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Sistema Aurora anuncia resultados de 2020
Em ano de pandemia e crise econômica, a Cooperativa Central Aurora Alimentos e suas 11 cooperativas filiadas obtêm recordes históricos em produção e em resultados
O ano de 2020 – marcado como o período de maior concentração de desafios no Brasil e no Mundo em face da conjugação das crises sanitária, econômica e social – pode ser considerado um período em que as empresas de natureza cooperativistas foram colocadas à prova. Nesse contexto, o Sistema Aurora, formado pela Cooperativa Central Aurora Alimentos e suas onze cooperativas filiadas, é um dos mais expressivos exemplos brasileiros de êxito econômico, social e ambiental na pandemia.
Um resumo de 2020 foi apresentado pelo presidente Neivor Canton, pelo vice-presidente Marcos Antônio Zordan e pelo diretor comercial Leomar Luiz Somensi.
A prioridade que orientou a política de reação à Covid-19 foi a proteção da saúde dos trabalhadores contra o novo coronavírus. Para honrar esse compromisso, a Aurora desembolsou – em despesas exclusivamente decorrentes da pandemia – 100,5 milhões de reais em 2020. Na condição de terceiro maior grupo da indústria brasileira da proteína animal, a Aurora foi uma das primeiras empresas que intensificou as medidas protetivas, atendeu as orientações das autoridades sanitárias e adotou todas as providências para assegurar a saúde, a segurança e o bem-estar de seus mais de 35.000 empregados diretos, além do universo de parceiros e terceirizados.
A Aurora liderou uma extraordinária força produtiva e econômica cuja receita operacional bruta, no conjunto (inclusas as 11 cooperativas filiadas), somou 31,6 bilhões de reais no ano. No campo, 67.888 famílias de produtores/empresários rurais geram as riquezas (aves, suínos, grãos, leite etc.) que são processadas nas modernas unidades industriais que empregam diretamente outros 46.150 trabalhadores.
Há uma diferença essencial em relação às empresas mercantis do agronegócio. Os produtores rurais cooperados são os proprietários das 11 cooperativas agropecuárias que, por sua vez, controlam a Cooperativa Central Aurora Alimentos. Os ganhos desses produtores ocorrem em várias etapas do processo produtivo: na entrega da produção primária para processamento industrial, nos serviços de extensão rural e assistência técnica, nos insumos a que tem acesso com preços vantajosos e na distribuição de sobras.
Industrialização
O grande desafio do ano da pandemia foi manter a qualquer custo a produção de alimentos por se tratar de setor essencial. Para a otimização das plantas industriais iniciou-se, em 2020, a jornada de trabalho de segunda a sábado, o que permitiu ampliar o volume de abate e processamento de suínos e aves. No segmento de suínos houve um incremento de 11,78%, ampliando-se de 22.487 para 25.135 suínos o abate total diário das 7 plantas da Aurora. No segmento aves, o incremento foi de 2,5%, permitindo elevar a capacidade de 980.000 para 1.004.381 aves abatidas por dia nas 7 indústrias avícolas.
O exercício de 2020 foi extraordinariamente positivo para a suinocultura industrial, apesar do acentuado encarecimento dos insumos (milho e farelo de soja). A Aurora aumentou em 13,5% o abate total do período, totalizando quase 6,1 milhões de suínos (6.080.944). A cooperativa central exportou 192 mil toneladas – ou seja, 57% mais que em 2019 – para 36 países, tendo como principais destinos a China, Hong Kong, Estados Unidos, Chile e Japão.
A matéria-prima (suínos) foi garantida pelas cooperativas filiadas que, por meio de 3.513 produtores cooperados, mantiveram uma formidável base produtiva com 264.985 matrizes operando nos sistemas de granjas multiplicadoras, ciclos completos, unidade de produção de leitões desmamados (UPDs), unidade de produção de leitões saídos de creches (UPLs), creches e terminações/suicooper III.
A produção in natura de carnes suínas deu um salto de 72,9% e atingiu 774.826 toneladas. A industrialização expandiu 4,3% para 381.073 toneladas.
Por outro lado, as 7 plantas industriais avícolas da Aurora encerraram o ano com o abate global de 246,8 milhões de frangos, um aumento de 1,96% em relação ao período anterior (2019).
Essa matéria-prima foi produzida dentro dos melhores padrões sanitários pelos 2.122 avicultores cooperados das 11 cooperativas do Sistema Aurora, com excelente desempenho zootécnico, avaliado com base no IEE (Índice de Eficiência Europeu).
O abate industrial gerou 568 mil toneladas de carnes de aves, das quais 261 mil toneladas destinaram-se ao mercado externo. As exportações, portanto, cresceram 6%. A produção in natura de carnes de aves fechou o ano em 509.249 toneladas (+4%) e a industrialização atingiu 58.848 toneladas (+5,1%).
No segmento de leite, a Aurora recebeu de suas filiadas 549,8 milhões de litros e industrializou 481,4 milhões de litros, basicamente o mesmo volume do ano anterior. Para estimular a contínua evolução da qualidade, o sistema de pagamento passou por uma revisão em 2020 com a definição de novos critérios e novos parâmetros. Apesar das novas exigências e do maior rigor, os valores repassados às cooperativas filiadas aumentaram, o que comprova que a iniciativa foi ampla e positivamente correspondida por parte dos cerca de 4.200 produtores cooperados.
Insumos para o campo
Outra gigantesca operação logístico-industrial é realizada diariamente para alimentar um plantel permanente em formação, no campo, constituído por 34 milhões de aves e 1,5 milhão de suínos. Essa tarefa contínua de nutrição animal consome 5.300 toneladas diárias de milho (ou 133 cargas de carreta por dia) o que representa em média 160 mil toneladas por mês.
Para a adequada nutrição dos plantéis, a Aurora produz anualmente 1.722.156 toneladas de rações para aves de corte, suínos, aves matrizes e, ainda, núcleos e concentrados. A produção total de rações obteve, em 2020, um crescimento de 5,39% alavancado especialmente pelas rações para suínos.
Refletindo essa imensa produção, os resultados econômicos foram inéditos. A receita operacional bruta obtida em 2020 foi de 14 bilhões 622,5 milhões de reais, ou seja, 33% superior ao exercício de 2019. O mercado interno respondeu por 64,9% dessas receitas e, as exportações, por 35,1%. Em volumes, o mercado doméstico absorveu 70% da produção e, as exportações, 30%.
O desempenho das exportações da Aurora foi excepcional, com crescimento de 61,8% em receitas e 23% em volumes. As compras chineses de proteína animal no mercado mundial catapultaram as vendas da Aurora, potencializadas pela situação cambial: o dólar valorizado frente ao real ampliou os ganhos pelo câmbio e valorizou ainda mais os produtos de exportação. A China, sozinha, ficou com 40% das exportações totais da Cooperativa Central.
Dessa forma, a importância relativa da empresa no cenário das vendas brasileiras ao exterior cresceu: agora, a Aurora responde por 17,5% das exportações de carnes suínas do Brasil e por 6,6% das exportações de frango. Anteriormente era, respectivamente, 16,8% e 6,4%.
Desenvolvimento regional
Com ação direta em 691 municípios brasileiros por meio de suas unidades produtivas ou das cooperativas filiadas, a Aurora deu enorme contribuição ao desenvolvimento econômico de vastas regiões de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul. Alguns números documentam e quantificam a expressão dessa contribuição: geração de ICMS (1 bilhão 527 milhões de reais), valor adicionado na atividade agropecuária (5 bilhões 983 milhões de reais), valor adicionado na atividade industrial e comercial (5 bilhões 438 milhões de reais) e remuneração e encargos sobre a folha de pagamento de salários (1 bilhão 808 milhões de reais).
Para atender às demandas de aumento da produção foi ampliado em 16% o quadro de recursos humanos que fechou o ano com 35.244 empregados diretos – ou seja, foram criados quase 5.000 novos postos de trabalho. A Aurora despendeu 259 milhões de reais no plano de benefícios a esses trabalhadores, o que inclui plano de saúde, transporte, prêmio assiduidade, alimentação, previdência privada, prêmio tempo de serviço, auxílio creche e assistência odontológica. Os investimentos totais nos empregados somaram 1 bilhão 859 milhões de reais incluindo salários e encargos, benefícios, segurança e saúde, capacitação e desenvolvimento, auxílio escola. Destaque-se que, para a premiação dos esforços dos trabalhadores na melhoria dos níveis de qualidade, produtividade e resultados globais do negócio, a Cooperativa distribuirá a cada empregado o valor correspondente a 2,5 salários adicionais por meio do Programa de Participação nos Resultados (PPR).
Aurora em números
Data de fundação: 15 de abril de 1969.
Primeiro presidente: Aury Luiz Bodanese.
Posição nacional: terceiro maior conglomerado industrial do setor de carnes.
Receita operacional bruta anual: R$ 14,6 bilhões (2021).
Número de empregos diretos: mais de 35.000.
Número de cooperativas agropecuárias filiadas: 11.
Base produtiva no campo: 67.888 famílias de produtores rurais.
Processamento industrial: 1.000.000 de aves por dia.
25.000 suínos por dia.
1.500.000 litros de leite por dia.
Produtos: mix com mais de 800 itens em produtos a base de carne, leite, massas e vegetais.
Número de unidades industriais: sete plantas frigoríficas de suínos, sete plantas frigoríficas de aves, uma planta de lácteos.
Exportação: mais de 60 países.
Cooperativas filiadas: Cooperalfa, Caslo, Coopervil, Colacer, Copérdia, Cooperitaipu, Coasgo, Auriverde, Cooper A1, Coopercampos e Cocari.
Conselho de Administração:
- Neivor Canton, presidente.
- Marcos Antônio Zordan, vice-presidente.
- Romeo Bet, secretário.
- Élio Casarin, conselheiro.
- Sérgio Marcon, conselheiro.
- Cláudio Post, conselheiro.
- Luiz Carlos Chiocca, conselheiro.
Diretoria Executiva:
- Neivor Canton, presidente.
- Marcos Antônio Zordan, vice-presidente e diretor de agropecuária.
- Leomar Luiz Somensi, diretor comercial.
Receita operacional bruta anual
- Exercício 2020: R$ 14,6 bilhões.
- Exercício 2019: R$ 10,9 bilhões.
- Exercício 2018: R$ 9,1 bilhões.
- Exercício 2017: R$ 8,9 bilhões.
- Exercício 2016: R$ 8,5 bilhões.
- Exercício 2015: R$ 7,7 bilhões.
- Exercício 2014: R$ 6,7 bilhões.
- Exercício 2013: R$ 5,7 bilhões.
- Exercício 2012: R$ 4,6 bilhões.
- Exercício 2011: R$ 3,8 bilhões.
- Exercício 2010: R$ 3,1 bilhões.
Notícias
Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.