Avicultura
Sexagem in-ovo pretende eliminar abate de pintinhos machos no mundo
Sistema utiliza espectroscopia de absorção alimentada por IA, capaz de identificar biomarcadores presentes nos embriões. Entre o terceiro e o sexto dia de incubação, a máquina realiza medições contínuas dentro do próprio incubador, analisando os dados coletados.

O abate de pintinhos machos é um tema que há anos desafia a indústria de avicultura de postura. Por serem economicamente inviáveis para a produção de carne ou ovos, os pintinhos machos das linhagens poedeiras são descartados em larga escala, uma prática cada vez mais questionada por consumidores e regulamentações em vários países. Para enfrentar esse problema, a EuroTier 2024 premiou com medalha de prata uma inovação que pode mudar o jogo: um sistema de sexagem in-ovo, desenvolvido pela empresa Omegga, que utiliza tecnologia óptica e inteligência artificial (IA).

Foto: Divulgação/Arquivo OPR
Segundo a médica veterinária Clara Kaufhold, da Omegga, a tecnologia foi projetada para acabar com o abate de pintinhos machos no mundo. “Estabelecemos a meta de inventar algo não invasivo, que funcionasse muito cedo no processo de incubação, fosse fácil de integrar aos incubadores existentes e, ainda, economicamente viável para todos os incubatórios do mundo”, explica.
O sistema utiliza espectroscopia de absorção alimentada por IA, capaz de identificar biomarcadores presentes nos embriões. Entre o terceiro e o sexto dia de incubação, a máquina realiza medições contínuas dentro do próprio incubador, analisando os dados coletados. Ao final do sexto dia, o sistema determina o sexo do embrião e identifica ovos não fertilizados ou com embriões que não se desenvolveram. “É uma espectroscopia de absorção que coleta e analisa dados com precisão, utilizando um algoritmo de aprendizado de máquina. Isso nos coloca em destaque no setor de IA para a avicultura”, afirma Clara.
Impactos e subprodutos valiosos
Além de evitar o abate de pintinhos, a tecnologia agrega valor aos ovos masculinos, que podem ser utilizados em diversos mercados, como cosméticos, medicina, produção de vacinas ou ração animal. “Os ovos masculinos embrionados são frescos e saudáveis. Eles podem ser transformados em pó de ovo hidrolisado, cálcio, usado em cosméticos, dependendo da necessidade do cliente”, comenta Clara.
Integração e praticidade

Médica veterinária Clara Kaufhold, da Omegga, exibe medalha de prata conquistada na EuroTier no final de 2024 – Foto: O Presente Rural
A máquina é compatível com os incubadores existentes, tornando sua implementação prática e escalável. “É um sistema plug-and-play que funciona dentro do incubador, medindo os ovos continuamente por três dias. Não é necessário retirá-los ou colocá-los em uma máquina externa”, destaca Clara.
A tecnologia também oferece flexibilidade em termos de personalização e velocidade, atendendo às regulamentações locais. “Nosso objetivo é realizar a triagem o mais cedo possível, entre o terceiro e o sexto dia de incubação”, explica.
Um futuro promissor
Embora o foco atual da Omegga seja o mercado europeu, Clara afirma que o sistema está sendo projetado para atender a clientes globais, incluindo o Brasil. “Se você for um produtor brasileiro com um incubatório e quiser trabalhar conosco, ficaremos muito felizes. Nosso objetivo é entrar no mercado mundial”, reforça.
A sexagem in-ovo não apenas reduz o impacto ambiental e ético do abate de pintinhos, mas também cria novas oportunidades econômicas para a indústria de avicultura.
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Avicultura
Paraná registra queda no custo do frango com redução na ração
Apesar da retração no ICPFrango e no custo total de produção, despesas com genética e sanidade avançam e mantêm pressão sobre o sistema produtivo paranaense.

O custo de produção do frango vivo no Paraná registrou nova retração em outubro de 2025, conforme dados da Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS) da Embrapa Suínos e Aves. Criado em aviários climatizados de pressão positiva, o frango vivo custou R$ 4,55/kg, redução de 1,7% em relação a setembro (R$ 4,63/kg) e de 2,8% frente a outubro de 2024 (R$ 4,68/kg).
O Índice de Custos de Produção de Frango (ICPFrango) acompanhou o movimento de queda. Em outubro, o indicador ficou em 352,48 pontos, baixa de 1,71% frente a setembro (358,61 pontos) e de 2,7% na comparação anual (362,40 pontos). No acumulado de 2025, o ICPFrango registra variação negativa de 4,90%.
A retração mensal do índice foi influenciada, principalmente, pela queda nos gastos com ração (-3,01%), item que historicamente concentra o maior peso no custo total. Também houve leve recuo nos gastos com energia elétrica, calefação e cama (-0,09%). Por outro lado, os custos relacionados à genética avançaram 1,71%, enquanto sanidade, mão de obra e transporte permaneceram estáveis.

No acumulado do ano, a movimentação é mais desigual: enquanto a ração registra expressiva redução de 10,67%, outros itens subiram, como genética (+8,71%), sanidade (+9,02%) e transporte (+1,88%). A energia elétrica acumulou baixa de 1,90%, e a mão de obra teve leve avanço de 0,05%.
A nutrição dos animais, que responde por 63,10% do ICPFrango, teve queda de 10,67% no ano e de 7,06% nos últimos 12 meses. Já a aquisição de pintinhos de um dia, item que representa 18,51% do índice, ficou 8,71% mais cara no ano e 7,16% acima do registrado nos últimos 12 meses.
No sistema produtivo típico do Paraná (aviário de 1.500 m², peso médio de 2,9 kg, mortalidade de 5,5%, conversão alimentar de 1,7 kg e 6,2 lotes/ano), a alimentação seguiu como principal componente do custo, representando 63,08% do total. Em outubro, o gasto com ração atingiu R$ 2,87/kg, queda de 3,04% sobre setembro (R$ 2,96/kg) e 7,12% inferior ao mesmo mês de 2024 (R$ 3,09/kg).
Entre os principais estados produtores de frango de corte, os custos em outubro foram de R$ 5,09/kg em Santa Catarina e R$ 5,06/kg no Rio Grande do Sul. Em ambos os casos, houve recuos mensais: 0,8% (ou R$ 0,04) em Santa Catarina e 0,6% (ou R$ 0,03) no território gaúcho.
No mercado, o preço nominal médio do frango vivo ao produtor paranaense foi de R$ 5,13/kg em outubro. O valor representa alta de 3,2% em relação a setembro, quando a cotação estava em R$ 4,97/kg, indicando que, apesar da melhora de preços ao produtor, os custos seguem pressionados por itens estratégicos, como genética e sanidade.
Avicultura
Produção de frangos em Santa Catarina alterna quedas e avanços
Dados da Cidasc mostram que, mesmo com variações mensais, o estado sustentou produção acima de 67 milhões de cabeças no último ano.

A produção mensal de frangos em Santa Catarina apresentou oscilações significativas entre outubro de 2024 e outubro de 2025, segundo dados da Cidasc. O período revela estabilidade em um patamar elevado, sempre acima de 67 milhões de cabeças, mas com movimentos de queda e retomada que refletem tanto fatores sazonais quanto ajustes de mercado.
O menor volume do período foi registrado em dezembro de 2024, com 67,1 milhões de cabeças, possivelmente influenciado pela desaceleração típica de fim de ano e por ajustes de alojamento. Logo no mês seguinte, porém, houve forte recuperação: janeiro de 2025 alcançou 79,6 milhões de cabeças.

Ao longo de 2025, o setor manteve relativa constância entre 70 e 81 milhões de cabeças, com destaque para julho, que atingiu o pico da série, 81,6 milhões, indicando aumento da demanda, seja interna ou externa, em plena metade do ano.
Outros meses também se sobressaíram, como outubro de 2024 (80,3 milhões) e maio de 2025 (80,4 milhões), reforçando que Santa Catarina segue como uma das principais forças da avicultura brasileira.
Já setembro e outubro de 2025 mostraram estabilidade, com 77,1 e 77,5 milhões de cabeças, respectivamente, sugerindo um período de acomodação do mercado após meses de forte atividade.
De forma geral, mesmo com oscilações, o setor mantém desempenho sólido, mostrando capacidade de rápida recuperação após quedas pontuais. O comportamento indica que a avicultura catarinense continua adaptável e resiliente diante das demandas do mercado nacional e internacional.
Avicultura
Setor de frango projeta crescimento e retomada da competitividade
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, produção acima de 2024 e aumento da demanda doméstica impulsionam perspectivas positivas para o fechamento de 2025, com exportações em recuperação e espaço para ajustes de preços.

O setor avícola brasileiro encerra 2025 com sinais de recuperação e crescimento, mesmo diante dos desafios impostos pelos embargos que afetaram temporariamente as margens de lucro.
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, a produção de frango deve fechar o ano cerca de 3% acima de 2024, enquanto o consumo aparente deve registrar aumento próximo de 5%, impulsionado por maior disponibilidade interna e retomada do mercado externo, especialmente da China.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a competitividade do frango frente à carne bovina voltou a se fortalecer, criando espaço para ajustes de preços, condicionados à oferta doméstica. A demanda interna tende a crescer com a chegada do período de fim de ano, sustentando a valorização do produto.
Além disso, os custos de produção, especialmente da ração, seguem controlados, embora a safra de grãos 2025/26 ainda possa apresentar ajustes. No cenário geral, os números do setor podem ser considerados positivos frente às dificuldades enfrentadas, reforçando perspectivas favoráveis para os próximos meses.



