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Sistema silvipastoril: benefícios para os animais e o meio ambiente
O sistema foi criado, conforme explica Karolini, porque eles precisavam de uma solução barata e eficiente para coletar dados microclimáticos.

O impacto negativo das mudanças climáticas é um tópico crescente na produção animal. O sistema silvipastoril atua como regulador microclimático nas fazendas, com o potencial de aliviar o efeito do ambiente térmico incidente sobre os animais criados a pasto. Além disso, auxilia na diminuição das emissões de gases de efeito estufa, promove a biodiversidade e o uso eficiente da terra, com agregação de valor e renda para as áreas de pastagens
A presença das árvores na pastagem contribui para geração de diversos serviços ambientais e benefícios econômicos. Mas há diferenças. Segundo Frederico Márcio Corrêa Vieira, professor doutor da UTFPR, Campus Dois Vizinhos, na área de Agronomia/Agrometeorologia, existe o sistema silvipastoril e a arborização de pastagens. “A arborização de pastagens consiste em se plantar árvores, sejam dispersas ou em núcleos (arboretos), visando o sombreamento para o conforto térmico dos animais. Este tipo de disposição arbórea tem sido na sua grande maioria compostas por espécies nativas, com plantio não uniforme. Também muitos pecuaristas aproveitam a presença prévia de árvores para esta finalidade, incrementando com o plantio de outras. Mas não segue uma métrica ou outra utilidade que não seja o sombreamento”. Já no sistema silvipastoril, é o plantio planejado, com a finalidade de sombreamento para o conforto dos animais, a melhoria qualitativa das pastagens e o uso da madeira, dentro das melhores técnicas de manejo silviculturais. “Requer técnica, espaçamento de plantio e a escolha da melhor espécie arbórea dentro da finalidade que se deseja no futuro” explica Frederico.
Para quem quer implementar o sistema silvipastoril, Frederico ressalta que não é preciso ter um espaço grande, mas é importante saber a finalidade. “Os produtores em geral buscam sombra para os animais, mas o sistema é muito mais do que isso. Vale se preocupar com a melhoria da pastagem e também no uso da madeira no futuro. O espaçamento e o tamanho da linha também são importantes. Conheço produtores que tem o sistema silvipastoril em uma área pequena, e muito bem manejado, com ótimos resultados”.
Auxílio no conforto térmico e no comportamento dos animais
O sistema proporciona, ainda, diversos benefícios para a saúde e bem-estar do animal, melhorando a produtividade. O professor Frederico explica que devido à redução da carga térmica, o sombreamento em qualidade e quantidade, os animais reduzem comportamentos agonísticos, isto é, disputas, cabeçadas, dentre outros. Em contrapartida, o sistema auxilia na expressão dos comportamentos naturais dos bovinos, como por exemplo a agregação social entre animais de alta e baixa hierarquia. “Como se tornam mais calmos, a relação humano-animal também é incrementada positivamente, pois o nível de estresse é reduzido e os funcionários conseguem manejar os animais com mais facilidade. Enfim, os animais possuem amplo espaço para escolherem onde estarão e com quais coespecíficos compartilharão este espaço. Isto auxilia na manutenção de ótimos níveis de bem-estar animal”.
Embora muitos produtores adotem o sistema silvipastoril, o número ainda é pequeno diante da dimensão territorial do Brasil e a quantidade de áreas de pastagem subutilizada ou degradadas. Isso acontece, segundo o professor Frederico devido aos muitos preconceitos quanto ao uso de árvores em pastagens, seja por competir e não deixar crescer a pastagem, ou por atrapalhar o manejo de maquinários agrícolas. “A experiência nos mostra o contrário, ou seja, produtores muito bem-sucedidos com sistemas silvipastoris, com áreas grandes ou pequenas, com eucalipto ou outras espécies – incluindo as espécies nativas, tão importantes na restauração ecológica das paisagens paranaenses”
O professor Frederico ressalta que precisamos enxergar a pecuária a pasto como sendo uma rede ecossistêmica, ou seja, árvores realizando serviços ecossistêmicos para animais e pastagens, animais realizando seus serviços de ciclagem de nutrientes para as pastagens e árvores oferecendo sombra de quantidade e qualidade para o conforto térmico dos animais. “No final, os ecossistemas e o clima agradecem. Vale a tentativa e, principalmente, consultar e visitar sistemas já consolidados. Certamente será um grande apoio para quem está inseguro e deseja começar um novo sistema silvipastoril”.
Tecnologia
Na pecuária, seja de leite ou de corte, a sensação de conforto é um fator crucial para o bem-estar animal e é frequentemente objeto de pesquisas devido ao seu impacto direto na produção. O cortisol, conhecido como o hormônio do estresse, pode reduzir a produção de leite nas vacas e comprometer a qualidade dos produtos pecuários, além de aumentar a susceptibilidade dos animais a doenças.
Mas, como monitorar se o ambiente está na temperatura e umidade ideais. Em uma tese premiada pela Capes, os pesquisadores Matheus Deniz e Karolini Tenffen de Sousa, do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da UFPR, desenvolveram um método versátil utilizando sensores simples que viabiliza essa inovação, o ADEF (Autonomous Data logger to measure Environmental Factors). Os testes com o ADEF foram realizados na Estação de Pesquisa em Agroecologia – IDR-Paraná, que em 2009 iniciou a implantação do sistema silvipastoril, totalizando 18 hectares. Segundo Evandro Richter, veterinário do IDR-Paraná e responsável pela produção animal, foram utilizadas espécies nativas e exóticas. “As árvores atendiam os critérios estabelecidos para escolha das espécies, ou seja, deveriam ser leguminosas, de crescimento rápido, com boa formação de copa, e com possibilidade de fornecimento de produtos madeiráveis. Além da implantação do componente florestal, participamos de um estudo financiado pelo CNPQ e comandado pelo professor Frederico sobre o uso de espécies de bambu para implantação de um sistema silvipastoril em uma área de quatro hectares da Estação e se comprovou a viabilidade da espécie Oldhamil para o sistema na região centro-sul do Paraná” explica Evandro.
Sistema ADEF
Para Karolini Tenffen é importante ter o monitoramento contínuo, detalhado e o ADEF proporciona isso. “Com sua capacidade de operar de maneira independente, o sistema permite a mensuração de um grande volume de dados de forma eficiente e sem intervenção humana”.
Ainda de acordo com Karolini, o sistema é composto por componentes de baixo custo com controle baseado em um microcontrolador, programado por software de código aberto, que medem simultaneamente variáveis ambientais. “O ADEF mede de forma autônoma e precisa a temperatura do ar, a umidade, a temperatura de uma massa, que em nossas pesquisas utilizamos para coletar temperatura de solo e a temperatura de globo negro, para determinar indicadores de conforto térmico para o gado”.
O sistema foi criado, conforme explica Karolini, porque eles precisavam de uma solução barata e eficiente para coletar dados microclimáticos. “Nosso objetivo principal com o ADEF foi avaliar como o ambiente térmico afeta o conforto e comportamento das vacas leiteiras.
Existe a possibilidade de comercializar o sistema ADEF em larga escala, mas Karolini reforça que o projeto precisa ser adaptado para que o equipamento fique mais fácil de usar, mesmo para quem não entende nada de programação. “Isso provavelmente vai exigir uma interface mais amigável, o que pode aumentar o custo de desenvolvimento”.

Notícias Livre de imprevistos
Empresas agrícolas apostam em tecnologia para aumentar produtividade e segurança
O uso de câmeras de segurança inteligentes, permitem uma resposta proativa, enviando alertas automáticos e reduzindo significativamente o tempo entre a detecção de um incidente e a ação preventiva.

Nos últimos anos, o setor agrícola brasileiro tem investido cada vez mais em diferentes tecnologias. O objetivo é ampliar a forma de monitorar as plantações em tempo real, para saber exatamente sobre o período ideal para plantio, irrigação e colheita, sendo instrumentos que funcionam como importantes aliados para o trabalho na agricultura.
Da mesma forma, os investimentos em tecnologia também se fazem necessários nas propriedades visando a segurança destes espaços, com o objetivo de garantir que o patrimônio esteja livre de imprevistos.
Pensando nisso, apresentamos este artigo para você, que possui empresas agrícolas, ou propriedades, e ainda está em dúvida sobre quais os tipos de tecnologia poderá investir para aumentar a sua produtividade e segurança.
Melhorando o desempenho das plantações
Existem diversas tecnologias voltadas exclusivamente para fornecer melhorias para as propriedades rurais, com o desenvolvimento de máquinas e equipamentos que se tornaram aliados para o desenvolvimento agrário.
Um dos exemplos a serem destacados é voltado à agricultura de precisão. Através de dados de GPS, imagens de satélite e sensores, é possível avaliar a qualidade do solo e das diferentes culturas existentes na fazenda. O objetivo é garantir a aplicação adequada de sementes, fertilizantes, defensivos e outros insumos, de modo a garantir a eficiência da produção.
Atualmente, a conectividade nas propriedades já é uma realidade. E a internet das coisas (IoT) se torna uma importante aliada. Através da instalação de sensores no solo, em plantas e máquinas, é possível coletar dados em tempo real sobre a temperatura, umidade, níveis de nutrientes e condições climáticas. Isso permite um manejo eficiente para a irrigação da região, além de detectar determinados problemas precocemente.
Da mesma forma, tecnologias como inteligência artificial e big data se somam juntos às melhorias para o setor agrícola, através do uso de algoritmos de IA para analisar grandes volumes de dados sobre o andamento das culturas plantadas, fazendo com que os produtores tenham real noção de lidar com o seu plantio de acordo com a demanda exigida.
E isso também soma-se a equipamentos modernos e automatizados, como os tratores e colheitadeiras autônomos, que fazem o trabalho no campo por 24 horas por dia, garantindo a redução de custos operacionais. Outro exemplo pode ser visto com os drones, que através de câmeras e sensores, fazem o monitoramento aéreo das lavouras, para localizar áreas que necessitam de maior cuidado.
Segurança como aliada ao setor
Atualmente, se tornou cada vez mais necessário que as empresas agrícolas também invistam em segurança, para proteger sua plantação, maquinário, e até mesmo as pessoas que estão trabalhando nas propriedades. Pensando nisso, também há tecnologias que contribuem com a segurança no setor.
Um dos exemplos está justamente no sistema de reconhecimento de placas de veículos. que ajuda a identificar todos os veículos que estiverem dentro das instalações das propriedades. Além disso, estes dispositivos são essenciais para fiscalizar e monitorar atividades suspeitas nos locais fechados, com o objetivo de oferecer resposta imediata em caso de possíveis ameaças.
Outro recurso que vem ganhando espaço é o uso de câmeras de segurança inteligentes, capazes de detectar comportamentos anormais, movimentos fora do padrão ou a presença de pessoas em áreas restritas. Essas câmeras permitem uma resposta proativa, enviando alertas automáticos e reduzindo significativamente o tempo entre a detecção de um incidente e a ação preventiva.
Há também o caso dos softwares de gestão agrícola, que se tornam aliados para a avaliação de riscos dentro da área de cultivo, tornando o ambiente mais seguro para os trabalhadores, de modo a garantir a execução dos serviços de acordo com as normas regulatórias.
A rastreabilidade também entra no processo, com o uso de ferramentas como o blockchain, responsáveis pelo rastreio da origem e do percurso dos produtos agrícolas. O objetivo é aumentar a transparência de toda a cadeia de suprimentos até o consumidor final, gerando segurança alimentar.
Conclusão
Investir em tecnologias para o setor agrícola é uma necessidade de grande importância, principalmente para a melhora da produtividade e segurança das operações. Isso traz credibilidade às propriedades que estão mais atentas às necessidades do mercado, com a realização dos trabalhos de forma eficaz.
Portanto, é fundamental que os proprietários de áreas agrícolas estejam cada vez mais atentos às necessidades de mercado, de forma a ampliar a sua gama de clientes, e a crescer suas vendas.
Notícias
Estreia de filme sobre Aury Bodanese será transmitida pelo O Presente Rural
Longa-metragem “Antes do Nascer do Sol” terá lançamento nacional ao vivo nesta terça (18), a partir das 19h. A obra reconstrói a trajetória e o legado de Aury Luiz Bodanese, uma das figuras mais emblemáticas do cooperativismo agro brasileiro e referência no desenvolvimento do agronegócio catarinense.

O filme “Antes do Nascer do Sol”, que narra a trajetória de Aury Luiz Bodanese, uma das figuras mais emblemáticas do cooperativismo agro brasileiro, estreia oficialmente nesta terça-feira (18), às 19 horas. A transmissão ao vivo está programada para começar às 18h57 e você pode conferir no canal de YouTube de O Presente Rural.
Mais de 20 plataformas de comunicação, distribuídas em quatro estados, vão acompanhar o evento simultaneamente, ampliando o alcance da produção cultural. O lançamento marca um dos maiores movimentos de difusão audiovisual já realizados por um grupo regional de mídia no Sul do país.
Criado por Osnei de Lima e Julmir Cecon, o longa-metragem reconstrói a vida, a obra e o impacto de Bodanese no desenvolvimento do agronegócio catarinense e nacional. O roteiro destaca a atuação dele na consolidação do modelo cooperativista na região Oeste, reconhecido por transformar pequenas propriedades e fortalecer cadeias produtivas como leite, suínos e aves.
A direção de marketing do projeto é assinada por Fernanda Moreira, do Grupo Condá, responsável por coordenar a estratégia que conectou veículos de comunicação e plataformas digitais para o lançamento simultâneo.
Notícias
Relação de troca melhora e abre espaço para antecipação de compras de fertilizantes, aponta Itaú BBA
Após a forte volatilidade causada pelo conflito entre Israel e Irã, que pressionou especialmente as cotações da ureia, os preços globais recuaram parcialmente. No Brasil, todos os principais fertilizantes caíram em relação às máximas de julho, tanto em dólar quanto em reais.

A relação de troca entre fertilizantes e os principais produtos agrícolas brasileiros apresentou melhora contínua nos últimos três meses e voltou a níveis próximos da média histórica para nitrogenados e potássicos. A avaliação é da Consultoria Agro do Itaú BBA, no relatório divulgado nesta terça-feira (18), referente novembro de 2025, que aponta um cenário mais favorável para produtores planejarem a safrinha de 2026 e até iniciarem compras para a safra de verão de 2027.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR
Segundo os analistas, após a forte volatilidade causada pelo conflito entre Israel e Irã, que pressionou especialmente as cotações da ureia, os preços globais recuaram parcialmente. No Brasil, todos os principais fertilizantes caíram em relação às máximas de julho, tanto em dólar quanto em reais. O MAP atingiu a mínima do ano, e a ureia voltou a patamares semelhantes aos de 2024
Fosfatados ainda pesam
Com a queda das cotações, a relação de troca melhorou para a maior parte das culturas, refletindo um equilíbrio maior entre custo dos insumos e preços agrícolas. Ainda assim, os fertilizantes fosfatados continuam acima da média histórica, mantendo pressão sobre operações que dependem de maiores doses de MAP e similares.
A única exceção é o café: com as cotações do grão em forte alta ao longo de 2025, o setor registra as melhores relações de troca já

Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná
observadas no histórico da consultoria, o que torna a compra de fertilizantes particularmente atrativa para os cafeicultores
Fontes mais baratas e diluídas
O relatório destaca um movimento estruturante no mercado brasileiro: o avanço do uso de fertilizantes com menor concentração do macronutriente, mas preço mais competitivo por ponto percentual de N ou P₂O₅.
Nos nitrogenados, o sulfato de amônio (SAM) passou a oferecer melhor custo por unidade de nitrogênio do que a ureia, atraindo demanda adicional. Entre os fosfatados, o supersimples (SSP) ganhou espaço pela menor cotação nominal, seguido do supertriplo (TSP), que também avança em relação ao tradicional MAP
O efeito já aparece nas importações: entre janeiro e outubro de 2025, pela primeira vez o Brasil importou mais SAM que ureia, e mais SSP do que MAP, um marco inédito nas duas cadeias

Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná
Oportunidades para safrinha de 2026
Com as relações de troca mais favoráveis e preços recuados, o Itaú BBA avalia que há espaço para acelerar as compras da safrinha de inverno de 2026, que estão atrasadas. Os analistas também citam a possibilidade de produtores iniciarem, desde já, a montagem do pacote tecnológico para a safra 2027, aproveitando o momento de maior previsibilidade de custos
Câmbio segue como ponto de atenção
Apesar da queda nas cotações internacionais de ureia, MAP e KCl, o relatório lembra que a taxa de câmbio continua sendo um fator determinante na formação de preços internos. Movimentos do dólar frente ao real podem neutralizar parte da competitividade obtida pela retração externa dos fertilizantes, especialmente em um momento marcado por instabilidades macroeconômicas globais



