Bovinos / Grãos / Máquinas
“Somente 15% do rebanho brasileiro possui identificação individual, o que não significa necessariamente rastreabilidade”, afirma presidente do Imac
O Jornal O Presente Rural conversou com Caio Penido para saber quais os principais desafios e oportunidades geradas pela rastreabilidade, especialmente em Mato Grosso, Estado com o maior rebanho do país.
Assim como outras boas práticas de produção, a rastreabilidade na bovinocultura de corte é indispensável para aumentar a eficiência da fazenda. O uso de ferramentas modernas de rastreabilidade permite identificar e compreender as necessidades de cada animal. O detalhamento dessas informações garante ainda a melhoria da gestão na propriedade, aumento da eficiência produtiva, melhor preço de venda para mercados consumidores exigente e maior competitividade à pecuária brasileira.
A reportagem do Jornal O Presente Rural conversou com o presidente do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), Caio Penido, para saber quais os principais desafios e oportunidades geradas pela rastreabilidade, especialmente em Mato Grosso, Estado com o maior rebanho do país.
O Presente Rural – O que é a rastreabilidade bovina e há quanto tempo é utilizada na pecuária brasileira?
Caio Penido – Rastreabilidade é um sistema de controle de animais que permite sua identificação individual desde o nascimento até o abate, registrando todas as ocorrências relevantes ao longo de sua vida. A rastreabilidade na cadeia produtiva da carne bovina começou a ser implantada de forma mais organizada e com foco no mercado a partir dos anos 2000, quando o Brasil começou a exportar de maneira mais intensa. O primeiro grande desafio colocado pelos mercados internacionais foi a implantação de uma rastreabilidade sanitária, considerando a febre aftosa e outras doenças de impacto econômico aos países importadores. A Europa foi o grupo de países que mais exigiu do Brasil a identificação animal, controle de informações e de trânsito dos animais.
O Presente Rural – Qual sua análise sobre o atual cenário de rastreabilidade do gado brasileiro?
Caio Penido – Quando analisamos sob o ponto de vista da legislação brasileira, nosso gado é 99% rastreado, já que quase a totalidade é vacinada, a movimentação de animais é controlada pela Guia de Trânsito Animal (GTA) e existe o mecanismo da marcação a fogo ou frio. Quando analisamos pelos protocolos privados, e especificamente ao Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Bovinos e Bubalinos (SISBOV) para a União Europeia, esse número de animais se reduz bastante, pois menos de 10% atualmente de nosso volume de carne bovina e derivados são destinados ao mercado da União Europeia. Para se ter uma ideia, estimamos que somente 15% do rebanho brasileiro possui alguma identificação individual, o que não significa necessariamente rastreabilidade.
O Presente Rural – Qual a importância da rastreabilidade bovina?
Caio Penido – A rastreabilidade pode nos dar muitas informações sobre cada etapa da produção de um determinado animal até sua disponibilização na gôndola de um supermercado ou açougue. Assim, um consumidor em qualquer lugar do mundo, poderá saber em qual indústria frigorífica o produto foi processado, por quais fazendas o animal que deu origem ao corte circulou e outras informações associadas a essa cadeia de custódia: insumos utilizados, certificações obtidas, não ocorrência de inconformidades socioambientais, pegada de carbono, raça e sexo do animal, enfim, dados que podem ser do interesse do consumidor final. A rastreabilidade é a principal ferramenta para assegurar ao consumidor que o corte que ele está adquirindo foi processado em uma indústria com habilitações/certificações diversas, oriundo de um bovino macho de 19 meses, angus, criado 100% a pasto na Fazenda X, no município Y. E que essa fazenda está em dia com suas obrigações socioambientais, realiza todos os controles sanitários devidos, somente utiliza produtos autorizados na engorda de animais e que é certificada em práticas de bem-estar animal.
O Presente Rural – Quais os principais desafios e oportunidades da rastreabilidade bovina em Mato Grosso.
Caio Penido – Entre os desafios, tem o de identificar e qualificar os rebanhos de cria e recria quanto a sua contaminação com o desmatamento ilegal e outras práticas ilegais na esfera socioambiental. Isso ocorre por uma desarticulação entre a cadeia produtiva, que o Imac está trabalhando para corrigir e por uma ineficiência do poder público em avançar com as análises do Cadastro Ambiental Rural – CAR. Já as oportunidades estão no fato de podermos ser o primeiro Estado preparado para oferecer as garantias que o mercado europeu ou qualquer outro venha solicitar sobre mecanismos de due diligence para redução de desmatamento ilegal e também podemos ser o primeiro Estado a colocar em prática e de forma abrangente o mecanismo de pagamento por serviços ambientais para pecuaristas que desejarem receber para preservar florestas acima do que é estabelecido em lei.
O Presente Rural – Quais as tecnologias emergentes de rastreabilidade?
Caio Penido – Além da identificação eletrônica, existem dados interessantes que apontam a possibilidade de identificação animal pela captura de imagem do focinho do bovino e microchip sob a pele do animal. Entretanto, a melhor relação custo/benefício se encontra com os modelos tradicionais: marcação a fogo ou frio, brinco visual ou eletrônico.
O Presente Rural – Quais os benefícios para o produtor?
Caio Penido – Destacarem-se mais facilmente daqueles que fazem errado, acessarem um mercado mais exigente, podendo receber por isso. Além disso, existem inúmeros registros que apontam melhoria significativa na gestão dos dados da fazenda.
Quanto maior o controle de dados e informações dentro da fazenda, mais assertivo é o produtor na composição de seus custos de produção, previsibilidade de margem de lucro e na realização de investimentos mais corretos.
O Presente Rural – Qual a relação da pecuária com o bioma amazônico?
Caio Penido – A pecuária de corte é uma das principais atividades econômicas brasileiras, presente em todos os municípios de Mato Grosso, e diretamente ligada ao processo de ocupação e desenvolvimento da região Centro-Oeste e Norte do país.
Desde a regulamentação do Código Florestal Brasileiro, produtores vêm se adequando às regras sobre ocupação dos espaços rurais, mas vale lembrar que o Brasil é o país que mais conserva biodiversidade e, 60% das áreas de vegetação natural, estão dentro das propriedades rurais. A pecuária é fundamental para o desenvolvimento socioeconômico do Brasil, sobretudo das comunidades rurais que ocupam o interior. Além de ser peça fundamental para produção de alimento para os brasileiros e para o mundo.
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Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
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Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran