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Sistemas de Recirculação Aquícola ganham espaço

Um dos fatores principais no dia a dia de um RAS é o gerenciamento da qualidade da água. A filtragem realizada da maneira correta é fundamental para manter um ambiente adequado para a produção de organismos aquáticos. Água saudável é igual a peixe saudável.

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Fotos: Divulgação/Sansuy

Os Sistemas de Recirculação Aquícola — também conhecidos como RAS, sigla surgida a partir do nome original em inglês, Recirculating Aquaculture Systems — vêm, aos poucos, revolucionando o manejo da qualidade da água na piscicultura ao redor do mundo. Embora não seja exatamente uma novidade, já que a tecnologia existe há mais de quatro décadas, sua popularidade vem se intensificando nos últimos anos.

É verdade que os custos de implantação do RAS ainda assustam alguns piscicultores. Porém, a produtividade é alavancada com essa tecnologia, além dos inegáveis benefícios ambientais. Com o tempo, o investimento pode acabar compensando, desde que o trabalho seja bem executado, não apenas no dimensionamento e instalação dos filtros e demais equipamentos que compõem o sistema, mas também nas operações do dia a dia.

Marcelo Catagnólle, engenheiro agronômico, mestre em Aquicultur e agerente de Aquanegócios da Sansuy.

A produção de organismos aquáticos gera uma série de resíduos metabólicos que são lançados diretamente na água dos tanques e viveiros e, se não forem tratados adequadamente, poderão atuar como poluentes se lançados diretamente nos corpos d’água e mananciais.

Dentre esses, os sólidos, compostos pelas fezes dos animais e alimentos não consumidos, detritos e outros resíduos presentes em suspensão no efluente dos tanques e viveiros de produção que, se descartados diretamente no meio ambiente, podem trazer problemas para o equilíbrio da natureza. Por outro lado, essa água também não pode simplesmente ser ignorada ou continuar sendo usada indefinidamente, pois certamente irá trazer prejuízos para o seu negócio.

A solução proposta pelos Sistemas de Recirculação Aquícola é, justamente, promover o tratamento da água, de forma que ela volte a ter plenas condições de ser utilizada novamente, ou seja, deve priorizar a manutenção de sua qualidade.

Esse tratamento, no entanto, exige a instalação de uma série de equipamentos que, juntos, irão purificar a água para que ela volte aos tanques e viveiros de produção com a mesma qualidade que tinha quando foi captada na natureza. Entre esses equipamentos podemos citar:

  • Filtro mecânico: decantadores ou sedimentadores;
  • Tanques ou viveiros de produção de organismos aquáticos;
  • Filtros mecânicos;
  • Filtros biológicos, biofiltros ou ainda contatores biológicos;
  • Fracionadores de proteínas ou skimmers;
  • Sistema de esterilização com radiação ultravioleta;
  • Sistema de aeração;
  • Sistema de oxigenação;
  • Sistema de bombeamento de água;
  • Dispositivos de escoamento e drenagem do efluente de tanques e viveiros de produção de organismos aquáticos;
  • Sistema de esterilização com ozônio;
  • Unidades de quarentena, entre outros.

As maiores partículas em suspensão no efluente são, geralmente, removidas da água, por decantação ou retenção em telas. Na sequência, a água efluente é tratada nos filtros ou contatores biológicos, onde microrganismos vivos metabolizam e oxidam diversos compostos reduzindo o seu potencial tóxico.

O dióxido de carbono — CO2, liberado passivamente pelos organismos aquáticos por meio das brânquias e gerado na respiração e no metabolismo do alimento ingerido, é um fator limitante nesse sistema de produção, assim como o teor de oxigênio dissolvido na água e disponível para a respiração e metabolismo de todos os seres aquáticos vivos presentes neste sistema.

A amônia, que é tóxica para os peixes, em baixas concentrações, é transformada em nitratos (composto que pode ser considerado entre 10 e 100 vezes menos tóxica) por bactérias aeróbicas específicas — as Nitrossomonas. Estas se fixam em vários tipos de estruturas sólidas presentes nos filtros biológicos (feitas de material inerte para não afetar a qualidade da água).

Um dos fatores principais no dia a dia de um Sistema de Recirculação Aquícola é o gerenciamento da qualidade da água. A filtragem realizada da maneira correta é fundamental para manter um ambiente adequado para a produção de organismos aquáticos. Água saudável é igual a peixe saudável.

Se a qualidade da água não for mantida adequadamente, o crescimento dos organismos aquáticos alojados no sistema de recirculação poderá passar por uma redução, além de estressar os animais, o que acaba por predispor ao ataque de microrganismos patogênicos. Isso não é bom, especialmente porque aumenta o tempo necessário para que os animais atinjam o peso de abate, podendo causar perdas devido a doenças e mortalidade por estresse e, ainda, diminuir a eficiência alimentar, aumentando o consumo de ração.

Como nos Sistemas de Recirculação Aquícola o manejo alimentar é intensivo, é necessário gerenciar a quantidade de alimento ofertada diariamente e a produção de resíduos metabólicos gerados para manter a qualidade ideal da água. Para a aquicultura comercial, os Sistemas de Recirculação Aquícola têm certas desvantagens em relação a outros sistemas de produção, como os desenvolvidos em lagoas ou tanques e viveiros naturais escavados diretamente no solo. O principal custo é o investimento inicial, porém a economia obtida ao longo do tempo faz com que o investimento valha a pena. Principais vantagens dos RAS:

  • Requerem significativamente menos água quando comparados aos tanques e viveiros naturais;
  • Podem ser instalados em áreas menores;
  • Podem ser instalados em qualquer lugar, permitindo a redução nos gastos com frete, se localizados próximos aos grandes centros de consumo;
  • Podem ser mais intensivos (produzir mais em um mesmo volume de água);
  • Permitem a produção durante o ano todo uma vez que possibilitam o controle da temperatura da água;
  • São menos prejudiciais ao meio ambiente;
  • São expansíveis.

Como as unidades RAS reciclam a maior parte da água efluente dos tanques de produção, elas consomem quantidades muito menores. Isso torna o sistema particularmente adequado para áreas com reservas limitadas desse recurso natural.

Um Sistema de Recirculação Aquícola corretamente projetado e operado de forma adequada requer uma recarga diária mínima de água, suficiente para limpar os resíduos dos filtros e repor a água perdida por evaporação. Isso permite que os viveiros sejam construídos em áreas onde a quantidade água disponível é limitada e, até mesmo, em áreas urbanas, onde pode ser utilizada a água disponível na rede de abastecimento.

Outra vantagem dos sistemas RAS é que eles exigem muito menos área para serem implantados, devido às elevadas densidades de estocagem ou alojamento — entre 40 e 400 kg/m³, dependendo da espécie. Portanto, um Sistema de Recirculação Aquícola pode ser instalado em áreas onde grandes quantidades de terreno plano (necessárias para construir tanques e viveiros naturais) não estão disponíveis.

Essas instalações também podem estar localizadas em lugares com pouca disponibilidade de água, em áreas urbanas ou instalações vazias (armazéns), que podem ser convertidas em espaços para a prática da produção de organismos aquáticos.

A capacidade de controlar a temperatura da água é mais uma vantagem significativa dos Sistemas de Recirculação Aquícola. A menor quantidade de água necessária facilita o controle da temperatura para a manutenção das taxas de crescimento dos organismos aquáticos alojados durante o inverno, bem como possibilita a produção de certas espécies que, em condições diferentes, não poderiam ser criadas em uma determinada região geográfica.

Além disso, o RAS permite que a temperatura da água seja mantida no nível ideal para maximizar a conversão alimentar e garantir o crescimento ideal dos peixes no menor espaço de tempo possível. A partir daí, o desenvolvimento dos animais pode ocorrer durante todo o ano, o que ajuda a aumentar a produção.

É importante destacar que a taxa de crescimento dos peixes está diretamente relacionada à temperatura da água, genética dos animais, manejo, qualidade da água, do ambiente e da ração.

Em um Sistema de Recirculação Aquícola, o calor tende a se acumular lentamente na água, porque a energia na forma de calor é liberada pelo metabolismo dos organismos aquáticos e pela atividade bacteriana no biofiltro. O calor produzido pelo atrito da água com as paredes dos tubos hidráulicos, no rotor das motobombas, e o gerado com o uso de outros equipamentos nas instalações também se acumularão.

A principal fonte de calor é a energia solar, que atinge a cobertura das instalações e pode ser amenizada durante a primavera e o verão, inclusive sendo atenuada com a instalação de telas de sombreamento. Em casos extremos, o controle da temperatura nos períodos mais quentes do ano pode também ser feito por equipamentos que promovem troca de calor como “chillers” e bombas de calor onde um painel eletrônico abastecido por informações advindas de uma rede de sensores toma decisões com o auxílio de softwares dedicados.

Uma Bomba de Calor nada mais é do que um dispositivo que transfere energia térmica em forma de calor de um meio mais quente para outro mais frio. Mais especificamente, o sistema extrai do ar o calor necessário para aquecer a água. Isso é feito por meio de um fluido refrigerante. Essa substância, que é totalmente ecológica, é bombeada por um condensador diretamente para uma serpentina onde, em seguida, é evaporada em baixa pressão, absorvendo o calor do ambiente.

Logo depois, o fluido refrigerante é comprimido para um condensador, onde realiza uma bomba de calor com a água. Em seguida, ocorre uma segunda troca de calor. Dessa vez, em um evaporador, onde o ar ambiente entra em contato com o fluido refrigerante. Por fim, um ventilador, que também compõe o sistema, auxilia no processo de puxar o ar que entrou em contato com o fluido refrigerante e o envia ao ambiente externo. A partir daí, o ciclo se inicia novamente.

Outro ponto que vem chamando a atenção dos produtores é a economia que o sistema proporciona. A instalação de uma Bomba de Calor pode proporcionar uma redução de até 70% do custo de manutenção da temperatura de água, comparado aos outros sistemas disponíveis. Isso sem contar a possibilidade de ser adaptada às centrais existentes ou ainda de ser incluída em novos projetos.

As temperaturas demasiadamente elevadas, bom como a baixa temperatura no sistema de produção, são deletérias ao funcionamento do sistema e ao bem-estar animal, portanto, merecem especial atenção no RAS.

Ao manter o oxigênio dissolvido em níveis ideais, essa tecnologia garante que os peixes tenham melhor conversão alimentar e menos estresse, resultando em maior resistência a doenças, menos desperdício de alimentos e mais crescimento.

As vantagens ambientais, como a ausência de vazamentos, infiltrações e a descarga controlada de resíduos, são benefícios que também devem ser considerados. Afinal, quase toda água introduzida no sistema é reutilizada e menos resíduos são produzidos e lançados diretamente aos corpos d’água em comparação com os sistemas tradicionais.

No Brasil, atualmente, o Sistema de Recirculação Aquícola é mais comumente utilizado em situações específicas, tais como:

  • quarentena de animais;
  • reprodução no inverno;
  • produção de peixes de alto valor agregado, em áreas próximas de centros urbanos e grandes centros de consumo.

Apesar das queixas em torno do custo de implementação do RAS, muitos produtores não percebem como os gastos com insumos para melhorar a qualidade da água, além do excessivo uso desse recurso natural, é prejudicial para sua lucratividade e sua capacidade produtiva.

A tendência é que, nos próximos anos, o RAS se torne um sistema mais difundido e utilizado em todo o país. Afinal, a tecnologia vem evoluindo de forma rápida, tornando a piscicultura um processo cada vez mais industrializado, eficiente e com alta produtividade, o que não permite erros, sob risco de os produtores perderem espaço no mercado.

Fonte: Por Marcelo Catagnólle, engenheiro agronômico, mestre em Aquicultur e agerente de Aquanegócios da Sansuy

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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