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StoneX Brasil prevê custos altos, redução no uso de fertilizantes e La Niña na safra de verão 2022/23
Especialistas da consultoria de mercado preveem que o clima deverá seguir no centro das atenções dos agricultores brasileiros ao longo dos próximos meses de desenvolvimento das safras de verão.

Com o objetivo de combater a doença da ferrugem asiática, neste ano o período de vazio sanitário foi obrigatório em 20 Estados durante o período de entressafra da soja. Com duração mínima de 90 dias, podendo o período variar por Estado e região, os produtores devem manter o solo sem atividade produtora da oleaginosa, buscando ocupar a área com outras culturas não suscetíveis à ferrugem asiática.
Sob condições climáticas favoráveis, o fim do vazio sanitário dá início ao período de plantio da soja no território nacional. “A ideia do vazio é impedir que a doença espalhe seus esporos pelo vento, ao não encontrar hospedeiros aptos para seu desenvolvimento. Com a redução do número de esporos durante a semeadura, há menor possibilidade de ocorrência da ferrugem na fase de desenvolvimento, impactando a produtividade, além de permitir a redução do uso de fungicidas”, afirma a equipe de especialistas de Mercado da StoneX Brasil.
Para o calendário de 2022 os Estados do Paraná e Rondônia devem ser os primeiros a saírem do vazio sanitário, a partir deste sábado (10). Outros importantes produtores de soja como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul estarão livres para o início do cultivo da oleaginosa a partir do dia 15 de setembro.
La Niña durante a safra 2022/23
Os especialistas da Stonex Brasil preveem que o clima deverá seguir no centro das atenções dos agricultores brasileiros ao longo dos próximos meses de desenvolvimento das safras de verão. No ano passado, temperaturas altas e baixa umidade foram cruciais para resultar na perda de produtividade das lavouras em diversos Estados do país.
Neste ano, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos estima em cerca de 80% a probabilidade de ocorrência do fenômeno La Niña ao longo do segundo semestre. Se confirmado, este será o terceiro ano consecutivo de ocorrência do fenômeno.
Quando ocorre o La Niña, a umidade costuma ser mais baixa na região Centro-Sul do Brasil, e mais chuvoso na região Centro-Norte. “É importante ressaltar, porém, que não necessariamente a ocorrência do La Niña resulta em quebras de safra”, frisam os especialistas da StoneX Brasil.
De acordo com o NOAA, a perspectiva é de que neste ano o La Niña não altere tanto a temperatura dos oceanos como no ano passado – configurando um La Niña de intensidade fraca. De todo modo, o clima deve ser observado com cautela, principalmente durante as fases mais críticas do desenvolvimento das lavouras.
Custos mais altos
Fatores como crises de oferta, aumento dos custos de produção e demanda recorde em 2021 contribuíram para impulsionar os preços dos fertilizantes para próximo das máximas históricas nos últimos meses.
Conforme a StoneX Brasil, o sojicultor localizado na região Sul, que gastou, em média, R$ 1,3 mil por hectare adubado na safra passada, nesta safra, precisará de um investimento de cerca de 60% superior para adquirir a mesma quantidade de nutrientes. E para o produtor de milho verão, este aumento deverá ser ainda mais perceptível – com um crescimento médio de 85% na despesa com adubos.
Apesar da também significativa a valorização dos grãos no último ano, este aumento no custo com a adubação não foi totalmente repassado nas expectativas de receita – prejudicando muitos agricultores no cálculo do Barter.
Em uma fazenda modelo no Paraná, o número de sacas de soja necessárias para adquirir o volume de adubo aplicado em um hectare (relação de troca), cresceu de oito na temporada passada para 11,3 na safra 2022/23. Para o milho, a relação saiu de 14 sacas de 60kg em 2021/22 para 19,6 sacas na safra atual.
7,2% menor
Diante do aumento dos custos e da piora das relações de troca aos agricultores ao longo dos preparativos para a safra de verão, o consumo de fertilizantes deverá ser menor em 2022, após atingir o recorde histórico de entregas no ano passado.
“Mesmo que a valorização dos grãos possa ainda garantir boas margens aos produtores, o aumento dos custos acaba tornando a atividade mais arriscada, ao demandar maiores investimentos iniciais e elevar as perdas financeiras em casos de quebras produtivas”, expõem os especialistas da StoneX Brasil.
Neste sentido, muitos produtores deverão buscar minimizar o consumo de adubos, aproveitando o estoque de nutrientes no solo proveniente de aplicações passadas, especialmente de fósforo e potássio – o que, contando com condições sanitárias e climáticas favoráveis, não deverá causar grandes impactos negativos sobre a produtividade das lavouras.
Líderes na produção de grãos, as regiões Sul e Centro-Oeste deverão encabeçar a destruição de demanda por adubos neste ano, de acordo com pesquisa realizada pela StoneX com compradores e vendedores de fertilizantes.
Nas duas regiões, há uma perspectiva de redução de 11% e 8%, respectivamente, no consumo de NPK em relação ao ano passado. Sob a ótica nacional, o consumo de fertilizantes nas lavouras deverá ser até 7,2% menor em relação a 2021, totalizando 42,6 milhões de toneladas.

Colunistas
Edição gênica já redesenha a agricultura mundial; O Brasil está pronto para acompanhar?
Com CRISPR acelerando inovações no campo, país ainda patina na criação de tecnologias próprias e depende de patentes externas.

A edição gênica está redesenhando as fronteiras da agricultura mundial. Em um cenário em que a segurança alimentar, a sustentabilidade e a produtividade são desafios globais, ferramentas como o CRISPR oferecem uma vantagem para aprimorar plantas, tornando-as mais resistentes a pragas, ao clima e até mais nutritivas. E, embora muitas vezes seja apresentada como um tema restrito a laboratórios ou grandes empresas do agronegócio, essas tecnologias têm impacto direto na vida de todos nós. Ao permitir o desenvolvimento de alimentos mais nutritivos e produzidos com menor uso de insumos químicos, a edição gênica pode baratear custos de produção e fortalecer a segurança alimentar.
Editar geneticamente uma planta pode consistir na remoção, adição ou substituição de nucleotídeos, sem necessariamente introduzir um material genético exógeno na planta. Assim, enquanto a transgenia pressupõe a incorporação de genes externos para expressar novas características, a edição gênica pode tanto adicionar quanto refinar funções já existentes no genoma. Desse modo, a edição gênica é também considerada uma forma de mutagênese, porém direcionada e previsível, ao contrário da mutagênese convencional, que é caracterizada por alterações aleatórias ao longo do DNA.

Foto: Freepik
Entre as principais tecnologias destacam-se ZFN, TALEN, meganucleases e CRISPR. Esta última, CRISPR, tem ampla adoção em diversos setores, especialmente na agricultura, devido à sua precisão, eficiência e menor custo operacional, tornando as modificações genéticas mais acessíveis e eficazes nas culturas agrícolas.
Entretanto, a proteção de inovações nessa área enfrenta desafios de patenteabilidade. No cenário de proteção patentária no Brasil, as plantas não são consideradas invenções, e mesmo quando geneticamente editadas ou transgênicas, não são passíveis de proteção patentária, de acordo com as proibições dos Artigos 10 e 18 da Lei de Propriedade Industrial nº 9.279 de 1996 (LPI). Ademais, é importante ressaltar que processos biológicos naturais, como aqueles resultantes de mutagênese aleatória ou reprodução por cruzamento, também não são considerados invenções, por ocorrerem de forma espontânea na natureza. Dessa forma, para que um processo ou método seja considerado invenção, é necessário que seja demonstrada uma intervenção técnica humana essencial ao resultado obtido.
Consequentemente, no Brasil, as plantas e variedades vegetais são protegidas pelo Sistema de Proteção de Cultivares, enquanto moléculas de DNA, eventos transgênicos, metabólitos secundários e métodos para obtenção de plantas modificadas (incluindo aqueles baseados em edição gênica) podem ser objeto de proteção patentária, desde que atendam aos requisitos básicos de patenteabilidade, a saber: novidade, atividade inventiva e aplicação industrial.
Segundo um estudo realizado pelo INPI e Embrapa (Radar Tecnológico sobre o mapeamento de patentes associadas a tecnologias CRISPR e suas aplicações na agricultura e pecuária), a China e os Estados Unidos disputam a liderança mundial de depósitos pedidos de patentes, respondendo juntos por cerca de 84% das famílias de pedidos de patentes. O estudo também evidenciou que as principais modificações têm como finalidade o desenvolvimento de plantas mais resistentes a estresses bióticos e abióticos, resistência a herbicidas e melhoria nutricional e destacou que entre as culturas mais modificadas encontram-se: arroz (principalmente por instituições chinesas), milho, soja, trigo, algodão, cana-de-açúcar, café e eucalipto.
E o Brasil? O dito estudo indicou ainda que o Brasil é o 9º país que mais recebe depósitos de pedidos de patentes relacionadas a CRISPR na agricultura, mas aparece apenas como 28º desenvolvedor, revelando que o país atua majoritariamente como usuário e aplicador tecnológico estratégico, mas ainda não atua como gerador primário de inovação.
Atualmente, não existe qualquer Normativa do INPI que estabeleça critérios específicos para a análise de pedidos de patente envolvendo edição gênica no Brasil. O Radar Tecnológico citado é, até o momento, o único documento emitido pelo INPI sobre o tema, possuindo caráter meramente informativo. Portanto, ficam evidentes a importância e o crescimento das invenções relacionadas às tecnologias de edição gênica no setor agro. Contudo, é crucial esclarecer como essas invenções são analisadas para fomentar o crescimento e a competitividade do agronegócio brasileiro no cenário internacional.
Colunistas
O concorrente aparece mais do que você?
Você leu o título deste artigo e respondeu “sim”? Então, continue até o final.

É muito comum os profissionais de marketing de agronegócio ouvirem a frase “Nosso concorrente está em evidência, precisamos fazer algo”, e também se depararem com essa pergunta: “Por que nossas ações não têm o mesmo efeito do que as ações dos concorrentes?”.
Embora essas situações pareçam complexas, elas são mais simples do que se imagina, pois toda a questão está centrada no que o concorrente faz. Sendo assim, um rápido diagnóstico de marketing e comunicação, analisando as ações executadas, pode trazer muitos elementos interessantes. Um dos principais é que, provavelmente, o seu concorrente tenha contratado uma assessoria de imprensa, o que contribui para que ele apareça de forma mais sólida nos veículos de comunicação.

Artigo escrito por Rodrigo Capella, palestrante e diretor geral da Ação Estratégica – Comunicação e Marketing no Agronegócio.
Essa visibilidade, bem planejada e executada, cria uma evidência significativa, a ponto de despertar a atenção dos concorrentes, de impactar possíveis clientes e de contribuir para a geração de novos negócios.
Para aproveitar as oportunidades de forma eficaz, uma assessoria de imprensa precisa orientar sempre o seu cliente. Na Ação Estratégica – Comunicação e Marketing no Agronegócio, elaboramos um manual para ajudar os clientes. Compartilho a seguir algumas dicas:
Dica 01: Conheça as características da mídia
Leia matérias, analise a abordagem e esteja preparado.
Dica 02: Estude previamente o assunto
Atualize-se, buscando pesquisas, informações diversas e elementos novos.
Dica 03: Anote números e informações que você precisa destacar
Não tenha medo de fazer anotações. Elas vão te ajudar no decorrer da entrevista.
Dica 04: Certifique-se que você entendeu a pergunta do jornalista
Caso não tenha entendido, peça para o jornalista repetir.
Dica 05: Evite utilizar expressões técnicas
Se usar uma expressão técnica, explique.
Essas dicas vão ajudar você a ampliar a evidência. Mas, lembre-se: a ajuda de uma assessoria de imprensa faz toda a diferença.
Notícias
O agro virou digital e os hackers descobriram um novo campo fértil
Com ataques milionários e infraestrutura vulnerável, o setor corre para fortalecer a segurança antes que falhas paralisem cadeias inteiras.

O setor agropecuário já deixou de ser “analógico” faz tempo, e a sua digitalização trouxe ganhos enormes em eficiência e produtividade com tratores conectados, sensores em lavouras, sistemas de irrigação automatizados, armazenamento inteligente e logística integrada. Porém, esse progresso também aumenta a exposição das fazendas, agroindústrias e cooperativas a ataques cibernéticos, que estão cada vez mais sofisticados.
Segundo dados da Kaspersky, entre junho de 2023 e julho de 2024 foram bloqueados mais de 725 milhões de ataques de malware no Brasil, o equivalente a 1,9 milhão por dia e cerca de 2 mil por minuto. O setor de agricultura/florestal é o terceiro mais visado (16,93%), atrás somente de indústria (20,11%) e governo (18,06%).
Outros dados do relatório “Food & Ag Sector Cyber Threat” do Food & Ag-ISAC mostram um aumento expressivo em incidentes envolvendo ransomware, comprometimento de e-mails corporativos e invasões que afetam operações industriais do agro. Como resultado desses ataques, há perdas diretas nas safras, atrasos na cadeia de suprimentos e danos reputacionais de alto impacto.
É importante entender que boa parte desse risco decorre da infraestrutura operacional comumente encontrada no segmento. Os equipamentos, em sua maioria, operam com firmware desatualizado ou com protocolos não seguros, que ficam diretamente ligados a redes que às vezes também carregam tráfego de TI menos seguro. Esse cenário torna esse setor particularmente vulnerável, visto que em áreas como financeiro ou saúde há em geral mais maturidade no isolamento dos dados, políticas regulatórias mais fortes e padrões técnicos consolidados.
Isso ocorre principalmente porque no agronegócio pequenas propriedades ou cooperativas em regiões remotas sofrem com escassez de recursos, menor monitoramento regulatório e ausência de políticas formais de segurança. Além disso, a estrutura fragmentada, que envolve fornecedores de implementos, integradores de softwares agrícolas, transportadoras refrigeradas, armazéns, cooperativas e produtores, aumenta sua vulnerabilidade. Há ainda contratos que não exigem cláusulas mínimas de segurança, falta de visibilidade sobre todos os ativos (especialmente dispositivos IoT e sensores) e ausência de inventário de firmware ou versões de software. E, sem saber exatamente o que há em campo, é praticamente impossível remediar vulnerabilidades e reagir rapidamente quando algo dá errado.
Portanto, os fundamentos básicos de cibersegurança devem ser tratados como algo inegociável. Para isso, o setor precisa investir em práticas que diminuam os riscos mais comuns, como atualizações constantes de software e firmware, patches regulares, autenticação multifator para todas as contas administrativas, uso de senhas fortes e gerenciamento de acesso. Mas não basta prevenir, visto que a preparação e capacidade de resposta determinam quão danoso será um incidente.

Foto: Ilutrativa/Shutterstock
Ou seja, é importante ter um plano de resposta a incidentes específico para cenários agrícolas, como falha de refrigeração de silos, perda de leitura de sensores de umidade ou interrupção no transporte refrigerado. Outras estratégias que ajudam a detectar pontos cegos e estabelecer protocolos de contingência são realizar treinamentos práticos e simular ataques envolvendo todos os elos da cadeia (produtores, transportadores, cooperativas). Ainda que muitas empresas que sofrem ataques prefiram se manter em silêncio, também é fundamental compartilhar informação sobre ameaças, pois essa troca das táticas, técnicas e procedimentos entre membros do ecossistema acelera a detecção de ataques que estão sendo planejados e reduz danos.
Vale lembrar que o setor não cresce e muito menos se fortalece isoladamente, e a vulnerabilidade de um pequeno fornecedor pode comprometer toda a cadeia produtiva. É preciso que as instituições públicas, associações de produtores e cooperativas, seguradoras e empresas de tecnologia atuem juntas para incentivar normas, oferecer capacitação e promover modelos de cooperação que elevem a segurança para todos.







