Notícias
“Ser cooperativista é, antes de tudo, zelar pelo bem-estar de um grupo, de uma sociedade”, diz presidente da OCB
Esse sistema demonstra seu compromisso com a responsabilidade social ao priorizar a participação democrática, a valorização do ser humano e a busca por soluções coletivas para as demandas dos negócios.

Com um movimento que abrange mais de 18 milhões de cooperados, reunidos em 4.880 cooperativas, e quase meio milhão de empregos, o cooperativismo mostra a eficiência desse sistema que fomenta a aproximação das pessoas em comunidades, na busca de soluções coletivas para as demandas dos negócios, priorizando um desenvolvimento colaborativo e a consequente prosperidade de toda a sociedade. Esses números apresentados fazem parte do anuário divulgado pela Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), em 2022. A entidade, que juntamente com as cooperativas, tem o objetivo de fortalecer, representar e defender a importância do cooperativismo brasileiro, fortalecendo o sistema.

Presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas – Foto: Divulgação/OCB
De acordo com o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, as 1.170 cooperativas agropecuárias brasileiras possuem importância social relevante na geração de empregos no Brasil sob vários aspectos. Além de produtores rurais e colaboradores, a dinâmica de impactos positivos do movimento está também nos empregos indiretos. “Isso porque fomenta a economia local e a prosperidade econômica aos cooperados, que se desenvolvem e aprimoram também o meio social em que esses negócios coletivos estão presentes, além de elevarem os índices de qualidade de vida, empregabilidade e renda”, defende, ampliando: “Ser cooperativista é, antes de tudo, zelar pelo bem-estar de um grupo, de uma sociedade. É entender que desenvolvimento econômico e social precisa caminhar de mãos dadas. Por isso, toda cooperativa tem o compromisso social de ajudar sua comunidade a crescer”.
O cooperativismo agropecuário é o maior e um dos mais tradicionais ramos do modelo de negócios cooperativista. Entre as suas diretrizes básicas estão a necessidade de fortalecer o poder de escala e a atuação no mercado, além de exercer um papel fundamental na assistência técnica, industrialização e comercialização da produção dos cooperados, assim como torna-se no meio social em que é referência de credibilidade e segurança não somente para os seus cooperados, mas também para todos que realizam negócios com o cooperativismo.
Segmentação do Ramo Agropecuário
De acordo com a OCB, as cooperativas do ramo são divididas em sete segmentos: insumos e bens de fornecimento, escolas técnicas de produção rural, produtos industrializados de origem animal, produtos industrializados de origem vegetal, produtos não industrializados de origem animal, produtos não industrializados de origem vegetal, e serviços. Frente a essa grande diversidade, uma mesma cooperativa pode atuar em mais de um segmento do ramo. Dentre eles, o mais comum é o de insumos e bens de fornecimento, em que 65% das instituições exercem suas atividades. Seguido pelos produtos não industrializados de origem vegetal (58%) e pelos produtos não industrializados de origem animal (34%). É importante ressaltar que essas atuações não necessariamente são exclusivas em um único segmento.
Indicadores Financeiros
Os indicadores financeiros do cooperativismo agropecuário são mais uma prova da relevância do ramo para o país. Em 2021, as cooperativas agropecuárias somaram R$ 230 bilhões em ativos. Os ingressos do exercício foram da ordem de R$ 358 bilhões. O presidente Márcio destaca que esses números são muito expressivos e que o cooperativismo agropecuário, bem como todo o sistema cooperativista não vai parar de crescer. “Temos o desafio BRC1 Tri de Prosperidade, que tem como objetivo fazer com que o movimento cooperativo seja composto por 30 milhões de pessoas e que atinja R$1 trilhão em movimentação financeira até 2027, além de garantir 1 milhão de empregos diretos. Esses alvos são traçados por meio de trabalho conjunto, organizado e profissional, construído por meio de planos de curto, médio e longo prazo que permitem ao nosso modelo de negócios navegar bem por momentos de adversidade e aproveitar as oportunidades de mercado quando as mesmas aparecem”, informa Freitas.
Novas tecnologias
O presidente da OCB destaca que as tecnologias e a inovação inseridas no cooperativismo se evidenciam por serem ferramentas para elevar a eficiência na produção e proporcionar melhores condições de trabalho para os cooperados e seus funcionários, e não para substituir as pessoas por máquinas. “Nesse sentido, as condições de trabalho adequadas são um dos pilares do cooperativismo, frente às demandas dos consumidores que buscam cada vez mais transparência sobre o que estão consumindo, principalmente em relação à preocupação social voltada a mão-de-obra”, observa.
O presidente argumenta ainda que o ramo agropecuário do cooperativismo tem um importante papel de fomentador de inovação, pesquisa, desenvolvimento tecnológico e produtivo, pois são aspectos que impactam diretamente os projetos e processos de maneira positiva, inclusive para os quase 240 mil empregos diretos gerados pelas cooperativas do segmento. “Isso tudo se resume em mais renda, melhores condições de trabalho e prosperidade social”, expõe.
Mudanças no mercado
Freitas acrescenta também que as cooperativas agropecuárias têm se adaptado às demandas do mercado de trabalho e às novas habilidades requeridas pelos profissionais, visando aprimorar a gestão e governança e, como parte destes processos, estão os recursos humanos. “Os departamentos que cuidam das pessoas dentro das cooperativas buscam ser cada vez mais profissionalizados e conseguem, além de formar profissionais para o futuro, identificar as características e os potenciais destes colaboradores para que se tornem profissionais de excelência”, observa.
Ele inclui também que neste cenário é preciso ter planejamento como uma prioridade voltado à formação e evolução dos capitais humanos das cooperativas, pois isso garante constante adaptação às demandas do mercado de trabalho para que eles colaborem com a competitividade dos cooperados e cooperativas. “Por conta disso eu preciso destacar a presença de programas de capacitação, tais como a plataforma do CapacitaCoop, coordenada pelo Sescoop, que oferece conhecimento de qualidade e atualizado para os profissionais do futuro”, informa.
Impactos sociais
Se o cooperativismo traz importante contribuição financeira, bem como capacitação aos cooperados e trabalhadores, é mais do que oportuno também destacar o grande impacto social que este sistema proporciona às comunidade rurais. “No que tange à avaliação da importância social das cooperativas agropecuárias para as comunidades rurais, é importante ressaltar que esses efeitos benéficos se expandem para todo o Brasil e que o nosso modelo de negócios não é somente um gerador direto de empregos. O cooperativismo é também um interessado pela comunidade, um dos princípios do movimento, e desta maneira se destaca por também tem seu foco voltado para as pessoas que, inseridas nessa estrutura de negócios coletiva, possuem participação democrática, por meio do voto, definindo o futuro de suas cooperativas independentemente da participação econômica no negócio. Tudo isso se resume em valorização do ser humano, melhoria na qualidade de vida e atendimento às necessidades das comunidades em que os associados estão presentes”, pontua.
O presidente confirma a posição elencada citando o exemplo prático da dinâmica das cooperativas agropecuárias, que conseguem ampliar a capacidade de acesso à assistência técnica, infraestrutura e poder de comercialização de seus donos, os cooperados, independente do porte. “E o resultado desses exemplos são a prosperidade econômica, social e ambiental, principalmente ao final do exercício financeiro do cooperativismo em que as sobras são distribuídas e esse retorno econômico movimenta a economia local, propicia investimentos e melhora a qualidade de vida de todos. Somente em 2021 foram distribuídos R$10,8 bilhões em sobras aos cooperados”, diz.
Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor cooperativista acesse gratuitamente a edição especial Cooperativismo. Boa leitura!

Notícias
Brasil lança plataforma sobre saúde dos solos e reforça liderança em agricultura sustentável
Ferramenta da Embrapa reúne mais de 56 mil análises e mostra que dois terços das áreas avaliadas no País apresentam solos saudáveis ou em recuperação.

Foi lançada na última segunda-feira (17), na Agrizone, a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa durante a COP 30, em Belém (PA), a Plataforma Saúde do Solo BR – Solos resilientes para sistemas agrícolas sustentáveis. A cerimônia ocorreu no Auditório 1 e marcou a apresentação oficial da tecnologia criada pela Embrapa, que reúne pela primeira vez informações sobre a saúde dos solos brasileiros em um ambiente digital e de acesso público.
Na abertura, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou o simbolismo de apresentar a novidade dentro da Agrizone, espaço que abriga soluções de baixo carbono. “A Agrizone é o começo de uma nova jornada. Estamos mostrando para o mundo inteiro, de forma concreta, que temos tecnologia para desenvolver uma agricultura cada vez mais resiliente às mudanças climáticas”, afirmou.
Para ela, o lançamento reforça o protagonismo do Brasil como líder global em inovação sustentável para a agricultura e os sistemas alimentares.
A Plataforma disponibiliza dados de saúde do solo por estado e município e já reúne cerca de 56 mil amostras, provenientes de 1.502 municípios de todas as regiões do País. O sistema foi construído a partir da geoespacialização dos dados gerados pela BioAS – Bioanálise de Solos, explicou a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda Mendes. A ferramenta permite filtros por estado, município, ano, culturas e texturas de solo, além de comparações entre diferentes cultivos. Também gera mapas e gráficos baseados nas funções da bioanálise, como ciclagem, armazenamento e suprimento de nutrientes.
Solos mais saudáveis e produtivos
Os primeiros mapas revelam que predominam no Brasil solos saudáveis ou em processo de recuperação. “Somando solos saudáveis e solos em recuperação, vemos que 66% das áreas analisadas apresentam condições muito boas de saúde. Apenas 4% das amostras representam solos doentes”, afirmou Ieda.
Mato Grosso lidera o número de amostras (10.905), seguido por Minas Gerais (9.680), Paraná (7.607) e Goiás (6.519). O município com maior participação é Alto Taquari (MT), com 1.837 amostras.
A pesquisadora também destacou a forte relação entre saúde do solo e produtividade. No Mato Grosso, a integração dos dados da BioAS com índices do IBGE mostrou que o aumento na proporção de solos doentes está diretamente associado à queda na produção de soja. “Cada 1% de aumento em solos doentes representa uma perda média de 3,1 kg de soja por hectare”.
Em contraste, análises exclusivamente químicas não apresentaram correlação com a produtividade atual, o que indica que o limite produtivo da agricultura brasileira está cada vez mais ligado à qualidade biológica dos solos.
Ieda ressaltou ainda a participação dos produtores na construção da ferramenta. “Temos contribuições que vão do Acre ao extremo sul do Rio Grande do Sul. Ter um trabalho publicado em revistas técnicas é muito bom, mas ver uma tecnologia sendo adotada em todo o Brasil é maravilhoso”, afirmou.
A expectativa é transformar a plataforma, no futuro, em um observatório nacional da saúde dos solos, capaz de gerar relatórios detalhados por município e conectar pesquisadores, laboratórios e agricultores.
A Plataforma Saúde do Solo BR foi desenvolvida com base nos dados da BioAS, tecnologia lançada em 2020 e criada pela Embrapa Cerrados em parceria com a Embrapa Agrobiologia. O método integra indicadores biológicos (atividade enzimática), físicos (textura) e químicos (fertilidade e matéria orgânica).
O banco de dados atual resulta de uma colaboração com 33 laboratórios comerciais de análise de solo, integrantes da Rede Embrapa e usuários da tecnologia.
Notícias
Pressões ambientais externas reacendem disputa sobre limites da autorregulação no agronegócio
Advogada alerta que auditorias privadas e acordos setoriais, como a Moratória da Soja, podem impor obrigações além da lei, gerar assimetria concorrencial e tensionar princípios constitucionais.

A intensificação de exigências internacionais para que produtores brasileiros comprovem de forma contínua a inexistência de dano ambiental como condição para exportar commodities, especialmente a soja, reacendeu um debate jurídico sensível no país. Para a advogada especialista em Direito Agrário e do Agronegócio, Márcia de Alcântara, parte dessas exigências ultrapassa a pauta da sustentabilidade e pode entrar em choque com princípios constitucionais e da ordem econômica, sobretudo quando assumem caráter padronizado e coordenado por grandes agentes privados.
Segundo ela, quando tradings internacionais reunidas em associações que concentram parcela expressiva do mercado firmam pactos com auditorias e monitoramentos próprios, acabam impondo obrigações ambientais adicionais às previstas em lei. “Esses acordos privados transferem ao produtor o ônus de provar continuamente que não causa dano ambiental, invertendo a presunção de legalidade e de boa-fé de quem cumpre o Código Florestal e demais normas”, explica.
Márcia observa que esse tipo de exigência, quando se torna condição para o acesso ao mercado, tensiona princípios como a segurança jurídica e o devido processo. “Quando a obrigação é padronizada e coordenada por agentes dominantes, deixa de ser mera cláusula contratual e passa a se aproximar de uma restrição coletiva, com efeito de boicote”, afirma.
Moratória da Soja e coordenação setorial

Advogada Márcia de Alcântara: “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”
Entre os casos emblemáticos está a chamada Moratória da Soja, que proíbe a compra do grão oriundo de áreas desmatadas após 2008 na Amazônia. Para a advogada, o modelo de funcionamento da moratória se assemelha a uma forma de regulação privada, com possíveis implicações concorrenciais. “Há três pontos críticos nesse arranjo: a coordenação por associações que concentram parcela relevante do mercado; a troca de informações sensíveis e listas de exclusão que não são públicas; e a imposição de padrões mais severos do que a legislação brasileira. Esse conjunto pode configurar conduta anticoncorrencial, conforme o artigo 36 da Lei 12.529/2011”, avalia.
Ela acrescenta que cobranças financeiras ou bloqueios comerciais aplicados a produtores que não apresentem documentação adicional de regularidade ambiental podem representar penalidades privadas sem respaldo legal. O tema, segundo Márcia, já vem sendo acompanhado tanto pela autoridade antitruste quanto pelo Judiciário.
Marco jurídico recente
Nos últimos meses, a controvérsia ganhou contornos institucionais. Uma decisão liminar do ministro Flávio Dino, no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão de processos judiciais e administrativos ligados à Moratória da Soja até o julgamento de mérito, para evitar decisões contraditórias e permitir uma análise concentrada do conflito. Paralelamente, o Cade decidiu aguardar o posicionamento do STF antes de seguir com as investigações, embora mantenha atenção sobre a troca de informações sensíveis entre empresas durante o período.
Entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Aprosoja-MT defendem que a atuação concorrencial do Estado não seja paralisada. Elas argumentam que há indícios de coordenação de compra e que a suspensão integral das apurações pode esvaziar a tutela concorrencial.
Entre os principais questionamentos estão a extrapolação normativa de acordos privados, a falta de transparência nos critérios de exclusão e a substituição da regulação pública por padrões privados de alcance global. “Esses arranjos acabam por substituir o papel do Estado, criando regras opacas e sem devido processo ao produtor”, pontua Márcia.
Possíveis desfechos

Foto: Gilson Abreu
A especialista mapeia dois possíveis desfechos para o impasse. Caso o STF decida a favor dos produtores, será reforçada a soberania regulatória do Estado brasileiro, com o reconhecimento de que critérios ambientais devem ser definidos por normas públicas claras e transparentes. A decisão poderia irradiar efeitos para outras cadeias produtivas, como carne, milho e café, estabelecendo parâmetros de ESG proporcionais e auditáveis. Em sentido contrário, validar a autorregulação privada abriria espaço para padrões globais com camadas adicionais de exigência, elevando custos de conformidade e reduzindo a concorrência.
Para Márcia, o Brasil já conta com um dos arcabouços ambientais mais robustos do mundo. O Código Florestal impõe a manutenção de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente, exige o Cadastro Ambiental Rural georreferenciado e conta com sistemas de monitoramento por satélite e mecanismos de compensação ambiental.
Além disso, o país dispõe de políticas estruturantes como a Política Nacional do Meio Ambiente, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e a Política Nacional sobre Mudança do Clima. “Esse conjunto garante previsibilidade ao produtor regular e comprova que o país possui um marco ambiental sólido. Por isso, exigências externas precisam respeitar a proporcionalidade, a transparência e o devido processo. Caso contrário, correm o risco de ferir a legislação brasileira e distorcer a concorrência”, ressalta.
Notícias
Brasil e Reino Unido avançam em diálogo sobre agro de baixo carbono na COP30
Fávaro apresenta o Caminho Verde Brasil e discute novas parcerias para financiar recuperação ambiental e ampliar práticas sustentáveis no campo.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, se reuniu nesta quarta-feira (19) com a ministra da Natureza do Reino Unido, Mary Creagh, durante a COP30, em Belém. O encontro teve como foco a apresentação das práticas sustentáveis adotadas pelo setor agropecuário brasileiro, reconhecidas internacionalmente por aliarem produtividade e conservação ambiental.
Fávaro destacou as iniciativas do Caminho Verde Brasil, programa que visa impulsionar a recuperação ambiental e o aumento da produtividade por meio da restauração de áreas degradadas e da promoção de tecnologias sustentáveis no campo.
Segundo o ministro, a estratégia tem ampliado a competitividade do agro brasileiro, com acesso a mercados mais exigentes, ao mesmo tempo em que contribui para metas climáticas.
A agenda também incluiu discussões sobre mecanismos de financiamento voltados a ampliar projetos de sustentabilidade no setor. As autoridades avaliaram oportunidades de cooperação entre Brasil e Reino Unido para apoiar ações de recuperação ambiental, inovação e produção de baixo carbono na agricultura.



