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Suinocultura: alicerce da BRF e poderosa fonte de bem-estar social

O jornal O Presente Rural entrevistou o diretor Ciex Agropecuária da BRF, Guilherme Brandt, que mostra o quanto a atividade vai além da produção de alimentos.

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Arquivo/OP Rural

O jornal O Presente Rural entrevistou o diretor Ciex Agropecuária da BRF, Guilherme Brandt, que mostra o quanto a suinocultura vai além da produção de alimentos. Uma das maiores companhias de alimentos do mundo, a BRF tem suas raízes na suinocultura e sabe da importância que a atividade tem para o bem-estar das pessoas no campo e na cidade até hoje.

Diretor Ciex Agropecuária da BRF, Guilherme Brandt – Foto: Divulgação/BRF

Diante de tanta história e relevância, não poderia ser diferente: a BRF contra ataca o atual cenário de altos custos e preços baixos com emprego de alta tecnologia e práticas de sustentabilidade em seu sistema produtivo. Conheça mais sobre o que a suinocultura representa para o país e para a BRF, companhia com mais de 85 anos de história e uma equipe de mais de 100 mil colaboradores, espalhados por 117 países, atendendo milhares de clientes em todo o mundo.

O Presente rural – O que a suinocultura representa para a BRF?

Guilherme Brandt – A suinocultura é um dos alicerces da história da BRF. Atividade primordial na fundação da Perdigão e Sadia, a história da suinocultura catarinense se confunde com a fundação das nossas marcas e do desenvolvimento da região em que estavam inseridas. Além disso, a carne suína é uma proteína de excelente qualidade e está presente na mesa de milhões de pessoas no Brasil e em diversos outros países. Neste contexto, a suinocultura tem um papel fundamental no crescimento, lucratividade e sustentabilidade da BRF. A produção é caracterizada pelo sistema de integração e produção verticalizada, um modelo de sucesso no país que funciona há mais de 80 anos.

O Presente Rural – Qual a movimentação financeira que a suinocultura tem na BRF, incluindo, por exemplo, carnes, rações, transportes, assistência técnica, etc.?

Guilherme Brandt – Estes são dados estratégicos não divulgados isoladamente pela empresa. O faturamento global em 2021 alcançou R$ 48,3 bilhões, com grande contribuição da produção de suínos, tanto com as vendas no mercado interno quanto externo.

O Presente Rural – Quantas pessoas estão direta e indiretamente ligadas à suinocultura na companhia?

Guilherme Brandt – A suinocultura é uma importante fonte de emprego e a BRF é responsável por uma enorme fatia desses empregos, contando com parceiros integrados, seus colaboradores, transportadores e fornecedores de forma geral. Segundo a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) a suinocultura empregou diretamente cerca de 126 mil pessoas com massa salarial de R$ 3,34 milhões. A estimativa é de que para cada emprego direto foram gerados cerca de sete empregos indiretos, totalizando 923.394 empregos indiretos formalizados em 2016.

O Presente Rural – Quantos produtores rurais estão integrados no setor e em que regiões estão situados?

Guilherme Brandt – A produção da BRF é caracterizada pelo sistema de integração e produção verticalizada, um modelo de sucesso no país, que funciona há mais de 80 anos e tem garantido a sustentabilidade dos negócios no campo. Pelo modelo, a BRF fornece os animais, ração, medicamentos, insumos de forma geral e assistência técnica especializada e o parceiro integrado tem a terra, instalações, equipamentos e mão-de-obra. São aproximadamente 10 mil parceiros integrados na suinocultura e avicultura, localizados nos estados de RS, SC, PR, MG, GO e MT.

O Presente Rural – Onde estão situadas as plantas frigoríficas para suínos da companhia?

Guilherme Brandt – A definição da localização das plantas frigoríficas da Companhia foi determinada de acordo com o início da atividade da empresa em Santa Catarina e, posteriormente, com construções, expansões e/ou aquisições de outras plantas seguindo o plano estratégico de crescimento. Também levamos a produção para novas fronteiras agrícolas no Centro-Oeste, como em Mato Grosso.

Atualmente, temos plantas com abate de suínos nos municípios de Campos Novos, Concórdia e Herval D’Oeste (SC), Lajeado (RS), Toledo (PR), Rio Verde (GO), Uberlândia (MG) e Lucas do Rio Verde (MT). Cabe acrescentar que o beneficiamento é fruto de uma cadeia viva, longa e complexa, que inclui a genética própria, com o trabalho nas granjas da BRF localizadas nos municípios de Faxinal dos Guedes (SC) e Mineiros (GO), e envolve a produção por meio das propriedades localizadas em diferentes municípios, além dos citados anteriormente, onde temos nossas indústrias, temos a produção das fases anteriores, como em Videira e Marau por exemplo.

O Presente Rural – Qual a atual produção de carne e derivados e para onde vai essa produção?

Guilherme Brandt – A carne suína é a proteína animal mais consumida no mundo, e os suínos produzidos na BRF tornam-se alimento para milhões de brasileiros. A proteína também está presente na mesa de milhões de famílias ao redor do mundo, como nos mais de 10 países que a BRF exporta sua produção, incluindo China, Vietnã, Singapura, Hong Kong, Angola e Chile.

Frente aos novos padrões de consumo alimentar humano, é crescente o interesse por produtos que aliem características sensoriais atrativas à versatilidade e à qualidade nutricional. Neste cenário, embora ainda não lidere o consumo de carnes no Brasil, a carne suína vem ganhando espaço nas gôndolas de supermercados com produtos diferenciados e cortes nobres, como picanha, copa lombo, filé mignon e alcatra, cada vez mais presentes nos pratos dos consumidores. Em 2021, o volume de produção 4,6 milhões de toneladas de alimentos produzidos e distribuídos em 127 países, entre aves, suínos e industrializados.

O Presente Rural – Como a suinocultura ajudou a viabilizar financeiramente pequenas propriedades rurais?

Guilherme Brandt – A suinocultura tem um papel fundamental na viabilidade financeira de pequenas propriedades rurais. Sobretudo na região Sul do país, a suinocultura é uma das principais atividades do campo. A suinocultura facilmente se insere em pequenas propriedades, pela versatilidade da atividade, onde não há necessidade de grandes áreas e é, na sua maioria, gerida pela mão de obra familiar.

Mesmo com a oscilação do mercado ao longo dos anos, a suinocultura é uma atividade rentável e atua de forma decisória para a manutenção de pequenas propriedades, auxiliando na redução do êxodo rural, onde já não existe mais o abismo que já houve em relação ao meio urbano, sobretudo no acesso a informações, tecnologias e inovações. As transformações tecnológicas e sociais que vêm ocorrendo nos últimos anos na suinocultura aproxima o campo da cidade, valorizando o meio rural e a permanência de jovens na atividade.

O Presente Rural – Há alguma relação entre IDH e a suinocultura?

Guilherme Brandt – Existe uma correlação positiva entre a oferta de emprego na produção e abate de suínos e aves, confirmando que a suinocultura, além de contribuir para os indicadores macroeconômicos, é importante instrumento de desenvolvimento das regiões. Esse fato é nitidamente observado em cidades onde a BRF está presente. O município de Concórdia, por exemplo, com 75 mil habitantes, está entre os 40 melhores índices de Desenvolvimento Humano (IDHs) do Brasil de acordo com ranking divulgado em 2013, com dados de 2010. Ainda que este dado não possa ser atribuído apenas à presença da atividade, pela força que a suinocultura tem na região, certamente contribui para isso.

Pesquisadores da Embrapa analisaram esse mesmo contexto, usando o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal, elaborado nacionalmente pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro. Pelo indicador da Firjan, Toledo tem um índice de 0,8786, acima da capital paranaense, Curitiba, com 0.851. Em Santa Catarina, Concórdia também supera a capital do estado, com pontuação de 0.878 ante 0.858 de Florianópolis. O mesmo ocorre com Lucas do Rio Verde, onde temos forte presença da suinocultura. A cidade tem o melhor indicador Firjan no Mato Grosso, com pontuação 0.835 ante 0.826 da capital, Cuiabá.

O Presente Rural – Quais os planos e projetos para o setor suinícola da BRF para os próximos anos?

Guilherme Brandt – A suinocultura é uma atividade muito dinâmica que vem apresentando um crescimento, tanto na produção quanto na exportação nos últimos anos. Naturalmente, temos o nosso plano estratégico de crescimento, expansão e modernização da atividade, porém, sempre estamos de olho nos mercados nacional e internacional para balizar a melhor tomada de decisão de momento de crescimento ou estabilização da produção de acordo com a demanda e oferta. Seguimos como um dos players mais importante do setor, colocando novos pratos prontos com carne suína e cortes premium para o consumidor, valorizando e estimulando, por exemplo, a opção por esta proteína no churrasco, além de opções práticas no preparo de refeições do dia a dia.

O Presente Rural – A suinocultura usa cada vez mais tecnologias para ter uma produção de precisão. Fale sobre como esse setor de tecnologias tem se inserido dentro da suinocultura?

Guilherme Brandt – Ao passo que a produção animal evolui em todo mundo, a suinocultura da BRF se destaca como atividade cada mais especializada que facilmente absorve novas tecnologias em favor do aumento da produtividade aliado a um produto de alta qualidade. A suinocultura vem gradativamente englobando as novas tecnologias que vêm surgindo ao longo dos anos.

A tecnologia é empregada em toda a cadeia, desde a genética, onde temos a seleção de bisavós por meio de segmentos de DNA (seleção genômica), testes coletivos de desempenho e conversão alimentar por meio de sistemas eletrônicos de alimentação, todo nosso recurso de experimentação interna em nossas Granjas Experimentais exclusivas para produção e pesquisa própria; os recursos de sensoriamento de granjas, através das variáveis ambientais (climatização, concentração de gases e ventilação); georreferenciamento das propriedades, uso de App próprio para abordagens diretas, gerenciamento e comunicação com nossos produtores e extensionistas, a entrega de sêmen por drones, automatização dos sistemas de alimentação, peso por imagem, identificação, monitoramento e testes preditivos de sanidade e desempenho, nutrição direcionada por fase da vida e insumos, diferentes sítios de produção de acordo com a categoria e uma relação direta com universidades e órgãos de pesquisa.

O uso de drones otimizou a distribuição de sêmen desde nosso Centro de Difusão Genética (CDG) até nossas granjas próprias de produção em Faxinal dos Guedes (SC). Antes o processo levava até duas horas, agora o fazemos em alguns minutos. O primeiro teste para a utilização do drone foi realizado em Toledo, no Paraná, no ano passado, e comprovou os ganhos com tempo, praticidade e segurança do transporte.

Acreditamos que uma mudança de patamar na produtividade vai ocorrer com o emprego de novas tecnologias, por este motivo buscamos estar à frente neste segmento no setor. Aliar a produção às ferramentas atuais, utilização da informatização, capacitação de produtores integrados, controle do indivíduo, participação dos integrados com o time técnico.

O Presente Rural – Além da produção de alimentos, como o senhor avalia o papel da suinocultura no agronegócio, no Brasil e para os brasileiros?

Guilherme Brandt – Para você ter uma ideia da importância da suinocultura para o agronegócio brasileiro, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), em 2021 foram abatidos cerca de 52,9 milhões de cabeças de suínos, número que representa um crescimento de mais de 7% em relação a 2020. Já a produção de carne suína foi de 4,891 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 9,1% em relação ao ano anterior.

Os ganhos também vêm do mercado externo, o que ajuda fortemente a balança comercial brasileira a ter indicadores positivos e a gerar emprego e renda por aqui. O Brasil é o quarto maior produtor e exportador de carne suína do mundo, isso nos torna um importante player do setor. Nesse sentido, a atividade movimenta milhares de empregos de forma direta e indireta, atua marcadamente para o desenvolvimento econômico e social das localidades onde está inserida. Desenvolvimento de pequenas cidades, conhecimento ao pequeno e grande produtor, para desenvolver o campo, uma atividade de expressão e grande relevância na agropecuária e movimentação na economia.

O Presente Rural – Quais são os desafios e as oportunidades que o setor terá nos próximos anos?

Guilherme Brandt – Acreditamos que um grande desafio é manter o nosso elevado status sanitário que com certeza é um dos melhores do mundo. Outro ponto é o equilíbrio entre o aumento de custo de produção por aumento de preços de insumos e preço de venda da carne suína, que atualmente leva forte pressão ao setor.

Por outro lado, a carne suína é uma proteína muito versátil, in natura pode ser consumida assada, cozida, frita e grelhada. Bacon e pés de suínos fazem parte das tradicionais feijoadas brasileiras. Além disso, compõe diversos produtos embutidos como calabresa, linguiças, salsichas, salames e presuntos. É um alimento rico em ômega 3, selênio, proteínas de alta digestibilidade e valor biológico, vitaminas do complexo B, ferro, fósforo, potássio e zinco, nutrientes essenciais para uma alimentação saudável. Neste sentido, acreditamos que existe uma grande oportunidade de aumento de consumo interno de carne suína, podendo ir muito além dos 16 kg per capta atuais, de acordo com dados da ABPA.

Como a cadeia é muito dinâmica e sustentável, acreditamos ainda que uma grande oportunidade e desafio, ao mesmo tempo, é ampliar a aplicação de políticas ESG. Primeiramente a grande oportunidade com a redução no consumo ou uso racional de água em toda a cadeia, desde a produção até o produto embalado, a gestão e aproveitamento de resíduos na cadeia e uso de energias alternativas. Temos nosso compromisso público em relação às políticas de bem-estar animal muito alinhado às melhores práticas globais e inseridas no nosso Sistema de Excelência Operacional no Pilar de Sustentabilidade.

Outro desafio constante na suinocultura é a capacitação, tanto dos times técnicos de operação quanto da produção no campo. O desenvolvimento contínuo, treinamentos de aprofundamento de temas técnicos e comportamentais certamente serão cada mais exigidos pelo mercado. O tema de abordagem e extensão rural foi, é e estará sempre presente, necessitando ação contínua para garantir as boas práticas de produção. Apesar dos desafios, temos ótimas oportunidades e não podemos perder nossa essência de produzir com respeito às pessoas, animais e ao meio ambiente.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Fonte: O Presente Rural

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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Foto: Shutterstock

Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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