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Suínos O Rambo da suinocultura

Suinocultor com oito mil matrizes alavanca VBP de pequeno município do Paraná

Jorge Rambo e família geram emprego e renda para diversas famílias de município de quatro mil habitantes

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Acervo Pessoal

A história do suinocultor Jorge Foellmer Rambo na atividade se confunde com a própria história da família. Desde muito pequeno já ouvia o pai falando da importância da atividade para o sustento da casa. Ainda menino, foi o “escolhido” entre cinco irmãos para o ser parteiro da propriedade. “Eu era um menino bastante magro, e com isso o pai logo me adotou como o parteiro. Quando uma porca não conseguia fazer o parto ele dizia que eu tinha que tirar o leitão, fazer uma intervenção”, lembra.

Foi ali, ainda menino, que surgiu em Rambo o amor pela profissão de suinocultor. “Desde pequeno eu ouvia meu pai falar que tínhamos que ter suínos para ter renda quando a safra de grãos não era boa”, lembra. “E fazendo o serviço você começa a pegar gosto pela coisa”, afirma. Dessa forma, a atividade sempre foi algo que chamou a atenção do suinocultor. “O meu pai e meus irmãos gostavam mais da agricultura. Mas eu sempre via que quando dava zebra, tínhamos os suínos para vender e assim ter renda”, lembra.

A família era de Itapiranga, Extremo-oeste de Santa Catarina, mas se mudaram quando Rambo ainda era menino para o Paraná. “Meu pai era um pequeno suinocultor. Ele tinha umas 30 ou 40 matrizes. Mesmo assim ele conseguiu vários prêmios como produtor exemplar, já que éramos associados da (Cooperativa) Copagril na época”, diz. Ele lembra que a família escolheu Entre Rios do Oeste, no Oeste do Paraná, para morar porque também os avós maternos e tios se mudaram do Estado vizinho para o município de quase quatro mil habitantes. “Foi assim que foi feita, inclusive, a colonização do Oeste do Estado. Famílias vindas de Santa Catarina e Rio Grande do Sul que vieram construir suas histórias”, conta.

Atualmente, o suinocultor possui oito mil matrizes próprias e entrega aproximadamente seis mil suínos gordos por semana. Números significativos para uma cidade tão pequena, mas que são importantes para todos que moram lá. De acordo com o levantamento do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, o Valor Bruto da Produção Rural de 2018 do município foi, em sua maioria, vinda da suinocultura. Dos R$ 210 milhões, 38% foram oriundos de suínos de corte e 17% de suínos para recria. É o valor mais representativo em VBP Agropecuário de todo o Paraná.

Além disso, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, em 2018 a região Sul concentrou quase metade dos suínos do país: 49,7%. Santa Catarina foi responsável por 19,2% do total nacional, o Paraná por 16,6% e o Rio Grande do Sul por 13,8%. Foram ainda estimadas a existência de 4,8 milhões de matrizes de suínos – o que significa que, do efetivo total de suínos (41,4 milhões), 11,6% corresponderam a matrizes (aumento de 1,5% em relação a 2017), tendo essa criação também destaque na região Sul, onde se encontravam 42,2% desse efetivo.

Da integração para independente 

Rambo lembra que, no passado, quando o fomento das cooperativas começou, era interessante fazer parte. “Porque todo o concentrado você retirava do lote, integração. E quando você entregava o suíno você pagava aquela ração. Na época da inflação, a margem chegava a dar 30 ou 40%. O lucro era enorme para quem trabalhava bem”, comenta.

O suinocultor se formou técnico agropecuário e continuou administrando o negócio de suínos da família. “Então, lá pelos anos 1990 nós estávamos vendendo os suínos que engordávamos para a Frimesa. Na época tínhamos o ciclo completo. Assim começamos um projeto com a Sadia de fazer uma UPL para 300 matrizes. O recurso era pouco. Me lembro que foi financiado para oito anos pelo Banco Real via Sadia e ficamos com essa granja de 50 matrizes onde a gente entregava o suíno para a cooperativa”, recorda.

“Como todo estudante, tinha sempre muitas ideias, e sempre dizia para o meu pai que tínhamos que avançar e o nosso desconto estava muito alto na cooperativa, porque a gente pagava fundo rural, quota capital e outras coisas. Eu dizia que de cada 100 suínos, o sistema ficava com quase seis, e isso é muito”, conta. Dessa forma, a ideia foi começar a trabalhar de forma independente. “A suinocultura é algo de altos e baixos. Então, eu vejo que um dos segredos do setor é trabalhar essas oscilações. Elas são constantes e podem ser fatais. Tanto que éramos milhares de suinocultores independentes no país, mas agora não são tantos quanto antes. Seria muito importante que ainda hoje fossemos muitos, e não algo concentrado nas mãos de poucos”, comenta.

Produção de sucesso

De acordo com Rambo, o sucesso da propriedade se confunde com a parceira que existe entre eles e o grupo Friella. “Somos parceiros há 15 anos. No início éramos pequenos, entregávamos um volume de 40 a 70 suínos por semana. Mas crescemos e hoje continuamos avançando, e sempre parceiros”, afirma.

O suinocultor informa que além da produção que ele tem na sua propriedade, há ainda mais de 120 granjas terceirizadas que trabalham com ele. “Na verdade, é um pequeno fomento que a gente tem. Temos produtores em oito municípios, onde temos produtores que fazem a terminação dos suínos dos nossos leitões”, diz.

Ele explica que ele possui aproximadamente oito mil matrizes e que faz o ciclo completo, além de comprar mais um volume razoável de leitões. “São pouco mais de dois mil leitões por semana, e isso a gente leva, boa parte, nas granjas terceirizadas”, explica. De acordo com Rambo, nas 120 granjas terceirizadas é oferecido por ele toda a assistência técnica e veterinária, já que eles têm um quadro com três médicos veterinários, além de toda a medicação e nutrição. “É bastante parecido com um sistema de fomento”, completa.

Negócio familiar

Rambo explica que até 2011 eles eram um grupo familiar. “Mas agora cada um está em uma cidade diferente. Um irmão está no Paraguai, outro no Mato Grosso e outro no Pará. A suinocultura, na verdade, antigamente era o que bancava todo o sistema, era o que dava a renda e ajudava. Mas em 2011 um dos meus irmãos faleceu e mais tarde foi o meu pai. Então nós nos separamos”, lembra. O suinocultor recorda que lamentou muito na época porque nenhum de seus irmãos quis ser sócio na suinocultura. “Eu tinha medo por conta desses altos e baixos e não planto lavoura. Então, de 2013 para cá nós direcionamos todo o foco no setor de suínos. Então o negócio começou a andar bem”, explica.

Como Rambo comentou, a suinocultura é de altos e baixos. Ele lembra que 2014 foi um ano péssimo para o setor. “Tivemos um momento em que todo o capital não pagava as dívidas. Minha esposa e eu pensamos em largar tudo e fugir. Chegamos inclusive a ver uma área no Piauí para comprar e largar tudo aqui. Era tão ruim que a gente tinha por semana valores absurdos de prejuízo, e quando dá prejuízo você fica sem crédito”, diz. “Eu sempre digo que suíno não come dinheiro. Ele come milho e farelo, que são duas comodities internacionais dolarizadas. Então, na época estávamos sem crédito e o setor estava amargando prejuízos enormes e a gente não sabia o que fazer”, lembra.

Mesmo com o constante pensamento em abandonar tudo, Rambo conta que permaneceu na atividade e tirou aprendizados do período sombrio. “A gente foi desafiado. Um dos pequenos segredos e que ajudou a impulsionar o setor foi que como nunca tinha um apoio intensivo do grupo familiar, nós fomos obrigados a investir muita coisa. Porque se você compra um barracão, ele tem seus custos embutidos, ele é caro. Com isso, no passado, a gente começou a fazer celas parideiras, abrimos uma metalúrgica na propriedade. A gente é meio que polivalente dentro da fazenda”, afirma.

Mesmo sem o apoio dos irmãos, foi na esposa Lisete que Rambo encontrou seu braço direito para os negócios. “Minha esposa é arquiteta e urbanista e eu sou engenheiro agrônomo, ambos profissionais com CREA. Começamos a abrir a metalúrgica interna, fazemos postes, pré-moldados, começamos a construir a granja com pouco recurso. É a minha esposa quem comanda todas as obras, os projetos, tudo o que tem na propriedade é ela quem projetou. Ela é importantíssima para o nosso sucesso”, reitera.

Além da metalúrgica e das granjas, a propriedade conta ainda com uma fábrica de ração própria e biodigestor, onde eles fazem o aproveitamento de todos os dejetos dos suínos.

Setor é desafiador

Rambo comenta que é importante o suinocultor saber que os investimentos no setor devem ser constantes, mas o retorno é lento. “Hoje estamos pegando contas do passado e projetando, ao mesmo tempo, o futuro”, afirma. Ele lembra que a crise provocada pela greve dos caminhoneiros foi algo ímpar. “Tivemos um prejuízo milionário, todo o nosso rebanho no campo deu uma conversão alimentar ruim, faltou comida em média uns 10 dias até normalizar tudo. Levamos meses para pagar a conta desse período”, lembra.

Segundo o suinocultor, o setor exige investimento constante. “Você tem que estar o ano inteiro reformando. E mesmo se for fazer um barracão de ponta, em seis meses tem algo faltando, algo novo que surgiu. Então, é algo desafiador, mas ao mesmo tempo que eu gosto demais”, assume. “Chegamos a conclusão de que é algo difícil. Por isso é preciso trabalhar com amor e entender como funciona o processo do suíno”, aconselha.

Outras notícias você encontra na 8ª edição do Anuário do Agronegócio Paranaense.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Suínos

Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Foto: Shutterstock

Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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