Suínos Prejuízo milionário
Suinocultor do Paraná gasta o dobro do que ganha para produzir
Criador de suínos há mais de 30 anos, Jorge Foellmer Rambo disse que nunca viveu algo parecido, mas garante que a situação caótica já se anunciava em meados de 2019, quando em abril daquele ano o custo de produção do suinocultor independente variava entre R$ 2,80 a R$ 3 o quilo do suíno vivo enquanto o quilo do animal era vendido a R$ 2,60.
“Uma crise sem precedentes”. É assim que o produtor Jorge Foellmer Rambo, de Entre Rios do Oeste (PR), descreve o atual momento que a suinocultura independente vive no Brasil ao receber a equipe do Jornal O Presente Rural em sua propriedade.
A alta no custo de produção aliada ao baixo valor pago pelo quilo do suíno vivo aos produtores gerou uma sobreoferta da proteína no mercado interno e vem fazendo com que o setor amargue diariamente prejuízos milionários, gerando um caos na atividade, com dias cada vez mais nebulosos e incertos.
Criador de suínos há mais de 30 anos, o produtor paranaense disse que nunca viveu algo parecido, mas garante que a situação caótica já se anunciava em meados de 2019, quando em abril daquele ano o custo de produção do suinocultor independente variava entre R$ 2,80 a R$ 3 o quilo do suíno vivo enquanto o quilo do animal era vendido a R$ 2,60. “Nós, suinocultores independentes, estamos sendo esmagados. Jamais presenciei um período tão delicado, tão difícil e tão complicado como este”, afirma Rambo à Reportagem visivelmente angustiado,
De acordo com ele, a crise foi agravada com a quebra das duas últimas safras de milho, principal componente da ração dos animais. “As previsões são péssimas. Temos praticamente um ano e meio sem colher nada, o que afeta diretamente o custo de produção do suíno, uma vez que o animal depende desse milho e da soja para comer”, menciona, destacando que na Granja Rambo são necessárias por semana 20 mil sacas de milho para alimentar os animais.
À míngua
O momento é ainda mais desesperador quando os suinocultores não conseguem repor seus estoques porque seus recursos financeiros findaram com a alta consecutiva do milho, do farelo de soja e dos aminoácidos. “Milho existe, mas falta dinheiro. O milho está escasso e precisa ser comprado à vista, mas está com preço altíssimo. Se para cada dois suínos que vou produzir falta um, o crédito também está limitado. A oferta de milho é mínima, uma vez que estamos entrando na terceira safra sem produção. Então, é um cenário caótico”, analisa.
Sem crédito para a compra de insumos para alimentar os animais confinados nas granjas Brasil afora, aumenta o caos, deixando um rastro de desalento aos tantos suinocultores que têm na atividade o seu sustento diário e muitas vezes de outras tantas famílias que emprega. “Este é um momento dramático. Temos mais de 200 empregados e parceiros comerciais que dependem da nossa atividade. Eu não sei o que vai acontecer”, admite, afirmando que fez um alerta às autoridades estaduais sobre a crise financeira vivida pelo setor em dezembro de 2021. “Eu alertei que os suínos iriam morrer nas granjas por falta de comida, porque nosso crédito está acabando e sem dinheiro não temos como trabalhar”.
Sem ração, os animais começam a perder peso e isso pode levar a antecipação do abate. Esse drama é vivenciando por inúmeros suinocultores como Rambo, que possui uma das maiores matrizes de suínos da região Oeste paranaense. “Não vamos ter como tratar os suínos, porque só temos estoque de milho para mais alguns dias. Não temos como continuar (com os animais vivos) sem comida. Eu não sei o que fazer”, lamenta.
Falso suspiro
Em 2020, já no meio da pandemia da Covid-19, o setor, assim como tantos outros, viveu um período dramático com o fechamento de estabelecimentos comerciais, principalmente restaurantes, o que fez com que, em um primeiro momento, o consumo de carne suína caísse drasticamente. “Mas com as pessoas em casa não demorou muito para que houvesse uma maior demanda de carne suína, pois todos começaram a fazer comida em casa e isso elevou o consumo da carne suína. Em agosto de 2020, o quilo do suíno vivo já estava sendo comercializado a R$ 6, foi quando tivemos rapidamente um pico elevado de preço, que chegou naquele ano a R$ 8,50”, relembra Rambo.
De lá pra cá o cenário mudou radicalmente, colocando em xeque-mate a suinocultura independente. De um lado a
alta dos insumos consecutivas e do outro a queda livre dos preços pagos aos criadores de suínos, intensificada nos últimos dois meses. “Hoje o custo da produção varia de R$ 7,50 a R$ 7,80 por quilo do suíno vivo e estamos vendendo por R$ 3,90 o quilo. Para cada dois suínos que nós produzimos, falta um. Então eu pergunto: Quem conseguirá sobreviver? É impossível. Essa é a história real que estamos vivendo”, relata.
Segundo o produtor, o Auxílio Emergencial (hoje Auxílio Brasil) concedido aos brasileiros de baixa renda durante um período da pandemia gerou uma alta demanda momentânea por carne suína, fazendo com que o setor tivesse um crescimento exponencial, o qual trouxe um desequilibro grande para a cadeia produtiva. “Gerou uma euforia à época de que o consumo interno é sólido, o que não é verdade, foi apenas reflexo do incremento do Auxílio Emergencial que ampliou momentaneamente o poder de compra dos brasileiros, aquecendo o consumo por carne suína no país. Aliado a isso, teve uma enorme demanda chinesa, que ao longo do tempo também esfriou, somado a esta pandemia que causou um desequilíbrio mundial em todos os setores, principalmente na suinocultura, que utiliza commodities como milho e soja para transformar em carne”, expôs.
Carne in natura
Como os suinocultores independentes não são vinculados a cooperativas, arcam com todos os custos da atividade, comercializando de forma direta os animais em frigoríficos de pequeno e médio portes. O consumo é destinado para o mercado interno e não para a exportação, por isso que não se beneficiam do dólar. “Não temos planta frigorífica para repassar parte do nosso prejuízo. Então, nós estamos morrendo”, sentencia, ampliando: “Nós somos produtores de proteínas para os brasileiros. Somos nós que fornecemos a carne in natura, que através dos frigoríficos municipais abastecem os supermercados e açougues com carne fresca para a população consumir. Porque as grandes indústrias focam em industrializados, não em carne in natura. Então se nós suinocultores independentes saímos do mercado, a população pagará caro por isso. Não vai ter carne fresca, só vai ter carne industrializada”, alerta Rambo.
Prejuízo
O produtor paranaense conta que o custo de produção para um suíno de 100 kg é de R$ 780 em sua propriedade, mas está vendendo o animal a R$ 400, amargando um prejuízo de R$ 380 por suíno. “É muito triste o que temos passado. Tenho vendido o suíno hoje com preço de R$ 3,90 o quilo com custo de R$ 7,80, o prejuízo é de 50%. Só multiplicar o prejuízo pela quantidade de animal que cada produtor produz por semana, por dia ou por mês, para saber do ‘rombo’ do produtor. É inacreditável, mas é isso que estamos nos deparando diariamente”, relata.
Pedido de socorro
Quando questionado pela reportagem se enxerga uma alternativa para superar esse momento difícil que o setor suinícola independente vive, Rambo é taxativo: “não vejo nenhuma luz positiva, não vislumbro nada de bom a nossa frente”. No entanto, sugere que um caminho para amenizar de forma imediata a falta de ração para os animais é o governo federal oferecer uma linha de crédito emergencial com liberação de recursos para comprar milho. “Ao menos conseguiríamos concluir com o ciclo dos animais que estão na granja, para que eles não padeçam, porque deixar os animais morrerem de fome é um crime. Mas vamos fazer o que se não temos mais crédito, vamos pedir apoio de quem? Não temos dinheiro, estamos sem recurso, estamos no vermelho há mais de oito meses. Está chegando ao fim, não vejo saída para salvar o que temos”, lamenta.
Custo oneroso
Atualmente 70% do custo de produção é com o milho, com a quebra de duas safras consecutivas no Estado em decorrência da estiagem e depois da geada, encareceu o valor deste insumo. Como na região Oeste a produção de trigo é usada para fazer farinha, esse grão não é destinado à ração animal. Outros cultivares como triticale e sorgo não são produzidos em grande quantidade no Paraná e para trazer o grão de outros Estados torna-se muito oneroso em razão do valor do frete, afetado em cheio pela alta consecutiva dos combustíveis nos últimos 12 meses. “Para transportar o milho do Mato Grosso para o Paraná está R$ 340 a tonelada, porque o combustível subiu mais do que 50% em 12 meses e o salário real não aumentou na mesma proporção, isso também faz com que não se consiga repassar o custo de produção da carne para o consumidor final”, pontua.
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Suínos
Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade
Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.
Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix
Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.
Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.
Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.
As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.
A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.
Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.
De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.
O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.
Diagnóstico
Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.
A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:
- Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
- Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
- Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
- Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.
A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.
Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.
A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.
A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.
A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.
Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.
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Suínos
Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade
Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.
Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.
Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.
Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.
Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.
O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.
Comunicação e conscientização
Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.
O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.
Compromisso do setor
Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,
Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.
A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.
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Suínos
Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela
Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.
Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.
O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.
Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.
“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.
Exportações
Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.
Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.
Perspectivas
Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.
Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.
Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.
Segurança do trabalho
Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.
Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.