dezembro de 2017, a IN no 44 do MAPA, possui como foco principal a intensificação de medidas de biosseguridade na cadeia suinícola com o objetivo de reduzir os riscos de exposição dos suínos aos vírus da Febre Aftosa (FA) e da Peste Suína Clássica (PSC), doenças listadas pela OIE no reconhecimento de status oficial para comércio internacional. Conforme consta no parágrafo segundo da IN: “o reconhecimento será como Compartimento livre de Febre Aftosa e Peste Suína Clássica, ambos, sem o uso de vacinas”.

Toda a cadeia produtiva, desde as unidades de produção (UP), as quais alojam os animais, passando por granjas comerciais (UPLs, crechários, terminadores, sistemas wean to finish), granjas núcleos, multiplicadoras, etc.; e unidades funcionais associadas (UFA), como frigoríficos, fábricas de ração, etc.; devem estar incorporados ao compartimento, atendendo regras específicas de cada setor. O objetivo final é encouraçar a suinocultura nacional permitindo que, se o Brasil sofrer um eventual surto de FA ou PSC, as empresas aderidas ao compartimento estão aptas a continuar exportando seus produtos, mesmo o Brasil perdendo o status de “país livre” para as duas enfermidades.

O documento prescreve uma série de medidas que intensificam o sistema de biosseguridade das unidades de produção (UP), tais como:

  • Cerca de isolamento com afastamento mínimo de 05 metros das instalações;
  • Embarcadouro/desembarcadouro localizado junto a cerca de isolamento;
  • Barreira sanitária junto a cerca de isolamento composta por vestiário, arco e câmara de desinfecção funcionais;
  • Silos de ração devem estar localizados do lado interno da cerca, de forma a permitir seu abastecimento pelo lado externo;
  • Composteira ou outro método aprovado pelo SVO;
  • Possuir controle de pragas funcional;
  • Análise microbiológica da água de consumo a cada 12 meses;
  • Etc.

Febre Aftosa e Peste Suína Clássica

A FA é uma doença viral altamente contagiosa que afeta animais biungulados (bovinos, caprinos, ovinos e suínos) e possui como sinal clínico mais evidente o aparecimento de vesículas na mucosa oral e na região dos cascos. O último caso de FA registrado no Brasil foi em 2006. Atualmente o Brasil é considerado livre de Febre Aftosa pela OIE com vacinação, título recebido em 2018.

A PSC acomete suídeos e se caracteriza por causar hemorragias em diversos órgãos e estruturas como rins, linfonodos e baço. O último caso de PSC, reportado pela OIE ocorreu no Ceará, em outubro de 2018.

Os agentes

O vírus da FA pertence à família Picornaviridae, não possui envelope e caracteriza-se por ser um vírus resistente à alguns desinfetantes. Um dos maiores problemas desta doença ocorre na fase aguda: cada bovino acometido pode eliminar cerca de cem trilhões de partículas virais por dia (Bortot, 2013). Isso caracteriza a FA como uma doença altamente contagiosa. Além disso o vírus permanece viável por vários dias ou semanas fora do hospedeiro. Pode persistir em forragem contaminada e no meio ambiente por até um mês (OIE, 2009).

O vírus da PSC é da família Flaviviridae. É um vírus menos resistente comparado ao vírus da FA, mas também pode permanecer viável por vários dias fora do hospedeiro, dependendo das condições de temperatura e umidade.

Consequentemente, a utilização de desinfetantes atestados contra estes patógenos torna-se vital para manter um alto status sanitário no plantel e evitar a disseminação viral no ambiente e instalações.

Conclusão

A Febre Aftosa e a Peste Suína Clássica são doenças de notificação obrigatória. Utilizar um desinfetante aprovado contra estes patógenos é fundamental para prevenção ou contenção destas enfermidades.

Além do compartimento exigir a utilização de desinfetantes aprovados contra os patógenos citados, deve-se incrementar as medidas de biosseguridade, como o aperfeiçoamento dos processos de limpeza e desinfecção das instalações e o aprimoramento do controle de veículos.

A utilização de desinfetantes registrados no MAPA e aprovados em testes laboratoriais de eficiência contra estes dois agentes virais, é fundamental para o controle da FA e PSC. É importante buscar marcas que foram testadas em condições que simulam o desafio no campo, como tempo de contato reduzido e matéria orgânica interferente.

O sistema de compartimentação na suinocultura ainda é recente e a adesão ao sistema é de caráter voluntário. Empresas estão, aos poucos, buscando lapidar as medidas de biosseguridade de seus plantéis, pois isso confere ao país maior capacidade de negociação com mercados internacionais mais exigentes e oferece proteína animal mais segura aos consumidores, posicionando o Brasil, mais uma vez, como destaque mundial na produção e processamento de carnes.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de fevereiro/março de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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