Suínos Perspectivas da ABPA
Suinocultura amplia abates com projeção para crescer ainda mais em 2022
Quarto maior produtor de carne suína do mundo, a produção do Brasil é estimativa em até 4,7 milhões de toneladas, número 6% superior ao registrado no ano anterior, com 4,4 milhões de toneladas. Já o volume projetado para 2022 poderá chegar até 4,85 milhões de toneladas, volume 4% maior em relação a 2021.
Entre os oito maiores contribuintes do Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), a suinocultura cresceu 2,8% em relação ao ano anterior, agregando uma receita de R$ 31,2 bilhões em 2021. Quarto maior produtor de carne suína do mundo, a produção do Brasil é estimativa em até 4,7 milhões de toneladas, número 6% superior ao registrado no ano anterior, com 4,4 milhões de toneladas. Já o volume projetado para 2022 poderá chegar até 4,85 milhões de toneladas, volume 4% maior em relação a 2021.
De acordo com as projeções da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as vendas internacionais apontam para embarques totais de até 1,13 milhão de toneladas, número 10,5% superior ao alcançado em 2020, quando chegou a 1,024 milhão de toneladas. “Ultrapassamos em novembro o total de toneladas exportadas ano passado (2020), o que é muito positivo, atingindo 1,047 milhão de toneladas, ou seja, chegamos a um recorde histórico de exportações em 11 meses”, celebra o presidente da ABPA, Ricardo Santin.
Ao analisar os meses de janeiro a novembro de 2021 com o mesmo período do ano anterior houve um crescimento de 11,33% nas exportações, com uma receita 17,8% maior, chegando a R$ 2,4 bilhões em 2021. Em 2022, as vendas internacionais poderão chegar a 1,2 milhão de toneladas, volume que supera em 7,5% as exportações projetadas para 2021.
Destino das exportações
A China continua sendo o principal destino das exportações de carne suína brasileira, com 49% do mercado externo, o que representa um volume de 503.866 toneladas, um crescimento de 7,5% de janeiro a novembro do ano passado quando comparado ao mesmo período do ano anterior. Na sequência figura a cidade-estado de Hong Kong (14%), Chile (5%), Singapura, Vietnã e Uruguai com 4% cada; Argentina, Filipinas e Angola com 3% cada; Geórgia (1%) e outros 10% é destinado para outros países.
Estados maiores exportadores
O Estado de Santa Catarina detém a maior fatia do mercado de exportação brasileira, com um share de 51%, ou seja, de janeiro a novembro exportou 532.793 mil toneladas, um crescimento de 11% comparado ao mesmo período de 2020. Em seguida, Rio Grande do Sul exporta 27% e Paraná 14%, fechando o ranking com os três principais Estados exportadores do país.
Mercado interno
A disponibilidade da carne suína no mercado interno cresceu 5%, podendo chegar a 3,5 milhões de toneladas até o fim de 2021. Neste ano, as projeções apontam para um volume entre 3,6 e 3,7 milhões de toneladas de carne suína, um crescimento de 4,5%, um pouco abaixo do projetado para o ano passado.
Com relação ao consumo per capita, o índice deverá alcançar 16,80 quilos por habitante/ano, número 5% maior que o consumo registrado em 2020, quando atingiu 16,06 quilos. Já em 2022, o consumo per capita projetado alcança 17,30 quilos, margem 3% maior que o esperado para 2021. Tanto a produção quanto às exportações e o consumo per capita projetados para 2021 e 2022 são recordes históricos. “Números que consolidam a presença cada vez maior da carne suína na mesa do brasileiro”, reitera Santin.
Mercado global
Caso aumente a produção dos Estados Unidos, do México e do Canadá será menor que 1% no segundo semestre de 2022. No caso da Europa, focos ativos da Peste Suína Africana podem continuar impactando as exportações. Já na China, estima-se aumento da produção em 2021, apresentando recuperação parcial, mas, neste ano, deverá se estabilizar ou apresentar leve queda no segundo semestre. “O abate de matrizes antecipadas gerou uma sobreoferta de carne na China no ano passado, o que deve normalizar neste ano, apresentando uma leve queda”, estima Santin.
No Vietnã, as importações totais para 2022 provavelmente permanecerão acima dos níveis de 2020, e as Filipinas aumentaram significativamente as importações no ano passado, com um volume crescendo mais de 400% no primeiro semestre e devem seguir em 2022 também pressionado, uma vez que a Peste Suína Africana ainda está muito ativa em todo o continente asiático e europeu.
Projeções globais
Conforme previsão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a projeção de produção da China é de queda de 4,9% em 2022 com relação a 2021, que até outubro deste ano apresentava 26% de crescimento, seguindo com queda de 0,1% da União Europeia e 0,3% dos Estados Unidos. Já o Brasil, é cogitado o crescimento na casa dos 4% em 2022.
Nas exportações, nota-se um aumento de 2% do volume exportado da União Europeia, mas em 2020 foi maior do que está sendo projetado para 2022, ou seja, cresce sobre uma base menor e fica inferior às exportações de 2020. Mesmo processo acontece com os Estados Unidos, muito próximo da estabilização das exportações, com crescimento em torno de 2,8%. Canadá terá um leve aumento e as exportações brasileiras comparadas aos demais países segue em alta, com projeção para 2022 de 7,5%.
Importações da China
Apesar de ter quedas de preços locais sobre a oferta de produtos, maior abate de matrizes e aumento da produção local no país chinês, a ABPA estima 4,5 milhões de toneladas importadas pela China até o fim do ano. A projeção para 2022 é que a China continue a importar 4,7 milhões de toneladas, dando sustentabilidade às importações do Brasil com destino ao país.
Embora houve queda nas importações pela China nos meses de setembro e outubro do ano passado causada pela sobreoferta de produto, o share do Brasil cresceu de 9% para 11% comparado com o ano anterior. “Com o início do ano lunar chinês, em 1º de fevereiro, a expectativa da ABPA é que no segundo trimestre a China retome as importações com um volume maior de compras, uma vez que estará com os estoques reduzidos em razão do consumo nas festividades do fim do ano”, anseia Santin.
Disponibilidade de insumos
De acordo com a previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a estimativa era exportar até 31 de dezembro 19,2 milhões de toneladas de milho, com estoques finais de 8,81 milhões de toneladas. Ao analisar as exportações dos últimos 11 meses, a ABPA projetou para dezembro/2021 cerca de 2,1 milhões de toneladas e para janeiro/2022 em torno de 1,1 milhão de toneladas do grão para saída do país, o que garante um estoque de passagem projetado em mais de 10 milhões de toneladas da cultura, atingindo o mesmo patamar de 2018 para 2019, antes da pandemia.
Segundo projeção do USDA, a safra 2021/2022 deve apresentar crescimento de 6,7% sobre a temporada anterior, o que representa 382,59 milhões de toneladas. “O que dá uma certa tranquilidade para o Brasil”, pondera Santin.
Desafio do custo de insumo
O cereal milho e oleaginosa soja compõem 70% dos custos dos insumos para a produção de aves e suínos. De janeiro de 2019 até dezembro de 2021, o preço do milho aumentou em média 124% e da soja cresceu em média 127%. De agosto de 2020 até 14 de dezembro de 2021 os preços dos dois grãos apresentaram uma estabilidade em patamar elevado. “Não temos aqueles picos como tivemos em dezembro de 2020, mas entendo que vamos entrar em uma mudança de patamar de consumo. Nosso produtor também está produzindo agora safras com custos muito mais altos atrelados à alta do dólar”, alega Santin.
Cereais de inverno
De acordo com Santin, a produção de grãos no Brasil se concretizou pelo resultado expressivo da safra de cereais de inverno, que alcançou no ano passado 7,8 milhões de toneladas, um crescimento de 25,3% superior ao resultado da safra anterior, que chegou a 6,2 milhões de toneladas produzidas. Juntos, os Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul ampliaram em 99,5% a área de cultivo, em 158,6% a produção e em 42,6% a produtividade das lavouras.
“O cereal de inverno é um elemento de alternativa importante para as indústrias poderem utilizar em suas rações, tenho certeza que isso vai se tornar uma prática de agora em diante, consolidando mais ainda o rendimento para os nossos produtores e a estabilidade para conversão alimentar”, enfatiza Santin.
Custos de produção do setor
Os aumentos que os consumidores se depararam nas prateleiras dos supermercados deverão se manter ao longo de 2022 também, uma vez que, de acordo com a Embrapa, os custos de produção do setor estão elevados desde janeiro de 2021, variando nos primeiros 11 meses do ano passado entre 407,72 pontos a 397,57 pontos para a avicultura e entre 417,33 a 380,55 pontos para a suinocultura, bem diferentes dos custos praticados antes da pandemia de Covid-19, quando em média o índice era em média de 217,85 pontos para aves e 220,96 para suínos.
Outros custos que encareceram as atividades foram com as embalagens e o diesel. As embalagens de polietileno subiram 71%, de papelão 56% e as rígidas de polipropileno aumentaram 75% entre junho/2020 e outubro/2021. No mesmo período, o combustível teve uma variação de custo que chegou a 44%. “Essa é realidade com a qual vamos ter que conviver durante 2022”, reconhece Santin.
Comportamento dos concorrentes
A Europa e os Estados Unidos são os dois principais concorrentes do Brasil nas exportações de carne frango e suína. No acumulado até outubro do ano passado comparado com 2020, o país norte-americano aumentou 2,4% suas exportações de frango, o que corresponde a 2,97 milhões de toneladas, e cresceu 0,5% nas exportações suínas, resultando em 2,45 milhões de toneladas. Por outro lado, a Europa reduziu em 13% a venda externa de carne de frango e aumentou em 5,7% a de carne suína.
Enquanto a Rússia passou de concorrente a cliente da carne suína brasileira. No entanto, por conta da existência de Peste Suína Africana em alguns locais do país russo e pelo aumento da demanda local, a partir de abril de 2021 as exportações caíram 34%, uma queda bastante acentuada. “De julho a novembro do ano passado as exportações cresceram para 2,8 milhões de toneladas por mês e em novembro a Rússia abriu uma cota de importação de 100 mil toneladas de carne suína, que pode ser acessada por todas as nações habilitadas a abastecer o mercado russo. Porém, perdura ainda embargos por motivos políticos com os Estados Unidos e a Europa, ou seja, o Brasil entre as nações de grandes exportadoras é que terá mais chances de capturar essa grande oportunidade”, pontua Santin.
Panorama e projeção de consumo da China
No dia 15 de dezembro de 2021, a China voltou a comprar carne bovina desossada do Brasil após três meses com as importações suspensas em virtude da suspeita de dois casos de vaca louca no país. Para o presidente da ABPA, a reabertura do mercado chinês reafirma a confiança no governo brasileiro, retomando o fluxo normal do mercado, o que beneficia todas as proteínas brasileiras.
Com previsão para ser autossuficiente em até dez anos, chegando a 95% de produção própria, a China cresceu o abate de suínos em 96,83% no segundo trimestre do último ano, mas caiu 45,79% no terceiro trimestre, com projeção de estabilidade até 31 de dezembro.
O consumo de carne suína pelos chineses, segundo a USDA, vai fechar 2021 em 50,4 milhões de toneladas, apresentando leve baixa em 2022, quando o consumo está estimado em 48,8 milhões de toneladas, retomando o crescimento entre 2023/2025 com possibilidade de atingir 57,1 milhões de toneladas. “Mesmo com a retomada do padrão da indústria local a níveis de 95%, a China também vai continuar a crescer a sua linha de consumo, e a população tem seguido a zona de consumo anualmente, por isso, apesar desse pico de queda de preço da China e da diminuição de volumes localizados nos últimos dois meses do ano passado, enxergamos um padrão muito positivo e uma retomada no segundo trimestre de 2022, não só em volumes como em preço nas exportações para a China de carne suína e demais proteínas animais”, avalia Santin.
Mais informações sobre o cenário nacional de grãos você pode conferir na edição digital do Anuário do Agronegócio Brasileiro.
Suínos
Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade
Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.
Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix
Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.
Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.
Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.
As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.
A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.
Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.
De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.
O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.
Diagnóstico
Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.
A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:
- Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
- Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
- Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
- Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.
A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.
Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.
A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.
A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.
A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.
Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.
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Suínos
Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade
Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.
Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.
Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.
Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.
Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.
O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.
Comunicação e conscientização
Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.
O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.
Compromisso do setor
Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,
Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.
A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.
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Suínos
Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela
Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.
Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.
O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.
Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.
“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.
Exportações
Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.
Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.
Perspectivas
Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.
Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.
Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.
Segurança do trabalho
Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.
Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.