Avicultura Artigo
Simulação computacional pode ‘dar à luz’ nova geração de aquecedores
Uso de aquecedores com alta eficiência reduz o tempo de aquecimento do aviário e resulta em economia de combustível.
O presente artigo apresenta um estudo comparativo entre dois sistemas de aquecimento – um sistema comum e outro desenvolvido com auxílio de simulação computacional – utilizados na ambiência dos criadouros de frango de corte. A ambiência é um dos pilares da produção de frangos de corte, junto à nutrição e à genética. Uma ambiência adequada no criadouro favorece o desenvolvimento animal com consequências diretas no aumento da produção e dos rendimentos. O aquecimento do aviário é crucial na fase inicial da criação. Além de um posicionamento adequado destes equipamentos na granja, o uso de aquecedores com alta eficiência reduz o tempo de aquecimento do aviário e resulta em economia de combustível.
O aquecedor consiste em uma câmera de combustão que aquece um sistema de dutos. Um ventilador centrífugo promove a entrada de ar limpo, que é aquecido nos dutos e soprado ao interior do aviário. Cabe destacar três características dos aquecedores: tipo de combustível, formato do aquecedor e sistema de exaustão. Os combustíveis mais comuns são: lenha, cavaco e pellet. No mercado, existem inúmeros formatos e com sistemas de exaustão diversos, assim, tende-se a procurar o de maior eficiência, ou seja, o de menor consumo, maior vazão e maior temperatura proporcionada ao aviário.
Na atualidade, metodologias de simulação computacional, como as usadas pela Laeromec (Laboratório de Aerodinâmica e Mecânica Computacional – UFRGS), são necessárias para promover melhorias na ambiência. Essa metodologia é adotada para o desenvolvimento de equipamentos mais eficientes e na avaliação do tipo de aquecedor ideal para cada aviário. Mediante as simulações é possível avaliar as velocidades e temperaturas do ar no ambiente interno do aviário e prever os ajustes necessários a serem realizados para promover o maior bem-estar animal.
Metodologia
Através de simulação computacional de fluidos foram comparados dois sistemas de aquecimento. Um deles já existente no mercado e o outro desenvolvido pela Laeromec. Foram avaliados os resultados de temperatura no interior do aquecedor e dutos, e a temperatura e a vazão na exaustão do aquecedor. Posteriormente foram realizadas simulações dos aquecedores funcionando em um aviário, sob as mesmas condições, para comparar a distribuição de temperaturas após um minuto de funcionamento.
O aquecedor comum avaliado, a pellet, possui um sistema de dutos de seção quadrada para conduzir o ar limpo ao aquecimento e posterior exaustão. A exaustão se dá através de dois ventiladores centrífugos do tipo sirocco acionados por dois motores de 5cv de potência, cada, com vazão total de 136 m3/min (68 m3/min cada ventilador). O segundo sistema de aquecimento avaliado foi desenvolvido com o auxílio da simulação computacional. O aquecedor utiliza pellet como combustível e possui um sistema de dutos circulares com dimensão, quantidade e distribuição previamente estudadas e otimizadas. O ventilador centrífugo com as pás curvadas para trás, acionado por um motor de 5cv, fornece uma vazão de 137 m3/min.
Resultados
Considerou-se a temperatura de entrada do ar de 25° Celsius. As figuras 1(a) e 1(b) apresentam o campo de temperaturas em um plano transversal, no centro dos aquecedores. O calor da chama aquece a parte externa dos dutos e estes aquecem o ar limpo advindo do exterior. Pode-se comprovar que no aquecedor comum, alguns dutos não entram em contato direto com a chama. No aquecedor otimizado, a maioria dos dutos experimenta um contato com a chama. As figuras 2 (a) e 2 (b) apresentam os campos de temperatura na descarga dos ventiladores.
Nota-se na figura 2 (a) que há uma distribuição não homogênea das temperaturas na saída do aquecedor comum, sendo a temperatura média na saída de 79,6° C. No aquecedor otimizado – figura 2 (b) -, a temperatura média na descarga foi de 98,2°C apresentando maior homogeneidade. As figuras 3 (a) e 3 (b) apresentam o campo de temperaturas na região do pinteiro, a 10 cm da cama. Após 60 segundos de insuflamento a temperatura média atingida com o aquecedor comum foi de 28° C, enquanto que com o aquecedor novo foi de 32° C com uma distribuição mais homogênea.
Conclusão
Através da metodologia aplicada, desenvolveu-se um ventilador com 137 m3/min de vazão, tornando possível utilizar um ventilador com um motor de 5 cv ao invés de dois com 5cv, cada, ou seja, uma redução de 50% no consumo de energia. O novo aquecedor apresentou uma troca de calor mais eficiente com temperaturas 23,4% superiores ao aquecedor comum na descarga, para o mesmo volume de combustível. Com o novo aquecedor a temperatura média do pinteiro, após 60 segundos de funcionamento, foi superior em 4° C. Os resultados evidenciam a importância da simulação computacional em projetos de otimização.
Mais informações você encontra na edição de Aves de agosto/setembro de 2017 ou online.

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
