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Selo internacional impulsiona investimentos na pecuária do Paraná

Conquista da certificação como área livre de febre aftosa sem vacinação completou um ano em maio. Em evento no Palácio Iguaçu, governo e entidades do setor produtivo relembraram esforços e projetaram futuro promissor

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A celebração em pleno Palácio Iguaçu, sede do governo do Estado, em Curitiba, não foi à toa. Um ano depois de obter o reconhecimento internacional como área livre de febre aftosa sem vacinação, o Paraná agora colhe os frutos de esforços realizados ao longo dos últimos 50 anos e que culminaram com a estruturação de um sistema sanitário robusto. Nessa nova fase, o Estado já recebe investimentos bilionários e tem perspectivas de avançar em direção a mercados internacionais mais sofisticados, que pagam mais por produtos advindos de áreas certificadas. O futuro é promissor.

Presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette: “Para um futuro próximo, os ganhos de nosso esforço sanitário já estão claramente definidos, com as plantas agroindustriais que deverão entrar em funcionamento, a ampliação das já existentes e com os investimentos que os produtores rurais fizeram e estão fazendo para abastecer esse parque fabril” – Fotos: Divulgação/Faep/Senar/PR

Esse cenário foi delineado no evento realizado no dia 31 de maio, em comemoração ao marco de um ano da certificação pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). No palco, autoridades como o governador Carlos Massa Junior; o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette; o secretário de Estado de Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara; o presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Otamir Martins, entre outras autoridades políticas e representantes de entidades do setor agropecuário, evidenciaram os prognósticos positivos para o Estado.

“Para um futuro próximo, os ganhos de nosso esforço sanitário já estão claramente definidos, com as plantas agroindustriais que deverão entrar em funcionamento, a ampliação das já existentes e com os investimentos que os produtores rurais fizeram e estão fazendo para abastecer esse parque fabril”, disse Meneguette, que também apontou a necessidade de se manter firme a vigilância. “Isso é uma vitória de todos nós e, evidentemente, traz uma responsabilidade muito maior: manter a conquista é até mais difícil do que a própria conquista”, acrescentou.

Governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior: “A gente não quer ser apenas mais um grande produtor de alimentos. Nós queremos ser o supermercado do mundo.

Para o governador Carlos Massa Ratinho Junior, o reconhecimento internacional inaugurou uma nova etapa produtiva, que colocou o Paraná em pé de igualdade com os maiores produtores agropecuários do mundo e com condições de disputar os mercados mais sofisticados. Agora, no entanto, o governador vislumbra um passo muito mais ousado.

“A gente não quer ser apenas mais um grande produtor de alimentos. Nós queremos ser o supermercado do mundo. Queremos industrializar tudo o que nós produzimos. O objetivo é que tudo o que temos de matéria-prima passe por uma grande fábrica e que possamos entregar isso embalado, refrigerado para o planeta”, disse o governador. “O reconhecimento internacional foi um trabalho estratégico que tem muito do passado, mas também muito de presente, olhando para o futuro”, definiu.

Secretário estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), Norberto Ortigara: “Nós não trabalhamos para ter um selo na parede, um certificado bonitinho. Trabalhamos para gerar oportunidade de emprego, renda e agregar valor ao que produzimos”

Alinhado à visão do governador, o apontou que, além de manter a vigilância sanitária, o Paraná precisa centrar esforços na conquista de novos mercados internacionais. Ele adiantou que o Estado já tem reuniões agendadas para finalizar protocolos de comercialização com o Japão e a Coreia do Sul. Em novembro, uma missão empresarial paranaense deve viajar ao Japão, para negociar a venda de carnes bovina e suína. Todo esse esforço comercial só se tornou possível por causa da certificação internacional.

“Nós não trabalhamos para ter um selo na parede, um certificado bonitinho. Trabalhamos para gerar oportunidade de emprego, renda e agregar valor ao que produzimos”, enfatizou. “Volume [de produção], nós temos. Qualidade, nós temos e vamos continuar melhorando. Temos a sanidade reconhecida e mantida. Também temos preço. Agora, falta-nos exercitar o papel de caixeiro-viajante, com a maletinha debaixo do braço, com o bom propósito de disputar positivamente os mercados internacionais”, avaliou.

Investimentos

Parte significativa dos aportes catapultados pelo novo status sanitário vem das cooperativas. Só neste ano, o setor cooperativo vai investir R$ 4,2 bilhões. Deste total, R$ 700 milhões serão destinados a construção ou ampliação de plantas de abates de suínos. Além disso, o segmento deve destinar R$ 900 milhões à infraestrutura de armazenagem e recepção de agroindústrias e R$ 400 milhões em indústrias de ração animal. Tudo isso se soma a outros investimentos que já vinham sendo feitos ao longo dos últimos anos, quando o Estado ainda se preparava para obter o reconhecimento internacional pela OIE.

“Nós replanejamos atividades e vamos investir”, garantiu o presidente do Sistema Ocepar, José Roberto Ricken. “Foram abertas novas relações comerciais, porque de nada adiantaria se não conseguíssemos capitalizar [o reconhecimento internacional] com resultado para os produtores e para a sociedade do Paraná. E isso vem acontecendo. Vamos crescer juntos”, apontou.

O novo momento sanitário foi decisivo, por exemplo, para que um novo grupo empresarial – o Agro Laranjeiras – se instalasse no Paraná. A empresa vai investir R$ 380 milhões na construção de uma maternidade de leitões em Laranjeiras do Sul, na região Centro-Sul do Estado. A perspectiva é de que o empreendimento produza 20 mil leitões por semana, consumindo 3,5 milhões de sacas de milho e 1,2 milhão de sacas de soja. Tudo isso deve gerar mais de 200 empregos diretos e 800 indiretos, impulsionando a geração de renda na região.

“E por que viemos para cá? Porque o Paraná é o Estado que mais está crescendo e queremos participar disso. Escolhemos para estarmos em uma área certificada, livre de febre aftosa”, disse o acionista e desenvolvedor do projeto da Agro Laranjeiras, Jorge Munari. “Ao atingir a qualidade sanitária e manter um sistema sólido de vigilância, isso só tende a crescer”, avaliou.

A certificação internacional também foi fator preponderante para que a Agroceres Pic – líder no mercado de genética de suínos – decidisse investir no Paraná. A empresa vai construir um núcleo genético em Paranavaí, no Noroeste do Estado, em um complexo com três unidades, em uma área de 85 mil metros quadrados. A previsão é que a primeira unidade seja inaugurada ainda em junho deste ano. O empreendimento terá capacidade de alojar 3,6 mil fêmeas de elite, produzindo 110 mil suínos por ano, de olho também no mercado internacional. Segundo a empresa, será a maior unidade da América do Sul.

“Sem esse status sanitário, não seria possível fazer esse investimento, que é o mais robusto da nossa história. Escolhemos a região justamente pela biosseguridade elevada. Será uma unidade que vai exportar animais para a América e outros continentes, caso tenhamos esses acordos bilaterais”, anunciou o veterinário Gustavo Simão, que representou a Agroceres Pic no evento.

Presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), o deputado estadual Anibelli Neto louvou a nova fase da agropecuária paranaense, destacando a importância do setor como base de crescimento da economia como um todo.

“Na campanha, quando o governador falou que o milho viraria nuggets, alguns não entenderam. Hoje está claro: o milho vira ração, a ração alimenta o frango, que depois pega mais valor agregado e é processado, virando nuggets. Isso é visão estratégica”, discursou o parlamentar.

Líder absoluto

Apesar dos impactos provocados pela pandemia do novo coronavírus nos últimos anos, o Paraná consolidou sua liderança como maior fornecedor de proteína animal do Brasil. Responsável por um terço da produção de frangos de corte do país, o Estado ampliou sua participação para 4,8 bilhões de toneladas em 2020 – expansão de 8% em relação ao ano anterior. Na suinocultura, o avanço na produção foi de 9%, ultrapassando 1 milhão de toneladas produzidas. Com isso, o Paraná responde por 20% do mercado de suínos, atrás apenas de Santa Catarina.

Na piscicultura, o Paraná também está consolidado na liderança, com 22% da produção nacional de tilápias (188 mil toneladas). E a projeção para os próximos três anos é de expansão a um índice de 20% ao ano. Se esse cenário se concretizar, o setor deve chegar a 2025, atingindo os R$ 2 bilhões no Valor Bruto de Produção (VBP), conforme estimativa do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento (Seab). Na bovinocultura de corte, o Paraná se mantém em quarto colocado, com 1,2 milhão de toneladas abatidas.

Esforços conjuntos

A consolidação do sistema sanitário do Paraná é resultado de uma extensa trajetória, que congregou esforços das esferas pública e privada, em torno do objetivo comum de tornar o Estado uma referência em sanidade animal. Nesse sentido, o Sistema FAEP/SENAR-PR foi pioneiro, ao investir em diferentes frentes que tornaram a sanidade agropecuária uma prioridade aos diferentes governos que passaram pelo Palácio Iguaçu. Ao mesmo tempo, a entidade auxiliou em ações que exigiram mobilização, coordenou missões de lideranças políticas e administrativas e promoveu viagens para técnicos e produtores, fomentando a cultura da importância da sanidade animal para o agronegócio.

Um dos destaques dessa mobilização foi a criação do Fundo de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Paraná (Fundepec), que mantém recursos para o estabelecimento de políticas ou para indenizar produtores caso sejam necessários abates sanitários emergenciais. Outro ponto importante foi a sanção da Lei 11.504/96 – a chamada Lei da Sanidade –, que permitiu um aperfeiçoamento e modernização das normas e regras, facilitando ao produtor cumprir as reponsabilidades na manutenção sanitária.

Paralelamente, o SENAR-PR passou a colaborar de forma efetiva na formação técnica de profissionais. Foram centenas de treinamentos e capacitações, contribuindo de forma substancial para a formação de recursos humanos da defesa sanitária paranaense, além de contribuir na formação da consciência sanitária dos produtores. Com esses esforços coletivos, o número de casos de febre aftosa no Paraná chegou a zero ainda em 1996.

Na última década, esse processo ganhou fôlego, mirando a conquista do reconhecimento como área livre de febre aftosa sem vacinação. A estruturação sanitária incluiu a reativação dos Conselhos de Sanidade Agropecuária (CSAs) e instalação de Postos de Fiscalização de Transporte Animal (PFTA), nas divisas do Paraná com outros Estados.

Adapar completa 10 anos

O evento também marcou os 10 anos de criação da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), autarquia estadual que tem por finalidade fiscalizar e promover a inspeção sanitária dos produtos de origem animal, além de fomentar a prevenção, o controle e a erradicação de doenças nas cadeias animal e vegetal.

O presidente da entidade, Otamir Martins, enalteceu seus servidores, que estão “24 horas por dia, sete dias por semana, trabalhando na vigilância ativa para preservar esse status sanitário”. Esses profissionais, segundo o dirigente, têm relação direta com o desenvolvimento econômico proporcionado pelo reconhecimento internacional.

“A sanidade é um ativo para os produtos agropecuários paranaenses e, com este atributo, podemos inserir o nosso agro nos mercados que melhor remuneram. O avanço neste um ano somente foi possível pela união de esforços de serviço público e os órgãos da iniciativa privada”, apontou Martins. “Estamos construindo o futuro”, concluiu.

Fonte: FAEP/Senar-PR

Bovinos / Grãos / Máquinas

Brasil apresenta na COP30 ações que unem produtividade e redução de metano na pecuária

Iniciativas do Mapa destacam inovação, assistência técnica e parcerias internacionais para ampliar tecnologias sustentáveis e fortalecer a pecuária de baixa emissão.

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Foto: Shutterstock

Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) apresentou, nesta segunda-feira (17), na Blue Zone da COP30, as principais ações brasileiras que associam ganho de produtividade à redução das emissões de metano na pecuária. A agenda reuniu representantes de financiadores como Global Methane Hub e Environmental Defense Fund (EDF), além de organizações multilaterais como a FAO, a Climate and Clean Air Coalition (CCAC) e a Clean Air Task Force (CATF).

O Mapa foi representado por Bruno Brasil, diretor do Departamento de Produção Sustentável, que destacou a integração entre inovação, assistência técnica e práticas sustentáveis para acelerar a transição climática no campo.

Foto: Mapa

Segundo ele, a adoção de tecnologias alinhadas ao Plano ABC+ e a estratégias de intensificação sustentável reforça o papel do Brasil como referência global em pecuária de baixa emissão. “A experiência brasileira demonstra que o ganho de produtividade na pecuária é uma medida efetiva na redução da intensidade de emissões de metano, conciliando sustentabilidade e renda para o produtor rural”, destacou Bruno Brasil.

Durante o encontro foram discutidas possibilidades de financiamento para serviços de ATER digital com foco em ampliar o acesso de produtores a soluções tecnológicas e sustentáveis. As instituições presentes reforçaram a importância de parcerias internacionais para fortalecer iniciativas que apoiam a redução do metano e a adaptação climática na agropecuária.

Fonte: Assessoria Mapa
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Bovinos / Grãos / Máquinas Irregularidades sanitárias

Cargueiro barrado na Turquia inicia retorno após dois meses sem desembarque

Retorno deve durar cerca de um mês, com chegada prevista para 14 de dezembro. As condições a bordo têm sido descritas por testemunhas como degradantes, com forte odor, infestação de moscas e carcaças acumuladas no convés, em processo avançado de decomposição.

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Cerca de três mil vacas estão há dois meses confinadas em um navio que não obteve autorização para desembarcar sua carga na Turquia, após autoridades identificarem graves irregularidades na documentação sanitária e na identificação dos animais. A inspeção turca constatou que 146 bovinos estavam sem brincos de identificação ou com numeração ilegível, enquanto 469 apresentavam marcas que não correspondiam às listas oficiais de importação, falhas que acenderam o alerta para riscos sanitários, incluindo a possível transmissão de doenças. Também foi reportada a morte de 48 animais durante a viagem.

O cargueiro Spiridon II deixou Montevidéu, Capital do Uruguai, em 20 de setembro, e chegou à região do porto de Bandırma em 22 de outubro. Desde então, não recebeu permissão para desembarcar as vacas, destinadas à produção de leite. Após semanas ancorado, o navio deixou Bandırma na última sexta-feira (14), cruzou o Estreito de Çanakkale e agora navega de volta rumo ao Uruguai. Segundo dados da plataforma MarineTraffic, o retorno deve durar cerca de um mês, com chegada prevista para 14 de dezembro.

Fotos: Reprodução

Odor forte e infestação de moscas

As condições a bordo têm sido descritas por testemunhas como degradantes, com forte odor, infestação de moscas e carcaças acumuladas no convés, em processo avançado de decomposição. Além das mortes registradas, a organização Animal Welfare Foundation (AWF) relatou, com base em informações obtidas localmente, o nascimento de cerca de 140 bezerros durante a travessia.

Retorno a Uruguai

A especialista em bem-estar animal Maria Boada, da AWF, alertou que muitos dos bovinos não devem resistir a uma segunda viagem de um mês até Montevidéu e que o navio aparenta ter estoque insuficiente de alimento. Ela também afirmou ser provável que os animais mortos tenham sido descartados no mar.

Foto: Reprodução

A veterinária australiana Lynn Simpson, referência internacional em transporte marítimo de animais, lançou novos alertas ao relatar vazamento de fluidos provenientes de carcaças em decomposição no convés, destacando riscos ao bem-estar animal, à saúde pública e à segurança ambiental.

Esta não é uma situação isolada envolvendo a exportação de animais vivos. Ao redor do mundo, casos como esse se repetem, cada vez com maior frequência, devido à péssima condição dos chamados navios boiadeiros. A exportação de animais vivos é uma das atividades de maior impacto negativo da pecuária, as más condições de higiene e bem-estar nos navios causam intenso sofrimento animal e oferecem riscos à saúde pública e ao meio ambiente.

Outros casos

Em 2024, o navio transportador de animais vivos Al Kuwait atracou no porto da Cidade do Cabo para carregar ração. A chegada do curral flutuante poluiu o ar da capital legislativa da África do Sul e seu cartão-postal mais característico com o cheiro fétido de esterco de 19.000 touros embarcados no Brasil para serem enviados ao Iraque. O episódio foi exposto pela National Council of Societies for the Prevention of Cruelty to Animals (NSPCA).

A equipe da NSPCA que embarcou no navio descreveu o que testemunhou como abominável. Além de animais mortos, outros animais feridos e doentes foram encontrados a bordo, alguns dos quais tiveram que ser sacrificados. Havia escassez de medicamentos necessários para lidar com os problemas de saúde animal encontrados, entre eles um surto de conjuntivite bovina. Tampouco havia assistência médica suficiente: apenas dois veterinários, auxiliados por quatro tratadores, acompanhavam os 19.000 touros.

Em 2019, o Queen Hind naufragou no Porto de Midia na Romênia, pouco após zarpar carregado com milhares de ovinos vivos. Em 2022, o Al Badri 1, também carregado, adernou e afundou em um berço de atracação do porto de Suakin, no Sudão. O navio que afundou no porto romeno, o Queen Hind, esteve no Brasil apenas alguns meses antes do acidente. Investigações subsequentes indicaram diversas irregularidades, inclusive a existência de compartimentos de carga ocultos. Tanto o Haidar quanto o Queen Hind e o Al Badri 1 eram navios convertidos.

Em 2018, uma operação de exportação de bovinos vivos causou intensa poluição do ar na cidade de Santos-SP, em decorrência do acúmulo de fezes e urina dos animais na embarcação, o navio de bandeira panamenha MV Nada. Os 27 mil bois pertenciam à Minerva e tinham por destino a Turquia. A empresa foi multada pela prefeitura municipal por infração ambiental e maus tratos animais.

Em 2015, na cidade de Barcarena (PA), o navio Haidar, com quase 5 mil bois vivos, 28 tripulantes a bordo e 700 toneladas de óleo, naufragou no Porto de Vila do Conde. A decomposição dos corpos dos animais mortos e o vazamento de óleo do navio provocaram um dos piores desastres ambientais da história do estado. As carcaças e o óleo que vazou do Haidar deixaram um rastro de contaminação que alcançou a cidade de Belém, cerca de 60 km rio abaixo.

Em 2012, 2.750 bois morreram asfixiados a bordo do navio de bandeira panamenha MV Gracia Del Mar, em decorrência de uma pane no sistema de ventilação durante a viagem. Os animais, fornecidos pela Minerva, foram embarcados no porto de Vila do Conde, em Barcarena-PA, e tinham por destino o Egito.

No Porto de São Sebastião, o terceiro do país que mais exporta animais vivos, a população relata como fica a cidade nos dias de operação: o trânsito fica congestionado pelo grande fluxo de caminhões; o mau cheiro das fezes e da urina dos animais empesteia o ar e prejudica o turismo na região. Este cenário foi retratado no documentário “Elias: O Boi que Aprendeu a Nadar”, da Mercy For Animals.

Fonte: O Presente Rural com Animal Welfare Foundation
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Casos de raiva no Paraná exigem cuidados redobrados nas propriedades

Crescimento dos focos da doença mobiliza autoridades, Sistema Faep e produtores na vacinação obrigatória, reforço da vigilância e ações de educação sanitária em diversas regiões.

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Fotos: Arnaldo Alves

O Paraná tem registrado casos de raiva herbívora em rebanhos de animais de produção, o que acende o alerta para a necessidade de ações de controle da zoonose (doença infecciosa transmitida entre animais e seres humanos).

Por isso, as autoridades sanitárias, com apoio do Sistema Faep e produtores rurais, têm promovido uma série de medidas de controle, como vacinação obrigatória, reforço na vigilância e campanhas de educação. “Nas últimas décadas, o Sistema Faep investiu, de forma sistemática, na sanidade animal e na segurança das atividades agropecuárias. Agora, nas ações contra a raiva, não é diferente. Temos colaborado ativamente nas campanhas de disseminação de informações e de conscientização. É preciso ampliar a importância do controle dessa doença e garantir a proteção dos nossos rebanhos comerciais”, enfatiza o presidente interino do Sistema Faep, Ágide Eduardo Meneguette.

Foto: Licia Rubinstein

A presença da raiva no Paraná é recorrente, o que exige atenção constante dos produtores. Porém, há uma região que concentra boa parte dos casos. Em 2024, o Estado confirmou 227 focos de raiva, sendo mais da metade em propriedades localizadas na área de abrangência das regionais de Cascavel e Laranjeiras do Sul. A situação se repete em 2025. Até setembro, já foram contabilizados 166 focos em 41 municípios, sendo 81 na região Oeste.

De acordo com chefe do Departamento de Saúde Animal da Agência Estadual de Defesa Agropecuária (Adapar), Rafael Gonçalves Dias, esse número elevado motivou a publicação da Portaria 368/2025, que torna obrigatória a vacinação contra raiva em 30 municípios da região Oeste do Paraná (veja a lista mais abaixo) para bovinos, búfalos, cavalos, asnos, mulas, ovinos e caprinos a partir de três meses de idade. “Simultaneamente, intensificamos a mobilização com o projeto ‘Adapar Educa a Campo’, que tem percorrido municípios da região para fortalecer a conscientização e engajamento local. Essas ações visam a contenção de focos ativos e a prevenção em áreas vizinhas para evitar a expansão da doença”, detalha Dias.

Em outubro, o órgão e o Sistema Faep realizaram reuniões e encontros em propriedades rurais, assentamentos e prefeituras, com um público estimado em 1,1 mil pessoas. Além disso, a campanha teve divulgação nos veículos de comunicação do Oeste. “O Sistema Faep apoiou diretamente essa ação. Esse projeto-piloto, cuja proposta é expandir para outras áreas da defesa agropecuária, promoveu a integração entre a agência e a sociedade por meio da educação sanitária”, explica Nicolle Wilsek, técnica do Departamento Técnico e Econômico (DTE) do Sistema FAEP.

Confira os municípios onde a vacinação é obrigatória

  • Boa Vista da Aparecida
  • Braganey
  • Campo Bonito
  • Capanema
  • Capitão Leônidas Marques
  • Cascavel
  • Catanduvas
  • Céu Azul
  • Diamante d’Oeste
  • Foz do Iguaçu
  • Guaraniaçu
  • Ibema
  • Itaipulândia
  • Lindoeste
  • Matelândia
  • Medianeira
  • Missal
  • Planalto
  • Pérola d’Oeste
  • Quedas do Iguaçu
  • Ramilândia
  • Realeza
  • Rio Bonito do Iguaçu
  • Santa Lúcia
  • Santa Tereza do Oeste
  • Santa Terezinha de Itaipu
  • São Miguel do Iguaçu
  • Serranópolis do Iguaçu
  • Três Barras do Paraná
  • Vera Cruz do Oeste

Saiba como identificar casos de raiva

Foto: Fabiano Bastos

A raiva em herbívoros é transmitida, entre outras formas, por morcegos hematófagos (que se alimentam de sangue de animais). Entre os sintomas da doença estão o isolamento do animal, apatia ou agitação, perda de apetite, salivação intensa e dificuldade para engolir, fezes secas e escuras, e progressiva paralisia dos membros. “Diante desses sinais clínicos, a doença é praticamente irreversível e fatal para os animais acometidos”, alerta Rafael Gonçalves Dias, chefe do Departamento de Saúde Animal da Adapar.

Se um produtor suspeitar de raiva em algum animal do rebanho, a orientação é: isolar o animal suspeito, notificar imediatamente à Adapar e não mexer ou manipular o animal sem proteção. “É importante que quando o animal morrer, o produtor solicite a visita da Adapar para coletar uma amostra. Além disso, ações importantes são reforçar a vacinação no entorno da propriedade, identificar possíveis abrigos de morcegos e monitorar os demais animais da propriedade”, orienta Dias.

Outros cuidados

O chefe do Departamento de Saúde Animal da Adapar enfatiza que, mesmo em municípios onde a vacinação não é obrigatória, o ato de imunizar o rebanho previne que animais suscetíveis sejam infectados caso o vírus chegue até aquela área. “Mesmo sem obrigatoriedade legal, vacinar ajuda a formar uma ‘cobertura imunológica’, que reduz o risco de propagação desde as áreas de foco. Vacinar antecipadamente constitui uma medida preventiva responsável e vantajosa, independentemente de obrigatoriedade legal”, reforça.

Segundo Nicolle Wilsek, técnica do Sistema FAEP, há medidas complementares que ajudam na prevenção da raiva e de outras doenças que podem afetar os rebanhos. “É preciso seguir boas práticas sanitárias, como manter o registro detalhado de vacinações, investir em capacitação contínua, incluir cláusulas de sanidade em transações de animais e promover a conscientização de cuidados pessoais no manejo”, destaca.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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