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Substitutos de antibióticos, ciência mira resistência microbiana a óleos essenciais e ácidos orgânicos

O Presente Rural entrevistou com exclusividade o PhD Michel Magnin, que veio ao Brasil para fazer duas palestras dirigidas a médicos veterinários e outros profissionais

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O Presente Rural entrevistou com exclusividade o PhD Michel Magnin, que veio ao Brasil para fazer duas palestras dirigidas a médicos veterinários e outros profissionais ligados ao setor de avicultura. O pesquisador falou sobre a substituição de antibióticos por extratos de plantas, óleos essenciais e ácidos orgânicos na produção avícola, sem perdas de desempenho.

Em 29 de março, a palestra aconteceu em Viçosa, MG. O outro encontro integrou a programação do Simpósio Brasil Sul de Avicultura, que aconteceu de 04 a 06 de abril, em Chapecó, SC.

Para ele, a questão a ser abordada nem é mais a preocupação com a resistência aos antibióticos, mas como antecipar e prevenir o desenvolvimento de micróbios resistentes a óleos essenciais ou ácidos orgânicos. De acordo com ele, essas substâncias podem ser usadas como promotores de crescimento e como prevenção, mas, salvo raros casos, as aplicações terapêuticas de antibióticos não podem ser substituídas pelo uso extratos de plantas ou ácidos orgânicos.

O Presente Rural (OP Rural) – Porque reduzir o uso de antimicrobianos na avicultura?

Michel Magnin (MM) – Os antimicrobianos são utilizados em animais de produção para tratar doenças clínicas, prevenir eventos de doença e melhorar o desempenho animal. Inclui a prevenção da coccidiose, uma doença parasitária que causa perdas econômicas significativas, que é principalmente controlada por moléculas ionóforas.

As moléculas de antibióticos utilizadas para estas aplicações em animais podem ser iguais ou podem pertencer à mesma família de produtos utilizados para tratar doenças humanas. É bem conhecido que algumas bactérias patogênicas, como algumas cepas de Salmonella ou Staphylococcus, são multirresistentes a antibióticos e é essencial, como poucas moléculas ativas novas são realmente descobertas, preservar a possibilidade de tratar estas patologias. A resistência aos antibióticos pode ser transmitida facilmente de uma bactéria para outra, especialmente entre as populações de microrganismos do trato digestivo. Essa resistência pode ser motivo de preocupação para uma molécula, mas geralmente é observada resistência cruzada com outras moléculas da mesma família. O risco identificado desde há muito tempo é que o uso intensivo de um antibiótico em animais de produção pode selecionar mecanismos de resistência em bactérias e que o material genético responsável pela resistência pode ser transmitido a bactérias causadoras de doenças em humanos.

O uso de antibióticos como promotores de crescimento (PCAs) foi identificado na União Europeia (UE) como um risco importante e, após a eliminação de várias moléculas, a proibição final e global ocorreu em 2006. Mais recentemente, o uso de antibióticos de forma profilática também foi declarado como um fator de risco. Instituições governamentais, e também professores em Medicina e grupos de consumidores, pediram a redução do uso global de antibióticos em animais (não apenas animais de produção, mas também, animais de estimação) e diferentes planos oficiais foram propostos. Depois da UE, muitos países do mundo, devido, principalmente, à pressão dos consumidores e das empresas agroalimentares, fizeram o mesmo.

OP Rural – Quais as mudanças que isso acarreta na produção de frango?

MM – É necessário distinguir o uso para promoção do crescimento (PCAs) e aquele para prevenção/ controle de doenças. A perda de desempenho devida diretamente à eliminação de PCAs dos alimentos para aves é estimada em cerca de -2 a 3% do ganho de peso e o mesmo para a eficiência alimentar. Os impactos indiretos devem ser considerados: por exemplo, a mortalidade pode aumentar e algumas patologias digestivas, como enterite necrótica, mais ou menos controladas por PCAs, podem prejudicar o desempenho dos lotes. Uma solução para o controle da enterite necrótica é usar algumas moléculas anticoccidianas ionóforas, desde que elas não sejam proibidas.

No que diz respeito às aplicações terapêuticas e profiláticas, a redução dos antibióticos deve ser compensada por uma gestão melhorada da produção, incluindo a proteção das instalações contra animais silvestres, aves, roedores e insetos; regras de higiene, e de visitação controlada, qualidade dos pintos; preparo para o recebimento do lote; qualidade da cama, ar e água; composição da ração.

OP Rural – O que são extratos de plantas, óleos essenciais e ácidos orgânicos?

MM – "Extratos de plantas" são um mundo genérico de muitos produtos muito diferentes. É bem conhecido na medicina humana que muitas plantas são úteis devido às suas propriedades palatabilizantes, anti-inflamatórias, antimicrobianas e antiparasitárias. Os ingredientes ativos podem estar presentes em folhas, raízes, cascas, flores. O uso dos extratos pode começar com a utilização destas partes de plantas, quer após secagem e moagem, quer após extração em água ou álcool.

Os óleos essenciais são extratos específicos de plantas em que os compostos ativos são extraídos da planta, geralmente, pelo vapor, às vezes pela pressão. Em todos os casos, é importante identificar e caracterizar as moléculas ativas ou combinações de moléculas que são responsáveis ??pelos efeitos. Como a composição química das plantas pode variar muito dependendo das condições de cultura, pode ser mais fácil sintetizar as moléculas ativas, para garantir a atividade e as doses.

Os ácidos orgânicos são uma família muito grande de compostos naturalmente produzidos por plantas (ácido cítrico), insetos (ácido fórmico), bactérias (ácido láctico), processos de fermentação (ácido acético, ácido butírico), digestão ruminal (ácido propiônico)… Todos têm propriedades antimicrobianas mais ou menos contra fungos ou bactérias, ou ambos. Para aplicações em alimentação humana e animal, eles são, geralmente, obtidos por síntese.

OP Rural – Como agem os extratos de plantas?

MM – Os extratos vegetais são utilizados por suas principais propriedades: palatabilizante, anti-inflamatório, antimicrobiano. Dependendo do país, o uso de material vegetal e extratos de plantas em alimentos para animais é frequentemente limitada e as listas positivas, ou GRAS (Generally Recognized As Safe), devem ser verificadas.

Palatabilizante significa que podem estimular a ingestão das aves, mas também as secreções endógenas digestivas, enzimáticas (por exemplo, do pâncreas); maior ingestão de alimentos e melhor digestão proporcionam maior ganho de peso.

As propriedades anti-inflamatórias dos extratos vegetais permitem limitar os efeitos negativos observados no epitélio intestinal e devido a alguns compostos contidos nas matérias primas para alimentação animal ou produzidos durante a digestão dos alimentos, ou à interação direta entre a microbiota e o intestino.

Estes dois efeitos não são obtidos diretamente com PCAs; mas, provavelmente, como consequência da pressão sobre as bactérias intestinais, a melhor utilização dos nutrientes é observada de forma semelhante com os antibióticos.

Os efeitos antimicrobianos são obviamente muito importantes para a identificação e escolha de candidatos para a substituição de PCAs. Dessa forma, muitos extratos vegetais foram identificados como possíveis soluções. As dificuldades têm a ver com a presença, a quantificação, a estabilidade dos compostos ativos. Para reproduzir os efeitos, é melhor usar extratos purificados ou moléculas idênticas às naturais.

Reconhece-se que os PCAs funcionam em cerca de 70% dos ensaios experimentais; em outros casos, a pressão ambiental/sanitária é muito elevada ou muito baixa para permitir que os efeitos sejam observados.  Parece que a situação é quase a mesma com extratos de plantas.

A má qualidade dos alimentos, a má gestão das produções, a elevada pressão sanitária não podem ser corrigidas pelo simples uso de extratos de plantas, não mais do que com os PCA.

Os extratos de plantas podem ajudar em uma ação profilática se forem introduzidos na alimentação de aves logo no início. Eles não podem por si só evitar que as aves tenham todas as doenças digestivas, doenças respiratórias ou outras. A gestão da produção e a higiene das instalações são essenciais nesses casos.

Por último, é possível, por vezes, tratar doenças bacterianas em animais com extratos de plantas, mas geralmente antibióticos permanecem a solução mais tecnicamente e economicamente eficiente.

OP Rural – Como os óleos essenciais podem ser usados na substituição dos antimicrobianos na avicultura?

MM – Óleos essenciais são extratos específicos de plantas; tudo o que está escrito acima sobre extratos de plantas é verdade para óleos essenciais.

As diferenças estão no modo de extração e também na possibilidade de identificar, concentrar ou de sintetizar as moléculas dos ingredientes ativos. Os extratos de plantas podem ser obtidos sob a forma de pó, resina ou líquido; óleos essenciais são produtos líquidos, altamente voláteis. Eles precisam ser colocados em transportadores adequados ou encapsulados para um fácil manuseio e uma boa estabilidade ao longo dos processos de produção de rações.

Claramente alguns compostos de óleos essenciais são agentes antimicrobianos fortes e também antioxidantes. Eles podem interagir com a membrana das bactérias, entrar na célula e modificar o metabolismo celular; finalmente, as bactérias morrem. Eles também podem facilitar a penetração de outras moléculas, como ácidos orgânicos, e melhorar, dessa forma, o efeito antimicrobiano desses produtos. Um dos interesses nos óleos essenciais é que eles são ativos tanto em bactérias gram-negativas (i.e. E. coli, Salmonella, Campylobacter …) como gram-positivas (isto é, Clostridium).

OP Rural – Como os ácidos orgânicos agem?

MM – Ácidos orgânicos agem através de dois principais mecanismos. Em primeiro lugar, a acidificação tem efeitos positivos sobre o desempenho e a saúde das aves. É útil estimular a colonização do papo por bactérias de ácido láctico nos pintinhos e limitar a entrada de E. coli no trato digestivo. No proventrículo e na moela, a ativação de enzimas proteolíticas é estimulada por condições ácidas; proteínas são digeridas melhor e menos nutrientes ficam disponíveis para bactérias como Clostridium se desenvolver.

Em segundo lugar, os ácidos orgânicos são compostos antimicrobianos e alguns deles (ácido fórmico, ácido benzóico) são muito eficazes contra E. coli ou Salmonella. Dependendo das condições do intestino do pH, os ácidos orgânicos podem ser dissociados (o próton é separado da molécula) ou não. Quando o pH é superior a 5/6 (o valor depende do tipo de ácido) a molécula é essencialmente dissociada e o efeito antimicrobiano é limitado a um efeito bacteriostático; isso significa que o crescimento de bactérias é reduzido porque a membrana celular perde sua integridade. Quando o pH é inferior a molécula não dissociada é capaz de entrar na célula de bactérias e de prejudicar a síntese celular; finalmente a bactéria morre – é o efeito bactericida.

OP Rural – Como é feita a administração?

MM – Para ácidos orgânicos, geralmente são necessárias doses relativamente elevadas (0,5 – 1%) para obter os efeitos antimicrobianos; é o primeiro limitante para o uso de ácidos orgânicos, pois estes produtos são muitas vezes corrosivos e também podem prejudicar a palatabilidade para os animais. Sais de sódio ou de cálcio podem ser solução para um manuseio mais fácil, mas seu efeito antibacteriano é dividido por 10 a 20 vezes. Uma solução eficaz é encapsular o ácido numa matriz de revestimento que impede qualquer efeito sobre as pessoas responsáveis ??pela manipulação dos ácidos. É também uma maneira de veicular a forma não dissociada ativa diretamente até a parte do intestino onde estamos esperando o efeito; o que é chamado de "targeting". A encapsulação impede a dissociação dos ácidos orgânicos, o que permite a utilização de doses mais baixas.

Os ácidos orgânicos podem ser utilizados na alimentação, mas também através da administração na água, dado que a maior parte deles é dispersível em água. Tratamentos sequenciais em água são interessantes para controlar a qualidade da cama; porém, não substitui o uso de ácidos orgânicos na ração para a melhoria do desempenho.

Os óleos essenciais são voláteis e muitas vezes sensíveis à oxidação. Como eles são líquidos, a primeira operação é absorver os óleos em um veículo e estabilizá-los com antioxidantes, se necessário. Para uma melhor proteção e um melhor efeito, como para ácidos orgânicos, óleos essenciais ou moléculas idênticas às naturais são encapsulados, geralmente com uma gordura vegetal. Devido à baixa taxa de incorporação final (menos de 100 g/T), os óleos essenciais encapsulados são pré misturados com um ou vários veículos antes da incorporação na ração.

OP Rural – Como fazer essa substituição sem perda de desempenho?

MM – A possível substituição de PCAs por combinações de óleos essenciais / ácidos orgânicos é hoje bem demonstrada e aplicada em muitos países, não apenas na UE. Geralmente – mas também devido à evolução da genética e do nível de desempenho dos frangos – esta alteração foi acompanhada com uma melhoria da gestão da produção global da cadeia (dos criadores ao abate).

OP Rural – A resistência aos antimicrobianos preocupa a cadeia avícola?

MM – Todas as cadeias de produção animal estão preocupadas com a resistência antimicrobiana, não só através do consumo de alimentos contaminados, mas também nas fazendas com a contaminação dos produtores com bactérias resistentes provenientes dos animais, ou através da propagação de lixo ou estrume.

Em um passado recente, foi considerado que nenhuma bactéria poderia ser resistente à colistina. Hoje está claramente estabelecido que existem estirpes de E. coli resistentes a colistina. A questão não é "a resistência aos antibióticos é uma preocupação", mas "como antecipar e prevenir o desenvolvimento de micróbios resistentes a óleos essenciais ou ácidos orgânicos".

OP Rural – Até que ponto a indústria química tem dirigido esforços para fazer a substituição aos antimicrobianos?

MM – Eu não posso falar sobre o desenvolvimento/descoberta de novo antibiótico ou composto antimicrobiano novo como eu não tenho conhecimento sobre isso. A indústria de aditivos alimentares começou a trabalhar na reposição de antibióticos (PCAs) há mais de 20 anos e ainda mais se considerarmos o uso de probióticos (microrganismos vivos usados para melhorar a saúde intestinal). Soluções eficazes são identificadas há mais de 10 anos, mas a síntese, as formulações físico-químicas são muitas vezes desenvolvimentos mais recentes. Hoje, o foco é realmente como aumentar o efeito das chamadas alternativas antibióticas, reduzindo as doses e melhorar o direcionamento para o trato digestivo.

Um monte de pesquisa também é feito sobre os efeitos imunomoduladores de extratos de plantas e outros compostos como células de levedura, quitosanas… O futuro terá muitas alternativas e o desempenho dos animais será estimulado.

OP Rural – A substituição por óleos, essências e ácidos pode tornar a cadeia avícola mais segura?

MM – Quando são aplicadas boas práticas no uso de antibióticos, os resíduos não são motivo de preocupação. O problema é a seleção de cepas multirresistentes de bactérias patogênicas para humanos. Dessa forma, a substituição por óleos, essências e ácidos torna a cadeia avícola mais segura. O interessante também é que esses produtos, especialmente quando combinados, são melhores ferramentas para combater Salmonella e Campylobacter, dois agentes principais responsáveis por toxinfecções nos consumidores; como o PCAs foram mais efetivos agindo em bactérias gram-positivas, eles não controlam bem estes patógenos.

OP Rural – Há situações em que não há como fazer a substituição dos antimicrobianos? Se sim, quais?

MM – Claramente, as aplicações terapêuticas de antibióticos não podem ser substituídas pelo uso extratos de plantas ou ácidos orgânicos, ou apenas em poucos casos. Porém, o uso profilático pode ser substituído, se o manejo e a higiene aplicados nas produções forem melhorados.

Mais informações você encontra na edição de Aves de abril/maio de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Avicultura

Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura

Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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Avicultura

Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026

Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

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O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.

Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.

Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.

Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.

Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.

Fonte: O Presente Rural com Consultoria Agro Itaú BBA
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