Notícias Encontro de prospecção de negócios
Setores avícola e suinícola projetam quase US$ 900 milhões após Sial Paris
Negócios fechados no evento ultrapassam US$ 180 milhões; ação organizada pela ABPA & ApexBrasil viabilizou a participação de 23 agroindústrias.

Após cinco dias de agendas lotadas com encontros de negócios, degustações, promoção de imagem setorial e prospecções de novas exportações, a ação organizada pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (ApexBrasil) na Sial Paris, terminou positiva em negócios fechados e projetados.
Encerrada na quarta-feira (19), a ação setorial realizada durante uma das maiores feiras de alimentos do mundo gerou centenas de milhões de dólares em negócios para o setor e o país, a partir das ações estratégicas respaldadas pelas marcas internacionais Brazilian Chicken, Brazilian Pork, Brazilian Egg, Brazilian Breeders e Brazilian Duck.
Apenas durante os dias do evento, as 23 agroindústrias integradas ao espaço exclusivo da ABPA&ApexBrasil na SIAL fecharam US$ 182 milhões em negócios, segundo levantamentos feitos junto aos exportadores. Os negócios projetados para os próximos 12 meses são ainda mais expressivos, devendo alcançar US$ 833 milhões, de acordo com as empresas participantes. Mais de 3.500 importadores e potenciais clientes visitaram o espaço nos cinco dias de evento – 1.300 deles, são novos contatos.
E os associados da ABPA estiveram em peso na Sail Paris. Ao todo, 23 agroindústrias confirmaram participação no espaço da ABPA. Entre elas, estão: Bello Alimentos, C. Vale, Copacol, GTFoods, SSA, Zanchetta, Somave, Avenorte, Jaguafrangos, Avivar, Vibra, Villa Germânia, Vossko, Lar, Coasul, Rivelli Alimentos, Netto Alimentos, Dália Alimentos, Alibem, Ecofrigo Bugio, Frimesa, Pif Paf e Saudali.
Fora da área da entidade, outras associadas marcaram presença. É o caso da Cooperativa Central Aurora Alimentos, da BRF, da Frigoestrela, da Pamplona Alimentos e da Seara Alimentos, que participaram com áreas próprias ou por meio de parcerias, as agroindústrias concretizam negócios e prospectando novas oportunidades para a avicultura e a suinocultura do Brasil.
A participação da avicultura e da suinocultura do Brasil na Sial Paris não se resumiu a negócios. Na área gastronômica, milhares de pratos à base de carne de carne avícola brasileira foram servidos. O espaço, comandado pelo chef Marcelo Bortolon, promoveu o serviço de pratos tradicionais na culinária brasileira (original e adaptada) como frango assado com polenta, estrogonofe de frango, schnitzel de frango, risotos e cortes de frango ao creme de queijos.
Ao mesmo tempo, materiais promocionais com informações sobre associados e a cadeia produtiva foram distribuídos na ação, detalhando questões como fatores de qualidade dos produtos, dados da cadeia produtiva, status sanitário brasileiro e o perfil sustentável da produção. Os materiais foram entregues para os visitantes do espaço, stakeholders e outros contatos relevantes para o setor brasileiro.
A ABPA recebeu também diversas autoridades nacionais e internacionais ao longo dos cinco dias de feira.
A ação contou ainda com a participação do setor no Sial Talks – espaço de debates em meio à SIAL Paris. Sustentabilidade e o papel dos produtores de proteína animal do Brasil foi o tema da apresentação feita pelo presidente da ABPA, Ricardo Santin, que destacou o desenvolvimento tecnológico e os fatores competitivos naturais que fazem do Brasil um porto seguro para o fornecimento global de proteína animal. Com Santin, participaram do Sial Talks a diretora técnica da ABIEC, Cínthia Torres e George Candon, consultor de PR na Europa da ApexBrasil.
Lançamento de livro
Outro destaque da ação da ABPA & ApexBrasil foi o lançamento do livro “Halal Poultry – From Brazil to the World”. A obra, assinada pelo
fotógrafo Manoel Petry, conta em imagens, fatos e dados a representatividade e parte da história da produção e exportação brasileira de carne de frango halal. A obra é resultado de uma parceria entre a ABPA e a ApexBrasil, juntamente com as certificadoras CDIAL Halal e Fambras Halal, bem como com o apoio da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
Em suas quase 100 páginas, o livro mostra imagens sobre o cuidado e o respeito aos preceitos islâmicos aplicados pelas empresas exportadoras brasileiras ao longo de quase cinco décadas de exportações, em uma relação sólida que transformou o Brasil no maior exportador de carne de frango halal do planeta – com embarque anual próximo a 2 milhões de toneladas de produtos. “A ação na capital francesa superou as nossas expectativas. Promovemos ações em diversas linhas estratégicas e, como fruto, alcançamos resultados excepcionais em exportações para o País, além de ganhos de imagem e fortalecimento de laços com clientes que vão além da União Europeia, alcançando Ásia, África e o Oriente Médio. Os números financeiros confirmam o resultado da ação, fortalecendo o Brasil como porto seguro para o fornecimento de proteínas para o mundo”, destaca o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



