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Sinditrigo-PR reúne moageiros em Curitiba para Workshop Moatrigo
Com 60 moinhos de trigo em operação, o Paraná tem o maior parque moageiro do Brasil e responde por 30% da produção nacional de farinha de trigo. Evento será realizado no dia 20 de março, a partir das 08h30, no auditório da Fiep, em Curitiba (PR).

Com cerca de 300 participantes já inscritos, o Moatrigo – Workshop do Desenvolvimento Moageiro será realizado no dia 20 de março, a partir das 08h30, no auditório da Fiep, em Curitiba (PR). Promovido pelo Sindicato da Indústria do Trigo do Paraná – Sinditrigo-PR, o evento chega a sua terceira edição consolidado como referência no setor moageiro para profissionais, gestores e fornecedores do segmento.
A programação destaca temas como comportamento do consumidor de derivados de trigo, inovação, relação entre varejo e indústria e gerenciamento de processos. Além das palestras, o evento contará com Salas de Soluções das marcas Eurogerm, Sangati, Buhler e Doremus com apresentações de produtos e serviços direcionados às indústrias.

Presidente do Sinditrigo-PR, Daniel Kümmel: “Este ano o tema é Moatrigo 360, justamente porque nosso foco está em promover uma visão abrangente do setor” – Fotos:> Divulgação/
O presidente do Sinditrigo-PR, Daniel Kümmel, reforça que a proposta é desenvolver a indústria moageira, em especial a indústria paranaense, oportunizando capacitação e conteúdo atualizado. “Este ano o tema é Moatrigo 360, justamente porque nosso foco está em promover uma visão abrangente do setor, identificando oportunidades e antecipando desafios”, resume Kümmel.
Com 60 moinhos de trigo em operação, o Paraná tem o maior parque moageiro do Brasil e responde por 30% da produção nacional de farinha de trigo. O Sinditrigo-PR tem atualmente 29 associados, entre eles os maiores moinhos de trigo do Estado.
Comportamento do consumidor em foco
O painel de abertura do Moatrigo traz o tema “O comportamento do consumidor de derivados de trigo”, que tem entre os participantes Claudio Zanão, presidente da Abimapi – Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães e Bolos Industrializados.
Na opinião de Zanão, normalmente a tradição da marca e anos de fidelidade são a base para a decisão de compra dos consumidores quando se trata de derivados de trigo. Ele ressalta também a tendência do consumidor brasileiro em buscar inovação e experimentação e enfatiza a relevância dos atributos como nutrição, praticidade e conveniência, mas sem perder de vista a questão do poder aquisitivo “que é sempre decisório”.
Junto com Claudio Zanão, o painel “O comportamento do consumidor e derivados de trigo” contará com Daniel Kümmel; presidente do Sinditrigo e CEO do Moinho Arapongas e David Fiss, diretor de Client Services & New Business, Divisão Worldpanel Brasil da Kantar.
DNA de Inovação no setor moageiro
Fundadora da Sra. Inovadeira e CEO da Manbu, a engenheira de alimentos Cristina Leonhardt vai falar no Moatrigo sobre “DNA de Inovação: Como Encontrar o DNA de Inovação da Sua Empresa e Por Que Isso Importa?”. Na palestra, ela vai compartilhar um pouco de sua experiência em inovação de alimentos para empresas. “O DNA de inovação é uma metodologia que criamos pra ajudar as empresas a entenderem quais são suas fortalezas, competências e apetite de inovação antes de saírem lançando seus produtos”, antecipa Cristina. Segundo ela, a principal potência que o DNA de inovação pode trazer é justamente engajar as equipes ao redor de projetos que façam sentido naquele contexto.
Colaboração varejo e indústria
Fernanda Dalben é diretora de Marketing da rede de supermercados Dalben, CEO & fundadora da SMKT – Soluções de Marketing para Varejo. Ela vai conduzir o painel “Colaboração varejo e indústria: como gerar valor nas ações de trade marketing” e pontuar sobre os aspectos mais relevantes nas recentes transformações na relação entre varejo e indústria, enfatizando a necessidade de compartilhar dados, estratégias e objetivos para aprimorar a experiência do consumidor. “Vamos apresentar cases práticos, tudo muito tangível e aplicável no dia a dia”, revela.
Gerenciamento de projetos
Divanildo Carvalho Junior, diretor-executivo na Trilhas do Trigo Consultoria, encerra a programação de palestras do Moatrigo com o tema “Entre a Eureca e a Entrega de Valor: Quais os caminhos do estímulo à inovação ao gerenciamento de projetos?”, destacando técnicas de gerenciamento de projetos e diversas ferramentas de gerenciamento estratégico, ao mesmo tempo em que pretende provocar a audiência e falar sobre como selecionar ideias e estimular o time a apresentá-las.
Inscrições
As inscrições para o workshop estão abertas no site www.moatrigo.com.

Notícias
Brasil lança plataforma sobre saúde dos solos e reforça liderança em agricultura sustentável
Ferramenta da Embrapa reúne mais de 56 mil análises e mostra que dois terços das áreas avaliadas no País apresentam solos saudáveis ou em recuperação.

Foi lançada na última segunda-feira (17), na Agrizone, a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa durante a COP 30, em Belém (PA), a Plataforma Saúde do Solo BR – Solos resilientes para sistemas agrícolas sustentáveis. A cerimônia ocorreu no Auditório 1 e marcou a apresentação oficial da tecnologia criada pela Embrapa, que reúne pela primeira vez informações sobre a saúde dos solos brasileiros em um ambiente digital e de acesso público.
Na abertura, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou o simbolismo de apresentar a novidade dentro da Agrizone, espaço que abriga soluções de baixo carbono. “A Agrizone é o começo de uma nova jornada. Estamos mostrando para o mundo inteiro, de forma concreta, que temos tecnologia para desenvolver uma agricultura cada vez mais resiliente às mudanças climáticas”, afirmou.
Para ela, o lançamento reforça o protagonismo do Brasil como líder global em inovação sustentável para a agricultura e os sistemas alimentares.
A Plataforma disponibiliza dados de saúde do solo por estado e município e já reúne cerca de 56 mil amostras, provenientes de 1.502 municípios de todas as regiões do País. O sistema foi construído a partir da geoespacialização dos dados gerados pela BioAS – Bioanálise de Solos, explicou a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda Mendes. A ferramenta permite filtros por estado, município, ano, culturas e texturas de solo, além de comparações entre diferentes cultivos. Também gera mapas e gráficos baseados nas funções da bioanálise, como ciclagem, armazenamento e suprimento de nutrientes.
Solos mais saudáveis e produtivos
Os primeiros mapas revelam que predominam no Brasil solos saudáveis ou em processo de recuperação. “Somando solos saudáveis e solos em recuperação, vemos que 66% das áreas analisadas apresentam condições muito boas de saúde. Apenas 4% das amostras representam solos doentes”, afirmou Ieda.
Mato Grosso lidera o número de amostras (10.905), seguido por Minas Gerais (9.680), Paraná (7.607) e Goiás (6.519). O município com maior participação é Alto Taquari (MT), com 1.837 amostras.
A pesquisadora também destacou a forte relação entre saúde do solo e produtividade. No Mato Grosso, a integração dos dados da BioAS com índices do IBGE mostrou que o aumento na proporção de solos doentes está diretamente associado à queda na produção de soja. “Cada 1% de aumento em solos doentes representa uma perda média de 3,1 kg de soja por hectare”.
Em contraste, análises exclusivamente químicas não apresentaram correlação com a produtividade atual, o que indica que o limite produtivo da agricultura brasileira está cada vez mais ligado à qualidade biológica dos solos.
Ieda ressaltou ainda a participação dos produtores na construção da ferramenta. “Temos contribuições que vão do Acre ao extremo sul do Rio Grande do Sul. Ter um trabalho publicado em revistas técnicas é muito bom, mas ver uma tecnologia sendo adotada em todo o Brasil é maravilhoso”, afirmou.
A expectativa é transformar a plataforma, no futuro, em um observatório nacional da saúde dos solos, capaz de gerar relatórios detalhados por município e conectar pesquisadores, laboratórios e agricultores.
A Plataforma Saúde do Solo BR foi desenvolvida com base nos dados da BioAS, tecnologia lançada em 2020 e criada pela Embrapa Cerrados em parceria com a Embrapa Agrobiologia. O método integra indicadores biológicos (atividade enzimática), físicos (textura) e químicos (fertilidade e matéria orgânica).
O banco de dados atual resulta de uma colaboração com 33 laboratórios comerciais de análise de solo, integrantes da Rede Embrapa e usuários da tecnologia.
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Pressões ambientais externas reacendem disputa sobre limites da autorregulação no agronegócio
Advogada alerta que auditorias privadas e acordos setoriais, como a Moratória da Soja, podem impor obrigações além da lei, gerar assimetria concorrencial e tensionar princípios constitucionais.

A intensificação de exigências internacionais para que produtores brasileiros comprovem de forma contínua a inexistência de dano ambiental como condição para exportar commodities, especialmente a soja, reacendeu um debate jurídico sensível no país. Para a advogada especialista em Direito Agrário e do Agronegócio, Márcia de Alcântara, parte dessas exigências ultrapassa a pauta da sustentabilidade e pode entrar em choque com princípios constitucionais e da ordem econômica, sobretudo quando assumem caráter padronizado e coordenado por grandes agentes privados.
Segundo ela, quando tradings internacionais reunidas em associações que concentram parcela expressiva do mercado firmam pactos com auditorias e monitoramentos próprios, acabam impondo obrigações ambientais adicionais às previstas em lei. “Esses acordos privados transferem ao produtor o ônus de provar continuamente que não causa dano ambiental, invertendo a presunção de legalidade e de boa-fé de quem cumpre o Código Florestal e demais normas”, explica.
Márcia observa que esse tipo de exigência, quando se torna condição para o acesso ao mercado, tensiona princípios como a segurança jurídica e o devido processo. “Quando a obrigação é padronizada e coordenada por agentes dominantes, deixa de ser mera cláusula contratual e passa a se aproximar de uma restrição coletiva, com efeito de boicote”, afirma.
Moratória da Soja e coordenação setorial

Advogada Márcia de Alcântara: “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”
Entre os casos emblemáticos está a chamada Moratória da Soja, que proíbe a compra do grão oriundo de áreas desmatadas após 2008 na Amazônia. Para a advogada, o modelo de funcionamento da moratória se assemelha a uma forma de regulação privada, com possíveis implicações concorrenciais. “Há três pontos críticos nesse arranjo: a coordenação por associações que concentram parcela relevante do mercado; a troca de informações sensíveis e listas de exclusão que não são públicas; e a imposição de padrões mais severos do que a legislação brasileira. Esse conjunto pode configurar conduta anticoncorrencial, conforme o artigo 36 da Lei 12.529/2011”, avalia.
Ela acrescenta que cobranças financeiras ou bloqueios comerciais aplicados a produtores que não apresentem documentação adicional de regularidade ambiental podem representar penalidades privadas sem respaldo legal. O tema, segundo Márcia, já vem sendo acompanhado tanto pela autoridade antitruste quanto pelo Judiciário.
Marco jurídico recente
Nos últimos meses, a controvérsia ganhou contornos institucionais. Uma decisão liminar do ministro Flávio Dino, no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão de processos judiciais e administrativos ligados à Moratória da Soja até o julgamento de mérito, para evitar decisões contraditórias e permitir uma análise concentrada do conflito. Paralelamente, o Cade decidiu aguardar o posicionamento do STF antes de seguir com as investigações, embora mantenha atenção sobre a troca de informações sensíveis entre empresas durante o período.
Entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Aprosoja-MT defendem que a atuação concorrencial do Estado não seja paralisada. Elas argumentam que há indícios de coordenação de compra e que a suspensão integral das apurações pode esvaziar a tutela concorrencial.
Entre os principais questionamentos estão a extrapolação normativa de acordos privados, a falta de transparência nos critérios de exclusão e a substituição da regulação pública por padrões privados de alcance global. “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”, pontua Márcia.
Possíveis desfechos

Foto: Gilson Abreu
A especialista mapeia dois possíveis desfechos para o impasse. Caso o STF decida a favor dos produtores, será reforçada a soberania regulatória do Estado brasileiro, com o reconhecimento de que critérios ambientais devem ser definidos por normas públicas claras e transparentes. A decisão poderia irradiar efeitos para outras cadeias produtivas, como carne, milho e café, estabelecendo parâmetros de ESG proporcionais e auditáveis. Em sentido contrário, validar a autorregulação privada abriria espaço para padrões globais com camadas adicionais de exigência, elevando custos de conformidade e reduzindo a concorrência.
Para Márcia, o Brasil já conta com um dos arcabouços ambientais mais robustos do mundo. O Código Florestal impõe a manutenção de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente, exige o Cadastro Ambiental Rural georreferenciado e conta com sistemas de monitoramento por satélite e mecanismos de compensação ambiental.
Além disso, o país dispõe de políticas estruturantes como a Política Nacional do Meio Ambiente, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e a Política Nacional sobre Mudança do Clima. “Esse conjunto garante previsibilidade ao produtor regular e comprova que o país possui um marco ambiental sólido. Por isso, exigências externas precisam respeitar a proporcionalidade, a transparência e o devido processo. Caso contrário, correm o risco de ferir a legislação brasileira e distorcer a concorrência”, ressalta.
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Brasil e Reino Unido avançam em diálogo sobre agro de baixo carbono na COP30
Fávaro apresenta o Caminho Verde Brasil e discute novas parcerias para financiar recuperação ambiental e ampliar práticas sustentáveis no campo.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se reuniu nesta quarta-feira (19) com a ministra da Natureza do Reino Unido, Mary Creagh, durante a COP30, em Belém. O encontro teve como foco a apresentação das práticas sustentáveis adotadas pelo setor agropecuário brasileiro, reconhecidas internacionalmente por aliarem produtividade e conservação ambiental.
Fávaro destacou as iniciativas do Caminho Verde Brasil, programa que visa impulsionar a recuperação ambiental e o aumento da produtividade por meio da restauração de áreas degradadas e da promoção de tecnologias sustentáveis no campo.
Segundo o ministro, a estratégia tem ampliado a competitividade do agro brasileiro, com acesso a mercados mais exigentes, ao mesmo tempo em que contribui para metas climáticas.
A agenda também incluiu discussões sobre mecanismos de financiamento voltados a ampliar projetos de sustentabilidade no setor. As autoridades avaliaram oportunidades de cooperação entre Brasil e Reino Unido para apoiar ações de recuperação ambiental, inovação e produção de baixo carbono na agricultura.



