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Software inédito no Brasil facilita a gestão de granjas de suínos
Nova ferramenta digital vai trazer confiabilidade e rastreabilidade ao monitoramento ambiental da suinocultura nacional

A Embrapa Suínos e Aves (SC) apresenta ao setor produtivo o Software de Gestão Ambiental da Suinocultura (SGAS), um pacote de aplicativos web que vai facilitar a gestão e o licenciamento ambiental de granjas de suínos. Inédita no Brasil, a ferramenta digital abrange diversas funcionalidades que automatizam e padronizam projetos e análises de processos de licenciamento ambiental, antes elaborados de forma manual ou por planilhas. O objetivo é trazer confiabilidade e rastreabilidade não apenas às propriedades, mas também aos estados onde o sistema for adotado, e consequentemente, à produção de suínos em nível nacional. O lançamento oficial será no dia 16 de setembro em um evento online no canal da Embrapa no YouTube.
O SGAS atende à demanda dos setores que atuam direta e indiretamente na cadeia produtiva de suínos por mais rapidez e segurança nas análises ambientais. Segundo o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves Rodrigo Nicoloso, a falta de padronização na metodologia e nos processos de licenciamento gerava divergência de interpretações e insegurança dos analistas dos órgãos ambientais, levando muitas vezes a atrasos na avaliação dos processos e retrabalho na formulação dos projetos.
“As funcionalidades oferecidas pela nova ferramenta automatizam e padronizam os projetos de gestão ambiental de granjas de suínos, trazendo confiabilidade e rastreabilidade ao monitoramento ambiental”, pontua Nicoloso. O objetivo é que os dados gerados sejam reunidos em um banco eletrônico de licenciamento e monitoramento ambiental das granjas de suínos, facilitando a obtenção de estatísticas para a adoção de tecnologias mais sustentáveis nesses espaços.
O SGAS está disponível gratuitamente no site da Embrapa Suínos e Aves e é indicado para produtores rurais, profissionais de assistência técnica, extensão rural e licenciamento ambiental, gestores de agroindústrias e cooperativas e analistas de órgãos ambientais, além de gestores públicos que atuam nas áreas de tratamento de resíduos, meio ambiente, agronomia, engenharia agrícola, engenharia sanitária e ambiental.
Conheça as funcionalidades da versão 1.0 do SGAS
– Gestão das áreas agrícolas da propriedade rural com cadastro de talhões e pontos de coleta para análises de solo;
– Cadastro, interpretação de resultados de análises de solo e recomendações de calagem e adubação com fertilizantes orgânicos e minerais para as principais culturas agrícolas, forrageiras e florestais;
– Monitoramento da qualidade do solo e classificação conforme limites críticos ambientais de fósforo para solos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina;
– Planejamento agrícola de talhões para cálculo da demanda de nutrientes nas áreas agrícolas;
– Calendário agrícola de aplicação de dejetos líquidos suínos;
– Cadastro de núcleos de produção de suínos com estimativa de consumo de água, produção de dejetos líquidos suínos e oferta de nutrientes conforme sistema de manejo desses resíduos;
– Dimensionamento de rebanho de suínos por balanço de nutrientes;
– Dimensionamento de esterqueiras, biodigestores, lagoas de armazenamento de digestato e de unidades de compostagem de dejetos.
Novos mercados à vista
O SGAS já foi licenciado, testado e validado junto ao Instituto do Meio Ambiente (IMA) para apoio aos processos de licenciamento em Santa Catarina. Contrato similar também já foi assinado com a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) para uso do sistema no Rio Grande do Sul.
Segundo Nicoloso, a versão atual do SGAS incorpora recomendações de adubação e indicadores ambientais regionalizados e validados apenas para esses dois estados. “Mas já estamos negociando contratos de cooperação com os órgãos ambientais do Paraná e do Mato Grosso para licenciamento com indicadores validados para cada um desses estados”, explica. O licenciamento é oferecido de graça aos órgãos ambientais.
A gerente de licenciamento ambiental rural do IMA, Gabriela Ribeiro, diz que o software será uma ferramenta muito útil para a gestão ambiental da propriedade rural. “Ele possibilitará que os consultores ambientais realizem cálculos desde a determinação da excreção, oferta, perdas e concentração de nutrientes em efluentes da suinocultura até a definição da capacidade de alojamento de animais e demanda de áreas agrícolas. A partir desse sistema, os projetos realizados pelos consultores ambientais serão padronizados e os dados terão os resultados com maior confiabilidade”, complementa.
Até agora, os projetos de licenciamento no Instituto eram feitos manualmente, a partir de planilhas eletrônicas, ou outras ferramentas. “Mas isso demandava mais tempo para os consultores ambientais e também para a análise dos processos pelos técnicos do IMA. Além disso, os dados muitas vezes não eram descritos de forma correta, e o nível de confiabilidade era menor”, pontua Gabriela.
Sistema reflete a expertise da Embrapa em gestão ambiental
O SGAS é um dos resultados do modelo inovador de gestão ambiental desenvolvido pela Embrapa em parceria com a então Fundação do Meio Ambiente (Fatma), hoje IMA, para regulamentar o licenciamento ambiental da suinocultura em Santa Catarina. O modelo resultou na Instrução Normativa 11/2014, hoje também adotada pela resolução 143/2019 do Conselho Estadual do Meio Ambiente de Santa Catarina (Consema).
Entre os benefícios decorrentes da IN11/2014, estão a definição de critérios e limites para a reciclagem dos dejetos líquidos de suínos na agricultura e a instituição de um programa de monitoramento da qualidade do solo em áreas adubadas com esses resíduos. Segundo Nicoloso, esse programa permite identificar áreas agrícolas saturadas pela aplicação excessiva de fertilizantes, restringindo o uso e impondo a adoção de medidas mitigatórias do risco de poluição ambiental.
“Dessa maneira, o rebanho de suínos alojável em uma granja e a correspondente oferta de nutrientes associados aos dejetos líquidos gerados por essa atividade deve ser compatível com a demanda de nutrientes nas áreas agrícolas da propriedade rural onde vão ser reciclados como fertilizante. Caso estas áreas não sejam suficientes para se reciclar todos os resíduos, o modelo preconiza ainda as possíveis rotas tecnológicas para tratamento, que possibilita até a retirada destes nutrientes da propriedade rural”, explica o pesquisador.
O modelo também estabelece padrões de consumo de água, produção de dejetos e oferta de nutrientes para diversos sistemas de produção de suínos, como as granjas de ciclo completo, creches e unidades de produção de leitões. Além disso, incorpora padrões mínimos para o armazenamento ou tratamentos dos dejetos, introduzindo novas tecnologias para seu manejo na granja.
Com todas estas inovações, as normativas que regulamentam a suinocultura em Santa Catarina estão entre as mais avançadas do Brasil quanto à gestão ambiental de uma cadeia de produção animal, sendo comparáveis às legislações aplicadas nos principais países produtores de suínos.
A suinocultura no Brasil
A suinocultura é uma das principais cadeias econômicas do país. Em 2019, somente a receita obtida com as exportações de 750 mil toneladas de carne foi de US$ 1,597 bilhão (aproximadamente R$ 8,5 bilhões) segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Quarto maior exportador de carne suína, o Brasil produziu apenas no ano passado 3,983 milhões de toneladas, o que também faz o país ser o quarto maior produtor mundial.
Lançamento e primeiro treinamento no SGAS
O lançamento oficial do SGAS acontece no próximo dia 16 de setembro, às 14 horas, em um evento on-line com transmissão no canal da Embrapa no YouTube. Também participam representantes do IMA e das secretarias de Desenvolvimento Econômico Sustentável e Agricultura, Pesca e do Desenvolvimento Rural do estado de Santa Catarina.
O curso de capacitação será no dia 18 de setembro, também virtualmente, das 9 horas às 17 horas. As inscrições gratuitas podem ser feitas no site bit.ly\treinamentoSGAS. O treinamento é voltado para técnicos do IMA e da Secretaria de Agricultura de Santa Catarina, técnicos de cooperativas e agroindústrias, profissionais de assistência técnica e extensão rural e demais profissionais que atuam no licenciamento e gestão ambiental de granjas de suínos no estado catarinense. O link com a transmissão será passado apenas para os inscritos.
Também estão previstas novas edições do treinamento voltadas para técnicos do Paraná e do Rio Grande do Sul, que devem ocorrer ainda este ano. O agendamento de novas edições do treinamento, também no formato online, podem ser requisitadas através do e-mail cpnsa.sgas@embrapa.br ou com a equipe de transferência de tecnologia da Embrapa Suínos e Aves.

Notícias
Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



