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Seis setores do agro catarinense podem ser impactados pelo conflito na Ucrânia, diz especialista

O Estado importa cerca de 2,2 milhões de toneladas de fertilizantes por ano, cerca de 900 mil toneladas são consumidas em solo catarinense, o restante é comprado por empresas catarinenses que processam ou vendem a outros Estados.

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Arquivo/OP Rural

O analista de socioeconomia da Epagri/Cepa, Rogério Goulart Jr, avalia a cadeia produtiva do agro catarinense e os impactos que o setor vai sofrer caso o conflito entre Rússia e Ucrânia se estenda. O profissional relata preocupação com os preços dos insumos de forma geral, que podem ser impactados tanto pela queda de oferta quanto pelo aumento do dólar.

De acordo com o especialista, no mercado internacional o sistema financeiro projeta aumento da inflação nos países, resultante do aumento nos preços dos produtos agrícolas e redução na oferta do petróleo russo e fornecimento de gás natural para a Europa. Ele chama atenção ainda para a tendência de elevação na taxa de juros internacionais. “No fluxo de comércio mundial, os preços de fretes, contratos e oferta de containers são afetados com a menor disponibilidade e custos mais elevados para a exportação e importação de produtos”, reflete o analista.

“No Brasil, os efeitos econômicos do conflito já começam a ser sentidos pelo aumento dos preços do petróleo, dos insumos agrícolas e dos valores das principais commodities agrícolas, o que impacta na elevação do preço da cesta básica e no custo de vida da população”, descreve o profissional da Epagri/Cepa. Ele informa ainda que a valorização esperada do dólar deve desvalorizar o real, pressionando ainda mais o Banco Central brasileiro a elevar a taxa básica de juros, o que traz efeitos negativos ao crescimento econômico.

Confira a lista de setores:

Fertilizantes

Santa Catarina importa cerca de 2,2 milhões de toneladas de fertilizantes por ano, cerca de 900 mil toneladas são consumidas no Estado e o restante é comprado por empresas catarinenses que processam ou vendem a outros Estados. Do total importado, 12,8% é originário da Rússia, da Ucrânia e de Belarus. “Embora o conflito envolva diretamente apenas Rússia e Ucrânia, a análise incluiu também Belarus, já que o país tem sido alvo de sanções internacionais e é um importante exportador de fertilizantes”, explica Rogério.

“Caso se confirmem as projeções de dificuldades na importação de fertilizantes, espera-se a elevação dos custos desse insumo, o que pressionaria os custos de produção das lavouras, resultando em prováveis aumentos de preços, especialmente dos grãos, com reflexos nos custos da produção animal”, avalia o analista. Ele destaca que, em termos nacionais, o elemento mais sensível é o potássio, cuja importação anual supera as 10 milhões de toneladas, com mais de 30% vindo da Rússia.

Milho

A Ucrânia é o 5º maior produtor mundial e importante ator no comércio internacional de milho, respondendo por 13,3% das vendas. Santa Catarina, por sua vez, possui um déficit de aproximadamente 5 milhões de toneladas por ano, montante que é suprido por meio do comércio interestadual e importações. As dificuldades de exportação do milho ucraniano, em decorrência do conflito, devem contribuir para manter os preços do milho em patamares elevados e dificultar o abastecimento do estado. Essa situação é agravada pela estiagem que afeta a região Sul do país. Por outro lado, para os produtores de milho o aumento dos preços pode estimular as exportações e melhorar sua rentabilidade, o que tende a agravar ainda mais as dificuldades de abastecimento do setor de produção animal.

Carnes

As restrições ao comércio internacional dos três países em questão não devem impactar de modo significativo as exportações catarinenses de carnes, pois suas participações no destino dos embarques são pequenas. No entanto, o aumento de custos dos fertilizantes e dos combustíveis pressionam os custos de produção da soja e do milho, cujos preços devem permanecer elevados no mercado. Isso provoca aumentos nos custos de produção das principais cadeias de produção animal. Importante destacar que o milho e a soja representam de 70% a 80% do custo de produção de suínos e aves nas granjas.

Trigo

Os reflexos do conflito já se fazem sentir pela elevação dos preços internacionais do trigo, o que deve elevar no Brasil os preços da farinha e dos alimentos derivados  – pão, massas, bolachas, biscoitos, entre outros – com pressões inflacionárias e no custo de vida da população brasileira.

Os países em questão são responsáveis por cerca de 14% da produção mundial de trigo e por 30% das exportações. As importações brasileiras vêm majoritariamente da Argentina (87%). Em 2021, apenas 0,5% do trigo importado pelo Brasil veio dos países em conflito.

Maçã

Em se estendendo a guerra no Leste europeu, a cadeia produtiva da maçã pode vir a sofrer o maior impacto no agronegócio catarinense. Isso porque os russos são responsáveis por 24,5% das receitas geradas pela exportação de maçã fresca de Santa Catarina. O setor será prejudicado caso não haja condições de embarque àquele país.

Tabaco

A Ucrânia e a Rússia, juntas, foram responsáveis por 6,1% do valor das exportações de tabaco de Santa Catarina em 2021. Essa participação não deve trazer maiores preocupações ao setor, uma vez que as empresas exportadoras poderão reacomodar os destinos das exportações, caso se efetivem as restrições ao envio para aqueles países.

Fonte: Assessoria

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025

Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

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Foto: Cláudio Neves

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves

A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.

Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.

Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.

Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves

Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.

Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.

Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.

Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.

Fonte: O Presente Rural
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro

Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

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Foto: Percio Campos/Mapa

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.

No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.

Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.

Fonte: Assessoria Mapa
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável

Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

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Fotos: Koppert Brasil

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”

Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.

Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.

As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).

Maior mercado mundial de bioinsumos

O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.

A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.

Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.

Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.

Fonte: Assessoria Koppert Brasil
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