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Selo internacional impulsiona investimentos na pecuária do Paraná

Conquista da certificação como área livre de febre aftosa sem vacinação completou um ano em maio. Em evento no Palácio Iguaçu, governo e entidades do setor produtivo relembraram esforços e projetaram futuro promissor

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A celebração em pleno Palácio Iguaçu, sede do governo do Estado, em Curitiba, não foi à toa. Um ano depois de obter o reconhecimento internacional como área livre de febre aftosa sem vacinação, o Paraná agora colhe os frutos de esforços realizados ao longo dos últimos 50 anos e que culminaram com a estruturação de um sistema sanitário robusto. Nessa nova fase, o Estado já recebe investimentos bilionários e tem perspectivas de avançar em direção a mercados internacionais mais sofisticados, que pagam mais por produtos advindos de áreas certificadas. O futuro é promissor.

Presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette: “Para um futuro próximo, os ganhos de nosso esforço sanitário já estão claramente definidos, com as plantas agroindustriais que deverão entrar em funcionamento, a ampliação das já existentes e com os investimentos que os produtores rurais fizeram e estão fazendo para abastecer esse parque fabril” – Fotos: Divulgação/Faep/Senar/PR

Esse cenário foi delineado no evento realizado no dia 31 de maio, em comemoração ao marco de um ano da certificação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). No palco, autoridades como o governador Carlos Massa Junior; o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette; o secretário de Estado de Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara; o presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Otamir Martins, entre outras autoridades políticas e representantes de entidades do setor agropecuário, evidenciaram os prognósticos positivos para o Estado.

“Para um futuro próximo, os ganhos de nosso esforço sanitário já estão claramente definidos, com as plantas agroindustriais que deverão entrar em funcionamento, a ampliação das já existentes e com os investimentos que os produtores rurais fizeram e estão fazendo para abastecer esse parque fabril”, disse Meneguette, que também apontou a necessidade de se manter firme a vigilância. “Isso é uma vitória de todos nós e, evidentemente, traz uma responsabilidade muito maior: manter a conquista é até mais difícil do que a própria conquista”, acrescentou.

Governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior: “A gente não quer ser apenas mais um grande produtor de alimentos. Nós queremos ser o supermercado do mundo.

Para o governador Carlos Massa Ratinho Junior, o reconhecimento internacional inaugurou uma nova etapa produtiva, que colocou o Paraná em pé de igualdade com os maiores produtores agropecuários do mundo e com condições de disputar os mercados mais sofisticados. Agora, no entanto, o governador vislumbra um passo muito mais ousado.

“A gente não quer ser apenas mais um grande produtor de alimentos. Nós queremos ser o supermercado do mundo. Queremos industrializar tudo o que nós produzimos. O objetivo é que tudo o que temos de matéria-prima passe por uma grande fábrica e que possamos entregar isso embalado, refrigerado para o planeta”, disse o governador. “O reconhecimento internacional foi um trabalho estratégico que tem muito do passado, mas também muito de presente, olhando para o futuro”, definiu.

Secretário estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), Norberto Ortigara: “Nós não trabalhamos para ter um selo na parede, um certificado bonitinho. Trabalhamos para gerar oportunidade de emprego, renda e agregar valor ao que produzimos”

Alinhado à visão do governador, o apontou que, além de manter a vigilância sanitária, o Paraná precisa centrar esforços na conquista de novos mercados internacionais. Ele adiantou que o Estado já tem reuniões agendadas para finalizar protocolos de comercialização com o Japão e a Coreia do Sul. Em novembro, uma missão empresarial paranaense deve viajar ao Japão, para negociar a venda de carnes bovina e suína. Todo esse esforço comercial só se tornou possível por causa da certificação internacional.

“Nós não trabalhamos para ter um selo na parede, um certificado bonitinho. Trabalhamos para gerar oportunidade de emprego, renda e agregar valor ao que produzimos”, enfatizou. “Volume [de produção], nós temos. Qualidade, nós temos e vamos continuar melhorando. Temos a sanidade reconhecida e mantida. Também temos preço. Agora, falta-nos exercitar o papel de caixeiro-viajante, com a maletinha debaixo do braço, com o bom propósito de disputar positivamente os mercados internacionais”, avaliou.

Investimentos

Parte significativa dos aportes catapultados pelo novo status sanitário vem das cooperativas. Só neste ano, o setor cooperativo vai investir R$ 4,2 bilhões. Deste total, R$ 700 milhões serão destinados a construção ou ampliação de plantas de abates de suínos. Além disso, o segmento deve destinar R$ 900 milhões à infraestrutura de armazenagem e recepção de agroindústrias e R$ 400 milhões em indústrias de ração animal. Tudo isso se soma a outros investimentos que já vinham sendo feitos ao longo dos últimos anos, quando o Estado ainda se preparava para obter o reconhecimento internacional pela OIE.

“Nós replanejamos atividades e vamos investir”, garantiu o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken. “Foram abertas novas relações comerciais, porque de nada adiantaria se não conseguíssemos capitalizar [o reconhecimento internacional] com resultado para os produtores e para a sociedade do Paraná. E isso vem acontecendo. Vamos crescer juntos”, apontou.

O novo momento sanitário foi decisivo, por exemplo, para que um novo grupo empresarial – o Agro Laranjeiras – se instalasse no Paraná. A empresa vai investir R$ 380 milhões na construção de uma maternidade de leitões em Laranjeiras do Sul, na região Centro-Sul do Estado. A perspectiva é de que o empreendimento produza 20 mil leitões por semana, consumindo 3,5 milhões de sacas de milho e 1,2 milhão de sacas de soja. Tudo isso deve gerar mais de 200 empregos diretos e 800 indiretos, impulsionando a geração de renda na região.

“E por que viemos para cá? Porque o Paraná é o Estado que mais está crescendo e queremos participar disso. Escolhemos para estarmos em uma área certificada, livre de febre aftosa”, disse o acionista e desenvolvedor do projeto da Agro Laranjeiras, Jorge Munari. “Ao atingir a qualidade sanitária e manter um sistema sólido de vigilância, isso só tende a crescer”, avaliou.

A certificação internacional também foi fator preponderante para que a Agroceres Pic – líder no mercado de genética de suínos – decidisse investir no Paraná. A empresa vai construir um núcleo genético em Paranavaí, no Noroeste do Estado, em um complexo com três unidades, em uma área de 85 mil metros quadrados. A previsão é que a primeira unidade seja inaugurada ainda em junho deste ano. O empreendimento terá capacidade de alojar 3,6 mil fêmeas de elite, produzindo 110 mil suínos por ano, de olho também no mercado internacional. Segundo a empresa, será a maior unidade da América do Sul.

“Sem esse status sanitário, não seria possível fazer esse investimento, que é o mais robusto da nossa história. Escolhemos a região justamente pela biosseguridade elevada. Será uma unidade que vai exportar animais para a América e outros continentes, caso tenhamos esses acordos bilaterais”, anunciou o veterinário Gustavo Simão, que representou a Agroceres Pic no evento.

Presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), o deputado estadual Anibelli Neto louvou a nova fase da agropecuária paranaense, destacando a importância do setor como base de crescimento da economia como um todo.

“Na campanha, quando o governador falou que o milho viraria nuggets, alguns não entenderam. Hoje está claro: o milho vira ração, a ração alimenta o frango, que depois pega mais valor agregado e é processado, virando nuggets. Isso é visão estratégica”, discursou o parlamentar.

Líder absoluto

Apesar dos impactos provocados pela pandemia do novo coronavírus nos últimos anos, o Paraná consolidou sua liderança como maior fornecedor de proteína animal do Brasil. Responsável por um terço da produção de frangos de corte do país, o Estado ampliou sua participação para 4,8 bilhões de toneladas em 2020 – expansão de 8% em relação ao ano anterior. Na suinocultura, o avanço na produção foi de 9%, ultrapassando 1 milhão de toneladas produzidas. Com isso, o Paraná responde por 20% do mercado de suínos, atrás apenas de Santa Catarina.

Na piscicultura, o Paraná também está consolidado na liderança, com 22% da produção nacional de tilápias (188 mil toneladas). E a projeção para os próximos três anos é de expansão a um índice de 20% ao ano. Se esse cenário se concretizar, o setor deve chegar a 2025, atingindo os R$ 2 bilhões no Valor Bruto de Produção (VBP), conforme estimativa do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab). Na bovinocultura de corte, o Paraná se mantém em quarto colocado, com 1,2 milhão de toneladas abatidas.

Esforços conjuntos

A consolidação do sistema sanitário do Paraná é resultado de uma extensa trajetória, que congregou esforços das esferas pública e privada, em torno do objetivo comum de tornar o Estado uma referência em sanidade animal. Nesse sentido, o Sistema FAEP/SENAR-PR foi pioneiro, ao investir em diferentes frentes que tornaram a sanidade agropecuária uma prioridade aos diferentes governos que passaram pelo Palácio Iguaçu. Ao mesmo tempo, a entidade auxiliou em ações que exigiram mobilização, coordenou missões de lideranças políticas e administrativas e promoveu viagens para técnicos e produtores, fomentando a cultura da importância da sanidade animal para o agronegócio.

Um dos destaques dessa mobilização foi a criação do Fundo de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Paraná (Fundepec), que mantém recursos para o estabelecimento de políticas ou para indenizar produtores caso sejam necessários abates sanitários emergenciais. Outro ponto importante foi a sanção da Lei 11.504/96 – a chamada Lei da Sanidade –, que permitiu um aperfeiçoamento e modernização das normas e regras, facilitando ao produtor cumprir as reponsabilidades na manutenção sanitária.

Paralelamente, o SENAR-PR passou a colaborar de forma efetiva na formação técnica de profissionais. Foram centenas de treinamentos e capacitações, contribuindo de forma substancial para a formação de recursos humanos da defesa sanitária paranaense, além de contribuir na formação da consciência sanitária dos produtores. Com esses esforços coletivos, o número de casos de febre aftosa no Paraná chegou a zero ainda em 1996.

Na última década, esse processo ganhou fôlego, mirando a conquista do reconhecimento como área livre de febre aftosa sem vacinação. A estruturação sanitária incluiu a reativação dos Conselhos de Sanidade Agropecuária (CSAs) e instalação de Postos de Fiscalização de Transporte Animal (PFTA), nas divisas do Paraná com outros Estados.

Adapar completa 10 anos

O evento também marcou os 10 anos de criação da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), autarquia estadual que tem por finalidade fiscalizar e promover a inspeção sanitária dos produtos de origem animal, além de fomentar a prevenção, o controle e a erradicação de doenças nas cadeias animal e vegetal.

O presidente da entidade, Otamir Martins, enalteceu seus servidores, que estão “24 horas por dia, sete dias por semana, trabalhando na vigilância ativa para preservar esse status sanitário”. Esses profissionais, segundo o dirigente, têm relação direta com o desenvolvimento econômico proporcionado pelo reconhecimento internacional.

“A sanidade é um ativo para os produtos agropecuários paranaenses e, com este atributo, podemos inserir o nosso agro nos mercados que melhor remuneram. O avanço neste um ano somente foi possível pela união de esforços de serviço público e os órgãos da iniciativa privada”, apontou Martins. “Estamos construindo o futuro”, concluiu.

Fonte: FAEP/Senar-PR

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Aliança Láctea Sul Brasileira avança nas ações de promoção do desenvolvimento da cadeia produtiva do leite

Evento reuniu um grupo de especialistas do setor lácteo, representantes das Secretarias de Agricultura dos três estados do Sul, dos Sindicatos das Indústrias de Laticínios e das Federações de Agricultura dos três estados do Sul.

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Objetivo foi atualizar sobre o cenário atual da Aliança Láctea Sul-Brasileira e relatar as ações de cada estado do Sul

Atualizar sobre o cenário atual da Aliança Láctea Sul-Brasileira (ALSB), relatar as ações de cada estado, principalmente sobre a entrada de leite em pó importado do Mercosul e conhecer o diagnóstico do leite no Paraná, feito pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) foram as pautas da reunião ordinária da ALSB promovida nesta quinta-feira (2), na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc).

Encontro teve como anfitrião o presidente do Sistema Faesc/Senar e vice-presidente de finanças da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Zeferino Pedrozo – Fotos: Silvania Cuochinski/MB Comunicação

O encontro teve como anfitrião o presidente do Sistema Faesc/Senar e vice-presidente de finanças da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), José Zeferino Pedrozo, e reuniu um grupo de especialistas do setor lácteo, representantes das Secretarias de Agricultura dos três estados do Sul, dos Sindicatos das Indústrias de Laticínios e das Federações de Agricultura dos três estados.

A programação foi conduzida pelo coordenador geral da Aliança Láctea, Rodrigo Ramos Rizo, e contou com a participação do presidente do secretário de Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Valdir Colatto, do secretário da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Rio Grande do Sul, Giovani Feltes, do secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Anacleto Ortigara, do presidente Sistema Farsul, Gedeão Silveira Pereira, do representante do Sistema Faep e presidente da Comissão Nacional de Pecuária do Leite da CNA, Ronei Volpi, do presidente do Sindileite Paraná, Éder Quinto Salvadori Deconsi, do presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Otamir Cesar Martins, entre outras lideranças.

Após um momento de solidariedade com a grave situação do Rio Grande do Sul, o presidente Pedrozo agradeceu aos representantes da Aliança Láctea pela participação no evento, comentou sobre a importância do Programa Leite Bom, recém-criado pelo Governo do Estado de Santa Catarina, falou sobre a longa trajetória para conquistar o valioso status sanitário catarinense e realçou o êxito do trabalho da ALSB para cumprir o propósito de atuar de forma conjunta para solucionar os problemas comuns enfrentados pelo setor. Também frisou o quanto o Plano de Desenvolvimento da Competitividade Global do Leite Sul-Brasileiro (PDCGL) é essencial para propor ações que contribuem para um ambiente favorável aos investimentos na ampliação da produção. “Com cooperação será possível aumentar nossa competitividade no mercado global e criar oportunidades para potencializar o setor”.

Rodrigo Ramos Rizo agradeceu a receptividade da Faesc e salientou que a reunião foi fundamental para vencer mais alguns pontos importantes do setor. “O encontro teve um início muito emocional em função do quadro que o Rio Grande do Sul está vivendo neste momento pelas chuvas e enchentes, mas avançamos nas questões que a Aliança Láctea tem se proposto, ou seja, nos dez itens que representam a nossa bíblia no sentido de fortalecermos as exportações e trabalharmos cada vez mais as nossas indústrias para que estejam adequadas ao mercado internacional. Sabemos que os produtores não exportam, ou seja, quem exporta é a indústria, mas somos todos elos de uma cadeia só. Acredito que é possível avançarmos. Também estão de parabéns os representantes do Paraná que elaboraram todo esse trabalho de levantamento de diagnóstico muito bem feito. Além disso, a presença dos secretários de agricultura conosco abrilhantou a reunião trazendo toda a sua bagagem, conhecimento e as ações que cada estado tem feito no sentido de barrar a entrada de leite em pó do Mercosul”.

Leite Bom SC

Valdir Colatto enfatizou as iniciativas desenvolvidas pelo Governo do Estado para fortalecer a cadeia produtiva do leite e, entre as medidas, citou o Leite Bom SC – programa que beneficia direta ou indiretamente os 22,2 mil produtores catarinenses. O pacote garante R$ 300 milhões em apoio ao setor nos próximos três anos. Paralelamente aos investimentos, decreto do governador Jorginho Mello suspende a concessão de qualquer incentivo fiscal para a importação de leite e derivados por Santa Catarina, acabando com a concorrência desleal que vinha prejudicando a produção leiteira catarinense. O pacote se divide em três ações: o decreto, os financiamentos aos produtores e os incentivos fiscais para a indústria leiteira. “Santa Catarina hoje está produzindo hoje cerca de 3,2 bilhões de litros de leite, o que corresponde a 9,3% da produção do Brasil. É um setor importante que precisamos valorizar e proteger para que nossos agricultores possam superar esses momentos difíceis de custo de produção e outros prejuízos”, assinalou Colatto.

Norberto Anacleto Ortigara frisou a importância do encontro para evoluir nas questões que envolvem a cadeia produtiva do leite e ressaltou que Paraná também tem dado passos importantes no sentido de continuar construindo uma política adequada aos interesses brasileiros, especialmente, do Sul do Brasil. Giovani Feltes destacou ações que o Rio Grande do Sul já vem colocando em prática para minimizar os efeitos da importação de leite, principalmente do Mercosul. “Nosso estado já vem há algum tempo tentando proteger, de acordo com suas possibilidades, a cadeia produtiva leiteira”, afirmou.

A Aliança Láctea foi constituída como o fórum público-privado para desenvolver e fomentar a implementação de um plano para harmonizar o ambiente produtivo, industrial e comercial dos três estados. Confira os 10 objetivos do Plano de Desenvolvimento da Competitividade Global do Leite Sul-Brasileiro.

  • Produzir leite com alta qualidade, a custo baixo e com organização logística eficiente para ser competitivo no mercado global em relação aos principais exportadores mundiais.
  • Melhorar a eficiência e o desempenho agronômico e zootécnico da produção de leite na região Sul do Brasil, adequando a produção aos princípios da sustentabilidade, ESG e bem-estar animal.
  • Aumentar a escala de produção e reduzir os custos médios por litro de leite produzido e transportado.
  • Melhorar a qualidade e o rendimento industrial do leite, com aumento do percentual de gordura e proteína na sua composição e pagamento por sólidos totais.
  • Melhorar a logística e a infraestrutura nas regiões produtoras de leite com investimentos em estradas, energia trifásica e Internet.
  • Melhorar a organização e governança da cadeia produtiva do leite com estratégias setoriais pré-competitivas, eliminação de assimetrias tributárias, intercooperação visando eficiência na logística e investimentos em marketing e informação geral para aumento consciente do consumo de lácteos.
  • Promover a fidelização do relacionamento comercial entre produtores de leite e indústrias de laticínios por meio de parcerias duradouras.
  • Conquistar e manter a excelência sanitária e biossegurança dos rebanhos com robustos serviços públicos e privados de defesa agropecuária e sanidade.
  • Adequar e harmonizar o serviço de inspeção de produtos de origem animal.
  • Criar mecanismos para estimular indústrias a instalar ou adequar plantas voltadas à exportação de lácteos.

Fonte: Assessoria Aliança Láctea Sul Brasileira
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Veto à carne nas Olimpíadas: punição ou preservação?

Ao invés de uma postura enviesada e divisionista, uma abordagem mais individualizada e baseada em evidências científicas seria mais adequada

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Letícia Moreira - Nutricionista - Foto e texto: Assessoria

*Por Letícia Moreira

Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 se aproximam e uma notícia recente tem gerado polêmica no mundo esportivo: a decisão do comitê organizador de reduzir drasticamente a oferta de carne nas refeições servidas durante o evento. Segundo o Comitê, o objetivo é limitar as emissões de CO2 decorrentes das refeições, diminuindo pela metade a pegada de carbono em comparação a edições anteriores.

No entanto, essa abordagem é uma medida nutricionalmente desequilibrada e prejudicial aos atletas, que precisam de um aporte nutricional adequado para o alto desempenho.

Diante desse cenário, é importante analisar a evolução histórica da alimentação de atletas e o papel da carne em suas dietas, bem como as perspectivas atuais sobre o tema.

Desde a antiguidade, a alimentação dos atletas tem sido motivo de debate e controvérsia. De acordo com o relato do historiador Philostratos, no início, os atletas confiavam em seus treinadores para garantir que suas necessidades nutricionais fossem atendidas. No entanto, com o tempo, os médicos assumiram o controle e os primeiros especialistas em medicina esportiva começaram a surgir.

Nesse contexto, dois importantes médicos da época, Celsus e Galeno, consideravam o consumo de proteína animal a forma mais nutritiva de nutrição para os atletas. Ambos concordavam que a carne era um alimento “forte” e nutritivo, essencial para os atletas. Galeno chegou a afirmar que a carne era o alimento mais nutritivo de todos, sendo visível nos próprios atletas o impacto positivo dessa proteína.

Outras fontes proteicas, como aves e peixes, também eram consideradas importantes.

Essa visão histórica sobre a relevância da carne na dieta de atletas encontra eco nos dias de hoje. Um exemplo notável é o caso do atleta brasileiro Alessandro Medeiros, que se tornou conhecido mundialmente por alcançar grandes feitos esportivos seguindo uma dieta exclusivamente carnívora, ou seja, à base de carne.

Medeiros, com mais de 30 anos de dedicação ao esporte, desenvolveu habilidades físicas e mentais excepcionais, conquistando colocações de destaque em ultramaratonas e eventos de resistência, como o Mundial de Ultraman na ilha de Kona no Hawaii. Sua história mostra o impacto positivo que uma alimentação adequada, focada em proteínas e gorduras animais, pode ter no desempenho atlético.

Além da questão nutricional, explicada acima, neste ano, por meio de uma parceria de trabalho estabelecida com a Connan, empresa de nutrição animal, tive a oportunidade de me aproximar e informar sobre o processo de produção da carne no Brasil, acompanhando mais de perto os movimentos da pecuária.

Esta proximidade me fez conhecer um lado da atividade que é pouco difundida entre a população em geral: os investimentos em tecnologia na produção de animais. Hoje, existem empresas e entidades focadas no desenvolvimento de soluções que garantam a qualidade do produto final, a carne, mas que também ofereçam aos bovinos melhor qualidade de vida e menor emissão de gases, com uma alimentação mais balanceada e proteica.

Além disso, técnicas de manejo que proporcionem a recuperação de pastagens degradadas, adubação qualificada, manejo do pastejo, estratégias de suplementação e dietas adequadas em confinamento são alguns métodos que têm mostrado efeito positivo na mitigação da emissão de gases de efeito estufa da pecuária.

Já há trabalhos que mostram situações em que o carbono sequestrado no solo sob pastagem contribui para um balanço positivo de carbono numa fazenda de produção pecuária, isto é, em que há mais carbono fixado do que emitido.

Não há como negar que a pecuária tem sim uma parcela importante no cenário da emissão de gases de efeito estufa, mas antes de condenar uma atividade de extrema importância para a segurança alimentar mundial, é fato que as autoridades francesas deveriam olhar para outros setores, como os de energia e de transportes, por exemplo, que também são grandes emissores e que crescem ano a ano.

Para um impacto de relevância no cenário da preservação do meio ambiente, entendo que as medidas deveriam levar em conta o todo. De acordo com relatório da organização não governamental Carbon Market Watch (CMW), a organização das Olimpíadas de Paris-2024 só apresentou estratégia robusta de cobertura para 31% de suas emissões de gases de efeito estufa. Os outros 69% não são detalhados suficientemente.

No campo dos transportes, item de maior peso nas estimativas de emissões, a CMW considera satisfatório o plano do comitê para o transporte em Paris, já que mais de 80% das instalações esportivas ficarão a um raio de 10km da Vila Olímpica. Porém, os organizadores não apresentaram algo completo, segundo a ONG, para o transporte de espectadores, atletas e jornalistas para a França.

Diante das evidências históricas e dos casos atuais, é questionável a decisão dos organizadores dos Jogos Olímpicos de Paris em reduzir drasticamente a oferta de carne nas refeições servidas durante o evento. Essa abordagem, além de ser nutricionalmente desequilibrada, ignora o importante papel da pecuária no fornecimento de alimento para o mundo e pode comprometer o desempenho e a saúde dos atletas.

Ao invés de uma postura enviesada e divisionista, uma abordagem mais individualizada e baseada em evidências científicas seria mais adequada. Afinal, a dieta ideal para os atletas olímpicos deve priorizar um ótimo aporte nutricional e o atendimento de suas necessidades específicas, e não apenas uma preocupação ambiental que pode se sobrepor aos interesses da saúde e do desempenho desses esportistas de alto nível.

 

 

Referência: Uma comparação entre as dietas esportivas da Grécia Antiga e da Roma Antiga com as práticas modernas (https://www.omicsonline.org/open-access/a-comparison-of-ancient-greek-and-roman-sports-diets-with-modern-day-practices-2473-6449-1000104.php?aid=69865)

* Nutricionista formada há 18 anos pela Faculdade de Medicina de Itajubá (MG), Letícia Moreira, é especialista em dietas Low Carb, Cetogênica e Carnívora, com foco em emagrecimento e esporte de Endurance. É cofundadora da PRIMAL ENDURANCE e Nutricionista do primeiro Ultraman carnívoro do mundo, Alessandro Medeiros.

Fonte: Assessoria
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Colibacilose em bezerros: importante tipo de diarreia

Como a transmissão da Colibacilose é feco-oral, sua prevenção exige cuidados quanto ao manejo dos animais, condições higiênico-sanitárias e alimentação, com destaque para a oferta de colostro em quantidade e qualidade adequadas, o mais rápido possível.

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Foto: Divulgação/JÁ Saúde Animal

A saúde intestinal dos bezerros é um aspecto importante na pecuária, afinal impacta diretamente o desenvolvimento e a produtividade desses animais. Dessa forma, a manutenção de um trato gastrointestinal saudável e funcional permite a digestão e a absorção adequadas dos nutrientes. Nesse contexto, entre os principais desafios da criação de bezerros, relacionado à saúde intestinal, está a diarreia, sendo responsável por uma série de prejuízos. O problema é caracterizado por uma grande perda de líquidos e eletrólitos corporais que vão ocasionar desidratação, perda de peso, com possibilidade de evoluir para choque hipovolêmico e morte do animal.

Vários fatores podem ter relação com a ocorrência da diarreia e os agentes etiológicos causadores podem ser diversos, incluindo as bactérias (Escherichia coli, Salmonella sp., Clostridium perfringens), os vírus (rotavírus e coronavírus), protozoários (Eimeria sp. e Cryptosporidium sp.) e as verminoses. Dentre esses, um dos principais no quesito mortalidade é a Escherichia coli, bactéria gram-negativa, que de forma geral é inofensiva. Contudo, quando tipos patogênicos infectam uma população susceptível ou quando há uma somatória de fatores (ambiente, manejo, imunidade) que estimula a proliferação bacteriana ocorre a chamada Colibacilose, termo atribuído a afecções provocadas por E. coli, que consequentemente podem ocasionar quadros de diarreia.

A Colibacilose pode acontecer de três maneiras: septicêmica, enterotoxêmica e entérica. A forma septicêmica se desenvolve quando a bactéria se multiplica rapidamente na corrente sanguínea, afetando geralmente bezerros que não tiveram uma boa colostragem. Nesse caso, a apresentação da afecção é aguda, variando de 24 a 96 horas, com sinais clínicos como depressão, febre alta, anorexia e taquicardia. Outra forma é a enterotoxêmica, quando a bactéria se prolifera na parte média e posterior do intestino, havendo a liberação de toxina. Nesse caso, os animais apresentam prostração intensa e morrem de endotoxemia. Por fim, existe a forma entérica, conhecida como “curso branco”, caracterizada por sinais como diarreia pastosa abundante, de coloração esbranquiçada ou amarelada, podendo progredir para diarreia aquosa severa, desidratação, acidose metabólica e morte.

Geralmente a ocorrência da Colibacilose é mais frequente em animais mantidos em confinamentos ou muito próximos uns dos outros, além de bezerros com poucos dias de vida. Outros fatores epidemiológicos que podem contribuir para o desenvolvimento de um quadro diarreico são: períodos chuvosos, sistemas de produção inadequados (manejo sanitário, instalações e nutrição ineficazes) e outras enfermidades como as endoparasitoses. A taxa de mortalidade pode variar de 10 a 50% para bovinos de leite criados em sistemas intensivos e de 5 a 15% para bovinos de corte. É importante salientar que ela pode chegar a 60% em propriedades com problemas de manejo.

Como a transmissão da Colibacilose é feco-oral, sua prevenção exige cuidados quanto ao manejo dos animais, condições higiênico-sanitárias e alimentação, com destaque para a oferta de colostro em quantidade e qualidade adequadas, o mais rápido possível. Além disso, é importante realizar a vacinação de fêmeas no pré-parto especialmente por conta da passagem de anticorpos da mãe imunizada para o bezerro, conferindo proteção durante os três primeiros meses de vida.

Para o tratamento recomenda-se a administração de antimicrobianos, sendo a Enrofloxacina um dos mais indicados, além do uso de anti-inflamatórios não esteroidais para o controle da febre, alívio da cólica e para proporcionar conforto ao animal. É importante que seja feita a reposição dos fluidos e eletrólitos pela via oral (em casos iniciais) ou pela via parenteral, pois a desidratação pode levar os bezerros à morte de forma muito rápida.

As referências bibliográficas desse texto podem ser solicitadas à autora pelo e-mail: juliana.melo@jasaudeanimal.com.br.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Juliana Melo, médica-veterinária e jornalista na JA Saúde Animal
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