Conectado com

Bovinos / Grãos / Máquinas Produção

Soja em sucessão à aveia-preta e ao trigo pode ter produtividade 54% maior

Hipótese é que desempenho se deve às raízes e palhas dos cereais, que permanecem no campo formando matéria orgânica para a cultura seguinte

Publicado em

em

João Leonardo Fernandes Pires

Semear aveia-preta e trigo no sul Brasil, durante o outono/inverno, pode aumentar em 54% a produtividade da soja, em comparação com áreas deixadas em pousio. Essa é uma das constatações do artigo Performance da soja em sucessão à aveia-preta e ao trigo, publicado em junho de 2020 na revista Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB), produzido por pesquisadores da Embrapa e de quatro universidades.

O experimento foi conduzido no outono/inverno de 2017 e de 2018 e foram aplicados sete tratamentos: pousio (1); palha de aveia-preta ou de trigo, sem raízes (2 e 3); parcelas com raízes de aveia-preta ou trigo, sem palha (4 e 5); e parcelas com palha e raízes de aveia-preta ou trigo (6 e 7). De acordo com o pesquisador da Embrapa Alvadi Balbinot, o desempenho da soja foi estimado a partir das variáveis: densidade de plantas; índice de área foliar; teor de clorofila, estimado pelo índice SPAD; matéria seca acumulada, produtividade de grãos e componentes do rendimento.

“Comprovamos que os efeitos das raízes da aveia-preta e do trigo mostraram-se tão importantes quanto os da cobertura de palha deixadas no solo para explicar os aumentos de produtividade de 1.467 kg/ha, ou seja, 54% superior ao das áreas que ficaram em pousio no outono/inverno”, destaca Balbinot. “O desempenho agronômico da soja é melhor na presença combinada de raízes e de palha de aveia-preta ou trigo, quando comparamos com as áreas deixadas em pousio”, enfatiza.

Plantio direto e diversificação de culturas

Para os autores do artigo, o sistema de plantio direto na palha apresenta benefícios econômicos e ambientais, quando comparado ao preparo convencional, principalmente quando se consegue manter a diversidade de plantas e produção de biomassa. Mesmo assim, áreas agrícolas em pousio entre duas safras de soja, de março a setembro, ainda são comuns no Brasil.  “Entendemos que os sistemas de cultivo com baixa diversidade de plantas e consequente baixa adição de biomassa são a principal causa da degradação do solo sob plantio direto”, detalha o pesquisador.

Segundo os autores, a aveia-preta tem grande capacidade de produção de matéria seca, resultando em cobertura adequada do solo sob plantio direto, alta ciclagem de nutrientes e supressão de plantas daninhas. Além disso, os autores dizem que a espécie pode ser facilmente dessecada para o plantio das safras subsequentes.

As raízes podem melhorar a qualidade física do solo, favorecendo a infiltração e a retenção de água e ainda a liberação de nutrientes para as safras subsequentes. Por outro lado, a palha reduz a taxa de evaporação da água no solo, os picos de aquecimento do solo, a infestação de ervas daninhas e a ocorrência de erosão do solo.

Quanto à remoção de aveia-preta ou de trigo para produção de silagem ou feno, pode reduzir os benefícios dessas culturas no rendimento subsequente da soja. “Por isso, o produtor deve considerar essas informações no processo de tomada de decisão”, avalia o cientista.

Relação de palha e raízes com a falta de água

Na safra 2017/2018, a disponibilidade de água foi adequada ao longo do ciclo de desenvolvimento da soja. Em 2018/2019, houve déficit hídrico durante a floração e o enchimento dos grãos. Nessa safra, as culturas de aveia-preta e trigo beneficiaram a soja, em relação ao pousio. “Portanto, é possível inferir que os efeitos positivos da palha e das raízes na produtividade da soja estão principalmente associados à redução do estresse hídrico observado durante o período de enchimento dos grãos”, destaca. “Desse ponto de vista, os efeitos positivos das raízes da aveia-preta ou do trigo na produtividade da soja ocorrem em grande parte pela melhoria da estrutura do solo”, avalia.

Ele explica ainda que o crescimento das raízes, de safras anteriores, contribuiu para fraturar camadas compactadas do solo e criar uma rede complexa de bioporos contínuos e estáveis​. “É bem conhecido que bioporos produzidos por safras anteriores desempenham um papel importante no aumento da infiltração de água no solo, condutividade hidráulica e difusão de gás, proporcionando maior disponibilidade de água e oxigênio para as raízes das culturas subsequentes”, destaca o pesquisador. Além disso, a estrutura melhorada do solo facilita o enraizamento da soja e a absorção de água das camadas mais profundas

Balbinot aponta ainda que a palhada também favorece o armazenamento de água no solo, pois reduz as perdas por evaporação e o escoamento. “Portanto, a palha na superfície do solo provavelmente aumentou a disponibilidade de água para as plantas de soja, amenizando os impactos negativos dos períodos de déficit hídrico de 2018/2019 na produtividade da leguminosa.”

Outra vantagem da retenção da palha, segundo ele, é a redução da temperatura do solo, proporcionando um melhor ambiente para o crescimento e funcionamento da raiz da soja, o que aumenta a eficiência do uso da água pela planta e rendimento de grãos.

Efeito na Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) 

Outro fator provavelmente relacionado aos efeitos positivos da aveia-preta ou trigo no desempenho da soja é o aumento da FBN. Isso porque, segundo os autores, tanto o déficit hídrico quanto as altas temperaturas do solo prejudicam a eficiência das bactérias usadas na FBN em condições tropicais. “Como as raízes e a palha contribuem para melhorar a qualidade física do solo, espera-se que estresses ambientais sejam menores nesses solos, aumentando, consequentemente, a produtividade da soja”, conclui.

Os autores do trabalho

A autoria é dos pesquisadores da Embrapa Soja Alvadi Antonio Balbinot Junior, Julio Cezar Franchini dos Santos e Henrique Debiasi; e dos alunos de pós-graduação Antônio Eduardo Coelho, da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Moryb Jorge Lima da Costa Sapucay, da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Felipe Bratti, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), e Jorge Luiz Locatelli, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Fonte: Embrapa Soja

Bovinos / Grãos / Máquinas

Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre

OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.

Publicado em

em

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre

A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.

Derivados registram pequenas valorizações em outubro

Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).

Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta

Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.

Custos com nutrição animal sobem em outubro

O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.

Fonte: Assessoria Cepea
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico

O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito

CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.

Publicado em

em

Foto e texto: O Presente Rural

A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .

Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:

O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.

O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.

Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.

A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.

Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.

O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.

Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.

A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.

Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.

Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.

Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat

Fonte: O Presente Rural com informações de assessoria
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo

Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.

Publicado em

em

Foto: Biopark

Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.

Foto: Gilson Abreu

As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.

“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.

“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.

O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.

Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.

“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.

Foto: Divulfgação/Arquivo OPR

A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.

Concursos estaduais

Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.

O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran

Fonte: AEN-PR
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.