Avicultura
Sete dias para virar um pintinho bundudo
Bunda grande é sinal de uma moela grande, de um fígado bem desenvolvido, pesando no fundo da cavidade abdominal, orienta médico veterinário Marcus Briganó
Os primeiros sete dias de vida são cruciais para o desenvolvimento do frango de corte. Esse período é tão importante porque nele a ave vai usar toda a energia para dar peso ao aparelho digestivo, que, se bem, desenvolvido, vai cumprir com perfeição seu papel de segundo cérebro e ser eficaz na digestão de alimentos e absorção de nutrientes.
A dica é do médico veterinário especialista em engorda Marcus Briganó, de Guapiaçu, SP, que fez uma palestra para produtores de aves durante o segundo Fórum Lar Agro, em 15 de agosto, em Medianeira, PR. O evento promovido pela cooperativa Lar reuniu cerca de 1,5 mil produtores de aves, ovos e suínos associados.
“Para resumir, aos sete dias nós queremos que o pintinho tenha bunda. Isso é sinal que todo o aparelho digestivo está bem desenvolvido. O peso dele todo atrás é um ótimo sinal”, provocou Briganó. “Na primeira semana a produção tem que ser mais focada nas partes intestinais, responsáveis pela digestão e absorção da ração fornecida às aves. Praticamente todo ganho de peso é de órgãos digestivos. O ganho de peito e músculo de uma forma geral na primeira semana é praticamente insignificante. Nesse período, o que ganha de peso é órgão visceral”, definiu.
Para ele, o desempenho na primeira semana define se o animal vai ter ou não uma boa performance. “Erros nessa fase são imperdoáveis. São erros no lote que você não consegue corrigir, mas só administrar para não piorar mais. Não tem como falar de bons resultados sem falar em desenvolvimento inicial. O desenvolvimento inicial é o berço dos grandes resultados e na maioria das vezes onde os resultados ruins são explicados. Cada hora de criação é extremamente importante. A primeira semana é a fase principal para que a ave ganhe peso”, alerta.
De acordo com ele, um dia mal nutrido já causa perdas irreparáveis. “Com um dia já se percebe perdas (visceral) e isso não se recupera. Uma vez que se perde, foi. O principal problema no ganho de peso em determinadas situações é que o pintinho não come. O desenvolvimento inicial depende da capacidade de consumo inicial. Nossa tarefa é simplesmente fazer o pintinho se alimentar de maneira apropriada”, pontua.
Estímulo ao Consumo
Medir o consumo do pintinho nessa fase é importante para saber se o produtor está começando bem ou mal aquele lote, sugere o especialista. Para mensurar, um teste simples deve ser feito especialmente quando o animal chega ao galpão. “Tem que palpar os pintinhos. Entre oito e 12 horas, temos que ter pelo menos 95% dos pintinhos com papo cheio de ração e água. Isso é sinal que ele está comendo desde o começo do alojamento”, aponta. “A relação para cada grama de peso ganho na fase inicial é para sete a dez gramas a mais no peso final”.
De acordo com Briganó, cama e ambiente bem aquecidos e papel forrando o chão são algumas estratégias que devem ser usadas para estimular o consumo. O aquecimento mantém os pintinhos em conforto térmico e o papel com ração no chão porque instintivamente a ave come no piso.
“O primeiro ponto para o consumo é a oferta. A forração com papel ajuda muito, especialmente até terceiro dia, porque instintivamente o frango come no piso. Além disso, o papel apresenta para esse animal que não sabe onde está (o alimento) e mostrar o que ele vai ingerir no resto da vida. É o material mais preparado para essa fase prematura do pintinho. Além disso, o caminhar (no papel) também chama a atenção dos outros pintinhos”, comenta. “Papel até terceiro dia vai ser a fonte mais acessível de comida para a ave”, crava.
Há, segundo Briganó, há condições que devem ser observadas para que o animal se alimente de maneira desejada. “A temperatura é o primeiro ponto que observamos quando falamos em pontos ambientais que influenciam no consumo e ganho de peso na fase inicial. O pré aquecimento das instalações é de suma importância. Menos de 24 horas nem pensar. Se o piso estiver frio, não adianta ar com temperatura adequada. Com a cama fria, o pintinho vai comer pouco. Por isso é importante ter cuidado com o aquecimento e a cama, fundamentais para manter o lote em atividade”, sugere.
De acordo com ele, se o interior da cama não estiver quente, logo que inicia a ventilação a parte externa, de contato com as aves, também começa a perder calor. “O pré aquecimento curto leva a um aquecimento da superfície da cama, mas as partes inferiores permanecem frias. Quando começa ventilação, a cama perde essa casquinha quente que tinha”, amplia.
Depois de temperatura, outro ponto de ajuste é a ventilação, aposta o profissional. “Zelar pela troca de ar é o segundo ponto que atrapalha o consumo. Essa troca mal executada pode gerar problemas com amônia e gás carbônico, que podem deixar os pintinhos apáticos, além de excesso de umidade. Se tem muita água, a cama vai pelo espaço. É extremamente importante manter a qualidade do ar”, diz.
“A gente quer ver bunda no pintinho de sete dias. Bunda grande é sinal de uma moela grande, de um fígado bem desenvolvido, pesando no fundo da cavidade abdominal. Se o pintinho é magrinho, é sinal que os órgãos intestinais não foram bem formados”, cita Briganó.
Manejo Final
Se os primeiros sete dias são dedicados à evolução visceral, no ciclo final as atenções são voltadas ao ganho de peso muscular. “Durante o crescimento a fisiologia da ave muda. No começo a gente tem uma ave ineficiente na geração de temperatura e demanda de aquecimento maior. Na fase final, temos uma ave com dificuldade de perder calor e em qualquer situação que esse calor não for liberado ela pode entrar em falência”, diz.
“Até 21 dias o pintinho é extremamente intolerante a ventos fortes; ele deita. Depois dos 28 dias, o que temos para controlar a temperatura é a ventilação. O frango tem dificuldade de perder calor. Na fase final, o frango lida muito bem com o vento”, cita. Nesse ambiente, orienta, “tem que tirar calor e tirar umidade. Cerca de 80% da água que a o frango bebe vai voltar para a granja, por exemplo, pela respiração. Isso gera excesso de umidade, e o frango perde menos calor”, emenda. De acordo com o especialista, um lote de 25 mil frangos, aos 42 dias, libera cerca de oito mil litros de água em 24 horas.
Mais informações você encontra na edição de Aves de setembro/outubro de 2017 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
