Conectado com

Notícias

Suinocultor paranaense instala biodigestor para produzir de forma sustentável

Com plantel de 11 mil leitões, Ari Luiz Schlindwein, de Marechal Cândido Rondon, tinha como objetivo fazer uma granja energeticamente autossuficiente e ambientalmente correta. Ele conseguiu realizar o projeto com apoio do RenovaPR e do Banco do Agricultor, que subsidiam o custo financeiro do investimento.

Publicado em

em

Empresário Ari Luiz Schlindwein - Foto: Roberto Dziura Jr/AEN

Produção rentável aliada à sustentabilidade é a principal preocupação de quem tem no campo o seu sustento. Esse cuidado garante que o que é produzido seja visto com bons olhos, tanto na venda local quanto no comércio com outros países. Para apoiar quem se preocupa com o meio ambiente enquanto produz, o Governo do Estado incentiva a geração de energia própria e sustentável no campo, seja por meio solar ou de biogás.

Com o programa Paraná Energia Rural Renovável (RenovaPR), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), via Instituto de Desenvolvimento Rural (IDR-Paraná), produtores rurais podem vislumbrar não só a economia na conta de luz, mas também, no caso do biogás, resolver um passivo ambiental que acomete principalmente os produtores de animais, seja de bovinos, de suínos ou de aves.

É o que fez o suinocultor Ari Luiz Schlindwein, de 54 anos. Com apoio do RenovaPR, ele instalou um biodigestor na sua granja de suínos em Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná. A história de como isso tem transformado sua propriedade é tema desta semana da série especial “Paraná, a Energia Verde que Renova o Campo”, produzida pela Agência Estadual de Notícias (AEN) e publicada às terças-feiras.

Para dar vida ao sonho de ter uma granja energeticamente autossuficiente e sustentável, Ari contou com financiamento do Banco do Agricultor Paranaense, que subsidia o custo financeiro do investimento, por meio do programa RenovaPR. “Quando fui atrás para saber mais sobre o biodigestor, um empresário comentou comigo sobre essa linha do RenovaPR. No começo eu até pensei em desistir, com medo de não dar certo, mas deu, consegui o dinheiro sem juros e com carência para pagamento”, lembra.

Schlindwein iniciou a produção de suínos em 2020, já com o objetivo de fazer uma granja energeticamente autossuficiente e ambientalmente correta. “Eu sempre tive o cuidado com o dejeto desde quando comecei, em 2008, na minha outra granja, porque se o dejeto escorrer para uma lagoa ou na mata sem ser tratado, ele contamina a água e mata as árvores,” conta o produtor. “Eu queria fazer uma estrutura correta, limpa, sem prejudicar a natureza.”

Em um biodigestor, os dejetos animais são decompostos por bactérias em um ambiente sem oxigênio. Durante esse processo, é produzido o biogás, uma mistura de metano e dióxido de carbono, que pode ser utilizado para gerar energia elétrica através de motores a gás.

O projeto da propriedade, inclusive, foi feito por ele próprio. Ele construía granjas para um grande frigorífico no Interior antes de fazer as próprias. Foi assim que ele viu as vantagens de se ter um biodigestor, após implantar uma estrutura para o vizinho, também produtor de suínos. “Achei muito interessante a construção, eliminar esses efeitos colaterais que o dejeto proporciona para natureza. O dejeto sai limpo e você pode usar ele em cima da plantação sem problema nenhum”, comenta.

A propriedade de Ari Schlindwein, em Marechal, é um crechário com 11 mil leitões, em uma etapa de vida em que o porco ainda é jovem, chegando com 28 dias em cerca de oito quilos, e permanecendo ali por mais 42 dias, até chegar ao peso de 23 quilos. Essa é a fase crucial de desenvolvimento do suíno, em que a alimentação e a vacinação são fundamentais para que o porco chegue até a próxima fase, a de terminação, antes de seguir para o frigorífico.

Apoio – O RenovaPR foi criado pelo Governo do Estado com o objetivo de incentivar a produção de energia limpa e sustentável no campo. Desde 2021, quando foi implantado, já foram mais de 26 mil usinas fotovoltaicas ou de biogás instaladas, sobretudo de energia solar. No entanto, a meta é intensificar ainda mais a instalação de biodigestores.

Com subsídio da taxa de juros feito pelo Banco do Agricultor Paranaense, com operação da Fomento Paraná, o Estado banca parte ou a integralidade dos juros do financiamento para instalação de fontes de energia renováveis, como solar e biogás, no meio rural.

“Foi mais rápido do que eu pensei. Quando estavam prontas as instalações da granja saiu o financiamento para o biodigestor e deu certo de concluirmos tudo junto”, ressalta Ari Luiz Schlindwein. O financiamento para a construção do biodigestor foi de R$ 663 mil, a juro zero, com prazo de pagamento de 10 anos e carência de três.

Segundo dados do Centro Internacional de Energias Renováveis (Cibiogás), até 2023 o Brasil possuía 1.365 plantas de biogás, sendo que os estados com o maior número de plantas são o Paraná (391), Minas Gerais (349), Santa Catarina (119), São Paulo (108) e Goiás (108). De 2022 para 2023, os estados com maior percentual de crescimento em relação a plantas de biogás foram o Paraná (54%), Goiás (44%), Mato Grosso do Sul (41%), Rio Grande do Sul (39%), São Paulo (34%) e Rio de janeiro (27%).

Inovador – O projeto feito por Ari Schlindwein conta com quatros caixas de decantação dos dejetos, separando o sólido do líquido. O sólido ficará na caixa por, no mínimo, um ano, enchendo uma por vez. Na medida em que atingir a capacidade total, o dejeto ficará em descanso por mais um período, até ser utilizado como adubo.

Já no caso do líquido, que segue para o biodigestor, serão retirados os gases poluentes e enviado para a lagoa, já tratado, podendo servir de adubo para irrigação da plantação de feno, outra linha de negócio do produtor. Essa separação foi uma maneira de prolongar a vida útil do biodigestor.

“Se eu deixasse esse dejeto entrando direto, biodigestor já teria um depósito grande no fundo, neste caso, diminuiria o depósito de líquido e aumentaria o de sólido. Dentro de pouco tempo, eu teria que abrir esse balão e tirar todo esse sólido”, detalha o suinocultor.

Com a produção de biogás, a propriedade gera cerca de oito mil quilowatts por mês, mais que o suficiente para abastecer a propriedade de Marechal. Com o que sobra, ele também consegue abater o valor de outras duas contas de luz que estão em seu nome, entre elas o outro crechário, de Toledo.

Somando todas as contas de luz que tem em seu nome, Ari gastaria em média R$ 6 mil/mês em energia, sendo que na produção atual do biodigestor já é possível abater cerca de 60% do gasto. Isso fez com que o maior custo da propriedade se concentrasse na mão de obra, com nove funcionários fixos e outros três temporários, distribuídos nas duas granjas.

E com a sobra do que seria pago na conta de luz, o produtor já tem planos de ampliar o número de animais, saindo dos atuais 11 mil para 16,5 mil leitões, elevando também a produção de energia. “A capacidade do biodigestor gira em torno de 35 a 40 mil quilowatts por mês. Eu vou conseguir gerar em torno de 25 mil quilowatts/mês, menos que a capacidade que o sistema tem, mas, ainda assim, viável pra mim”, destaca.

A estimativa, segundo ele, é que assim que o novo barracão, que será construído ao lado dos outros dois já existentes, estiver em plena operação, a economia chegue na casa dos 90%, praticamente zerando a conta de luz.

Carcaças – Além dessa economia, os gastos na rotina da propriedade também mudaram. “Hoje eu não uso a composteira para as carcaças, vai tudo direto para o triturador e de lá passa por um aquecimento. Depois, vai para o biodigestor e lá produz gás também”, salienta. “Então não perde nada. Não tenho despesa em compostagem e tenho lucro no gás que ela produz, além de não causar dano nenhum ao meio ambiente.”

Segundo o coordenador de Energias Renováveis no IDR-Paraná, Herlon Almeida, o objetivo do RenovaPR é justamente esse: reduzir custos, possibilitar a ampliação da produção e o cuidado com o meio ambiente. “O tratamento de dejetos animais melhora a condição da propriedade e permite ao produtor ampliar o plantel, que é uma das necessidades que todos os produtores de proteína têm, isto é, verticalizar a produção”, explica Almeida. “O tratamento adequado de dejetos é que vai viabilizar as licenças ambientais para essa ampliação.”

Almeida também ressalta que, apesar de ser um investimento mais alto em comparação a energia solar, é algo que se paga rapidamente. “O maior desafio para a expansão do biogás é os produtores entenderem que o investimento, embora comparativamente mais alto, vale a pena. O produtor recupera o capital investido em pouco tempo e, mesmo que ele demande mais mão de obra numa propriedade, isso se paga”, finaliza o técnico do IDR-PR.

Série– A série de reportagens “Paraná, a Energia Verde que Renova o Campo” está mostrando exemplos de produtores rurais de todo o Estado que aderiram ao programa RenovaPR para implantar sistemas de energias renováveis em suas propriedades. Criado em 2021, o RenovaPR apoia a instalação de unidades de geração distribuída em propriedades rurais paranaenses e, junto ao Banco do Agricultor Paranaense, permite que o produtor invista nesses sistemas com juros reduzidos.

Fonte: AEN-PR

Notícias

Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025

Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

Publicado em

em

Foto: Cláudio Neves

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves

A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.

Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.

Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.

Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves

Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.

Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.

Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.

Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

Notícias

Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro

Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

Publicado em

em

Foto: Percio Campos/Mapa

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.

No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.

Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.

Fonte: Assessoria Mapa
Continue Lendo

Notícias

Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável

Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

Publicado em

em

Fotos: Koppert Brasil

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”

Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.

Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.

As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).

Maior mercado mundial de bioinsumos

O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.

A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.

Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.

Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.

Fonte: Assessoria Koppert Brasil
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.