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Streptococcus agalactiae desafia produção de tilápia no Brasil

Para enfrentar esse desafio, é essencial desenvolver estratégias vacinais inovadoras, combinando novas abordagens tecnológicas e práticas de manejo robustas.

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O Streptococcus agalactiae é uma das principais ameaças à saúde das tilápias, causando surtos de estreptococose que comprometem a sanidade dos plantéis e provocam grandes perdas econômicas devido à queda no desempenho zootécnico dos peixes e a alta mortalidade. Recentes alterações nos padrões epidemiológicos desse patógeno, aliadas ao aumento da resistência a tratamentos convencionais, têm gerado preocupações na cadeia produtiva. Para enfrentar esse desafio, é essencial desenvolver estratégias vacinais inovadoras, combinando novas abordagens tecnológicas e práticas de manejo robustas, com o objetivo de prevenir surtos e garantir a sustentabilidade da produção aquícola.

O médico-veterinário Henrique César Pereira Figueiredo, doutor em Microbiologia e professor de Sanidade dos Animais Aquáticos na Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), chama atenção para a presença do Streptococcus agalactiae em todas as regiões produtoras de tilápia do país. “Não há nenhuma propriedade livre desse microrganismo, principalmente aquelas que fazem a engorda. Independentemente da localização ou do sistema de cultivo, as propriedades de tilápia enfrentam a pressão desse patógeno de diferentes maneiras, de acordo com as características ambientais e os métodos de produção adotados”, afirmou Figueiredo durante sua participação no 3º Simpósio de Piscicultura do Oeste do Paraná (Simpop), realizado em meados de julho na cidade de Toledo.

De acordo com o especialista, os sinais clínicos da infecção são variáveis, mas o impacto mais visível para o produtor é a mortalidade nos lotes, que resulta em grandes perdas econômicas. “Mas esse não é o único parâmetro, há também problemas de desempenho zootécnico, que são muito relacionados a essa enfermidade”, destaca.

Embora todas as variantes de Streptococcus agalactiae possam infectar os peixes em qualquer fase da engorda, o professor destaca uma mudança recente no padrão da doença: “Essa enfermidade está se tornando mais comum em animais juvenis. Em plantéis com condições sanitárias deficientes, já é possível observar estreptococose clínica em tilápias com apenas 10 gramas de peso”, salienta, alertando para a necessidade de reforçar os cuidados sanitários logo nas primeiras fases de cultivo.

Historicamente a doença é associada ao verão, no entanto o professor da UFMG observa que há casos surgindo em diferentes épocas do ano, inclusive em temperaturas intermediárias. “A partir de 25ºC, dependendo das condições sanitárias, a estreptococose pode ocorrer, o que reforça a importância de medidas preventivas contínuas”, pontua Figueiredo.

Maior incidência em tanques-rede

De acordo com Figueiredo, a incidência de estreptococose é mais comum em sistemas de tanques-rede do que em tanque escavado, pois neste tipo de produção há um maior monitoramento em relação ao comportamento epidemiológico da doença. “Em tanques-rede temos mais informações sobre o que está acontecendo dentro do tanque, enquanto em tanques escavados a situação pode ser mais difícil de avaliar”, aponta o profissional, acrescentando: “Esse microorganismo tem uma importância muito grande em qualquer plano sanitário, seja com ou sem vacinação dentro dos sistemas de produção”.

Sorotipos mais comum no Brasil

No Brasil, os sorotipos Ib e III do Streptococcus agalactiae são os mais comuns, enquanto em outras regiões, como Ásia e América Central, há registros variados em tilápias. “Essa é uma informação muito importante, porque qualquer entrada de um sorotipo novo no Brasil requer um plano vacinal completamente diferente do adotado até o momento. A vigilância epidemiológica, portanto, é fundamental para prevenir esse tipo de problema”, frisa.

Vacinas como principal forma de prevenção

Conforme o especialista, as vacinas são a principal ferramenta de prevenção, e suas formulações devem proteger contra diferentes sorotipos e variantes genéticas. “É essencial atualizar constantemente as vacinas, sejam elas autógenas ou licenciadas, com base nas variantes que circulam no Brasil”, ressalta.

O monitoramento epidemiológico também é um fator-chave para o sucesso dos programas sanitários. Sem um diagnóstico constante no sistema de produção não é possível planejar adequadamente as ações de controle. “Esse cenário começou a mudar no Brasil com a entrada das indústrias de vacinas, que, junto com empresas de insumos, como aditivos, têm proporcionado suporte técnico e informações epidemiológicas mais precisas para os produtores”, afirma Figueiredo.

Como identificar sinais da Streptococcus agalactiae

As lesões causadas pelo Streptococcus agalactiae em tilápias variam de acordo com o sorotipo do patógeno, entre as principais estão exoftalmia (olhos saltados), opacidade da córnea, letargia, anorexia e sinais neurológicos, como nado errático e em rodopios. Além disso, há lesões internas, que podem afetar o fígado, com áreas de necrose, hemorragias no opérculo, peitoral e ventral, além de danos nas brânquias, no pericárdio e no coração. “Essas lesões resultam em perda de vitalidade, levando os peixes a parar de se alimentar até chegarem ao quadro de mortalidade”, explica o médico-veterinário,

Outro aspecto apontado pelo especialista, que tem se tornado cada vez mais relevante, é a condenação de filé nos frigoríficos, situação que tem ocorrido em diferentes regiões produtoras do Brasil, porém, com maior frequência no Paraná. “No estado de Goiás o problema já foi mais expressivo, mas atualmente tem menor impacto”, aponta Figueiredo, chamando atenção para a flutuação regional da doença, cujas causas muitas vezes ainda são desconhecidas. “O fato é que isso causa grandes perdas econômicas. É preciso que o produtor também pense em como mitigar as doenças que causam prejuízos zootécnicos no sistema de produção, as quais nem sempre resultam em mortalidade. O animal pode até chegar no final do ciclo, mas no processamento ocorre a refugagem do lote, gerando prejuízos expressivos. Por isso é tão importante ficar atento em todos os fatores que afetam a produtividade e a qualidade final do produto”, reforça.

Eficácia da imunização

A escolha de vacinas com sorotipos específicos é fundamental para garantir a eficácia da imunização contra o Streptococcus agalactiae em tilápias. Cada região do Brasil demanda um plano vacinal personalizado, mas por que isso acontece? Para entender melhor, é necessário compreender a biologia da bactéria.

O médico-veterinário explica que as células bacterianas possuem uma estrutura externa chamada cápsula, que é responsável por definir o sorotipo da bactéria. Essa cápsula é formada por resíduos de carboidratos na superfície da célula, e essas rugosidades são o que determinam o sorotipo. “Cada sorotipo gera anticorpos específicos que reagem apenas contra ele mesmo”, afirma Figueiredo, frisando que isso significa que os anticorpos produzidos contra o sorotipo 1A, por exemplo, não terão efeito contra o sorotipo 1B, o que torna necessário desenvolver vacinas diferentes para cada sorotipo presente em uma região.

Embora existam diversos sorotipos descritos mundialmente para o Streptococcus agalactiae, no Brasil, apenas quatro já foram são registrados: Ib, III, II e Ia. No entanto, Figueiredo menciona que os sorotipos II e Ia não são detectados no país desde 2012, indicando que eles não se estabeleceram epidemiologicamente.

Atualmente, os sorotipos Ib e III são os mais prevalentes, tanto nas regiões Sul quanto Nordeste, o que orienta os planos vacinais adotados pelos produtores nessas áreas. “O conhecimento detalhado sobre os sorotipos em circulação é essencial para o desenvolvimento de vacinas eficazes, garantindo a proteção adequada dos peixes e a sustentabilidade da produção aquícola no Brasil”, ressalta.

Atualmente, toda a tecnologia de vacinas disponível no Brasil, considerada a mais avançada para tilápias no mundo, está baseada na escolha dos sorotipos predominantes, Ib e III. No entanto, o médico-veterinário expõe que quem vacina contra Streptococcus já deve ter percebido variações na eficácia da imunização. “Em alguns ciclos, a vacina pode atingir uma taxa de proteção de 90 a 95%, enquanto em outros, usando a mesma vacina, da mesma marca e com protocolos semelhantes, essa eficiência pode cair para 70 a 75%, um desempenho abaixo do esperado, porém muito comum. Uma das nossas principais suspeitas é que essa variação esteja relacionada a mudanças genéticas dentro dos grupos Ib e III, com cepas mutantes surgindo e apresentando características diferentes”, menciona o profissional.

Médico-veterinário, doutor em Microbiologia e professor de Sanidade dos Animais Aquáticos na Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Henrique César Pereira Figueiredo: “É papel da indústria de vacinas desenvolver soluções mais ajustadas à cadeia produtiva. Novas gerações de vacinas serão necessárias para lidar com os desafios sanitários em constante evolução”  – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Atualizações de vacinas

Figueiredo destaca que é fundamental para qualquer indústria farmacêutica, seja na produção de vacinas autógenas ou licenciadas, realizar uma avaliação contínua das variantes genéticas do Streptococcus agalactiae. “A composição das vacinas precisa ser constantemente atualizada, embora o intervalo ideal para essas atualizações ainda não seja claramente definido,  pois esse processo é dinâmico e deve ser monitorado com rigor”, afirma.

Além disso, há uma crescente demanda por vacinas bivalentes, trivalentes e até tetravalentes para combater diferentes sorotipos de Streptococcus agalactiae, reforçando a complexidade do controle da doença.

Outro ponto mencionado pelo doutor em Microbiologia é a necessidade da vigilância epidemiológica contínua nas regiões produtoras, pois, a partir destes dados será possível determinar quando uma vacina precisa ser atualizada. “Outro desafio é o desenvolvimento de vacinas mistas, que combinem proteção contra Streptococcus agalactiae e outros agentes patogênicos, algo que se tornou uma prioridade para a piscicultura brasileira, devido à diversidade de ameaças à saúde dos peixes”, frisou.

Desafios ao desenvolvimento de vacinas mistas

O desenvolvimento de vacinas mistas para tilápias no Brasil enfrenta desafios complexos devido à diversidade de patógenos e à variação regional dos surtos. Figueiredo ressalta que o plano vacinal deve ser ajustado conforme o perfil epidemiológico de cada região produtora. “Nos últimos cinco anos, examinamos cerca de 10 mil tilápias em diversas partes do país, revelando a necessidade de vacinas específicas, que podem variar ao longo do tempo”, aponta.

No Triângulo Mineiro, por exemplo, o especialista pontua a predominância dos patógenos Streptococcus agalactiae Ib, Lactococcus petauri e Francisella orientalis. “Ainda não existe uma formulação comercial que atenda plenamente a essa combinação de agentes. Isso reforça a importância do uso de vacinas licenciadas e autógenas, que se adaptam ao perfil epidemiológico local”, salienta.

Já em Três Marias, também em Minas Gerais, a realidade é outra, com a presença de Streptococcus agalactiae Ib, Streptococcus iniae e Francisella orientalis. E no Sul de Minas Gerais, a variação é ainda mais acentuada, mostrando a necessidade de abordagens diferenciadas, mesmo dentro do mesmo estado.

Em Goiás, o cenário muda novamente com a detecção de Streptococcus agalactiae Ib, Lactococcus petauri e Streptococcus dysgalactiae. No Paraná, predominam Streptococcus agalactiae Ib e Francisella orientalis, com variações entre as regiões Oeste e o Norte do estado.

São Paulo segue um padrão semelhante ao Triângulo Mineiro, enquanto na região Nordeste, além de Streptococcus agalactiae Ib e III, surgem Lactococcus petauri e Streptococcus dysgalactiae, além da presença de Francisella orientalis no inverno. “Esses dados são dinâmicos e mudam constantemente, exigindo decisões sobre quais produtos utilizar para melhor atender ao perfil sanitário de cada sistema de produção”, explica Figueiredo.

Diante dessa diversidade, o profissional afirma que é comum o uso de duas vacinas de diferentes marcas em um mesmo sistema de produção, pois ainda não existem formulações que cubram todos os patógenos. “É papel da indústria de vacinas desenvolver soluções mais ajustadas à cadeia produtiva. Novas gerações de vacinas serão necessárias para lidar com os desafios sanitários em constante evolução”, enfatiza.

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Fonte: O Presente Rural

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Carta de Belém une entidades e leva aquicultura ao centro das discussões na COP 30

Setor aquícola conquista espaço histórico na agenda principal da COP.

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A Carta de Belém foi oficialmente entregue, na terça-feira (18), ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, na cidade de Belém, no Pará. Na última segunda-feira (17), a Carta de Belém foi apresentada aos participantes da COP30, no Pavilhão Oceano, Blue Zone.

Foto: Sergio Moraes/COP

Pela primeira vez na história das COPs, a produção de alimentos aquáticos entrou na agenda oficial e tantas atividades relacionadas constam da programação. E pela primeira vez, a produção de pescado está sendo debatida como uma das mais importantes soluções para a redução das emissões de gases de efeito estufa na produção de alimentos. O sistema alimentar é responsável por cerca de um terço das emissões globais de gases de efeito estufa, e grande parte destas emissões vem da produção de proteínas terrestres, que consomem muita água, energia e utilizam extensas áreas de terra.

A Carta de Belém apresenta a produção de pescado como solução climática, por ser uma atividade de baixo carbono, baixo consumo d’água, excelente conversão alimentar no caso da aquicultura (menor consumo alimento para um kg de proteína), e na Amazônia, onde está localizada a maior reserva de água doce do mundo e a proteção da floresta é uma condicionante para o equilíbrio do clima a nível mundial,  se produz pescado preservando-a. A Amazônia pode transformar-se em um grande polo mundial de produção de pescado, gerando milhares de postos de trabalho, emprego e renda. Ou seja, a produção de pescado é uma atividade estratégica para a Amazônia e para o Planeta.

A Carta de Belém também apresenta uma série de propostas para o desenvolvimento da produção de pescado no Brasil: a sua Inclusão nas Políticas Públicas e no Fundo Clima como atividade de baixo carbono, investimentos em inovação, assistência técnica, infraestrutura, cooperativismo, agregação de valor, acesso ao mercado, entre outras, objetivando o desenvolvimento sustentável e inclusivo da cadeia produtiva da pesca e da aquicultura.

A Carta de Belém foi elaborada durante a realização do Internacional Fish Congres & Fish Expo Amazônia – IFC Amazônia, em Belém, em

Foto: Divulgação

abril deste ano, (o evento contou com 6.800 participantes)  e foi  subscrita por 23 entidades e organizações do setor de pesca e aquicultura, entre outras, como a Federação da Indústria do Estado de São Paulo – FIESP e a Confederação Nacional da Agricultura –  CNA e se constituiu em referência para uma ação propositiva na COP 30. A ação conjunta com o Ministério da Pesca e com a FAO, resultaram na inclusão desta temática na programação da COP.

Posição estratégica do setor

A participação do agro e da aquicultura ganhou destaque inédito na COP 30, realizada no Brasil, conforme destacou a CEO do IFC Amazônia, Eliana Panty. Segundo ela, diferentemente de outras edições da cúpula, em que esses temas permaneciam à margem das discussões, desta vez o agro e, especialmente, a aquicultura tiveram protagonismo expressivo. “Em edições anteriores da cúpula, esses assuntos ficavam de fora e, dessa vez, o agro e a aquicultura tiveram protagonismo importante com salas de reuniões, com o Pavilhão Oceano, com vários debates sobre a produção aquícola”, afirmou.

Panty ressaltou ainda a relevância do ato final da comitiva: “E, agora, entregar essa pauta através da Carta de Belém nas mãos do presidente André Lago é uma grande oportunidade de repercutir o interesse e a preocupação, os objetivos, repercutir o real desejo do setor.”

Presidente do IFC Amazônia e ex-ministro da Pesca, Altemir Gregolin: “Pela primeira vez na história das COPs, a produção de alimentos aquáticos entrou na agenda principal” – Foto: Divulgação

Para o presidente do IFC Amazônia e ex-ministro da Pesca, Altemir Gregolin, a Carta de Belém representa um marco de união e posicionamento estratégico do setor. Ele enfatiza que o documento, subscrito por 23 entidades, consolida a defesa da tese de que a produção de pescado é de baixo carbono, possui baixas emissões de gases de efeito estufa, demanda pouco consumo de água e é estratégica tanto para a Amazônia quanto para o planeta. “Na Amazônia também se pode produzir pescado preservando a floresta”, reforçou.

Gregolin explicou que a Carta de Belém foi essencial para iniciar um movimento conjunto com a FAO e com o Ministério da Pesca para inserir a produção de alimentos aquáticos como tema da agenda principal da COP 30. “Pela primeira vez na história das COPs, a produção de alimentos aquáticos entrou na agenda principal. Temos aqui mais de 30 painéis em torno desta temática”, destacou. Ele também relatou que o documento foi apresentado no Pavilhão Oceano, na Blue Zone, e entregue ao presidente da COP, André Lago. “Ele reconheceu a importância dessa temática, conhece dados e informações de baixas emissões, portanto foi extremamente receptivo. E nós queremos agradecer as entidades nacionais que subscreveram a carta, dando aquele peso político que toda manifestação tem que ter”, concluiu.

Entidades Subscritoras da Carta de Belém

A Carta de Belém conta com o apoio e a subscrição das seguintes entidades nacionais do setor aquícola e pesqueiro: IFC Amazônia; IFC Brasil; ABIPESCA – Associação Brasileira das Indústrias de Pescado; PEIXE BR – Associação Brasileira da Piscicultura; ABRAPES – Associação Brasileira de Fomento ao Pescado; ABCC – Associação Brasileira de Criadores de Camarão; PESCA BR – Associação Nacional de Armadores e Proprietários de Embarcações Pesqueiras; CONEPE – Conselho Nacional da Pesca e Aquicultura; CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil; FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo; Rede de Pesquisa Sustentabilidade na Aquicultura; ABLA – Associação Brasileira de Lojas de Aquariofilia; CBPE – Confederação Brasileira de Pesca Esportiva; ACRIPAR – Associação de Criadores de Peixes do Estado de Rondônia; FAEPA – Federação da Agricultura do Estado do Pará; SINDIPI – Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região; SINPESCA – Sindicato das Indústrias de Pesca, da Aquicultura e das Empresas Armadoras e Produtoras, Proprietárias de Embarcações de Pesca do Estado do Pará; PEIXE SP – Associação de Piscicultores em Águas Paulistas e da União; PEIXE MG – Associação dos Aquicultores e Empresas Especializadas do Estado de Minas Gerais; PEIXE PR – Associação Paranaense de Aquicultura; ACAQ – Associação Catarinense de Aquicultura; CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada; CNPA – Confederação Nacional de Pescadores e Aquicultores.

 

Fonte: Assessoria IFC Brasil e IFC Amazônia
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Importação de tilápia vietnamita reacende alerta do setor de aquicultura

Operação comercial liderada pela JBS traz 700 toneladas do Vietnã. Dados oficiais mostram 48 toneladas já desembarcadas em 2025 e produtores apontam risco à competitividade e à sanidade.

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O recente avanço das importações de tilápia do Vietnã ao Brasil, autorizado pelo governo federal em abril deste ano e agora operacionalizado por um embarque de maior escala negociado pela JBS, reacendeu apreensões entre piscicultores e representantes do setor. A operação prevê a chegada de 700 toneladas de pescado, com o primeiro contêiner despachado em 06 de novembro e previsão de desembarque no Porto de Santos em 17 de dezembro, segundo informações sobre o acordo comercial fechado durante a Cúpula do BRICS.

Os números oficiais já registrados no sistema Comex Stat do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que o País importou 48 toneladas de filé de tilápia congelado do Vietnã em 2025: 25 toneladas em agosto (US$ 123.877) e 23 toneladas em setembro (US$ 71.419), num total de US$ 195.296.

Embora representem um volume relativamente pequeno frente ao mercado produtor doméstico, as aquisições internacionais ganham peso diante da escala industrial prevista pela operação atual.

Contexto de produção
O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de tilápia. Em 2024 a produção nacional foi registrada em cerca de 662.230 toneladas, volume que representa aproximadamente 68% da produção de peixes cultivados no país. Ainda assim, a entrada de matéria-prima importada suscita dúvidas sobre competitividade e equilíbrios de mercado.

O Brasil possui uma das legislações sanitárias mais rigorosas do mundo para a aquicultura, impondo aos produtores brasileiros padrões de biossegurança, rastreabilidade, fiscalização contínua e protocolos de inspeção animal que não são integralmente exigidos em alguns países exportadores, entre eles o Vietnã.

Preocupações com competitividade e normas
Representantes do segmento destacam que a assimetria regulatória é central nas preocupações. Enquanto a cadeia brasileira opera sob protocolos de biossegurança, rastreabilidade e fiscalização contínua que aumentam custos, parte do pescado importado pode provir de sistemas com exigências menos restritivas na origem, reduzindo preço final e, potencialmente, pressionando margens de produtores e frigoríficos nacionais.

Riscos sanitários e incerteza regulatória
Além do aspecto econômico, há receio explícito sobre riscos sanitários. A importação de tilápia estrangeira pode introduzir doenças, parasitas ou variantes de patógenos não presentes ou controlados no Brasil. A situação ficou mais sensível com a inclusão da tilápia na Lista Nacional de Espécies Exóticas Invasoras no início de novembro, medida que aumentou o debate sobre eventuais barreiras e requisitos para movimentação e manejo da espécie, embora o governo afirme que a inclusão não impede a produção comercial.

Produtores, no entanto, veem na listagem um fator de incerteza regulatória que pode resultar em maior burocracia e, consequentemente, inibir novos investimentos. Em suma, dizem, o risco é duplo: concorrência com produto importado a custos potencialmente menores e custos adicionais eventuais decorrentes de medidas administrativas vinculadas ao estatuto de espécie exótica invasora.

Fonte: O Presente Rural
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Aqua Summit BR 2025 traz programação estratégica para orientar o futuro da aquicultura no Brasil

Encontro reúne lideranças, especialistas e setor produtivo para integrar ciência, mercado e políticas públicas.

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A primeira edição do Aqua Summit BR 2025 reúne, de 26 a 28 de novembro, no Palácio Araguaia em Palmas, no Tocantins, uma programação intensa que combina conhecimento, estratégia e inovação para impulsionar o futuro da aquicultura brasileira. O evento estratégico vai reunir lideranças, pesquisadores, empresários e representantes das cadeias de proteína animal e da aquicultura para planejar o futuro da produção de pescado no Brasil. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site www.aquasummitbr.com.br.

A abertura oficial será realizada no dia 26 de novembro, às 19 horas, com a Palestra Magna “A Força das Proteínas Brasileiras no Cenário Mundial: O que a aquicultura pode aprender com as demais proteínas”, conduzida por Celso Luiz Moretti, engenheiro agrônomo, mestre e doutor em produção vegetal, pesquisador, ex-presidente da Embrapa e atual presidente do conselho do CGIAR, reconhecido internacionalmente por sua contribuição à sustentabilidade agrícola, incluindo o Prêmio Norman Borlaug.

No dia 27 de novembro, às 09 horas, inicia-se o primeiro painel, “Lideranças e sua importância no desenvolvimento da cadeia”, destacando o papel estratégico da gestão e da articulação institucional para o fortalecimento do setor, com participação de Diones Bender Almeida, da Genomar Genetics Latin América, e João Manoel Cordeiro Alves, do Sindirações, sob moderação de Altemir Gregolin, ex-ministro da Pesca e presidente do IFC Brasil.

Em seguida, às 10h30, ocorre o segundo painel, “Avanços Normativos e Governança Setorial em Debate”, abordando as atribuições do governo e do setor produtivo para garantir competitividade e construir um ambiente regulatório moderno e eficiente. Participam Juliana Satie Becker de Carvalho Chino, do Dipoa/Mapa, e Helinton Rocha, da Câmara Setorial.

A programação da tarde começa às 14 horas com o painel “Pacote Tecnológico Integrado: A Base da Competitividade nas Cadeias de Proteína Animal”, trazendo uma visão sobre soluções inovadoras para elevar produtividade e garantir sustentabilidade, com contribuições de Gustavo Maia, da Shrimpl, e Marcos Queiroz, da MqPack, sob mediação de Everton Krabbe, da Embrapa Suínos e Aves.

Às 15h30, o quarto painel, “Posicionamento Mercadológico e Branding Territorial”, explora estratégias de diferenciação, construção de marca e agregação de valor nas cadeias de proteína, com Tom Prado, da REI Alimentos, e Lidia Leal da Silva Lopes, da Angus Brasil, sob moderação de Carlos Humberto Duarte de Lima e Silva, da SICs.

Encerrando o dia, o Flash Embrapa e Sepea apresentará uma sequência de pitches sobre tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Pesca e Aquicultura, incluindo edição genética, inteligência de dados para aquicultura, programas de competitividade e soluções de reuso de água, com apresentações de Eduardo Varela, Manoel Pedrosa Filho, Renata Melon e Marccela Mataveli, além da participação de Thiago Tardivo, da Secretaria de Pesca e Aquicultura do Tocantins, destacando as condições favoráveis para investimentos no estado. “O Tocantins oferece condições ideais para o desenvolvimento da piscicultura: clima favorável, abundância de água, quatro grandes reservatórios federais, logística eficiente, incentivos fiscais e segurança jurídica para investidores. A realização da primeira edição do Aqua Summit em Palmas é uma oportunidade única para apresentar essas vantagens a investidores nacionais e internacionais, destacando o potencial do estado para impulsionar a cadeia produtiva do pescado”, destaca Tardivo.

No dia 28 de novembro, os participantes farão uma visita técnica à Embrapa Pesca e Aquicultura, onde poderão conhecer de perto pesquisas, tecnologias e estruturas que posicionam o Tocantins como referência nacional em inovação científica para o setor.

A programação do Aqua Summit BR 2025 foi concebida para integrar ciência, mercado e políticas públicas, estimulando decisões estratégicas e preparando a aquicultura brasileira para um novo ciclo de competitividade, sustentabilidade e crescimento.

Sede estratégica

A escolha de Palmas como sede é unanimemente celebrada pelas lideranças envolvidas. Para Danielle de Bem Luiz, analista e chefe da

Embrapa Pesca e Aquicultura, o Aqua Summit BR é uma oportunidade única para a cadeia do pescado refletir, aprender com o sucesso das demais cadeias de proteínas e avançar na consolidação da sua produção e na ampliação de mercados. “O evento integrará pesquisa aplicada, políticas públicas e mercado para reforçar a competitividade e o protagonismo da aquicultura brasileira”, ressalta Danielle.

Eliana Panty, diretora da Hollus Comunicação e Eventos, valoriza a realização no estado em que nasceu: “Realizar um evento no Tocantins ao lado da Embrapa e do Governo do Estado é um sonho antigo. Cresci às margens do Rio Tocantins, onde a vida sempre veio da água. Hoje, mais do que nunca, voltamos nosso olhar para essa proteína que nasce das águas. A piscicultura tem enorme potencial, mas ainda enfrenta desafios de infraestrutura, processamento, logística e mercado. Eventos como o Aqua Summit BR criam os espaços de debate necessários para transformar esse potencial em desenvolvimento real, gerando mais qualidade, mercado e consumo para o pescado brasileiro”, menciona.

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“O Aqua Summit representa uma oportunidade estratégica para fortalecer a aquicultura tocantinense, pois aproxima produtores, pesquisadores, investidores e gestores públicos em torno de um mesmo objetivo: transformar o potencial natural do Tocantins em um setor produtivo robusto e sustentável”, afirma Roberto Sahium, secretário-executivo da Pesca e Aquicultura do Tocantins.

Citando condições que o estado possui (recursos hídricos, clima favorável e localização estratégica), Sahium lembra que é preciso avançar em conhecimento técnico, em inovação e em agregação de valor. “Eventos como o Aqua Summit permitem justamente essa troca de experiências e tecnologias, estimulando a adoção de boas práticas, o empreendedorismo e a atração de novos investimentos para o setor aquícola tocantinense”, reforça.

Com grande potencial de desenvolvimento também na aquicultura, o Tocantins tem avançado nessa área. Ainda longe de transformar em realidade todas as condições que possui para uma aquicultura sustentável nos três pilares (ambiental, econômico e social), o estado atualmente é o 17° maior produtor nacional, com 18.100 toneladas de peixes no ano passado, principalmente tambaqui.

Fonte: Assessoria Aqua Summit
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