Suínos
Substituição do óxido de zinco e antimicrobianos melhoradores de desempenho por aditivos naturais
Comprovados em suínos e frangos de corte, esses aditivos naturais aliam desempenho zootécnico, segurança alimentar e menor impacto ambiental, reforçando tendência global por sistemas mais sustentáveis.


Foto: Divulgação/88 Agro-Vetech
Artigo escrito por João Antonio Zanardo, zootecnista, MSc em Nutrição Animal, DSc em Ciências Veterinárias, P&D 88 Agro-Vetech
A suinocultura moderna vive um momento de inflexão. A crescente pressão regulatória, somada às demandas por sustentabilidade e segurança alimentar, torna imperativo rever práticas consolidadas, como o uso intensivo de óxido de zinco (ZnO) como melhoradores de desempenho e controle de diarreia. Neste contexto, aditivos fitogênicos surgem como aliados naturais com capacidade de promover saúde intestinal, desempenho zootécnico, segurança alimentar e ambiental.
A partir de 2022, a União Europeia baniu o uso de ZnO em dietas de leitões devido à sua associação com aumento da resistência antimicrobiana e contaminação ambiental. Estudos demonstram que níveis terapêuticos de ZnO (2.500–4.000 ppm) perturbam a microbiota intestinal dos leitões e elevam a ocorrência de genes como tetA e sul1, responsáveis por resistência a antimicrobianos. Além disso, como metal pesado de baixa absorção, o zinco se acumula nos dejetos e, por consequência, no solo e lençol freático, afetando plantações e ecossistemas aquáticos.
Atividade antimicrobiana e antioxidante dos fitogênicos
O mecanismo exato de ação dos fitogênicos como antimicrobianos não é totalmente conhecido. Sua atividade biológica, porém, pode ser comparada com a atividade de produtos farmacológicos sinteticamente produzidos. Seu modo de ação contra microrganismos está relacionado ao rompimento e desestruturação das membranas por ação sobre os compostos lipofílicos, causando perda de várias enzimas e nutrientes através da membrana celular dos microrganismos.
Os fitogênicos têm ação antioxidante bloqueando processos óxido-redutivos desencadeados pelos radicais livres. São definidos como substâncias que, quando presentes em baixas concentrações (comparadas a outras que oxidam um substrato), previnem significativamente sua oxidação. Os antioxidantes têm a função de capturar os radicais livres para assim inibir a peroxidação lipídica, a modificação de proteínas e os danos no DNA.
Fitogênicos: ciência, natureza e desempenho
Fitogênicos são compostos bioativos derivados de plantas — como terpenos, fenóis e flavonoides — com ação antimicrobiana, antioxidante, anti-inflamatória e imunomoduladora. Além de inibir patógenos entéricos como E. coli e Salmonella, promovem eubiose intestinal e melhoram a digestibilidade de nutrientes.
Estes compostos apresentam baixa probabilidade de geração ou seleção de microrganismos resistentes, devido à sua complexidade química e forma de ação, e são extremamente comuns na natureza. Além disso estes compostos são, de um modo geral, considerados GRAS (Generally Regarded as safe).
Em estudo realizado em Minas Gerais com 240 leitões em creche por 45 dias, o uso de um blend de fitogênicos (sem ZnO ou com metade da dose usual) resultou em aumento do consumo de ração na primeira semana pós-desmame, especialmente entre os leitões leves — fase crítica para o sucesso produtivo. O desempenho zootécnico total (ganho de peso diário, consumo e conversão alimentar) foi estatisticamente equivalente ao do grupo que usou apenas ZnO em dose plena, com tendência à melhora nos grupos com fitogênicos. Além disso, os grupos com fitogênicos apresentaram menor incidência de diarreia.
Gráfico 1 – Consumo diário de ração por leitão na primeira semana (ZnO vs fitogênicos)

Gráfico 2 – Evolução do número de casos de diarreia por tratamento (ZnO x fitogênicos)

Resultados econômicos melhores com produtos ambientalmente sustentáveis
Apesar de resultados estatisticamente semelhantes, animais utilizando fitogênicos obtiveram peso médio dos leitões na saída de creche, em média 0,5 kg por leitão a mais que no tratamento com o ZnO, demonstrando ser economicamente viável a substituição.
Esses aditivos naturais não acumulam no ambiente, não induzem resistência bacteriana e não interferem na absorção de outros microminerais como cobre e ferro.
Blend de fitogênicos em rações de frangos de corte como substituição parcial ou total de antimicrobianos melhoradores de desempenho
A utilização de antimicrobianos como melhoradores de desempenho (AMD) tem sido tradicional na avicultura devido à sua eficácia no controle da microbiota intestinal e na prevenção de enfermidades. Contudo, preocupações globais com a resistência antimicrobiana levaram à proibição do uso de AMD na União Europeia em 2006, intensificando a busca por alternativas naturais. Entre as mais promissoras estão os aditivos fitogênicos, que possuem propriedades antimicrobianas, antifúngicas e antiparasitárias, além de promoverem a integridade intestinal e melhor desempenho zootécnico.
O controle da coccidiose é fator chave na criação de frangos de corte, pois infecções subclínicas por Eimeria spp. podem desencadear enterite necrótica (EN), causada por Clostridium perfringens. A substituição de coccidiostáticos e AMD por produtos naturais exige alternativas eficazes.
Nesse contexto, uma pesquisa, na Universidade Federal de Lavras (UFLA/MG), testou para frangos de corte, melhoradores de desempenho antimicrobiano (AMD) contra melhoradores de desempenho naturais (Fitogênicos). Para o tratamento com fitogênicos (Blend de fitogênicos) propôs ainda um desafio de reduzir em 5% os nutrientes da ração e reduzir em 50% a dose de anticoccidianos.
Resultados
Para os dados acumulados para todo o período experimental, verifica-se que o consumo de ração não é afetado pelos tratamentos estudados (P>0,05), o ganho de peso é semelhante com o uso dos promotores estudados e, a conversão alimentar indica que o uso de um blend de fitogênicos na ração, pode substituir com o mesmo efeito, o antibiótico usado como melhorador de desempenho, mesmo com os desafios.
Gráfico 3 – Desempenho dos frangos de corte (1 a 42 dias)

Conclusão
Com a iminente adoção global de restrições ao ZnO e antimicrobianos, o uso de fitogênicos em sistemas intensivos de produção deve deixar de ser visto como inovação e passar a ser tratado como norma técnica. Os dados brasileiros reforçam o que estudos europeus já confirmaram: é possível — e necessário — produzir mais, melhor e de forma mais segura para o meio ambiente e o consumidor.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: alexia.zanardo@88agrovetech.com.br.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



