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Setores de aves e suínos colocam em prática orientações de prevenção e se organizam para continuar abastecimento de alimentos
Informações e orientações que chegam em todos os âmbitos passaram a ser analisadas e direcionadas para os segmentos de suínos, frangos e ovos

A pandemia do Coronavírus (Covid-19) fez com que muitas pessoas redobrassem os cuidados com a higiene no dia a dia, o que não está sendo diferente em granjas e indústrias da avicultura e suinocultura do Espírito Santo. Desde o início do processo de contingenciamento determinado pelas autoridades federais e estaduais, a AVES e ASES passaram a auxiliar os setores avícola e suinícola do Estado.
De acordo com o diretor-executivo das duas entidades, Nélio Hand, as informações e orientações que chegam em todos os âmbitos passaram a ser analisadas e direcionadas para os segmentos de suínos, frangos e ovos, a fim de iniciar um processo consistente de proteção à produção, mas especialmente de quem está trabalhando no dia a dia desses segmentos.
“Estamos participando de comitês e grupos de acompanhamento nacionais, coordenados especialmente pela ABPA e ABCS, onde estamos auxiliando com sugestões e colhendo também informações importantes para serem passadas aos nossos setores. À medida que o assunto está evoluindo, conseguimos desenvolver materiais informativos e orientativos que foram e estão sendo transmitidos à sociedade e, especialmente, a avicultura e suinocultura capixabas”, destacou.
Uma das empresas que tem seguido à risca essas orientações é a Cooperativa Agropecuária Centro Serrana (Coopeavi), de Santa Maria de Jetibá. Quem fala mais sobre esse trabalho que vem sendo desenvolvido desde os setores de marketing e comunicação – nas redes sociais e em diversos pontos da empresa – até os colaboradores, é o gerente regional avicultura da instituição, Altemir Jose Scardua.
“A gente tem feito ações rotineiras, monitorado a temperatura de todos colaboradores do entreposto de ovos duas vezes ao dia, deixamos as pessoas do grupo considerado de risco trabalhando em casa, monitoramos a entrada de pessoas na planta de atuação do pátio. Só podem entrar pessoas que fazem parte do negócio, como as que vem entregar ovos”, destaca o gerente.
A cooperativa também tem orientado os motoristas e está fornecendo aos mesmos materiais para higienização como álcool gel e máscaras. Além disso, o uso do álcool gel foi reforçado junto com as informações sobre sintomas que possam ser suspeitos e os atendimentos aos cooperados estão acontecendo via telefone.
“A gente vem atendendo os cooperados e obedecendo as orientações das autoridades de saúde. Estamos trabalhando junto aos cooperados a sustentabilidade e sabemos que a disciplina e o discernimento são as principais armas para superarmos esse momento”, finalizou Altemir.
Cuidado com os colaboradores que retornam de viagens
Outra empresa do setor avícola capixaba que se destaca com o trabalho de incubação de ovos e produção de frango, o Grupo Venturini, de Marechal Floriano, também tem destacado junto aos seus colaboradores a importância da higiene no dia a dia da empresa. É o que conta o gerente do incubatório da entidade, Victor Venturini.
“Para aqueles colaboradores que chegam de viagem de alguma área de risco, estamos orientando os mesmos a ficar em quarentena e aqueles funcionários do grupo de risco receberam férias”, enfatizou Victor.
Ele também ressalta que aqueles funcionários que apresentam algum sintoma da Covid-19 são encaminhados ao médico. Os colaboradores que já utilizavam álcool gel agora também estão fazendo uso das máscaras. Na parte de visitas, está tudo suspenso e os motoristas terceirizados não estão tendo contato com os profissionais do incubatório.
“O incubatório sempre trabalhou forte com a biosseguridade, as visitas técnicas que estão suspensas, independente do problema sempre são agendadas previamente, fazemos banho e trocas de roupas, usamos do álcool gel e os cuidados com os funcionários, que já eram feitos, foram redobrados e seguem as orientações das autoridades públicas de saúde”, encerrou Victor.
Atenção sanitária aumentada na produção
Na produção animal, a prevenção e proteção para com as doenças já é comum. A biosseguridade é tema constante nas granjas, que tem o objetivo primário de proteger a saúde dos animais, mas nesse momento são também úteis para proteger a saúde das pessoas. Limpeza e desinfecção, cercas e placas de restrição de acesso, e visitas são extremamente restritas às necessidades na granja, que neste momento está limitando ainda mais as entradas.
Nesse período a atenção é intensificada em locais como as granjas da Domart Alimentos, Marechal Floriano, como conta um dos proprietários da empresa, Oderli Schneider. “Estamos seguindo todos os protocolos adotados pela ABPA e pelo Ministério da Saúde. Essa parte da higienização nós já fazemos, aumentamos a atenção e redobramos as ações. Liberamos as pessoas do grupo considerado de risco e o médico especializado em medicina do trabalho, que atua na instituição, teve a sua carga horário ampliada”, destaca Oderli.
Da produção à indústria: suinocultura também fazendo sua parte
Uma das principais empresas do Estado no setor de suínos, a Cofril tem intensificado a comunicação de boas práticas por meio de cartazes em vários pontos dos locais de trabalho. Segundo o médico veterinário da instituição, Marcio Figueiredo Gonçalves, o uso do álcool gel nas dependências da empresa também foi reforçado.
Além disso, funcionários com 60 anos ou mais estão trabalhando no sistema home office, mesmo caso dos estagiários. “Na parte da recepção de mercadorias intensificamos os cuidados, desinfetando as cargas que vão para o almoxarifado. Estamos evitando aglomerações nos refeitórios e as reuniões estão sendo realizadas por telefone”, frisou Marcio.
Já na granja de suínos Pinga Fogo, em Conceição do Castelo, o proprietário Márcio Garbelotto destaca que as informações importantes sobre como lavar as mãos corretamente, quais os sintomas do Covid-19 e como se prevenir foram anexadas no mural da empresa e próximas aos pontos para lavagem das mãos.
Prevenção ampliada aos motoristas
Uma das maiores indústrias de alimentos de origem avícola do Espírito Santo, a Proteinorte Alimentos, de Linhares, também redobrou a atenção com a higiene dos colaboradores que atuam na empresa e também para aqueles que chegam as dependências da instituição.
Quem conta algumas das ações adotadas é o coordenador de Recursos Humanos, Nosde Hugo, que enfatiza que na empresa todo o dia é dia de combater o Coronavírus. “Todos os dias nossos colaboradores recebem as orientações de profissionais da própria Proteinorte que falam sobre os cuidados com o Coronavírus. Ampliamos a comunicação com murais em pontos estratégicos de acesso a fábrica”, disse Hugo.
Os colaboradores do grupo de risco foram liberadores e a equipe médica da empresa teve sua carga horária ampliada para poder atender os funcionários em casos de necessidade. O uso do álcool gel e das máscaras aumentou e a entrada de pessoas que não atuam na empresa não está sendo permitida.
Hugo enfatiza o cuidado que a instituição está tendo com os motoristas da empresa desde a chegada dos mesmo com os veículos no pátio. “Os motoristas estão recebendo kits de limpeza e são orientados a higienizar as mãos e os veículos na parte onde eles têm mais contato, como as portas, câmbio e o volante”, detalhou o coordenador de RH.
Nos refeitórios, algumas modificações também foram realizadas. “Estamos demarcando o chão para que a distância entre os colaboradores que estão na fila para pegar os alimentos seja de um metro. A disposição das cadeiras nas mesas também modificada e os horários de almoço foram diversificados para evitar aglomerações. Antes de entrar no refeitório, nossos colaboradores lavam as mãos, passam o álcool gel e só depois entram para almoçar”, encerrou Hugo.
Criação de comitês
Além de todos os cuidados seguidos por produtores e empresas, instituições como a Coopeavi e Proteinorte, de forma interna, criaram comitês para debater, diariamente, diversos assuntos e ações de prevenção ao Covid-19.
Na Coopeavi, a ideia é manter o contato e debater diversos assuntos e com auxílio da tecnologia, como destaca o gerente regional de avicultura da instituição, Altemir Jose Scardua. “Criamos o Comitê Covid-19, que é composto pelos gerentes-executivos, diretores-executivos e os gerentes de RH e logística da cooperativa. As reuniões são diárias e abordam assuntos como a segurança, cadeia de suprimentos, finanças e demandas da parte de marketing. Tudo isso via videoconferência”, conta Altemir.
Já na Proteinorte, como destacou o Coordenador de RH, Nosde Hugo, desde o início deste mês de março, a empresa montou um plano de contingência. “Desde o dia 14 de março estamos com um Comitê que inclui setores como Recursos Humanos, Segurança e Medicina do trabalho e Qualidade da empresa, onde eles levantaram as informações pertinentes e colocaram para nossos colaboradores”, finalizou Hugo.
Mais iniciativas
Com o objetivo de proteger os colaboradores, alguns produtores têm confeccionado seus próprios equipamentos de proteção individual, como as máscaras de tecido 100% algodão recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), como as criadas pela senhora Maria Plaster Potratz, da Granja Avícola EP e Granjas Potratz.
Além disso, os associados também estão promovendo doações, como, por exemplo, os produtores de Santa Maria de Jetibá que estão realizando doações para a secretaria municipal de saúde e, assim, intensificando as medidas de prevenção e monitoramento da doença.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



