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Sistema de plantio da Epagri alia conservação do solo, produtividade e menor emissão de carbono
Carbono é essencial à vida na Terra. Quem se lembra das aulas de química orgânica sabe que tudo que é vivo tem carbono em sua composição. Apesar de sua importância, esse elemento químico vem sendo citado, nos últimos anos, como o vilão do aquecimento global.

É comum ouvir que é preciso frear as emissões de carbono para conter o aquecimento global. Mas há uma complexidade por trás dessa frase. O carbono está presente na atmosfera terrestre, onde se liga ao oxigênio e forma o dióxido de carbono (CO2), também conhecido como gás carbônico. Esse sim provoca aquecimento global, assim como o metano (CH4) e óxido nitroso (N2O). Os três gases são os maiores responsáveis pelo efeito estufa.
Então, por que se fala em mitigar a emissão de carbono? Porque, para efeito de cálculo, os três gases causadores do efeito estufa são transformados em carbono, o que se chama carbono equivalente (CO2eq). É disso que trata o Plano Estadual ABC+ 2020-2030, que se refere à agricultura de baixa emissão de carbono.

O Plano Estadual ABC+ é formado pela Epagri e outras instituições, que atuam para que famílias agricultoras e pescadoras produzam alimentos de forma rentável e com baixo impacto ambiental. Uma dessas práticas é o Sistema Plantio Direto de Grãos (SPDG).
O sistema vem sendo difundido há mais de 40 anos em Santa Catarina. Nos últimos três anos a área foi ampliada em, pelo menos, 57.113 hectares no Estado. “Essa é a área onde o SPDG está sendo praticado corretamente, seguindo todas as orientações técnicas”, destaca Humberto Bicca Neto, extensionista rural e coordenador do Plano ABC+ na Epagri. Ele relata que, desde 2022, quando a segunda etapa do Plano teve início no Estado, a Epagri já capacitou mais de 2 mil agricultores catarinenses, que receberam as informações necessárias para adotar o SPDG de forma adequada.
Leandro Wildner, pesquisador do Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Epagri/Cepaf), calcula que mais de 80% das famílias agricultoras que produzem grãos na região de Chapecó adotam o sistema. Ele reforça que o SPDG tem três princípios básicos: proteger o solo durante o ano todo com plantas de cobertura, estejam elas vivas ou mortas, quando formam a palhada; o não preparo do solo, com revolvimento apenas na linha de semeadura; manutenção da diversidade de animais e plantas, através da sucessão, consorciação e rotação de culturas.
Plantas que protegem o solo
Plantas de cobertura são vegetais específicos, que se destinam, entre outros fins, a proteger o solo contra a erosão e melhorar suas qualidades químicas, físicas e biológicas. Elas protegem e enriquecem o solo estando vivas, ou mesmo mortas.

Mas como isso acontece? Lembra lá do começo desse texto, onde afirmamos que toda forma de vida conta com carbono em sua constituição? Então é fácil concluir que plantas também contém carbono, que é o principal componente da matéria orgânica que dá vida ao solo. Explicando de forma bem simples: as plantas captam carbono da atmosfera para, através da fotossíntese, produzir massa vegetal, que é formada por raízes, talos, folhas, frutos e sementes. Durante a primeira etapa do ciclo vegetativo, as plantas crescem e acumulam massa vegetal e nutrientes; na segunda etapa do ciclo, a partir da floração, as plantas passam para o período reprodutivo, com foco na produção de frutos e grãos. A partir do manejo da massa vegetal, para formação da cobertura do solo, ou da colheita, que deixa a palha sobre a terra, começa uma lenta decomposição.
Está aí um dos segredos do SPDG no combate à emissão de gases do efeito estufa. Como o sistema preconiza o não revolvimento do solo que vai ser cultivado, esse carbono não volta imediatamente à atmosfera, ou seja, ele fica armazenado ali na palha que permanece sobre a superfície do terreno ou nas raízes, dentro do solo, compondo a matéria orgânica que vai sendo lentamente decomposta pelos organismos. Esta etapa de parcial indisponibilidade de carbono e sua decomposição é chamada de sequestro de carbono, ou seja, de baixa emissão de carbono para a atmosfera.
Menos fertilizantes, mais rentabilidade
“Quanto mais matéria orgânica eu tenho no meu solo, melhor é a sua capacidade produtiva”, pondera Júlio César Ramos, pesquisador da Epagri/Cepaf. Isso pode diminuir consideravelmente – ou até eliminar – a necessidade de fertilizantes para se alcançar uma boa produção.
SPDG favorece depósito de matéria orgânica no solo, o que aumenta sua capacidade produtiva (Foto: Aires Mariga / Epagri)

Foto: Jonatan Jumes
Os fertilizantes à base de nitrogênio estimulam os microrganismos do solo a produzirem óxido nitroso, um dos gases do efeito estufa. Júlio acrescenta que grande parte do nitrogênio que é aplicado acaba volatilizando na forma de amônia (NH3), chegando à atmosfera. Lá, a amônia pode ser oxidada e formar mais óxido nitroso, além de formar outros poluentes atmosféricos. Há também o gás carbônico eliminado no transporte dos fertilizantes. Fácil perceber como o SPDG contribui de várias formas para a mitigação do efeito estufa.
E não param por aí os benefícios do SPDG. De acordo com Humberto, o plantio direto de grãos promove maior disponibilidade de água, já que torna o ambiente favorável ao crescimento das raízes das culturas, o que aumenta a eficiência no uso desse recurso. Diminui as perdas de produtividade e a vulnerabilidade dos grãos às pragas. Contribui ainda para reduzir os impactos negativos de eventos de chuva extrema, pois evita erosão e dificulta a evaporação em períodos de escassez hídrica.
Família alcança produtividade acima da média
Alessandro Valentini é testemunha das vantagens do SPDG. Ele e o irmão Alex tocam a propriedade da família, em Chapecó. Em janeiro deste ano fizeram a colheita do milho, alcançando uma produtividade que variou entre 10 e 12 toneladas por hectare. Isso fica acima da média estimada pela Epagri/Cepa para safra estadual 2024/25 do grão, que é de 8,6 toneladas por hectare. A palha do milho colhido permaneceu no solo, servindo de base e cobertura para o plantio da soja safrinha, que iniciou imediatamente após a colheita.
Alessandro herdou do pai, Arlindo Valentini, a prática de produzir grãos em sistema de plantio direto, e não se arrepende. O agricultor afirma que, além de alcançar mais produtividade, consegue conservar melhor o solo e evitar erosão. A rentabilidade é impulsionada pela redução do uso de insumos, o que ele afirma ser uma das principais vantagens. E, em tempos de estiagens, frequentes na região onde produz, sua lavoura “aguenta mais tempo”, segundo suas palavras.
Economia que o agricultor não percebe

Fotos: Aires Mariga
Leandro Wildner, pesquisador da Epagri/Cepaf, relata que o ato de não preparar o solo antes da semeadura traz uma vantagem econômica que muitos agricultores não percebem. Cálculos da Epagri/Cepaf para a safra 2023/24 mostram que a retirada do preparo do solo, caracterizado por uma lavração mais duas gradagens, resulta na diminuição de um custo médio de R$970,00 por hectare para o agricultor. No caso das propriedades que optam pelo SPDG, esse investimento se torna desnecessário. “Isso é uma economia que o agricultor, muitas vezes, não leva em consideração”, alerta.
O pesquisador conta que existem lavouras no Oeste catarinense que praticam o SPDG há 30, 35, e até 40 anos, nas quais nunca mais houve revolvimento ou preparo do solo. Há também casos de propriedades que após 10 ou 20 anos da adoção do sistema, precisaram revolver e preparar o terreno a ser cultivado. De acordo com Leandro, esta variação de tempo está ligada ao tipo de solo e ao manejo praticado por cada agricultor.
Seu Arlindo, pai do Alessandro, adotou o SPDG há cerca de 30 anos, sempre com orientação e apoio da Epagri. Ele conta com orgulho que, neste período, várias áreas da propriedade de 250 hectares nunca foram revolvidas ou preparadas, e permanecem produzindo grandes volumes de grãos, se valendo apenas do poder do plantio direto.
Para quem pretende iniciar no SPDG, o experiente agricultor deixa um conselho: “tem que seguir, né?” A simplicidade da colocação reflete a confiança e a serenidade de quem sabe que, há três décadas, opta pelo sistema mais sustentável e rentável para produzir grãos em Santa Catarina.
Essa matéria faz parte da série de reportagens “Sustentabilidade é o nosso presente”, que iniciou em novembro de 2024, por ocasião dos 33 anos da Epagri, e segue até novembro de 2025.

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Tarifaço dos EUA continua a afetar 22% das exportações brasileiras
Apesar da retirada de 238 produtos da lista de sobretaxas, produtos agrícolas e industriais ainda enfrentam barreiras, mantendo parte das vendas brasileiras aos EUA sob tarifas adicionais.

O presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta sexta-feira (21) que 22% das exportações brasileiras para os Estados Unidos permanecem sujeitas às sobretaxas impostas pelo governo norte-americano. A declaração foi dada no Palácio do Planalto, um dia após a Casa Branca retirar 238 produtos da lista do chamado tarifaço.

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Segundo Alckmin, a nova decisão representa o maior avanço até agora nas negociações bilaterais. Ele destacou que, no início da imposição das tarifas, 36% das vendas brasileiras ao mercado norte-americano estavam submetidas a alíquotas adicionais. “Gradualmente, tivemos decisões que ampliaram as isenções. Com a retirada dos 238 produtos, reduzimos para 22% a fatia da exportação sujeita ao tarifaço”, ponderou.
A medida anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, revoga a tarifa extra de 40% para uma lista de itens majoritariamente agrícolas, como café, carne bovina, banana, tomate, açaí, castanha de caju e chá. A isenção tem efeito retroativo a 13 de novembro e permitirá o reembolso de produtos já exportados.
Impacto nas exportações
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) indicam que, tomando como base os US$ 40,4 bilhões exportados pelo Brasil aos EUA em 2024:
- US$ 8,9 bilhões seguem sujeitos à tarifa adicional de 40% (ou 10% mais 40%, dependendo do produto);
- US$ 6,2 bilhões continuam enfrentando a tarifa extra de 10%;
- US$ 14,3 bilhões estão livres de sobretaxas;
- US$ 10,9 bilhões permanecem sob as tarifas horizontais da Seção 232, aplicadas a setores como siderurgia e alumínio.

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De acordo com a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, a parcela das exportações brasileiras totalmente livre de tarifas adicionais aumentou 42% desde o início da crise.
Ela ponderou, no entanto, que o setor industrial continua sendo o mais afetado e exige maior atenção por parte do governo. “Para a indústria, a busca de mercados alternativos é mais complexa do que para commodities”, afirmou.
Aeronaves da Embraer, por exemplo, seguem sujeitas à tarifa de 10%.
Negociações seguem
Alckmin afirmou que a decisão dos EUA foi influenciada pelo diálogo recente entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro na Malásia, em outubro. O governo brasileiro enviou aos EUA, em 4 de novembro, uma proposta de acordo comercial, cujo teor não foi detalhado.
O presidente em exercício reiterou que o país busca avançar nas tratativas para retirar novos produtos da lista de itens tarifados. Ele mencionou que temas tarifários e não tarifários seguem na pauta de discussão, incluindo áreas como terras raras, big techs, energia renovável e o Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center (Redata).
Alckmin também confirmou que Lula apresentou a Trump, além do pedido de redução tarifária, questionamentos sobre a aplicação da Lei

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Magnitsky, que resultou em sanções contra autoridades brasileiras.
Segundo o presidente em exercício, ainda não há reunião prevista entre os presidentes, embora Lula tenha convidado o mandatário norte-americano para visitar o Brasil.
Setores mais sensíveis
Apesar do alívio para diversos itens agrícolas, o governo avalia que os produtos industriais permanecem como o principal foco de preocupação. Parte desses segmentos, especialmente bens de maior valor agregado ou fabricados sob encomenda, têm mais dificuldade para redirecionar exportações para outros mercados.
Alckmin afirmou que seguirá empenhado em buscar novas exceções. “Continuamos otimistas. O trabalho não terminou, mas avança com menos barreiras”, declarou.
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COP30 evidencia protagonismo do cooperativismo nas soluções para clima e energia
Painéis na Green Zone e Agri Zone mostraram como cooperativas já entregam resultados em redução de emissões, bioenergia, logística sustentável e soberania alimentar, reforçando o modelo como peça-chave da transição climática justa no país.

A participação do cooperativismo brasileiro na COP30, na última quarta-feira (19), evidenciou a força do modelo e sua capacidade de integrar inovação, inclusão e sustentabilidade para responder aos maiores desafios climáticos, alimentares e energéticos do país. Painéis na Green Zone e na Agri Zone reuniram dirigentes de cooperativas, pesquisadores, técnicos e produtores para apresentar experiências concretas que mostram como a ação coletiva já transforma territórios.

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Em todos os debates, a mensagem central foi unânime: o cooperativismo não espera, entrega resultados mensuráveis na redução de emissões, no uso eficiente de recursos naturais e na geração de renda e oportunidades, posicionando-se como peça-chave para uma transição climática justa, inclusiva e territorializada.
Energia limpa, economia circular e logística sustentável
No Pavilhão do Coop, o painel Transição Energética Justa: Cooperar para Transformar, mediado por João Penna, coordenador de Relações Internacionais do Sistema OCB, reuniu três experiências que demonstram como o cooperativismo tem sido decisivo para acelerar a transição energética no Brasil e mitigar passivos ambientais de forma eficiente.
Alexandre Gatti Lages, superintendente do Sistema Ocemg, chamou atenção para o avanço das energias renováveis dentro do movimento. Ele lembrou que, segundo dados do Anuário do Cooperativismo Brasileiro, cerca de 20% das cooperativas brasileiras já produzem sua própria energia e Minas Gerais possui potencial ainda maior. Por isso, a Ocemg criou, em 2020, o Projeto Minascoop Energia, estruturado nos pilares ESG. “O Minascoop nasceu com esse propósito de fazer um trabalho diferente, doando energia para entidades que precisam”, afirmou.
A iniciativa reduz custos energéticos (Econômico), promove geração fotovoltaica limpa (Ambiental) e estimula a doação de parte da

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energia produzida a instituições filantrópicas (Social). “Hoje, já são 52 cooperativas participantes, com 138 usinas instaladas em 88 municípios, que juntas produzem 14 MW”, complementou.
Juliano Millnitz, diretor-executivo da Primato, cooperativa paranaense que atende mais de 11 mil cooperados e é a maior produtora de suínos do Brasil, apresentou o case Suíno Verde: Energia Limpa do Campo ao Transporte. O programa vem sendo observado por pesquisadores e autoridades por transformarum enorme passivo ambiental em combustível limpo.
A cooperativa produz, diariamente, 9,5 milhões de litros de dejetos suínos e implantou um sistema que centraliza 630 mil litros/dia para produzir biometano. No processo, o material sólido é convertido em fertilizante, enquanto o líquido gera biogás e biometano. A planta é autossuficiente em energia e o foco agora é a mobilidade sustentável. “Hoje já operamos seis caminhões totalmente movidos a biometano e a meta é que toda a cadeia de suínos seja transportada com combustível limpo, o que representará uma economia de 447 toneladas de óleo diesel por ano, equivalente a R$ 920 mil anuais”, explicou Nunes.
O terceiro case foi apresentado por Evaldo Matos, diretor da Coopmetro, que abordou um dos maiores desafios brasileiros: a dependência da matriz rodoviária, responsável por 70% do transporte nacional. A cooperativa lidera o Programa de Renovação de Frota (Pave), que democratiza o acesso de pequenos transportadores a caminhões novos, conectando cooperados, cooperativas de crédito e fabricantes.

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Os impactos ambientais são expressivos: 14% menos CO₂, 75% menos óxidos de nitrogênio e 12% mais autonomia. No campo social, o programa alcança 13,5 mil beneficiados, fortalece renda e promove inclusão, com aumento de 15% na presença feminina. “O Pave é uma contribuição concreta para uma logística mais verde, mais saudável”, afirmou Matos, destacando ainda que a operação registra zero inadimplência com os bancos parceiros.
A representante do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Melissa Pesconi, elogiou a abordagem das cooperativas, reforçando que seus resultados são exemplos para grandes empresas. Ela apresentou as coalizões setoriais de descarbonização lideradas pelo CEBDS: iniciativas multissetoriais que reúnem setor privado, governos e sociedade civil para desenvolver e implementar planos de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) em diversos setores da economia.
Melissa destacou que “a visão técnica dos dados precisa dialogar com a prática transformadora, e as cooperativas já mostram que a transição energética deve ser guiada também por critérios sociais, econômicos e políticos”.
Amazônia reforça protagonismo comunitário
Também na Green Zone, o painel Identidade e Inclusão para a Soberania Alimentar na Agricultura Amazônica, mediado por Beatriz

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Barros Braga, secretária de Desenvolvimento Rural do Amapá, trouxe uma discussão profunda sobre como diferentes Amazônias, com culturas, ecossistemas e modos de produzir próprios, constroem caminhos para garantir segurança alimentar em meio às desigualdades estruturais.
Com mais de duas décadas de atuação, a Cooperacre levou ao painel a visão dos extrativistas. O assessor Alberto “Dande” de Oliveira Tavares descreveu a trajetória de verticalização da cooperativa, que investe em agroindústrias de castanha, borracha, frutas e óleos. “A Amazônia não é vista apenas como fornecedora de matérias-primas. A Cooperacre investiu na verticalização, garantindo renda, autonomia e permanência das famílias”, disse.
Ele reforçou a importância do reconhecimento do serviço ambiental prestado pelos extrativistas: “Essas famílias entregam muito além de alimentos. Entregam equilíbrio climático, água de qualidade, biodiversidade. O pagamento por serviços ambientais precisa chegar até elas”, complementou
Já o agricultor e gerente comercial da Camta, Emerson Tsunoda, relatou o processo de reinvenção da cooperativa, que deixou a dependência da monocultura da pimenta e adotou sistemas agroflorestais integrados (cacau, açaí, pimenta e outras culturas). A mudança ampliou mercados, diversificou renda e elevou a resiliência produtiva. Ele celebrou também que bancos passaram a financiar apenas produtores estruturados em SAFs. “Quem consome nossos produtos consome também uma história de união e reinvenção”, resumiu.

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Bioenergia e desenvolvimento regional
Na Agri Zone, o painel Desenvolvimento Regional e Transição Energética, promovido pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), reuniu especialistas do setor de bioenergia para discutir como a interiorização da indústria e a diversificação das matérias-primas podem impulsionar cidades e regiões inteiras.
O cooperativismo foi representado pela analista de Sustentabilidade do Sistema OCB, Laís Nara Castro. Ela apresentou dados atualizados do setor e reforçou que o movimento já é parte essencial da transição energética nacional. “Hoje, mais de 910 cooperativas já geram sua própria energia, seja para consumo interno ou para abastecer processos produtivos. Somando tudo, temos mais de 4,9 mil empreendimentos de geração distribuída espalhados pelo Brasil. É energia limpa, descentralizada e que chega na ponta, no pequeno e no médio produtor”, descreveu.
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Novas obras devem tornar mais dinâmicas as visitas ao Show Rural
Coopavel investe em ampliações, novas obras e melhorias operacionais para receber 600 empresas e até 22 mil veículos na edição de 2026, reforçando o evento como vitrine global de inovação no agronegócio.

Poucas vezes em 38 anos de Show Rural, a Coopavel e parceiros investiram tanto em novas obras e em melhorias simultâneas no parque que abriga um dos três maiores eventos técnicos do agronegócio mundial. São inúmeros projetos em execução ao mesmo tempo, tudo para melhorar ainda mais a dinâmica e o aproveitamento das visitas de quem se desloca a Cascavel, no Oeste do Paraná, para ter acesso às inovações desenvolvidas pelas empresas do setor para que o agricultor produza mais, com menos custos e observando a lógica da sustentabilidade.

Foto: Divulgação/Coopavel

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“O que estamos fazendo, mas em uma escala maior que em outros anos, busca atender às expectativas de um produtor rural cada vez mais exigente e conectado a mudanças que, ao longo dos anos, transformaram a realidade agropecuária brasileira e mundial. O Show Rural é um evento de vanguarda, focado na inovação e na superação e os resultados do que estamos fazendo poderão ser vistos de 9 a 13 de fevereiro de 2026, durante a 38ª edição do evento”, menciona Dilvo Grolli, presidente da Coopavel, cooperativa que organiza a mostra de tecnologia.
Obras
Estão em ampliação os espaços físicos da administração do parque e do Espaço Impulso (parceria com o Itaipu Parquetec), hub do agro inaugurado há quase quatro anos e que se tornou um ambiente multiplicador de novos conhecimentos para as mais diferentes atividades rurais. Esses prédios terão as suas áreas dobradas, o mesmo acontecendo com o galpão destinado à agricultura familiar.

Foto: Divulgação/Coopavel
A Itaipu investe cerca de R$ 1,7 milhão em uma nova estrutura, anexa à antiga, que vai permitir, a partir do ano que vem, mais que dobrar o número de agroindústrias familiares presentes no Show Rural. As duas primeiras estão com mais de 60% do cronograma de obras pronto, e o novo pavilhão está praticamente concluído.
A área pavimentada com asfalto foi ampliada em 2,5 quilômetros e, nesse trecho, a largura da via é de cinco metros. Em vias anteriormente pavimentadas, a largura está em ampliação de três para cinco metros. Novos trechos de ruas vão receber cobertura. Onze dos 15 quilômetros de vias que conectam todo o parque estarão protegidos da chuva e do sol na edição de fevereiro. Os 28 conjuntos de banheiros, masculinos e femininos, foram todos reformados, trabalho que envolveu da troca de portas até do piso.
A área do antigo estacionamento de expositores foi toda gramada e, considerando trechos próximos, permitirá aumentar em 15 mil metros quadrados o espaço destinado a expositores. “Teremos 600 empresas, como em edições anteriores, mas algumas que pediam agora terão espaços maiores para apresentar as suas novidades aos visitantes”, conforme o coordenador geral Rogério Rizzardi.
22 mil veículos
O empresário Assis Gurgacz cedeu uma área vizinha ao parque para a ampliação do novo estacionamento. Para a 38ª edição, a capacidade

Foto: Divulgação/Coopavel
de recepção vai subir de 17 mil para 22 mil veículos. Em fevereiro passado, o estacionamento tinha capacidade para 400 ônibus, e em 2026 poderão ser recebidos e devidamente abrigados 700.
Uma nova passarela vai ligar o estacionamento ao novo portão principal do parque. A maior parte do trecho é elevada, passando sobre o antigo estacionamento. Além disso, outras duas lanchonetes serão implantadas no parque, bem como ampliado o número de estações no restaurante para que mais pessoas possam se servir simultaneamente. No Show Rural Coopavel, o acesso ao parque e o uso de vagas de estacionamento são gratuitos.



