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Setor de máquinas agrícolas espera reação à frente após perdas irreparáveis por vírus
Setor de máquinas agrícolas no Brasil aposta no segundo semestre para recuperar uma parcela significativa do faturamento do ano

Com as vendas prejudicadas pelo cancelamento de feiras e demais efeitos do coronavírus, o setor de máquinas agrícolas no Brasil aposta no segundo semestre para recuperar uma parcela significativa do faturamento do ano, enquanto os negócios para a infraestrutura da fazenda, como silos, já sofreram perdas irreparáveis.
“Cerca de 60% das vendas são realizadas no segundo semestre, de máquinas que serão usadas na próxima safra de verão… Se não houver um grande problema no mercado, esperamos recuperar parte disso este ano”, disse representante da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e diretor institucional da Jacto, Pedro Estevão Bastos.
Sazonalmente, a comercialização de tratores, colheitadeiras e demais implementos utilizados no plantio e colheita se intensificam entre junho e outubro, para a safra de verão, e passam por uma nova rodada de negociações entre abril e maio, para utilização nas culturas de inverno.
Segundo Bastos, a expectativa inicial da Abimaq era aumentar em 7% no faturamento de máquinas agrícolas neste ano. Em 2019, a receita atingiu 16,7 bilhões de reais.
Além do cancelamento de pedidos de venda e do fechamento de concessionárias, fornecedores pararam de fabricar peças e, em consequência, levaram à suspensão nas atividades de montadoras.
Nesta semana, as companhias de máquinas agrícolas Jacto e John Deere anunciaram suspensões das operações em fábricas no Brasil —no caso da Deere, paralisações estão previstas em cinco unidades.
Neste cenário, o vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Alfredo Miguel Neto, afirmou que há preocupação em manter ao menos o atendimento aos produtores rurais.
“Mesmo que haja individualmente um plano de fechamento (entre as indústrias), (estamos) montando todo o esquema para poder atender o pós-venda, ou seja, os produtores, nossos clientes, na produção de peças e na assistência técnica.”
Infraestrutura na lavoura
Enquanto a indústria de máquinas e implementos agrícolas ainda tem chance de recuperar parte dos resultados previsto para o ano, setores como o de armazenagem e irrigação podem amargar perdas irreparáveis, pois são compostos por projetos de médio e longo prazo.
O presidente do Grupo de Trabalho de Armazenagem de Grãos da Abimaq, Paulo Bertolini, conta que o setor já vinha prejudicado, desde novembro, pelo término dos recursos do Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA).
Para o ciclo de 2019/2020, o Ministério da Agricultura destinou 1,815 bilhão de reais para o PCA, a taxas de juros entre 6% e 7% ao ano, pelo Plano Safra.
Agora, Bertolini acredita que as incertezas econômicas devem fazer o setor “sofrer bastante”.
Uma vez instalada na propriedade rural, uma infraestrutura de armazenagem demora de oito a dez anos para ser amortizada e precisar de renovação.
Segundo Bertolini, os produtores se apoiam a este argumento para postergar este tipo de investimento e, então, a safra de grãos cresce a níveis mais elevados do que a capacidade de armazenagem do país.
Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam que o Brasil colherá 251,9 milhões de toneladas de grãos na safra de 2019/2020, um recorde. Em contrapartida, Bertolini calcula que o déficit de armazenagem, atualmente, chega a 90 milhões de toneladas.
Em resposta à crise do coronavírus, a Kepler Weber, maior fabricante de equipamentos para armazenagem de grãos da América Latina, informou que os funcionários da planta de Panambi (RS) e de Campo Grande (MS) terão férias coletivas por 20 dias.
Impulsionada pela recente ocorrência de seca em algumas regiões do país, como o Rio Grande do Sul, e pelo alto patamar de capitalização dos produtores rurais, a perspectiva para o setor de irrigação vinha positiva até a eclosão da crise do coronavírus.
“Prevíamos um crescimento de 10% no mercado para 2020, ante a média de 1,4 bilhão de reais de faturamento registrada no ano passado. Agora, se conseguirmos estabilidade no resultado de 2020 significa que contornamos bem a crise”, disse o diretor presidente da Valmont no Brasil e presidente da Câmara Setorial de Irrigação da Abimaq, Renato da Silva.
“Estamos vivendo uma crise financeira que já está impactando todos os setores. Esse ambiente de incerteza não é favorável para qualquer tipo de negócio… só é cedo para mensurar a dimensão disso (na irrigação)”, acrescentou.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



