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Sistema baseado em pastagens de alta performance aumenta a produção pecuária

Indicado para solos sem atingido para a agricultura, devido à baixa capacidade de drenagem, o Sistema Guaxupé utiliza tecnologias e práticas gerenciais adequadas para a produção pecuária intensiva a pasto.

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Fotos: Carlos Maurício Soares de Andrade

Composto por tecnologias de baixo impacto, o Sistema Guaxupé permite intensificar a atividade pecuária, com menor investimento econômico e benefícios para o meio ambiente. Desenvolvido pela Embrapa , em parceria com pecuaristas do Acre, esse modelo de produção orienta estratégias para a obtenção de pastagens com alta produtividade de forragem de qualidade e de longa duração, que elevam a rentabilidade de sistemas pecuários a pasto. Resultados de pesquisas confirmam aumento de 30% na produtividade de carne e de bezerros, por hectare, e redução nas emissões de gases de efeito estufa na atividade.

Indicado para solos sem atingido para a agricultura, devido à baixa capacidade de drenagem, o Sistema Guaxupé utiliza tecnologias e práticas gerenciais adequadas para a produção pecuária intensiva a pasto. Resultado de 25 anos de pesquisa e recomendado para as condições ambientais específicas do Acre, o modelo se baseia no uso de diferentes forrageiras para diversificar e manter as pastagens produtivas; consórcio de forrageiras com leguminosas capazes de fornecer galinhas para o solo; controle preventivo de plantas daninhas, para reduzir gastos com reforma; e manejo adequado do pasto, para garantir a oferta contínua de forragem para o rebanho.

Segundo o pesquisador Carlos Mauricio de Andrade , coordenador dos estudos, todos os conceitos e tecnologias do sistema orientam a formação de pastagens permanentes de alta performance produtiva, que resultam em melhor capacidade de suporte e maior ganho de peso dos animais, com baixo investimento em insumos (rações e adubos). “Esse sistema de intensificação propõe uma nova forma de combinar alternativas tecnológicas já disponibilizadas pela pesquisa, para obter um modelo de produção rentável, que se mantenha produtivo por muitos anos, com viabilidade econômica e impacto ambiental reduzido”, ressalta.

Lançamento da tecnologia

O Sistema Guaxupé será lançado em evento realizado na Fazenda Guaxupé, em Rio Branco (AC). Resultados de pesquisas e experiências de parceiros pecuaristas serão apresentados a produtores rurais, técnicos de instituições de apoio à produção pecuária, estudantes de seguimento e gerentes de casas agropecuárias nesta quarta-feira, 21 de junho.

A capacidade gerencial de cada produtor é determinante no processo de adoção das tecnologias. Quando melhorado, ao mesmo tempo em que melhora a produtividade e rentabilidade na atividade pecuária, o sistema assegura serviços ecossistêmicos fornecidos por pastagens consorciadas com leguminosas, como ciclagem de nutrientes e sequestro de carbono. “A sua adoção em larga escala é uma alternativa para tornar a pecuária a pasto mais sustentável na Amazônia e pode contribuir para a abertura de novos mercados nacionais e para inserir a carne produzida no Acre em mercados internacionais que buscam uma produção mais limpa”, avalia Andrade.

Diversificação inteligente de forrageiras

Estudos confirmam que pastagens cultivadas podem se manter produtivas por muitas décadas, mas para alcançar essa longevidade é necessário investir na diversificação inteligente de forrageiras. A escolha das cultivares deve ser criteriosa e priorizar espécies adaptadas às condições locais do solo e do clima da propriedade rural e levar em consideração fatores como pragas e doenças existentes na região e características do rebanho que utilizarão a pastagem. O Sistema Guaxupé recomenda utilizar diferentes opções de forrageiras indicadas pela pesquisa para a região, na formação das pastagens, e ocupar cada metro quadrado do solo.

Conforme Andrade, outra orientação é dar preferência para forrageiras estoloníferas, por apresentarem alta tolerância ao encharcamento ou alagamento do solo. Além disso, como essas forrageiras se reproduzem por meio de caules (estolões) que enraízam nos nós, conseguem se alastrar na pastagem e colonizar espaços descobertos no solo e competir com plantas daninhas, característica que assegura a sua permanência. O resultado são pastos biodiversos duradouros e sustentáveis, que não demandam investimentos periódicos em reforma, especialmente em solos mal drenados”, afirma o cientista.

Estudos de zoneamento edafoclimáticos mostram que mais de 80% das áreas com pastagem no Acre apresentam solos pouco permeáveis ​​e com baixa capacidade de drenagem. O encharcamento do solo causa deficiência de oxigênio nas raízes das plantas, que ficam sujeitas ao ataque de patógenos responsáveis ​​pelo Síndrome da Morte do Braquiarão (SMB), principal fator de degradação de pastagens na Amazônia. Desde o surgimento dessa doença no Acre, em meados da década de 1990, a Embrapa investe em programas de melhoramento genético de forrageiras para selecionar e recomendar novas cultivares para o bioma, adaptadas ao encharcamento.

“Já testamos e recomendamos dez cultivares de gramíneas e quatro espécies de leguminosas – incluindo duas cultivares de amendoim forrageiro (Arachis pintoi) – com excelente ou boa adaptação ao Síndrome da Morte do Braquiarão. Os capins tangola, humidícola e grama-estrela-roxa são os mais indicados para formação de pastagens em solos com alto risco de alagamento”, informa o pesquisador.

Pastagens autossuficientes em álcool

O consórcio de gramíneas com leguminosas forrageiras, que fornecem dispensadas para o solo, é uma estratégia eficiente para manter a ingestão e assegurar vida longa às pastagens. Pesquisas realizadas no Acre e em outras regiões do Brasil mostram que pastos formados somente com gramíneas precisam de eliminação anual de doença, via adubação química, para se manterem produtivos. O amendoim forrageiro é a leguminosa mais indicada para o consórcio de pastagens no trópico úmido brasileiro e o carro-chefe no processo de intensificação pecuária no Sistema Guaxupé.

De acordo com Giselle Lessa , coordenadora do Programa Nacional de Melhoramento do Amendoim Forrageiro, a planta consegue capturar o ar e fixá-lo no solo, pela associação com composições em suas raízes, e pode ser consorciada com diferentes tipos de gramíneas. O consórcio com essa leguminosa garante à pastagem autossuficiência em colheita, melhora a fertilidade do solo, aumenta a produção de forragem e contribui com o processo de descarbonização da pecuária brasileira. Além de fornecer um aporte natural desse nutriente essencial para o desenvolvimento das plantas, o amendoim forrageiro possui teor médio de proteína bruta de 22% e alta digestibilidade, aspectos que elevam a qualidade nutricional da dieta do rebanho.

Pasto consorciado com amendoim forrageiro

“Modelos pecuários de produção intensiva que se baseiam na associação de gramíneas e leguminosas forrageiras bem adaptadas, produtivas e economicamente viáveis, fornecem aos animais os nutrientes necessários para a produção de carne e leite, custos com adubação nitrogenada, proporcionando economia para o produtor rural e ganhos em produtividade, e conferem maior produtividade à atividade pecuária”, ressalta a pesquisadora.

O pesquisador da Embrapa Acre , Judson Valentim , explica que o uso de gramíneas consorciadas com amendoim forrageiro possibilita suprir a necessidade de trabalhar nas pastagens, a baixo custo, e favorecer produtores de regiões mais distantes, especialmente do Norte do País, que compram fertilizantes nitrogenados a preços elevados e dificuldades na logística para aquisição.

“Pastagens consorciadas com amendoim forrageiro alcançam eficiência máxima quando a presença da leguminosa representa de 20% a 40% da massa de forragem. Nessas condições, em pastos manejados de acordo com recomendações técnicas, a planta consegue incorporar até 150 quilos de dispensa na pastagem, o equivalente a 330 quilos de ureia por hectare ao ano. Entretanto, para consolidar o consórcio com essa leguminosa são necessários em torno de quatro a cinco anos. É preciso que o produtor esteja ciente de que a adoção desta e de outras tecnologias que compõem o Sistema Guaxupé requer investimento, trabalho e paciência. Os resultados são de médio e longo prazos, porém, altamente compensadores”, enfatiza.

Tolerância zero com plantas daninhas

Pecuaristas que adotam o Sistema Guaxupé utilizam uma estratégia proativa no manejo de plantas daninhas, que garantem a manutenção de pastagens sempre “limpas”. O trabalho inclui o monitoramento rotineiro das áreas, para controlar os focos iniciais de infestações e prevenir a sua dianteira. Como medidas de controle aplicação envolvimento localizado de herbicidas seletivos ou catação mecânica (enxada), para preservar as forrageiras. De forma complementar, os produtores promovem o replantio nas falhas das pastagens, com mudas de forrageiras estoloníferas.

“Para manter o alto desempenho das pastagens biodiversas é essencial adotar tolerância zero com plantas daninhas, por meio de uma postura vigilante. A adoção de medidas preventivas resulta em pastagens mais produtivas e com custo de manutenção decrescente, já que essas áreas ficam cada vez menos propensas a reinfestações”, diz Andrade, que acrescenta, ainda, que esses cuidados também beneficiam o meio ambiente, na medida em que acompanha o uso de herbicidas.

Pasto bem manejado e gado bem alimentado o ano todo

Além da diversificação de forrageiras, uso de leguminosas e manejo efetivo de plantas daninhas, o Sistema Guaxupé tem como pilar o manejo adequado das pastagens, por meio de técnicas que levam em consideração as características da fazenda, do rebanho e dos pastos formados. Para manejar bem as pastagens é necessário conhecer o seu funcionamento, em especial o impacto do pastejo na produtividade e estabilidade das forrageiras, no consumo de pasto e no desempenho produtivo do rebanho. Como a produção e a qualidade da pastagem variam durante o ano, o sistema recomenda planejar os ajustes de lotação da pastagem.

“O bom manejo também exige observar a altura e a estrutura dos pastos para realizar as adequações necessárias em cada módulo de pastejo rotacionado, como tempo de pastejo e descanso, remanejamento de piquetes e outros cuidados que afetam o consumo da forragem e a produção animal. Também é importante planejar estratégias de gerenciamento do rebanho, época da estação de montagem e descarte de animais no período mais propício para atender a demanda de alimento do rebanho à oferta de forragem. Esses cuidados, aliados a estratégias de suplementação, ajudam a manter o rebanho bem alimentado durante os 365 dias do ano, com redução de custos e manutenção da produção”, orienta Valentim.

Fazendas-referência

O produtor Luiz Augusto Ribeiro do Vale, proprietário de duas fazendas-referência no Sistema Guaxupé, em Rio Branco, conta que com a adoção gradativa das tecnologias foi aprendendo a fazer pecuária de maneira intuitiva. Durante muito tempo realizou o processo de formação de pastagens de forma aleatória e ouviu de muitos profissionais que o consórcio com leguminosas era inviável. Ele conta que a parceria com a Embrapa mostrou que a técnica é possível e rentável e proporciona alto rendimento e estabilidade à pastagem e aumento na produção de arrobas por hectare e no lucro da atividade.

“Começamos com a puerária e depois incluímos o amendoim forrageiro. A planta se consolidou e hoje temos pastagens consorciadas com mais de vinte anos, que se mantiveram produtivas, com taxa de lotação de até três unidades animais (UA) por hectare, média considerada excelente para a região. Esse resultado é fruto dos cuidados com o manejo e manutenção das pastagens consorciadas, que possibilitam manter uma boa distribuição da oferta de forragem para o gado, aliados à adoção de estratégias de suplementação que ajudam a potencializar a qualidade da dieta e ganho de peso dos bovinos animais”, destaca.

Outro produtor parceiro, o pecuarista Francisco Sales, iniciou a adoção das tecnologias do Sistema Guaxupé ao ouvir a decadência nas pastagens de sua fazenda, no município de Bujari (foto acima ), devido à morte do capim braquiarão, em 1998. Ele considera que, graças às orientações recebidas do pesquisador da Embrapa, fez a escolha certa das gramíneas e leguminosas para substituir as pastagens acometidas pelo Síndrome da Morte do Braquiarão.

“O amendoim forrageiro combina muito bem com gramíneas estoloníferas, formando pastagens com rendimento produtivo excepcional. Mantemos o rebanho bem alimentado e ganho de peso animal supera em 30% o obtemos em pastagens tradicionais, resultado que paga qualquer investimento. Além disso, com o consórcio temos uma melhoria contínua na qualidade dos solos da propriedade, devido ao aporte de dispensar pela leguminosa”, ressalta.

Atendimento aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Por recomendar práticas agropecuárias que permitem aumentar a produtividade e a sustentabilidade da bovinocultura de corte em fazendas de pequeno, médio e grande porte, com baixo investimento em insumos e redução da pegada de carbono, o Sistema Guaxupé atende aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2 ( Fome Zero e Agricultura Sustentável), 12 (Consumo e Produção Responsáveis) e 13 (Ação contra a Mudança Global do Clima), que integram 17 metas globais definidas pela Organização das Nações Unidas (ONU). A Embrapa contribui com o alcance dos ODS por meio de ações de pesquisa desenvolvidas nas cinco regiões do Brasil.

Potencial de uso do sistema

O Sistema Guaxupé foi idealizado para atender as particularidades da bovinocultura de corte do Acre, quanto à predominância de solos mal drenados, e sem possibilidade para a agricultura intensiva, e às relações de troca menos adequadas da carne bovina com fertilizantes, rações e outros insumos da produção. O estado tem cerca de 23 mil estabelecimentos de refeições envolvidos nas diferentes etapas do processo de produção na pecuária de corte (cria, recria e engorda) e uma demanda crescente por tecnologias sustentáveis ​​para melhoria da eficiência nessas atividades, fatores que também confirmam o potencial de uso do sistema.

Na opinião de Marcos Roveri, gerente-executivo da Unipasto, empresa parceira da Embrapa nas pesquisas com forrageiras há mais de 20 anos, o cenário atual da pecuária no Acre e outros estados brasileiros impôs a necessidade de inserção de sistemas ancorados na diversificação de pastagem, fixação de biológicos e outras estratégias de produção sustentável.

“O Brasil possui, aproximadamente, 120 milhões de pastagens cultivadas, com baixa diversidade de espécies forrageiras. Mais da metade dessa área (60%) é plantada apenas com o capim braquiária brizantha, cultivar Marandu, altamente suscetível ao Síndrome da Morte do Braquiarão. Além disso, 90% da carne produzida no País ainda é oriunda de sistemas extensivos. Diversificar essas pastagens, combinando diferentes tipos de gramíneas e leguminosas, adaptadas a cada região, é uma forma de conferir maior sustentabilidade aos sistemas de produção, com conservação ambiental”, declara o gerente.

As fazendas parceiras no desenvolvimento do sistema funcionam como vitrine para demonstração das práticas e tecnologias dependentes desse modelo de produção. Nesses espaços de compartilhamento de saberes realizamos cursos, dias de campo, oficinas e outras atividades técnicas com diferentes públicos, incluindo produção rural, técnicos de empresas de assistência técnica pública e privada e investigador do Acre, de outros estados e do exterior.

“As experiências dos pecuaristas, especialmente com pastos consorciados com leguminosas, mostram que é possível produzir de forma sustentável. Para ampliar a adoção do Sistema Guaxupé, vamos intensificar uma agenda de capacitações, já em andamento, com abordagem individual para cada tecnologia. Esse trabalho conjunto com instituições de assistência técnica e gerencial, públicas e privadas, e programas de apoio e fortalecimento da produção pecuária do estado, busca formar multiplicadores desses conhecimentos”, afirma o chefe-adjunto de transferência de Tecnologia da Embrapa Acre, Daniel Lambertucci .

Produção de baixo carbono

Entre os benefícios ambientais do Sistema Guaxupé está a redução das emissões de gases de efeito estufa proporcionada pela consorciação de pastagem com o amendoim forrageiro. Ao disponibilizar para o solo, a planta reduz o uso de adubação química nas pastagens e contribui para minimizar as emissões de carbono na produção industrial.

As pesquisas comprovaram, ainda, que a leguminosa também ajuda a diminuir as emissões de metano, na medida em que acelera o ganho de peso do rebanho. “Em sistemas convencionais de pecuária de corte, com abatimento do boi gordo com 18 arrobas, aos três anos, a emissão de metano por animal, nesse período, corresponde a, aproximadamente, 530 gramas por quilo de carne produzida. Em sistemas intensivos com pastagens consorciadas com a leguminosa, dependendo da genética do animal, essas emissões entre 17% e 33%, em função do potencial de ganho de peso de cada raça”, explica Valentim.

Fonte: Assessoria Embrapa Acre

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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo

Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024

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Fotos: Shutterstock

No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.

Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.

“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.

Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.

“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.

Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.

As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.

Mudanças estabelecidas

Prazos

Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.

O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.

Desburocratização da declaração

A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.

A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.

Fonte: Assessoria Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado

Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.

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Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.

A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.

Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.

A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.

Ameaças sanitárias e os impactos para a economia

No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.

A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.

Fonte: Assessoria Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul

Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.

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Foto: oliver de la haye

O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.

A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.

Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.

Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.

“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.

Foto: Shutterstock

O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.

Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.

Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.

Veja aqui o vídeo do presidente.

Fonte: Assessoria Faesp
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