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Simpop 2024 atualiza cadeia para impulsionar crescimento da piscicultura no Oeste paranaense

O simpósio não apenas aborda inovações tecnológicas, mas também serve como um impulsionador do desenvolvimento regional do setor aquícola, fortalecendo a relação entre empresas e produtores.

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Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Com a missão de proporcionar um espaço de encontro para os protagonistas da produção aquícola paranaense, promovendo debates e disseminação de informações sobre produtos e serviços voltados ao setor, o Simpósio de Piscicultura do Oeste do Paraná (Simpop) chegou a sua 3ª edição em 2024.

Realizado pela Aqua In – Aqua Insumos entre os dias 24 e 25 de julho, o evento reuniu cerca de 400 participantes, entre produtores, profissionais técnicos, empresas, estudantes, centros de pesquisa e especialistas em Toledo. “Entendemos a importância do setor crescer de forma organizada, aliado aos conhecimentos e à implantação de novas tecnologias em genética, nutrição, ambiente, sanidade e equipamentos. O Simpop foi criado para fomentar o compartilhamento destas informações e de conhecimentos que visam tornar a produção de peixes mais eficiente, segura e rentável para todo o setor”, afirma o médico-veterinário e organizador do Simpop, Nilton Ishikawa.

O simpósio não apenas aborda inovações tecnológicas, mas também serve como um impulsionador do desenvolvimento regional do setor aquícola, fortalecendo a relação entre empresas e produtores. “Trouxemos empresas parceiras para promover uma maior proximidade com a cadeia produtiva, ampliando a troca de informações e fortalecendo a produção aquícola no Oeste paranaense”, destaca Ishikawa.

Durante os dois dias de evento, foram discutidos uma ampla gama de temas, visando aprimorar as práticas de produção e criar um ambiente propício para novas oportunidades de negócios. Entre os tópicos abordados estavam gestão elétrica, aeração mecânica, qualidade de água, ácidos orgânicos, aditivos, tecnologia de vacinação, desafios sanitários e biosseguridade.

Médico-veterinário e organizador do Simpop, Nilton Ishikawa: “O Simpop foi criado para fomentar o compartilhamento de informações e de conhecimentos que visam tornar a produção de peixes mais eficiente, segura e rentável para todo o setor”

Uma das principais inovações desta edição foi a introdução de um espaço exclusivo para networking. “Observamos que após o coffee brea, era difícil atrair os participantes para as palestras seguintes. Por isso, decidimos criar duas áreas distintas: uma voltada para as palestras e outra para o networking. Com a presença de empresas do setor, os participantes puderam interagir e trocar informações sobre o dia a dia da atividade no campo”, ressalta Ishikawa.

Com um ambiente dinâmico e bem estruturado, o Simpop 2024 se posiciona como um evento precursor do desenvolvimento contínuo da piscicultura no Oeste paranaense. “Temos um grande potencial para crescer e expandir nossa atividade, mas para isso precisamos entender melhor sobre a produção de tilápia e como os fatores externos afetam o setor. Só assim vamos conseguir lidar com os desafios e aproveitar melhor as oportunidades que o mercado oferece”, salienta.

A edição 2025 ainda não tem data definida, contudo Ishikawa adianta que a realização do evento deverá ser mantida na segunda quinzena de julho.

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Fonte: O Presente Rural

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IFC Amazônia é referência no desenvolvimento sustentável da região

Está programado para os dias 12, 13 e 14 de novembro no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia.

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Fotos: Divulgação/IFC

Na manhã da última quarta-feira (9), foi realizado o lançamento oficial da edição 2024 do IFC Amazônia, o maior evento do setor de pescados da região Amazônica. O evento foi realizado na sede da Faepa (Federação da Agricultura e Pecuária do Pará), em Belém, com um café da manhã para convidados e imprensa local. Participaram autoridades como Giovanni Corrêa Queiroz, titular da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap); Carlos Xavier, presidente da Faepa; Altemir Gregolin, presidente do evento e ex-ministro da Pesca; e Eliana Panty, CEO do IFC Amazônia.

Diretora Executiva Eliana Panty: “Acreditamos que essa 2ª edição extrapolará fronteiras, atraindo empresas de várias regiões do Brasil

Programação e expectativas

O IFC Amazônia 2024 está programado para os dias 12, 13 e 14 de novembro no Hangar – Centro de Convenções e Feiras da Amazônia. Durante o evento de lançamento, foram apresentados detalhes da extensa programação que incluirá palestras, workshops, feira de tecnologias e negócios, e a já conhecida “cozinha show”, que promete encantar o público com demonstrações gastronômicas.
A CEO do evento, Eliana Panty, destacou que a expectativa é superar o número de participantes da edição anterior. “Tivemos mais de 4.500 participantes na primeira edição, e acreditamos que essa 2ª edição extrapolará fronteiras, atraindo empresas de várias regiões do Brasil, como Sul, Sudeste e Centro-Oeste, interessadas em tecnologia e negócios”.
O  presidente do IFC Amazônia, Altemir Gregolin, reforçou o papel da Amazônia no cenário global da aquicultura: “O Pará é o portal de entrada para a Amazônia, sendo o ator mais relevante na busca de soluções econômicas para a região. A aquicultura será uma importante alternativa para a geração de emprego e renda”, enfatizou.

Crescimento do setor no Pará

O secretário Giovanni Queiroz comentou sobre o crescimento da produção de pescado no Estado, que registrou um aumento de 12% nos últimos anos. “O Pará foi escolhido para sediar o IFC Amazônia por sua riqueza de recursos hídricos e clima favorável. Temos toda a condição de avançar muito na produção aquícola, não só para o consumo interno, mas também para exportação”, afirmou Queiroz, destacando a importância do evento para incentivar novos produtores a ingressarem no setor.

Conexões com a sustentabilidade e COP30

Carlos Xavier, presidente da Faepa, fez uma conexão importante entre o evento e os temas ambientais que ganham força com a proximidade da COP30, que será realizada em Belém em 2025. “Precisamos trabalhar a consciência política e entender nossas potencialidades. Temos 3% da água doce do mundo, e esse evento é uma oportunidade de mostrarmos para o mundo a força da produção aquícola paraense”, pontuou Xavier.

Presidente do IFC Amazônia, Altemir Gregolin: “Uma programação consolidada que promete gerar negócios e fortalecer o setor na região”

Internacionalização e sustentabilidade

Com caráter internacional, o IFC Amazônia expande as discussões sobre o desenvolvimento sustentável da região a partir da aquicultura e pesca. Especialistas da área de pesquisa, do setor produtivo e de instituições públicas e financeiras estarão presentes, com o objetivo de incentivar a produção sustentável de pescado. “Teremos mais de 70 conferencistas nacionais e internacionais, com uma programação consolidada que promete gerar negócios e fortalecer o setor na região”, finalizou Gregolin.

O IFC Amazônia é um desdobramento regional do IFC Brasil, o maior evento do setor de aquicultura e pesca do país,  realizado em Foz do Iguaçu (PR) no mês de setembro. Para esta edição do IFC Amazônia, a programação prevê 40 horas de atividades, visando superar o público de 2023. O evento é uma referência no desenvolvimento sustentável da Amazônia.

Fonte: Assessoria IFC Amazônia
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Rio Iguaçu testemunha o surgimento de novos entusiastas da piscicultura

Muitos novos empreendedores têm apostado na piscicultura como uma oportunidade de diversificação e crescimento econômico.

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Foto: Divulgação/Arquivo Piscicultura Iguaçu

Nos últimos anos, a piscicultura brasileira tem se destacado como uma das atividades agropecuárias de maior potencial no país. Impulsionado pelo aumento do consumo de peixes e pelo avanço de novas tecnologias, a produção de tilápia saltou 103% na última década, segundo dados da Peixe BR, consolidando o Brasil como o quarto maior produtor mundial desse pescado. Em meio a esse cenário promissor, muitos novos empreendedores têm apostado na piscicultura como uma oportunidade de diversificação e crescimento econômico. Entre esses novos rostos está a família Pastorio, que enxergou na criação de tilápias uma chance de transformar sua realidade no campo e garantir um futuro próspero.

Paulo Jair Pastorio e sua filha, Bruna Emanuelli Pastorio, são os protagonistas dessa nova fase. Proprietários da Piscicultura Iguaçu, localizada em Nova Prata do Iguaçu, no Sudoeste do Paraná, pai e filha iniciaram a criação de tilápias em tanques-rede no Rio Iguaçu no final de 2023. A decisão de ingressar na piscicultura veio após muita pesquisa e análise de mercado, observando oportunidade de investir em um setor em plena expansão, com grandes perspectivas de crescimento.

“Alojamos 300 mil tilápias por lote, que são distribuídas em 150 tanques-rede, com capacidade para abrigar cerca de dois mil juvenis cada”, conta Paulo, adiantando que a propriedade possui autorização para expandir sua lâmina d’água para até mil tanques-rede. Cada tanque-rede tem capacidade para abrigar cerca de dois mil juvenis, e a estrutura já conta com autorização para expandir para até mil tanques. Apesar de recente, a operação da piscicultura é guiada por um planejamento minucioso e pelo compromisso em aplicar boas práticas de manejo e biosseguridade.

Para Bruna, que assumiu a responsabilidade pela parte técnica da produção, o desafio é manter os processos de manejo o mais atualizados e eficientes possível. “Estou ajudando meu pai a manter o sistema de produção o mais atualizado possível. Nosso objetivo é ter controle preciso sobre os peixes na água, com biometria apurada para entender o quanto de ração está sendo consumido, monitorando a eficiência de cada lote e identificando possíveis problemas, como lotes que estão se alimentando menos,” explica Bruna.

Busca por conhecimento

Apesar do rápido progresso, Paulo e Bruna reconhecem a importância de continuar aprendendo e se aprimorando. Por isso, em julho deste ano, participaram pela primeira vez do 3º Simpósio de Piscicultura do Oeste do Paraná (Simpop), realizado em Toledo. O evento, que já se consolidou como um dos mais relevantes do setor no estado, serviu como uma valiosa oportunidade para a família aprofundar seus conhecimentos e estabelecer contatos com outros produtores e especialistas.

“O Simpósio é muito rico de informações, foi muito interessante participar. As palestras sobre os tipos de tratamento, novos medicamentos e maneiras de vacinação nos ajudaram a entender a importância da biosseguridade na produção. Além disso, as trocas de informações entre criadores, essa troca de conhecimento mútuo é muito importante para nós que estamos iniciando a nossa produção,” relata Paulo, ressaltando o impacto que eventos como o Simpop têm para produtores que estão dando os primeiros passos na piscicultura.

Biossguridade

Bruna, por sua vez, destacou a importância das discussões sobre biosseguridade, um tema crucial para a produção em tanques-rede. “Conversei com profissionais de um laboratório sobre a necessidade de estudar planos de higienização específicos para tanques-rede. Isso ajudaria a conter possíveis contaminações e melhorar o controle sanitário deste sistema de produção,” salienta Bruna.

Embora a família já possua um fornecedor exclusivo de juvenis, garantindo maior controle sobre a introdução de doenças, Bruna enfatiza a necessidade de continuar aprimorando os cuidados com a biosseguridade. “Estamos atentos à necessidade de higienizar caminhões, barcos, tanques-rede e redes de coleta de peixes, especialmente durante a retirada de peixes mortos do tanque e na despesca. Isso ajuda a prevenir a transmissão cruzada de patógenos entre os tanques, minimizando os riscos,” pontua a jovem produtora.

Paulo Jair Pastorio e sua filha Bruna vivenciaram pela primeira vez o ambiente de troca de experiências e informações proporcionado pelo Simpop – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Futuro

O próximo passo da Piscicultura Iguaçu será a expansão de sua estrutura com a instalação de mais 150 tanques-rede. A família está otimista, mas cautelosa, planejando o crescimento de acordo com a demanda de mercado. “Nosso plano de ampliação depende da demanda por peixes. Após essa etapa, só vamos expandir se houver novas oportunidades de mercado,” finaliza Paulo.

Com uma visão clara de crescimento e um compromisso com a inovação e a biosseguridade, a família Pastorio é reflexo de uma piscicultura que cresce, se desenvolve e belisca o protagonismo no agronegócio brasileiro.

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Fonte: O Presente Rural
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Streptococcus agalactiae desafia produção de tilápia no Brasil

Para enfrentar esse desafio, é essencial desenvolver estratégias vacinais inovadoras, combinando novas abordagens tecnológicas e práticas de manejo robustas.

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Fotos: Shutterstock

O Streptococcus agalactiae é uma das principais ameaças à saúde das tilápias, causando surtos de estreptococose que comprometem a sanidade dos plantéis e provocam grandes perdas econômicas devido à queda no desempenho zootécnico dos peixes e a alta mortalidade. Recentes alterações nos padrões epidemiológicos desse patógeno, aliadas ao aumento da resistência a tratamentos convencionais, têm gerado preocupações na cadeia produtiva. Para enfrentar esse desafio, é essencial desenvolver estratégias vacinais inovadoras, combinando novas abordagens tecnológicas e práticas de manejo robustas, com o objetivo de prevenir surtos e garantir a sustentabilidade da produção aquícola.

O médico-veterinário Henrique César Pereira Figueiredo, doutor em Microbiologia e professor de Sanidade dos Animais Aquáticos na Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), chama atenção para a presença do Streptococcus agalactiae em todas as regiões produtoras de tilápia do país. “Não há nenhuma propriedade livre desse microrganismo, principalmente aquelas que fazem a engorda. Independentemente da localização ou do sistema de cultivo, as propriedades de tilápia enfrentam a pressão desse patógeno de diferentes maneiras, de acordo com as características ambientais e os métodos de produção adotados”, afirmou Figueiredo durante sua participação no 3º Simpósio de Piscicultura do Oeste do Paraná (Simpop), realizado em meados de julho na cidade de Toledo.

De acordo com o especialista, os sinais clínicos da infecção são variáveis, mas o impacto mais visível para o produtor é a mortalidade nos lotes, que resulta em grandes perdas econômicas. “Mas esse não é o único parâmetro, há também problemas de desempenho zootécnico, que são muito relacionados a essa enfermidade”, destaca.

Embora todas as variantes de Streptococcus agalactiae possam infectar os peixes em qualquer fase da engorda, o professor destaca uma mudança recente no padrão da doença: “Essa enfermidade está se tornando mais comum em animais juvenis. Em plantéis com condições sanitárias deficientes, já é possível observar estreptococose clínica em tilápias com apenas 10 gramas de peso”, salienta, alertando para a necessidade de reforçar os cuidados sanitários logo nas primeiras fases de cultivo.

Historicamente a doença é associada ao verão, no entanto o professor da UFMG observa que há casos surgindo em diferentes épocas do ano, inclusive em temperaturas intermediárias. “A partir de 25ºC, dependendo das condições sanitárias, a estreptococose pode ocorrer, o que reforça a importância de medidas preventivas contínuas”, pontua Figueiredo.

Maior incidência em tanques-rede

De acordo com Figueiredo, a incidência de estreptococose é mais comum em sistemas de tanques-rede do que em tanque escavado, pois neste tipo de produção há um maior monitoramento em relação ao comportamento epidemiológico da doença. “Em tanques-rede temos mais informações sobre o que está acontecendo dentro do tanque, enquanto em tanques escavados a situação pode ser mais difícil de avaliar”, aponta o profissional, acrescentando: “Esse microorganismo tem uma importância muito grande em qualquer plano sanitário, seja com ou sem vacinação dentro dos sistemas de produção”.

Sorotipos mais comum no Brasil

No Brasil, os sorotipos Ib e III do Streptococcus agalactiae são os mais comuns, enquanto em outras regiões, como Ásia e América Central, há registros variados em tilápias. “Essa é uma informação muito importante, porque qualquer entrada de um sorotipo novo no Brasil requer um plano vacinal completamente diferente do adotado até o momento. A vigilância epidemiológica, portanto, é fundamental para prevenir esse tipo de problema”, frisa.

Vacinas como principal forma de prevenção

Conforme o especialista, as vacinas são a principal ferramenta de prevenção, e suas formulações devem proteger contra diferentes sorotipos e variantes genéticas. “É essencial atualizar constantemente as vacinas, sejam elas autógenas ou licenciadas, com base nas variantes que circulam no Brasil”, ressalta.

O monitoramento epidemiológico também é um fator-chave para o sucesso dos programas sanitários. Sem um diagnóstico constante no sistema de produção não é possível planejar adequadamente as ações de controle. “Esse cenário começou a mudar no Brasil com a entrada das indústrias de vacinas, que, junto com empresas de insumos, como aditivos, têm proporcionado suporte técnico e informações epidemiológicas mais precisas para os produtores”, afirma Figueiredo.

Como identificar sinais da Streptococcus agalactiae

As lesões causadas pelo Streptococcus agalactiae em tilápias variam de acordo com o sorotipo do patógeno, entre as principais estão exoftalmia (olhos saltados), opacidade da córnea, letargia, anorexia e sinais neurológicos, como nado errático e em rodopios. Além disso, há lesões internas, que podem afetar o fígado, com áreas de necrose, hemorragias no opérculo, peitoral e ventral, além de danos nas brânquias, no pericárdio e no coração. “Essas lesões resultam em perda de vitalidade, levando os peixes a parar de se alimentar até chegarem ao quadro de mortalidade”, explica o médico-veterinário,

Outro aspecto apontado pelo especialista, que tem se tornado cada vez mais relevante, é a condenação de filé nos frigoríficos, situação que tem ocorrido em diferentes regiões produtoras do Brasil, porém, com maior frequência no Paraná. “No estado de Goiás o problema já foi mais expressivo, mas atualmente tem menor impacto”, aponta Figueiredo, chamando atenção para a flutuação regional da doença, cujas causas muitas vezes ainda são desconhecidas. “O fato é que isso causa grandes perdas econômicas. É preciso que o produtor também pense em como mitigar as doenças que causam prejuízos zootécnicos no sistema de produção, as quais nem sempre resultam em mortalidade. O animal pode até chegar no final do ciclo, mas no processamento ocorre a refugagem do lote, gerando prejuízos expressivos. Por isso é tão importante ficar atento em todos os fatores que afetam a produtividade e a qualidade final do produto”, reforça.

Eficácia da imunização

A escolha de vacinas com sorotipos específicos é fundamental para garantir a eficácia da imunização contra o Streptococcus agalactiae em tilápias. Cada região do Brasil demanda um plano vacinal personalizado, mas por que isso acontece? Para entender melhor, é necessário compreender a biologia da bactéria.

O médico-veterinário explica que as células bacterianas possuem uma estrutura externa chamada cápsula, que é responsável por definir o sorotipo da bactéria. Essa cápsula é formada por resíduos de carboidratos na superfície da célula, e essas rugosidades são o que determinam o sorotipo. “Cada sorotipo gera anticorpos específicos que reagem apenas contra ele mesmo”, afirma Figueiredo, frisando que isso significa que os anticorpos produzidos contra o sorotipo 1A, por exemplo, não terão efeito contra o sorotipo 1B, o que torna necessário desenvolver vacinas diferentes para cada sorotipo presente em uma região.

Embora existam diversos sorotipos descritos mundialmente para o Streptococcus agalactiae, no Brasil, apenas quatro já foram são registrados: Ib, III, II e Ia. No entanto, Figueiredo menciona que os sorotipos II e Ia não são detectados no país desde 2012, indicando que eles não se estabeleceram epidemiologicamente.

Atualmente, os sorotipos Ib e III são os mais prevalentes, tanto nas regiões Sul quanto Nordeste, o que orienta os planos vacinais adotados pelos produtores nessas áreas. “O conhecimento detalhado sobre os sorotipos em circulação é essencial para o desenvolvimento de vacinas eficazes, garantindo a proteção adequada dos peixes e a sustentabilidade da produção aquícola no Brasil”, ressalta.

Atualmente, toda a tecnologia de vacinas disponível no Brasil, considerada a mais avançada para tilápias no mundo, está baseada na escolha dos sorotipos predominantes, Ib e III. No entanto, o médico-veterinário expõe que quem vacina contra Streptococcus já deve ter percebido variações na eficácia da imunização. “Em alguns ciclos, a vacina pode atingir uma taxa de proteção de 90 a 95%, enquanto em outros, usando a mesma vacina, da mesma marca e com protocolos semelhantes, essa eficiência pode cair para 70 a 75%, um desempenho abaixo do esperado, porém muito comum. Uma das nossas principais suspeitas é que essa variação esteja relacionada a mudanças genéticas dentro dos grupos Ib e III, com cepas mutantes surgindo e apresentando características diferentes”, menciona o profissional.

Médico-veterinário, doutor em Microbiologia e professor de Sanidade dos Animais Aquáticos na Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Henrique César Pereira Figueiredo: “É papel da indústria de vacinas desenvolver soluções mais ajustadas à cadeia produtiva. Novas gerações de vacinas serão necessárias para lidar com os desafios sanitários em constante evolução”  – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Atualizações de vacinas

Figueiredo destaca que é fundamental para qualquer indústria farmacêutica, seja na produção de vacinas autógenas ou licenciadas, realizar uma avaliação contínua das variantes genéticas do Streptococcus agalactiae. “A composição das vacinas precisa ser constantemente atualizada, embora o intervalo ideal para essas atualizações ainda não seja claramente definido,  pois esse processo é dinâmico e deve ser monitorado com rigor”, afirma.

Além disso, há uma crescente demanda por vacinas bivalentes, trivalentes e até tetravalentes para combater diferentes sorotipos de Streptococcus agalactiae, reforçando a complexidade do controle da doença.

Outro ponto mencionado pelo doutor em Microbiologia é a necessidade da vigilância epidemiológica contínua nas regiões produtoras, pois, a partir destes dados será possível determinar quando uma vacina precisa ser atualizada. “Outro desafio é o desenvolvimento de vacinas mistas, que combinem proteção contra Streptococcus agalactiae e outros agentes patogênicos, algo que se tornou uma prioridade para a piscicultura brasileira, devido à diversidade de ameaças à saúde dos peixes”, frisou.

Desafios ao desenvolvimento de vacinas mistas

O desenvolvimento de vacinas mistas para tilápias no Brasil enfrenta desafios complexos devido à diversidade de patógenos e à variação regional dos surtos. Figueiredo ressalta que o plano vacinal deve ser ajustado conforme o perfil epidemiológico de cada região produtora. “Nos últimos cinco anos, examinamos cerca de 10 mil tilápias em diversas partes do país, revelando a necessidade de vacinas específicas, que podem variar ao longo do tempo”, aponta.

No Triângulo Mineiro, por exemplo, o especialista pontua a predominância dos patógenos Streptococcus agalactiae Ib, Lactococcus petauri e Francisella orientalis. “Ainda não existe uma formulação comercial que atenda plenamente a essa combinação de agentes. Isso reforça a importância do uso de vacinas licenciadas e autógenas, que se adaptam ao perfil epidemiológico local”, salienta.

Já em Três Marias, também em Minas Gerais, a realidade é outra, com a presença de Streptococcus agalactiae Ib, Streptococcus iniae e Francisella orientalis. E no Sul de Minas Gerais, a variação é ainda mais acentuada, mostrando a necessidade de abordagens diferenciadas, mesmo dentro do mesmo estado.

Em Goiás, o cenário muda novamente com a detecção de Streptococcus agalactiae Ib, Lactococcus petauri e Streptococcus dysgalactiae. No Paraná, predominam Streptococcus agalactiae Ib e Francisella orientalis, com variações entre as regiões Oeste e o Norte do estado.

São Paulo segue um padrão semelhante ao Triângulo Mineiro, enquanto na região Nordeste, além de Streptococcus agalactiae Ib e III, surgem Lactococcus petauri e Streptococcus dysgalactiae, além da presença de Francisella orientalis no inverno. “Esses dados são dinâmicos e mudam constantemente, exigindo decisões sobre quais produtos utilizar para melhor atender ao perfil sanitário de cada sistema de produção”, explica Figueiredo.

Diante dessa diversidade, o profissional afirma que é comum o uso de duas vacinas de diferentes marcas em um mesmo sistema de produção, pois ainda não existem formulações que cubram todos os patógenos. “É papel da indústria de vacinas desenvolver soluções mais ajustadas à cadeia produtiva. Novas gerações de vacinas serão necessárias para lidar com os desafios sanitários em constante evolução”, enfatiza.

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Fonte: O Presente Rural
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