Notícias
Sistema Faep cobra melhorias nos Planos Safras 2024/25 e 2025/26 em carta conjunta
Entidades do setor produtivo ressaltam importância da estabilidade nos recursos e participação na elaboração das propostas para a próxima temporada.

O Sistema Faep, junto a 49 entidades do setor agropecuário nacional, assinou carta em apoio à Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) na busca por soluções para os recursos dos Planos Safras 2024/25 e 2025/26 e para o Projeto de Lei Orçamentária (PLOA) 2025. O documento expressa a preocupação do setor com a falta de previsibilidade no financiamento e nas condições do Plano Safra, destacando a necessidade urgente de melhorias estruturais.

Foto: Gilson Abreu
A recente suspensão das linhas de crédito com juros equalizados para o Plano Safra 2024/25 evidenciou as fragilidades do sistema, sinalizando a importância de garantir recursos suficientes para o setor agropecuário. Embora o governo federal tenha retomado os financiamentos, a interrupção inesperada gera incertezas que impactam a produção e a economia do país.
“O Plano Safra é essencial para a segurança financeira dos produtores rurais e para a competitividade do setor agropecuário. A escassez de crédito e/ou o aumento dos juros comprometem o planejamento das atividades dentro da porteira, limitam investimentos em tecnologia e sustentabilidade e afetam diretamente a produtividade”, enfatiza Ágide Eduardo Meneguette, presidente interino do Sistema Faep. “Precisamos de estabilidade e condições adequadas de financiamento para que o setor continue gerando empregos, impulsionando a economia e assegurando o abastecimento do país”, complementa.
A carta ressalta o papel estratégico da FPA na defesa dos interesses do setor. Diante da suspensão das linhas de financiamento, a bancada pressionou o governo federal, resultando na liberação de um aporte extraordinário de R$ 4,17 bilhões por meio da Medida Provisória 1289/2025. A mobilização reforça a necessidade de um planejamento financeiro robusto e contínuo para evitar novos entraves no crédito rural.

Foto: Divulgação/Faema e Senar
As entidades signatárias defendem que o volume de recursos do Plano Safra deve refletir a relevância do agronegócio brasileiro, que responde por mais de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e desempenha um papel fundamental no abastecimento alimentar do Brasil e do mundo.
Além disso, o setor produtivo cobra que a elaboração do Plano Safra 2025/26 seja iniciada com antecedência e com a participação ativa dos representantes do agronegócio. O novo plano precisa estar alinhado à magnitude e às demandas do setor, incorporando políticas que incentivem a inovação, a sustentabilidade e a ampliação dos mercados.
“Como ocorre todos os anos, o Sistema Faep está à disposição para colaborar na formulação de políticas públicas que estabeleçam diretrizes claras e garantam os recursos necessários para a continuidade e o crescimento do agronegócio brasileiro”, conclui Meneguette.

Notícias
Plataforma Agro Brasil + Sustentável libera habilitação automática de áreas para exportação
Nova funcionalidade permite ao produtor rural verificar se a área de produção atende exigências socioambientais de mercados internacionais de forma gratuita e voluntária

Foi disponibilizado, na terça-feira (23), na Plataforma Agro Brasil + Sustentável, serviço de habilitação de Área de Produção para Exportação, funcionalidade que permite ao produtor rural validar, de forma automática, se a área de produção cumpre requisitos críticos para a exportação à mercados externos que impõem barreiras de compliance socioambiental.
O principal objetivo da Plataforma é integrar, organizar e disponibilizar informações de governança ambiental, social e corporativa relacionadas aos produtores (pessoas físicas), empresas agrícolas (pessoas jurídicas) e propriedades rurais para qualificar os produtos agropecuários brasileiros, com transparência, credibilidade e confiança, entre todos os participantes da cadeia agropecuária.
Nesse cenário, a Plataforma Agro Brasil + Sustentável também visa atender às exigências de um dos grandes mercados internacionais, permitindo a habilitação do produtor e de lotes de produtos agropecuários, a partir de requisitos, padrões, processos e tecnologias, devidamente caracterizados quanto à sua produção.
A Plataforma é uma ferramenta gratuita e voluntária ao produtor rural e possui abrangência universal a todas as cadeias produtivas.
Plataforma Agro Brasil + Sustentável, do serviço de habilitação de Área de Produção para Exportação.
Notícias
BRDE destina R$ 133 milhões no agro do Paraná com foco em energia e pecuária
Recursos do Banco do Agricultor Paranaense priorizam energia renovável, modernização da pecuária e irrigação, com subvenção de juros e foco no desenvolvimento rural sustentável.

Parceiro do Banco do Agricultor Paranaense, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) disponibilizou em 2025 R$ 133,4 milhões para investimentos em 985 projetos voltados ao desenvolvimento agropecuário no Estado. A maior parte das iniciativas contempladas envolve energia renovável e modernização dos processos da pecuária de leite e de corte, mas projetos de biomassa e irrigação também se destacam. O BRDE participa do programa, que é coordenado pela Seecretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab), desde 2021, quando foi criado pelo Governo do Estado do Paraná. Ao longo desses anos, foram R$ 414 milhões investidos em 2.927 projetos.
De acordo com Carmem Truite, gerente operacional de convênios e produtores rurais do BRDE, a característica dos projetos é um recorte dos principais desafios enfrentados pelos produtores no dia a dia. “A energia está entre os maiores desafios e custos para a produção das famílias no campo. Quando esses agricultores e pequenos pecuaristas desenvolvem um projeto de energia renovável e alternativa, ganham economia e também autonomia, o que torna o investimento mais rentável e seguro. O valor economizado pode melhorar a qualidade de vida da família ou virar reinvestimento na atividade melhorando o ciclo produtivo”, afirma Carmem.
O produtor rural Gilvane Toneto, que possui uma propriedade de 18 hectares em Missal, no Oeste do Paraná, viu no programa uma forma de desenvolver seu negócio e melhorar a renda. “Eu trabalho com pecuária de leite e precisava de mais animais para poder melhorar a produção. Indicaram o Banco do Agricultor Foi rápido e fácil de conseguir o crédito. Comprei sete animais em agosto e alguns já estão na ordenha e dando lucro”, explica.
De volta ao bolso do agricultora

Foto: Gilson Abreu/AEN
Desde o início do programa, do valor total destinado aos projetos, R$ 114 milhões, foi de subvenção dada pelo Governo do Paraná. Gerenciados pela Fomento Paraná, por meio do Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE), esse apoio financeiro permite a devolução parcial ou total dos juros pagos pelos produtores. Essa equalização é o principal mecanismo do programa.
O Governo do Estado devolve aos agricultores parte ou a totalidade dos juros pagos em financiamentos contratados. Os valores a serem devolvidos variam de acordo com o porte do produtor, o tipo de projeto financiado e o município onde o projeto será executado. Regiões com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) abaixo da média estadual tendem a receber um benefício maior, como uma alternativa de incentivo ao desenvolvimento regional.
“O Banco do Agricultor Paranaense é um exemplo de política pública que gera impacto direto na vida das famílias rurais e fortalece a economia regional. O BRDE tem orgulho de ser parceiro dessa e de outras iniciativas que levam crédito acessível e sustentável ao campo”, destaca o diretor-presidente do BRDE, Renê Garcia Júnior.
Ao comparar com outros bancos, o produtor Toneto encontrou no programa juros bem menores que de outras instituições financeiras. “Não tem comparação. Além de ter juros menores, as formas de pagamento também são melhores que em outros bancos”, afirma.
Desenvolvimento rural
Além dos agricultores familiares e de pequeno porte, produtores maiores também podem acessar os recursos para iniciativas que abranjam, prioritariamente, energia solar, biomassa, irrigação e turismo. O objetivo é fomentar atividades que gerem impacto positivo na economia e no meio ambiente. “Atender diferentes perfis de produtores, desde o pequeno agricultor até empreendimentos de maior porte, é fundamental para garantir que o desenvolvimento rural seja inclusivo e equilibrado. O BRDE oferece soluções financeiras que apoiem tanto a sustentabilidade ambiental quanto a competitividade econômica do setor”, afirma o diretor administrativo do BRDE, Heraldo Neves.

Foto: Gilson Abreu
Atividades como a avicultura em larga escala e a suinocultura podem ser beneficiadas indiretamente. Produtores que queiram instalar painéis solares, por exemplo, para uso em criadouros, têm seus projetos enquadrados como energia renovável e estão aptos às subvenções. Projetos de modernização de processos, aquisição de equipamentos e melhoria na produtividade pecuária também estão enquadrados nos quesitos do banco por focarem na sustentabilidade.
“Incentivando a geração própria de energia, a produção de proteína animal no Paraná ficou muito mais competitiva. Na avicultura, por exemplo, que é uma das atividades que mais gastam energia, conseguimos reduzir bastante esse peso no bolso do produtor. Em 2019 a energia era o segundo maior custo, só perdia para a ração, e hoje já caiu para a quarta ou quinta posição no custo de produção das aves”, destaca o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Marcio Nunes.
O que é o banco do agricultor paranaense
O Banco do Agricultor Paranaense conta com a parceria do BRDE, da Fomento Paraná e de outras instituições financeiras. O objetivo é incentivar, por meio de crédito subsidiado e subvenções econômicas, o desenvolvimento de produtores rurais, cooperativas e associações de produção, comercialização e reciclagem, e agroindústrias familiares, em projetos de geração de energia sustentável e irrigação.
Como acessar
Produtores interessados em acessar os recursos do Banco do Agricultor Paranaense devem procurar uma das cooperativas de crédito conveniadas ao BRDE. A lista completa de instituições está disponível no site do BRDE.
Projetos com valor acima de R$ 800 mil podem ser submetidos diretamente pelo internet banking do BRDE.
Confira as linhas de financiamento:
- Pronaf Mulher: juro zero
- Cooperativas da agricultura familiar: juro zero
- Agroindústria familiar: juro zero
- Produção, captação e armazenamento de água: juro zero
- Erva-mate, pinhão, seda, café, orgânicos, apicultura e horticultura: juro zero
- Turismo rural: juro zero
- Pecuária de corte e leite: juros de 1% a 4%
- Piscicultura: juros de 1% a 4%
- Projetos de energia renovável: juro zero para projetos de até R$ 500 mil. Acima desse valor, juros variam de 2% a 5,5%
- Biogás: juro zero para projetos de até R$ 2 milhões para pessoas físicas e de até R$ 20 milhões para CNPJs. Acima desses valores, juros de 5%
- Projetos de irrigação: juro zero para projetos de até R$ 1 milhão para pessoa física e de até R$ 4,5 milhões para pessoa jurídica. Acima desses valores, os juros variam de 3% a 5,5%
- Demais linhas do Pronaf: redução de cinco pontos percentuais nos financiamentos, cujas taxas variam de 8,5% e 10,5%, devendo ficar entre 3,5% e 5,5%
Notícias
VBP agropecuário do Rio Grande do Norte cresce quase 12% em 2025
Valor Bruto da Produção agropecuária do Rio Grande do Norte alcançou R$ 2,9 bilhões em 2025, impulsionado principalmente por cana-de-açúcar, banana, bovinos, leite e ovos, mas o estado segue com o menor VBP do país.

O Valor Bruto da Produção (VBP) agropecuária do Rio Grande do Norte alcançou R$ 2.904 milhões em 2025, de acordo com dados divulgados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, em 21 de novembro. Em 2024, o VBP estadual somava R$ 2.594,47 milhões.
A variação positiva entre os dois anos foi de aproximadamente +11,9%, com acréscimo absoluto de cerca de R$ 309,5 milhões. Apesar do crescimento, o estado permanece como o menor VBP agropecuário do Brasil em termos absolutos.
VBP nacional
Com 0,20% do VBP agropecuário brasileiro, o Rio Grande do Norte exerce impacto estatisticamente reduzido sobre o desempenho nacional do setor. Mesmo com crescimento percentual positivo, o ganho absoluto permanece limitado quando comparado aos principais estados produtores.
No mesmo período, o VBP agropecuário do Brasil atingiu R$ 1,267 trilhão em 2025, valor significativamente superior ao observado em 2024. O ranking estadual mostra forte concentração da produção nos grandes polos agropecuários. Estados como Mato Grosso, São Paulo, Minas Gerais e Paraná operam em patamares acima de R$ 140 bilhões, enquanto o Rio Grande do Norte permanece abaixo de R$ 3 bilhões.
Estrutura produtiva concentrada em cinco atividades
O ranking de produtos do Rio Grande do Norte em 2025 revela elevada concentração econômica:
Cana-de-açúcar: R$ 840,0 milhões
Banana: R$ 688,5 milhões
Bovinos: R$ 271,5 milhões
Leite: R$ 250,4 milhões
Ovos: R$ 237,5 milhões
Essas cinco atividades respondem pela maior parte do VBP estadual, com destaque para a cana-de-açúcar, principal produto do agro potiguar, seguida de perto pela banana.
A leitura comparativa dos painéis indica manutenção da hierarquia produtiva, sem mudanças estruturais relevantes:
Cana-de-açúcar e banana seguem liderando o VBP estadual, com valores elevados e estabilidade na posição.
Mandioca alcança R$ 155,4 milhões, mantendo importância intermediária.
Feijão soma R$ 78,9 milhões, enquanto milho, arroz e laranja permanecem com valores baixos.
Arroz (R$ 3,3 milhões) e laranja (R$ 0,5 milhão) seguem residuais.
A ausência de soja e a baixa expressão de grãos limitam ganhos de escala.
A variação positiva do VBP total sugere crescimento mais associado à valorização e ao desempenho das cadeias já consolidadas do que à diversificação produtiva.
Os números oficiais indicam que o agro do Rio Grande do Norte cresce, mas sobre uma base produtiva estreita e concentrada. O avanço do VBP é real e mensurável, porém sustentado por poucas atividades e sem diversificação relevante ao longo dos últimos anos.
A baixa participação no VBP nacional, aliada à ausência de cadeias estratégicas como soja, frango e trigo, limita o ganho de escala e a inserção do estado na dinâmica mais ampla do agronegócio brasileiro. À luz dos dados, o crescimento observado é predominantemente nominal, com desafios estruturais claros relacionados à ampliação da base produtiva, à diversificação de cadeias e ao aumento do valor agregado no campo.



