Notícias Impactos aos produtor rural
Subsídios do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural pode esgotar até agosto
Cerca de 80% dos R$ 990 milhões previstos para ao PSR no orçamento deste ano já estão comprometidos. O Mapa espera uma suplementação de R$ 710 milhões em reunião marcada para a próxima semana.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estima que os recursos para o seguro rural vão terminar até a primeira semana de agosto, o que pode comprometer a contratação de apólices para coberturas por riscos climáticos para a próxima safra de verão de soja e milho.
Segundo a pasta, aproximadamente 80% dos R$ 990 milhões previstos para o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) no orçamento deste ano já estão comprometidos. O Mapa espera uma suplementação de R$ 710 milhões em reunião marcada para a próxima semana.

Especialista em gestão de patrimônio Barbara Amans: ” Há um movimento muito forte para uma realocação de valores por parte do Ministério da Agricultura, que vem solicitando pelo menos mais R$ 710 milhões” – Foto: Divulgação
Diante do possível esgotamento de recurso do subsídio do governo federal, a especialista em gestão de patrimônio Barbara Amans destaca os impactos para os produtores rurais. “Para explicar este impacto, temos dois grandes pilares. O primeiro é com relação à organização da liberação desse recurso, porque hoje o valor a ser destinado às contratações de seguro rural é definido no começo do ano. O sistema do Ministério da Agricultura é aberto e as seguradoras vão consultando e consumindo-os dia após dia”, expõe.
Neste ano, os grãos de inverno tiveram uma participação de cerca de 60% da totalidade de contratação com subsídio, ou seja, quando chega na época de contratação para os grãos de verão – soja e milho – há pouco subsídio disponível para os produtores rurais realizarem as compras de insumos através das operações de Barter, quando o pagamento pelo insumo é através da entrega do grão na pós-colheita, sem a intermediação monetária. “É necessária uma revisitação nesta forma de liberação, já que o produtor hoje pode ser beneficiado com 20% do subsídio para soja e 40% para o milho”, ressalta.
Outro ponto analisado por Barbosa é com relação ao valor liberado. “Neste ano tivemos a liberação de 990 milhões e já no lançamento sabíamos que este valor não seria o suficiente. No ano passado tivemos 1,1 bilhão, conseguimos contemplar e subsidiar em torno de 122 mil produtores rurais”, evidencia, acrescentando: “Neste ano já começamos com um valor menor e também cientes do aumento no custo de produção, na inflação e nos insumos. Há um movimento muito forte para uma realocação de valores por parte do Ministério da Agricultura, que vem solicitando pelo menos mais R$ 710 milhões. Só que este valor adicional precisa chegar agora para que realmente os produtores da safra de verão sejam atendidos”, enfatiza a profissional.
Com esta falta de subsídios, Barbara orienta que os produtores rurais se organizem e realizem um planejamento financeiro. “Quanto mais bem orientado, organizado e planejado o produtor estiver, menos ele sentirá o impacto dessas oscilações e essas mudanças do mercado. Há uma expectativa que seja uma safra recorde, mas isso não quer dizer que essa safra será recorde em ganhos para o produtor rural. Temos mais uma vez um custo de produção elevado este ano, uma inflação nos fertilizantes por conta da oferta e demanda, aumento do dólar e existe a possibilidade de não haver subsídio; por consequência, o prêmio do seguro também ficará maior para o produtor rural”, salienta.
Com relação à organização, a profissional diz que o produtor rural que se planeja e já inclui o seguro rural como insumo e não como custo adicional, garante a proteção da sua produção. “Há a necessidade de planejamento financeiro, seja na tomada de crédito, seja na trava (garantia oferecida) de mercado ou na contratação do seguro”, pontua.
Contratação do seguro rural
A respeito da contratação do seguro rural, Barbara menciona a importância de buscar uma consultoria de seguros especializada no agronegócio. “Isso faz toda a diferença na construção da solução de seguro, porque são profissionais que estão trabalhando ativamente com o mercado, estão por dentro de todas as movimentações da política agrícola e das perspectivas futuras. “, menciona, ampliando: “Há algumas emendas que serão muito positivas para o próximo ano com relação ao contingenciamento dos recursos, e esses movimentos do Ministério da Agricultura são essenciais para que o produtor se mantenha no campo, já que a previsão é de mais uma safra com incidência de La Niña”.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



