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Bovinos / Grãos / Máquinas Nutrição

Siga os passos para produzir silagem de qualidade

É importante que todas as fases do processo de ensilagem sejam feitas de maneira adequada

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Artigo escrito por Janielen da Silva, médica veterinária, doutora em Ciência Animal e Pastagens e analista técnica em saúde animal na Ourofino Saúde Animal

Um dos desafios da agropecuária é manter a alimentação de qualidade dos animais durante o ano todo, ou seja, até mesmo nos períodos secos em que a produção de forrageiras é prejudicada. Nesse contexto, uma solução é a produção e o armazenamento de alimento, mantendo seus valores nutricionais, por meio da produção de silagem.

A silagem pode ser definida como o produto final após a fermentação da massa de forragem realizada por bactérias. Para a produção de silagem de boa qualidade é essencial que o crescimento de bactérias láticas seja estimulado, para que estas produzam o ácido lático em quantidades suficientes para acidificação da massa de forragem e inibição de microrganismos indesejáveis.

A preservação do valor nutritivo da silagem depende da manutenção de um ambiente em anaerobiose durante a fase de fermentação e armazenamento, assim como a estabilidade aeróbia durante a fase de fornecimento da silagem aos animais. Assim, é importante que todas as fases do processo de ensilagem sejam feitas de maneira adequada.

Existe uma janela de corte ideal para a produção de silagem de milho, por exemplo. Essa vai de 30 a 35% de matéria seca (MS). A colheita da forragem mais úmida dificulta a queda do pH e propicia o crescimento de bactérias indesejáveis, como os Clostrídios. Já a colheita do material mais seco dificulta a compactação, fazendo com que o oxigênio permaneça na massa por longos períodos, acarretando em perdas de nutrientes da silagem.

O corte de partículas no tamanho ideal também é importante para a produção de silagem de qualidade. Essa etapa do processamento da silagem tem efeito, tanto nas perdas de matéria seca no silo como no consumo dos animais, podendo predispor os animais a acidose. A recomendação do tamanho ideal de partículas foi pesquisada pela Universidade da Pennsylvania nos EUA. O método consiste na estratificação das partículas por meio de um sistema de peneiras, denominado de Penn State. Segundo esta metodologia o tamanho ideal de partículas em cada peneira deve ser a seguinte:

  • Peneira de 19 mm: 3 a 8% das partículas
  • Peneira de 8 mm: 45 a 65% das partículas
  • Peneira de 1,18 mm: 30 a 40% das partículas
  • Peneira menor que 1,18 mm: Menos que 5% das partículas

Compactação

A compactação é o segredo para a produção de silagem de qualidade. Mas, para isso, a colheita e o corte das partículas devem ser feitos de maneira adequada. A forragem deve ser distribuída em camadas finas para melhor compactação. Essa etapa do processo de fermentação garante que o oxigênio seja expulso o mais rápido quanto possível, possibilitando que as bactérias comecem a fermentação sem gasto de nutrientes por oxidação. Uma adequada compactação também é importante após a abertura do silo, por dificultar a entrada de oxigênio na massa ensilada.

Aditivos

Vários aditivos foram desenvolvidos com o objetivo de auxiliar no processo de fermentação, contribuindo de maneira geral, para uma redução das perdas de matéria seca que ocorrem durante a ensilagem, para manutenção do valor nutritivo da massa ensilada ou para um aumento da estabilidade aeróbica da silagem após a abertura dos silos.

Mesmo com a utilização de aditivos para auxiliar no processo de conservação da massa, cuidados na implantação e condução da lavoura, escolha da espécie e/ou genótipo cultivado, fertilidade do solo, tratos culturais, ponto de ensilagem, compactação e vedação do silo devem ser levados em consideração. Por isso, muitos resultados negativos com o uso de aditivos decorrem de falhas cometidas durante as etapas de ensilagem, elevando assim, os custos da silagem produzida.

Um aditivo ideal é aquele que proporciona segurança no seu manuseio, que contribui na redução de perdas de matéria seca, propicia a melhoria da qualidade higiênica da silagem, restringe a fermentação secundária de bactérias clostrídicas ou enterobactérias, aumenta o valor nutritivo, melhora a estabilidade aeróbica e oferece o maior retorno em produção animal.

Existem basicamente dois tipos de inoculantes microbianos, aqueles que são compostos somente por bactérias produtoras de ácido lático, chamados de homofermentativos e, aqueles, que são compostos por bactérias que produzem além do ácido lático, outros ácidos, como o acético. Esses últimos são chamados de heterofermentativos.

A escolha pela utilização de um tipo ou o outro pode ser feita a partir da espécie forrageira que está sendo ensilada e também pelo teor de matéria seca ou umidade da planta no momento da colheita. Forragens que apresentam maior dificuldade de fermentação e são mais úmidas (< 35% MS) normalmente têm problemas com clostrídios e, necessitam de inoculantes homofermentativos para melhoria do processo fermentativo. Já a ensilagem de forragens que apresentam maior facilidade de fermentação e são mais secas (> 35% MS), normalmente têm problemas com fungos e leveduras e necessitam de inoculantes heterofermentativos para melhoria da estabilidade aeróbia.

A planta de milho, por exemplo, apresenta ótimas características para ensilagem e, por isso, leva a uma boa fermentação, pois tem grande quantidade de carboidratos solúveis disponíveis. Assim, as bactérias homoláticas conseguem fermentar estes carboidratos, produzindo ácido lático e reduzindo o pH de forma eficiente.

No entanto, um dos obstáculos a ser superado na produção de silagem de milho é o momento da abertura do silo, em que ocorre entrada de oxigênio, com ativação do crescimento de fungos e leveduras. Estes microrganismos indesejáveis aproveitam as altas concentrações de ácido lático, utilizando-o como substrato para sobreviver. Consequentemente, isso resulta em uma pior qualidade da ensilagem, piorando a estabilidade aeróbia, reduzindo os valores nutricionais, prejudicando a nutrição dos animais e causando prejuízos para o produtor.

Portanto, para a silagem de milho já é de conhecimento que o manejo de ensilagem após a abertura do silo é muito importante para manter sua qualidade. Assim, a retirada da silagem deve ser feita de forma que o painel fique uniforme e, que o tamanho das fatias retiradas seja de 15 a 30 cm, podendo ser aumentada em condições de temperatura e umidade elevadas. Além de um bom manejo de painel, recomenda-se a utilização de inoculantes heterofermentativos que contenham bactérias produtoras de ácido acético, por exemplo. O ácido acético tem a capacidade de atravessar a membrana da levedura, acidificando-a e matando-a. Assim, a silagem permanece por mais tempo sem deteriorar após a sua exposição ao oxigênio.

Portanto, a utilização de silagens para suplementar a alimentação dos animais é uma grande estratégia quando associada a técnicas e soluções que resultem na produção de uma silagem de alta qualidade, com alto valor nutritivo e pequenas taxas de perdas, ajudando na produtividade dos animais e lucro para o produtor.

Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de junho/julho de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Primeiro trimestre de 2024 se encerra com estabilidade nos custos

Apesar da leve recuperação nas cotações de grãos no período, os preços de insumos destinados à dieta animal continuaram recuando.

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O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira se manteve estável de fevereiro para março, considerando-se a “média Brasil” (bacias leiteiras de Bahia, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul). Com isso, o primeiro trimestre de 2024 se encerrou com uma leve retração no custo, de 0,3%. Apesar da leve recuperação nas cotações de grãos no período, os preços de insumos destinados à dieta animal continuaram recuando.

Dessa forma, os custos com o arraçoamento do rebanho acumulam queda de 1,8%. Sendo este o principal componente dos custos de produção da pecuária leiteira, reforça-se que a compra estratégica dos mesmos pode favorecer o produtor em períodos adversos.

No mercado de medicamentos, o grupo dos antimastíticos foi o que apresentou maiores elevações em seus preços, sobretudo em MG (1,2%) – este movimento pode ter sido impulsionado por chuvas intensas em algumas regiões do estado ao longo do mês.

Por outro lado, produtos para controle parasitário registraram leves recuos, enquanto vacinas e antibióticos ficaram praticamente estáveis. Tendo em vista o preparo para o plantio das culturas de inverno nesta época do ano, foi possível observar valorização de 7,4% das sementes forrageiras na “média Brasil”, com os avanços chegando a ficar acima de 10% no Sul do País.

Tal atividade também impacta diretamente o mercado de fertilizantes, que registou recuperação de 0,3% na “média Brasil”. Por outro lado, o mercado de defensivos agrícolas apresentou queda de 0,4%, a qual foi associada ao prolongamento das chuvas em algumas regiões, o que reduz, por sua vez, a demanda por tais insumos.

De maneira geral, a estabilidade nos preços dos principais insumos utilizados e a elevação do preço do leite pago ao produtor contribuíram para a diluição dos custos da atividade leiteira no período, favorecendo a margem do produtor.

Cálculos do Cepea em parceria com a CNA, tomando-se como base propriedades típicas amostradas no projeto Campo Futuro, apontam elevações de 4% na receita total e de 30% na margem bruta (o equivalente a 9 centavos por litro de leite), considerando-se a “média Brasil”.

Relação de troca

Em fevereiro, a combinação entre valorização do leite e a queda no preço do milho seguiu favorecendo o poder de compra do pecuarista leiteiro. Assim, o produtor precisou de 28 litros de leite para adquirir uma saca de 60 kg do grão – o resultado vem se aproximando da média dos últimos 12 meses, de 27 litros/saca.

Fonte: Por Victoria Paschoal e Sérgio Lima, do Cepea
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Menor oferta de matéria-prima mantém preços dos derivados em alta

Cotações médias do leite UHT e da muçarela foram de R$ 4,13/litro e R$ 28,66/kg em março, respectivas altas de 3,9% e 0,25%, em termos reais, quando comparadas às de fevereiro.

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Foto: Rubens Neiva

Impulsionados pela menor oferta no campo, os preços do negociados no atacado de São Paulo subiram pelo terceiro mês consecutivo. De acordo com pesquisas diárias do Cepea, realizadas em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB ), as cotações médias do leite UHT e da muçarela foram de R$ 4,13/litro e R$ 28,66/kg em março, respectivas altas de 3,9% e 0,25%, em termos reais, quando comparadas às de fevereiro.

Já em relação ao mesmo período do ano passado, verificam-se desvalorizações reais de 9,37% para o UHT e de 8,53% para a muçarela (valores deflacionados pelo IPCA de março).

O leite em pó fracionado (400g), também negociado no atacado de São Paulo, teve média de R$ 28,49/kg em março, aumento de 0,99% no comparativo mensal e de 9,6% no anual, em termos reais.

A capacidade do consumidor em absorver altas ainda está fragilizada, e o momento é delicado para a indústria, que tem dificuldades em repassar a valorização da matéria-prima à ponta final.

Agentes de mercado consultados pelo Cepea relatam que as vendas nas gôndolas estão desaquecidas e que, por conta da baixa demanda, pode haver estabilidade de preços no próximo mês.

Abril

As cotações dos derivados lácteos seguiram em alta na primeira quinzena de abril no atacado paulista.

O valor médio do UHT foi de R$ 4,21/litro, aumento de 1,99% frente ao de março, e o da muçarela subiu 0,72%, passando para R$ 28,87/kg.

O leite em pó, por outro lado, registrou queda de 2,04%, fechando a quinzena à média de R$ 27,91/

Colaboradores do Cepea afirmaram que os estoques estão estáveis, sem maiores produções devido às dificuldades de escoamento dos produtos

Fonte: Por Ana Paula Negri e Marina Donatti, do Cepea.
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Preço ao produtor avança, mas dificuldade em repassar altas ao consumidor preocupa

Movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo.

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Foto: JM Alvarenga

O preço do leite captado em fevereiro registrou a quarta alta mensal consecutiva e chegou a R$ 2,2347/litro na “Média Brasil” do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

Em termos reais, houve alta de 3,8% frente a janeiro, mas queda de 21,6% em relação a fevereiro de 2023 (os valores foram deflacionados pelo IPCA). Pesquisas em andamento do Cepea apontam que o leite cru captado em março deve seguir valorizado, com a Média Brasil podendo registrar avanço em torno de 4%.

Fonte: Cepea/Esalq/USP

O movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea caiu 3,35% de janeiro para fevereiro, acumulando baixa de 5,2% no primeiro bimestre deste ano. Nesse contexto, laticínios e cooperativas ainda disputam fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima.

A limitação da produção se explica pela combinação do clima (seca e calor) com a retração das margens dos pecuaristas no último trimestre do ano passado, que reduziram os investimentos dentro da porteira. Porém, a elevação da receita e a estabilidade dos custos neste primeiro trimestre têm contribuído para melhorar o poder de compra do pecuarista frente aos insumos mais importantes da atividade.

A pesquisa do Cepea, em parceria com a CNA, estima que a margem bruta se elevou em 30% na “média Brasil” nesse primeiro trimestre. Apesar da expectativa de alta para o preço do leite captado em março, agentes consultados pelo Cepea relatam preocupações em relação ao mercado, à medida que encontram dificuldades em realizar o repasse da valorização no campo para a venda dos lácteos.

Com a matéria-prima mais cara, os preços dos lácteos no atacado paulista seguiram avançando em março. Porém, as variações observadas na negociação das indústrias com os canais de distribuição são menores do que as registradas no campo.

Ao mesmo tempo, as importações continuam sendo pauta importante para os agentes do mercado. Os dados da Secex mostram que as compras externas de lácteos em março caíram 3,3% em relação a fevereiro – porém, esse volume ainda é 14,4% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.

Fonte: Por Natália Grigol, do Cepea.
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