Avicultura
Seguro rural inadequado expõe avicultura brasileira a prejuízos milionários
Com aumento de vendavais, incêndios e apagões, produtores enfrentam falhas graves nas apólices que deveriam proteger a cadeia avícola.

Entre 2023 e 2024, a avicultura brasileira sofreu duros golpes causados por eventos climáticos extremos. Somente no Rio Grande do Sul, os prejuízos ultrapassaram R$ 1 bilhão. A esses impactos diretos somam-se outros riscos menos visíveis, mas igualmente graves: a interrupção do fornecimento de energia elétrica, por exemplo, atingiu uma média de 38 horas nas propriedades rurais no último ano, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Tempo suficiente para causar mortalidade de até 50% em aviários de alta densidade, conforme estudos da Embrapa.
Mesmo diante de um cenário tão alarmante, a maior parte dos produtores segue desprotegida. Uma análise da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em parceria com consultorias especializadas, revela que 95% das apólices contratadas atualmente são inadequadas. O dado mais preocupante: 93% dos seguros não oferecem cobertura para mortalidade por falta de energia elétrica, um dos principais riscos enfrentados pelo setor.

Foto: José Fernando Ogura
A vulnerabilidade aumenta quando se constata que apenas 35% dos aviários contam com sistemas completos de geração alternativa, como geradores ou energia solar. O impacto financeiro de eventos extremos pode ser devastador. Um único episódio de mortalidade massiva pode gerar perdas diretas entre R$ 200 mil e R$ 500 mil por aviário, sem contar os prejuízos indiretos, que podem ser três ou quatro vezes maiores.
A diferença entre ter ou não um seguro adequado é determinante para a continuidade da produção. Produtores desprotegidos demoram, em média, oito meses para retomar as atividades, enquanto aqueles com cobertura completa conseguem reerguer-se em até dois meses.
Foi o que viveu Geovana Weber Ricardo, produtora em Abelardo Luz (SC), que teve seu aviário destruído por uma microexplosão, fenômeno até então desconhecido por ela. “Eu nem sabia que isso existia até acontecer aqui. Se não fosse o seguro, eu teria parado tudo e ficado com dívidas por cinco ou seis anos. O investimento era alto: forno, placas evaporativas, energia solar, gerador… perdi tudo, mas consegui reerguer”, conta.
A proteção da cadeia produtiva já é realidade para muitos dos grandes frigoríficos, que contratam seguros para todos os aviários integrados. Em alguns casos, o custo é absorvido pela indústria; em outros, repassado ao produtor. Seja qual for o modelo, o seguro tem se mostrado uma ferramenta essencial para garantir o abastecimento, a resiliência produtiva e a sustentabilidade da avicultura nacional frente a eventos cada vez mais imprevisíveis.

Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
Avicultura
Frango congelado registra estabilidade após leves ajustes de preço
Após recuos pontuais ao longo de dezembro, a cotação se mantém sem variação diária e acumula leve queda de 0,25% no mês, segundo dados do Cepea/Esalq.

Os preços do frango congelado no mercado paulista mantiveram-se estáveis nesta terça-feira (16), de acordo com dados do Cepea/Esalq. A cotação permaneceu em R$ 8,09 por quilo, sem variação diária.
Na comparação com o dia anterior, o valor já havia recuado 0,25% na segunda-feira (15), quando o produto passou de R$ 8,11 para R$ 8,09. O movimento de queda teve início no fim da semana passada, após o frango congelado atingir R$ 8,13 por quilo nos dias 10 e 11 de dezembro, período em que os preços ficaram estáveis.
No acumulado do mês, o mercado registra leve retração de 0,25%, refletindo um cenário de ajustes nas negociações ao longo de dezembro. Desde o dia 12, quando a cotação estava em R$ 8,11, o produto perdeu R$ 0,02 por quilo, consolidando o patamar atual.
O comportamento dos preços indica acomodação do mercado no Estado de São Paulo, com oscilações pontuais e sem novos movimentos de alta no curto prazo, segundo o acompanhamento do Cepea.
Avicultura
Exportações de carne de peru do Paraná crescem em 2025
Embarques e receitas avançam no ano e sinalizam retomada gradual do setor após reestruturação da produção no estado.

As exportações de carne de peru no Paraná voltaram a crescer em 2025. Dados do Agrostat Brasil, plataforma do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), mostram alta nos embarques e nas receitas geradas pelo segmento da proteína. Entre janeiro e outubro deste ano, o Estado exportou 12,2 mil toneladas de carne de peru, com receitas de US$ 38,7 milhões. Na comparação com o mesmo período de 2024, o setor paranaense registrou altas de 12,7% e 53,9%, respectivamente.
O Paraná já foi o maior produtor nacional de perus. Em 2018, com o fechamento da planta de abates da BRF em Francisco Beltrão, na região Sudoeste, o setor diminuiu a produção e diversos avicultores migraram para outras atividades, como a criação de frangos de corte.
Em 2021, a BRF retornou ao município do Sudoeste, após a habilitação de uma planta de abates de peru para exportação ao México, maior parceiro comercial do Brasil nesse tipo de proteína.
Desde então, o Paraná vem retomando gradualmente a produção dessa ave para se aproximar dos patamares da década passada. Hoje, o Paraná ocupa a terceira posição no ranking nacional.
“O Sistema Faep esteve junto do produtor durante a crise no setor e vê com bons olhos essa retomada na produção e exportação de perus. Essa atividade tem um papel importante para a avicultura paranaense e esperamos que siga com esses bons índices para o próximo ano”, avalia o presidente interino do Sistema Faep, Ágide Eduardo Meneguette.
Mercado interno

Paraná deve terminar 2025 com o maior crescimento na exportação de perus entre os estados da Região Sul
A produção de perus tem algumas particularidades em relação a outras proteínas. Uma delas é a importância do mercado interno no escoamento dos abates.
Em 2024, segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, 49,6% dessa carne foram consumidas dentro do país, enquanto o restante seguiu para exportação. Na média, o consumo interno da proteína é de 297 gramas por habitante.
Historicamente, o peru produzido no Brasil passou por uma redução no tempo e peso de abate. Até a década de 1980, a ave era abatida com até 19 quilos, em um período de 112 a 140 dias. Atualmente, essas marcas reduziram para cinco quilos e janela de 60 a 62 dias.



