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Sementes piratas podem disseminar doenças na lavoura

Produzidas clandestinamente, sementes sem procedência também têm impacto negativo na produtividade e podem implicar em prejuízos

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Arquivo/OP Rural

Não é de hoje que a pirataria fincou sua bandeira negra no campo. Ano após ano, a comercialização de sementes sem procedência e produzidas de forma clandestina tem avançado no Brasil, a ponto de se tornar uma preocupação concreta. No caso da soja, por exemplo, a estimativa é de que 29% das sementes plantadas no país sejam piratas. O agravante é que, além de prejuízos econômicos, relacionados à perda de produtividade e a gastos maiores com agroquímicos, o uso desses insumos sem registro pode disseminar pragas e plantas daninhas na lavoura, inclusive trazendo doenças que estavam erradicadas na região.

Essa dinâmica está diretamente relacionada à diferença entre o processo de produção das sementes registradas e o dos produtos piratas. Concebidas ao longo de anos, até mesmo décadas, de pesquisas, cada cultivar passa por um rígido processo de controle, que garante características, como purezas física e genética, qualidade fisiológica e rastreabilidade. Tudo isso é registrado e fiscalizado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o que dá total segurança ao agricultor de que está comprando sementes confiáveis, dentro de padrões técnicos e livres de doença.

Além disso, os produtos registrados também obedecem a normas de comercialização. As sementes precisam ser vendidas, por exemplo, em sacaria inviolável ou em big-bags novos e lacrados, sempre contendo etiquetas ou carimbo com informações de cadastro, inclusive o número do Registro Nacional de Sementes (Renasem), formalizado junto ao Mapa – o que permite, por exemplo, a rastreabilidade do produto.

“A semente certificada é registrada no Mapa e produzida oficialmente. Tem uma série de pré-requisitos a cumprir: categorizadas de acordo com a qualidade genética, com as características física, fisiológica e sanitária. Há um controle muito grande em todo esse processo”, exemplifica Ana Paula Kowalski, técnica do Departamento Técnico Econômico (DTE) do Sistema FAEP/SENAR-PR.

Por outro lado, sem qualquer registro ou fiscalização, as sementes piratas não são submetidas a nenhum tipo de controle. Em geral, são produzidas de modo caseiro e vendidas sem qualquer cuidado. Em razão disso, as cultivares sem procedência vêm, na maioria das vezes, com uma série de impurezas, como sementes de variedades ou espécies diferentes, torrões com nematoides e fungos. Ou seja, misturados com a semente do produto em si, vão partículas que podem causar doenças ou sementes de plantas daninhas.

“O pirata produz a semente a partir de qualquer grão e vende, sem tecnologia, sem cuidado, sem seguir as normas que garantem a procedência. Como são mal beneficiadas, ficam sementes sujas, com grãos infeccionados e impurezas. O produtor pode estar levando doenças para dentro da sua propriedade”, aponta o pesquisador da Embrapa, Ademir Henning, doutor em tecnologia e patologia de sementes pela Universidade da Flórida.

Doenças

Uma das doenças que se alastram a partir de sementes piratas é o mofo-branco, causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum. Segundo o pesquisador, até a década de 1990, a moléstia estava restrita à região entre Ponta Grossa e Castro, nos Campos Gerais. A doença se espalhou a partir do uso de cultivares sem procedência, atingindo outros Estados. Hoje, o mofo-branco é considerado um sério problema sanitário no Oeste da Bahia e na região Central do Brasil.

“O mofo-branco produz escleródios, que ficam no solo por anos. Ele infecta outras plantas e vai se espalhando. Quando o beneficiamento é ruim, o fungo que causa a doença vai em meio à semente”, aponta Henning.

O mesmo pode ocorrer em relação às plantas daninhas. Junto com as cultivares piratas, podem ir sementes de ervas que vão se disseminar como praga e atrapalhar o desenvolvimento da lavoura e, consequentemente, a colheita. “É o caso da buva e do amargoso, por exemplo, que se tornaram resistentes ao glifosato e que dão uma dor de cabeça ao agricultor”, acrescenta o pesquisador da Embrapa.

Barato que sai caro

As sementes piratas chegam a custar até um terço do preço das cultivares registradas. No caso da soja, o peso destes insumos corresponde a algo entre 3% e 16% do custo de produção. Para os especialistas, no entanto, o produtor deve levar em conta a velha máxima segundo a qual “o barato sai caro”. Um gasto adicional que salta aos olhos é o aumento das aplicações de agroquímicos, para combater as plantas daninhas e erradicar as doenças trazidas pelos produtos sem procedência.

“Tecnicamente, nunca vai valer a pena. Se o agricultor colocar na ponta do lápis, vai perceber que gastou mais com defensivos, com operações mecanizadas, para combater plantas daninhas e doenças que ele não tinha antes na área. No caso das plantas daninhas, por exemplo, ele vai perceber a dimensão do problema no longo prazo”, diz Ana Paula.

“Quem pensa que está economizando, está dando um tiro no pé. Na verdade, o produtor acaba plantando um problema que não tinha e que vai estourar lá na frente. É uma bomba-relógio”, define Henning.

Produtividade

Além da questão sanitária, outro ponto merece destaque: a eficiência das sementes produzidas de forma legal. Embasadas por pesquisas sólidas, essas cultivares têm características específicas – que se adaptam a determinadas condições de solo e clima, por exemplo – que impactam positivamente na produtividade.

Um estudo apresentado no ano passado durante o Fórum Soja Brasil deu mostras na prática. O experimento comparou o desempenho de uma semente registrada de soja com variedades que tiveram problemas de excesso de umidade, danos por mecanização, dano por percevejo e de contaminação por cercospora (mancha foliar). Na fase de colheita, a planta desenvolvida a partir da semente de qualidade rendeu 237 vagens. Nas piratas, o desempenho foi bem inferior: a semente com cercospora resultou em 168 vagens, a com percevejos rendeu 77 vagens, a com umidade, 67 e, por fim, a com problemas de mecanização deu 42 vagens.

Isso acontece porque, em geral, as sementes piratas têm um índice inferior de germinação, em razão de uma série de fatores, todos ligados à falta de padronização na produção. Para os especialistas, a questão da baixa produtividade dos produtos sem procedência também deve ser levada em conta como um fator que aponta para a importância da semente certificada. “A pirata nunca vai ter a mesma produtividade de uma cultivar registrada. O produtor não pode perder isso de vista”, diz Ana Paula.

Prejuízos chegam a R$ 2,4 bilhões ao ano

O uso de sementes piratas também gera reflexos para fora da porteira, afetando diretamente a pesquisa. Um levantamento divulgado conjuntamente pela Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) e pela Associação Paranaense de Sementes e Mudas (Apasem) aponta que a pirataria provoca um prejuízo de R$ 2,4 bilhões ao ano, em todo o Brasil. No Paraná, as perdas financeiras são da ordem de R$ 220,4 milhões anuais (veja o gráfico na página 16). Esse montante diz respeito ao que essas empresas deixam de arrecadar em royalties. Em outra via, o setor de sementes mantém 680 mil postos de trabalho e contribui, anualmente, com R$ 228,4 milhões em impostos.

“A atividade de melhoramento genético exige estrutura, como banco de germoplasma, casas de vegetação, campos de pesquisa e laboratórios, além de trabalho, conhecimento, habilidade e tempo. O prejuízo causado pela pirataria prejudica o avanço das pesquisas, necessárias para o surgimento de variedades mais produtivas”, explica o presidente da Abrasem, José Américo Rodrigues.

Segundo estimativas das associações, a cultura mais afetada pelos produtos sem procedência é o feijão: 90% das lavouras provêm de sementes piratas. Em seguida, aparecem o arroz (44%), o algodão (43%) e a soja (29%).

Campanha ajuda a identificar venda ilegal

Para tentar coibir a prática da pirataria, a Abrasem e a Apasem lançaram uma campanha contra a pirataria. No site da Abrasem, há um campo em que o produtor pode denunciar anonimamente a venda de cultivares ilegais. Até agosto deste ano, já foram registradas 18 denúncias no Paraná, contra 20 recebidas em 2019. Todos esses registros são repassados ao Mapa, que tem atribuição de fiscalizar os produtores e comerciantes piratas.

“Além disso, temos apostado na difusão da informação. É mostrar ao agricultor o que ele perde comprando produtos piratas: não tem assistência técnica, não tem garantia de produtividade e pode levar doenças para sua lavoura. Entre os produtores que usam sementes registradas, acesso à informação técnica é muito maior, não só no que diz respeito a sementes, mas a efetividade de solo, automatização, ao nível de qualidade. É um conjunto de informações técnicas que vêm junto”, aponta o presidente da Abrasem, José Américo Rodrigues.

Quem for flagrado produzindo, comercializando ou utilizando sementes piratas pode responder a processos administrativos nas esferas federal e estadual. Quando as fiscalizações do Mapa encontram o produto ilegal, há a apreensão da carga e a aplicação de multa ao responsável – que pode chegar a 250% do valor comercial do produto. Além disso, os pirateadores também podem responder criminalmente e, em seguida, ser alvo de ações judiciais reparadoras de danos – movidas por empresas detentoras dos direitos genéticos e de biotecnologia das respectivas cultivares.

O caso mais recente de fiscalização ocorreu na primeira semana de agosto, quando o Mapa deflagrou uma operação conjunta com a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, na qual apreendeu 450 toneladas de sementes piratas, avaliadas em R$ 1,5 milhão. Os suspeitos são investigados por organização criminosa – formação de quadrilha – e estelionato. A Polícia Federal também vai apurar se a prática se enquadra como contrabando.

Fonte: Sistema FAEP

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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo

Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024

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Fotos: Shutterstock

No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.

Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.

“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.

Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.

“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.

Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.

As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.

Mudanças estabelecidas

Prazos

Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.

O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.

Desburocratização da declaração

A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.

A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.

Fonte: Assessoria Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado

Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.

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Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.

A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.

Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.

A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.

Ameaças sanitárias e os impactos para a economia

No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.

A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.

Fonte: Assessoria Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul

Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.

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Foto: oliver de la haye

O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.

A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.

Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.

Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.

“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.

Foto: Shutterstock

O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.

Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.

Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.

Veja aqui o vídeo do presidente.

Fonte: Assessoria Faesp
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