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Sistema de integração revoluciona pecuária e soja no Noroeste

Pioneira na implantação de ILPF na região, propriedade da Família Vellini, em Jardim Olinda (PR), acumula resultados surpreendentes em produtividade, mesmo com condições hostis de solo e clima.

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Há quase 30 anos, a Fazenda Flor Roxa, em Jardim Olinda, às margens do rio Paranapanema, alavancou a produção de soja na região Noroeste do Estado, conhecida pelo solo arenoso e pelas dificuldades para o cultivo de grãos. Em 1997, em meio a pecuária extensiva, o produtor rural César Vellini iniciou o plantio da oleaginosa em 29 hectares. Hoje, a propriedade de 1.573 hectares pertencente à família é referência estadual em Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF).

O foco dos Vellini segue sendo a pecuária de corte, no entanto, muita coisa mudou desde 1997. Em 2006, o sistema de integração foi implantado, com suporte da cooperativa Cocamar, que, na época, já trabalhava para incentivar a adoção da tecnologia ILPF na região Noroeste. O que começou com 29 hectares cresceu para quase a totalidade da extensão da propriedade – com exceção dos 498 hectares arrendados para a cana-de-açúcar. “Em 1994, não existia soja na região. Era milho e depois entrava com a gramínea. Arrendamos uma área para a cana-de-açúcar por causa das dívidas e começamos a investir na ILPF no restante da propriedade”, César Vellini, produtor rural, que conduz a propriedade ao lado da esposa e médica-veterinária Márcia e do filho e engenheiro agrônomo Vitor.

Produtor rural César Vellini – Fotos: Divulgação/Faep 

Com as pastagens em estado avançado de degradação, a soja surgiu com uma nova alternativa para diversificar a produção e possibilitar a sobrevivência do negócio. Aos poucos, os Vellini foram transformando a realidade da fazenda a partir da Integração Lavoura Pecuária (ILP), até que, em meados de 2010, começaram a introduzir o complemento florestal, a princípio para fornecer bem-estar animal. Hoje, os donos da fazenda estão retomando a área arrendada, conforme os contratos vão vencendo, para colocar 100% da propriedade em sistema de integração.

Rotação de áreas
A cada dois anos ocorre a alternância de cultivos, por meio de um planejamento rotativo que divide a propriedade em um terço da área para soja e um terço para o gado. A soja entra no verão, com milho e braquiária no inverno – Brachiaria ruziziensis para fazer palhada para a soja e Piatã e Mombaça para preparar a pastagem definitiva, que costuma ficar entre quatro e seis anos. Além disso, também há produção de feno para venda regional, geralmente em fardos de 10 quilos de capim Tifton. “Esse é o tempo ideal, quando o pasto começa a entrar no processo de degradação, e aí roda de novo. Nos dois primeiros anos, tem uma produtividade grande de pasto, depois vai caindo, no quarto ano já fica em torno de 40% a 30% do que era”, explica o patriarca.

No inverno, onde não é pasto definitivo, o milho colhido vai ser comercializado e a braquiária vira pastagem até final de setembro e início de outubro. A janela para plantio da soja na região começa a partir de 20 de outubro. O pastejo dinamiza ainda mais a ciclagem de nutrientes do solo, uma vez que o animal atua como um catalisador no sistema, consumindo forragem e depositando fezes e urina no solo. “Com o tempo, o animal roda toda a área da propriedade. Esse é o ápice do ILPF. O foco do César é a pecuária. A soja e outras culturas entram como alternativas e ajudam a pagar a reforma da pastagem. Isso reduz custos com suplementos e confinamento e há ganho com aumento de rebanho, proteína, carne de qualidade. A propriedade é autossuficiente”, aponta Emerson Nunes, gerente de ILPF na cooperativa Cocamar.

Antes do sistema de ILPF, a Fazenda Flor Roxa possuía 2 mil cabeças de gado ao longo da propriedade. Hoje, são 1 mil animais em ciclo completo e semiconfinamento mantidos em um terço da área, dividida em piquetes que variam entre 9,7 e 15 hectares. O rebanho é predominantemente formado pela raça Nelore, que são abatidos entre 24 e 30 meses.

Em 2017, o produtor começou a fazer estação de monta e inseminação artificial com Aberdeen Angus, por demanda de mercado. “Deu um up no gado, porque nós estávamos com a agricultura moderna e a pecuária ficando para trás. Mas a maioria ainda é Nelore, inclusive as mães”, conta o produtor. “Depois da ILPF, aumentou de 30% a 40% a capacidade de lotação, com qualidade”, complementa.

Produtividade
A região de Jardim Olinda é considerada uma das mais difíceis para o cultivo de soja no Estado, devido ao solo arenoso e as altas temperaturas em pleno verão, na fase de desenvolvimento da lavoura. Apesar dos desafios, os Vellini deixam claro que a soja, se conduzida com tecnologia adequada, pode produzir bem em qualquer tipo de solo e clima.

O histórico de alta produtividade da fazenda é prova disso. Inclusive, César é tricampeão em produtividade na categoria ILPF em concurso anual promovido pela Cocamar, nas safras 2020/21 (77 sacas por hectare), 2019/20 (74 sacas por hectare) e 2017/18 (88 hectares).

Mesmo na safra 2021/22, quando o Paraná, em especial o Noroeste, foi castigado pela estiagem, o produtor teve uma colheita próxima da média estadual, de 35,6 sacas por hectare. “Eu colhi em torno de 29 sacas por hectare, enquanto vizinhos não conseguiram colher uma saca”, relata.

Na safra 2022/23, a produtividade dos Vellini alcançou 79 sacas por hectare, enquanto a média do Estado ficou em 64 sacas por hectare, segundo o Departamento de EconomiaRural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab). “Esse ano, por conta do excelente clima, nós tivemos produtividade mais alta. Mas pegando os últimos anos, nossa média gira em torno de 60 a 65 sacas por hectare”, aponta Vitor Vellini. Já no ciclo de inverno, a média do milho fica entre 109 e 124 sacas por hectare.

Para incrementar a produtividade das lavouras, evitando perdas com déficit hídrico, os Vellini mantêm uma estrutura de irrigação com pivô central. Os equipamentos utilizados tecnologias que fornecem mapas que indicam a variabilidade nutricional do solo para o planejamento das reposições de corretivos e fertilizantes.

Apesar dos números elevados na soja, o produtor reforça que o foco da propriedade é a pecuária, enquanto a rotação preconizada pelo sistema traz benefícios a longo prazo, principalmente para a fertilidade do solo. “A gente tem que pensar no sistema como um todo para ter mais vantagens econômicas e ambientais nas atividades. Nosso objetivo é reformar a pastagem. Investir em fertilidade em uma fazenda de pecuária com pastagem degradada exige muito custo. Com ILPF, a soja paga a reforma do pasto”, garante César. “Hoje temos pasto de sobra. O gado até acaba engordando mais no inverno”, comemora.

Além disso, a palha da braquiária também é fundamental para manter a produtividade do sistema, contribuindo para a cobertura de solo e ciclagem de nutrientes, e reduzindo a evaporação da água e a amplitude térmica. “Quanto mais palha tiver, melhor”, resume.

De acordo com o produtor, o sistema de integração reduziu custos, aumentou a produtividade e dinamizou as atividades na fazenda. “O mais importante é o tempo que a gente ganha. Quando colhemos o milho, em agosto o pasto já está formado, por causa do consórcio com a braquiária. Ganhamos seis meses no manejo da fazenda”, constata.

Na parte do componente florestal, César continua investindo no plantio de eucalipto anualmente. Hoje, são 4 mil mudas de eucalipto plantadas no entorno da propriedade, somando 15 quilômetros de floresta em linha reta. Por enquanto, os 145 hectares de árvores plantadas servem para o bem-estar do rebanho, projetando sombra e proteção térmica em meio às altas temperaturas da região Noroeste. Ainda não há extração de madeira na propriedade, oportunidade avaliada para o futuro.

Programa de Capacitação em ILPF
O Sistema Faep/Senar-PR e a cooperativa Cocamar, com apoio da Associação Rede ILPF, Embrapa e Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), criaram o Programa de Capacitação em ILPF, para treinar profissionais para prestar assistência técnica e fomentar a tecnologia entre os produtores paranaenses.

O produtor César Vellini é um dos produtores parceiros do programa, cedendo a área da propriedade para implantação de melhorias no sistema de integração. Ao longo da iniciativa, que tem duração de 13 meses, os técnicos da Cocamar e do IDR-Paraná e instrutores do SENAR-PR desenvolvem projetos em 22 propriedades rurais de cooperados da Cocamar para implementação das técnicas de ILPF ao longo do programa.

Fonte: Sistema Faep/Senar-PR

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Salão Internacional de Proteína Animal 2024 foi o maior da história

Com projeções iniciais de 25 mil visitantes, a maior edição já realizada do SIAVS alcançou 30 mil credenciados, provenientes de mais de 60 países – especialmente da América Latina, Europa e Ásia.

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Maior evento do setor de proteína animal do Brasil, o Salão Internacional de Proteína Animal (SIAVS) superou todas as expectativas estabelecidas pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), entidade organizadora do evento que aconteceu de 06 e 08 de agosto, no Distrito Anhembi, em São Paulo (SP). Ao menos 12 das maiores empresas exportadoras de carne bovina do Brasil marcaram presença, além de entidades como a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

Com projeções iniciais de 25 mil visitantes, a maior edição já realizada do SIAVS alcançou 30 mil credenciados, provenientes de mais de 60 países – especialmente da América Latina, Europa e Ásia. Apenas na solenidade de abertura, foram 2 mil pessoas acompanhando presencialmente a palestra realizada pelo economista Eduardo Giannetti, com mediação do jornalista Luiz Henrique Mendes.

Fotos: Alf Ribeiro

Ao todo, 317 expositores participaram dos mais de 30 mil metros quadrados de evento – dentre eles, empresas de genética, equipamentos, insumos, laboratórios, soluções tecnológicas e outros fornecedores da cadeia produtiva, além das mais de 100 marcas de indústrias de proteínas animal, de 90 empresas produtoras, processadoras e exportadoras de proteína animal – que incluem associadas à ABPA (de avicultura e suinocultura) e de parceiras do evento, como a Abiec (bovinos), Peixe BR (peixes de cultivo), entre outras.

Mais de 2,5 mil congressistas participaram presencialmente das apresentações dos 80 palestrantes, durante os três dias de programação. Houve, ainda, 2,4 mil produtores vinculados ao Projeto Produtor, iniciativa do Siavs com agenda especialmente preparada no evento. Para aqueles que não puderam participar presencialmente, o Siavs à distância preparou uma programação especial, que contou com mais de 300 inscritos, de dezenas de universidades e institutos de educação pelo Brasil.

No Siavs Talks – espaço destinado às apresentações de inovação e tecnologia para os setores – foram mais de 600 participantes, acompanhando as apresentações de 21 startups de todo o país. Outras centenas de visitantes participaram da imersão na cadeia produtiva, com o Siavs Experience – com vídeos em 360° e a apresentação de painéis e vídeos sobre a cadeia produtiva.

“Tivemos uma grata surpresa com a grande adesão de toda a cadeia produtiva global no Siavs 2024. Estabelecemos um novo patamar para o encontro, com a adesão de entidades do setor não apenas do Brasil, mas de diversas regiões do planeta. O Siavs foi, nestes três dias, o ponto de encontro da cadeia de proteína animal global”, avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

Presenças

A abertura contou com a presença do Ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, do Ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, e dos Governadores do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior, de Santa Catarina, Jorginho Mello, do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, além do presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Deputado Federal Pedro Lupion e da Senadora Tereza Cristina. Também fizeram parte da solenidade os secretários de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Guilherme Piai, de Desenvolvimento Agrário do Pernambuco, Cícero Moraes, de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, e o presidente da Agrodefesa de Goiás, José Roberto Caixeta. Embaixadores, diplomatas, parlamentares e lideranças dos setores público e privado também participaram da solenidade.

A próxima edição do SIAVS já tem data: 04 a 06 de agosto de 2026, novamente no Distrito Anhembi, em São Paulo (SP).

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Nucleovet divulga programação do Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite

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13º SBSBL, 8ª Brasil Sul Milk Fair e 3º Fórum Brasil Sul de Bovinocultura de Corte ocorrerão em Chapecó (SC), entre 5 e 7 de novembro. (Foto: Arquivo MB Comunicação).

Referência em disseminação de conhecimento, aperfeiçoamento da classe, desenvolvimento de novas tecnologias e troca de experiências, o 13º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL) ocorrerá nos dias 5, 6 e 7 de novembro, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC). O evento, promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet), contará com os painéis indústria, qualidade da forragem, saúde, manejo e ambiente. A programação ainda engloba a 8ª Brasil Sul Milk Fair e o 3º Fórum Brasil Sul de Bovinocultura de Corte.

O presidente do Nucleovet, Tiago Mores, ressalta que o evento é organizado para oportunizar discussões atuais, com apresentação de novas soluções e geração de conexão entre empresas e profissionais. “Recebemos médicos veterinários, zootecnistas, técnicos, profissionais de agroindústrias, produtores rurais e estudantes de todo o Brasil e da América-Latina, nossa missão é entregar um evento completo que demonstre e reforce a pujança da bovinocultura brasileira”.

Na visão de Mores, o sucesso do evento também tem sido baseado em uma abordagem pragmática de assuntos do cotidiano e que possam agregar informação técnica e aplicação prática.

O presidente da comissão científica, Claiton André Zotti, explica que a programação é elaborada por uma comissão responsável por avaliar os temas de maior relevância para o setor na atualidade. “Com uma equipe formada por profissionais de diversos segmentos da cadeia produtiva, conseguimos construir uma programação riquíssima e que engloba importantes debates”, destaca.

Zotti reforça que as discussões são levantadas por renomados pesquisadores do setor, qualificando ainda mais a grade técnico-científica do evento. “Tratamos de um ramo complexo e desafiador, temos novas práticas e técnicas sendo desenvolvidas a todo momento. É crucial que profissionais da bovinocultura de leite e de corte mantenham-se atualizados acerca dos avanços do setor”.

INSCRIÇÕES

As inscrições para participar do 13º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL) já estão disponíveis. No primeiro lote, até o dia 2 de outubro, os investimentos são de R$ 315,00 para profissionais e de R$ 460,00 para estudantes. Com esse ingresso o participante tem acesso total ao evento – 13º SBSBL, 8ª Brasil Sul Milk Fair e 3º Fórum Brasil Sul de Bovinocultura de Corte.

Há também a possibilidade de participar somente do 3º Fórum Bovinocultura de Corte e da 8ª Milk Fair. Os valores para essa modalidade são de R$ 150,00 até o dia 2 de outubro, data que marca o fim do primeiro lote.

Para participar somente da 8ª Brasil Sul Milk Fair e conferir novas tecnologias e soluções expostas por empresas do setor, as inscrições podem ser feitas pelo valor de R$ 50,00.

Na compra de pacotes a partir de dez inscrições para o SBSBL serão concedidos códigos-convites bonificados. Associados do Nucleovet, profissionais de agroindústrias, órgãos públicos e grupos de universidades têm condições diferenciadas. As inscrições podem ser realizadas no site: www.nucleovet.com.br.

 

 Programação – Simpósio Bovinocultura – Nucleovet 

Fonte: Assessoria
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Farelo de mamona é testado como nova opção para alimentação de bovinos de corte

Coproduto também terá seu uso avaliado quanto ao potencial de redução da emissão de metano pelos ruminantes.

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Foto: Gabriel Aquere

Um estudo inédito conduzido pela Embrapa está testando o uso do farelo de mamona destoxificado como substituto do farelo de soja em dieta para bovinos de corte, assim como seu potencial para redução de emissão de metano. A pesquisa é realizada em Bagé, na Embrapa Pecuária Sul, em parceria com a Embrapa Algodão e a Universidade Federal de Santa Maria, e busca avaliar o consumo, a digestibilidade e a segurança do uso do farelo na dieta dos animais.

Isso porque a mamona apresenta originalmente em sua composição a ricina, um componente tóxico. No entanto, a partir da destoxificação realizada na indústria, o farelo de mamona tem grande potencial de nutrição de ruminantes, principalmente por conter teor de proteína bruta de até 45%, cerca de 10% a mais do que o farelo de soja, e por ser mais barato.

Testes prévios com pequenos ruminantes já demonstraram a inexistência de efeito nocivo do farelo de mamona destoxificado na alimentação destes animais, considerados poligástricos. Animais monogástricos, como aves, peixes e suínos, não têm tolerância ao farelo de mamona, e não podem consumir o coproduto.

Conforme Bruna Machado, zootecnista responsável pelos estudos em sua tese de doutorado, o farelo de mamona está sendo testado para ser introduzido de forma segura no mercado pecuário brasileiro. “Esperamos chegar às condições adequadas e seguras para uso do farelo de mamona nas dietas dos ruminantes, tendo como finalidade a suplementação dos animais a campo e também em ambiente de confinamento”, destacou.

De acordo com Liv Severino, pesquisador da Embrapa Algodão, que trabalha com mamona há cerca de 20 anos, há um avanço significativo nos testes conduzidos com bovinos de corte neste momento, com grande expectativa da indústria da mamona do mundo todo. “A Índia é a grande produtora e a China a segunda produtora no mundo, e nenhum desses países consegue utilizar o farelo de mamona na alimentação animal. Então realmente esse passo que estamos dando é uma novidade mundial”, destaca o pesquisador, que vislumbra expressiva agregação de valor ao produto a partir do sucesso nos experimentos.

Metodologia empregada

A tese de doutorado tem como título “Uso seguro do farelo de mamona como alimento para animais ruminantes e para a redução das emissões de metano entérico”. O projeto conta com a colaboração do Laboratório de Pastos e Suplementos da UFSM. Ao todo, 20 fêmeas da raça Brangus de um ano de idade, divididas em quatro grupos de cinco, têm acesso à alimentação disponível em um determinado tratamento. A orientação da pesquisa é realizada, na Embrapa, pela pesquisadora Cristina Genro, e, na UFSM, pela professora Luciana Pötter.

Os animais recebem dieta base para todos os tratamentos, composta de 1% de concentrado e 2% de pré-secado de aveia, com oferta à vontade. Os tratamentos são de diferentes níveis de inclusão de mamona destoxificada em substituição ao farelo de soja. Os níveis de substituição são de 10, 20 e 30%, além do tratamento controle, sem adição do farelo de mamona.

“Cada animal tem acesso somente a um dos quatro cochos da baia com seu respectivo tratamento de nível de inclusão de mamona. Isso só é possível pois cada animal tem uma identificação por meio de um chip de identificação implantado na orelha, possibilitando ter acesso ao cocho, que libera a entrada somente do animal previamente cadastrado”, explica Bruna.

Nova dieta e redução da emissão de metano

Um dos potenciais do farelo de mamona testado no estudo é a redução da produção e emissão do metano entérico pelos bovinos de corte. Este é um dos fatores que vêm sendo avaliados, além da nutrição dos ruminantes, com o objetivo de tornar a pecuária cada vez mais competitiva e sustentável.

“Uma das principais fontes que contribui para a emissão desse gás é o processo de fermentação entérica em ruminantes, sendo o metano um gás muito relevante para o objetivo de reduzir o aquecimento global. Como o Brasil apresenta um dos maiores rebanhos bovinos do mundo, um dos caminhos para que o país cumpra os compromissos assumidos internacionalmente de reduzir a emissão de metano é através do manejo e formulação de dietas mais eficientes”, destaca Bruna.

Além de usar a nutrição animal como ferramenta de diminuição das emissões de metano, a pecuária pode contribuir de forma significativa para o sequestro de carbono, a partir de práticas como o manejo correto das pastagens. Ver publicação: https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1103038/uso-da-altura-para-ajuste-de-carga-em-pastagens

Destoxificação da mamona

A mamona é cultivada com o objetivo de extração do óleo da semente. O farelo sobra como resíduo, e até então era usado apenas como fertilizante orgânico, devido a sua toxicidade relacionada à presença da ricina em sua composição. A proteína tóxica é capaz de inativar os ribossomos, prejudicando a síntese proteica e causando morte celular. No entanto, é possível alcançar de forma eficiente a destoxificação do farelo de mamona na indústria de extração de óleo, possibilitando o seu uso para alimentação de animais ruminantes. Sendo submetido ao processo adequado, o insumo pode ser usado como substituto do farelo de soja na dieta de ruminantes, aproveitando o seu alto teor de proteína bruta e o custo mais baixo.

Fonte: Assessoria Embrapa Pecuária Sul
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