Notícias Vulnerabilidade no campo
Seguro rural cobre apenas 16% da área agrícola
Restrição orçamentária e métodos antiquados aumentam riscos de perdas financeiras; digitalização pode tornar o sistema mais preciso e sustentável.

O seguro rural brasileiro finaliza 2025 pressionado por uma combinação de restrição fiscal e envelhecimento técnico que já compromete a proteção no campo. O congelamento de R$ 445 milhões do orçamento destinado ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural, que deveria contar com R$ 1,06 bilhão, evidencia a dependência de um modelo que não consegue funcionar sem forte aporte estatal. Em um país cuja produção agrícola responde por mais de R$ 800 bilhões anuais, segundo o Ministério da Agricultura, operar com um sistema vulnerável significa expor produtores e seguradoras a riscos crescentes em um cenário climático cada vez mais extremo.
Essa vulnerabilidade fica ainda mais evidente ao observar a baixa cobertura do seguro rural. Apenas 11,4 milhões de hectares estiveram segurados em 2023, cerca de 16% da área agrícola relevante. Ao mesmo tempo, os eventos climáticos se intensificam: 2023 foi registrado pela Organização Meteorológica Mundial como o ano mais quente da história, e o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas projeta maior frequência e severidade de extremos em regiões tropicais. Com grande parte do país descoberta e a instabilidade atmosférica crescendo, os impactos financeiros de uma safra perdida recaem diretamente sobre milhares de produtores sem qualquer proteção.

Foto: Shutterstock
Parte do problema está no modelo tradicional de cálculo de risco. A utilização de médias regionais ignora diferenças significativas entre talhões, como fertilidade, manejo, histórico de pragas e microclima, gerando o chamado risco de base. Essa imprecisão cria um ciclo problemático: seguradoras aumentam margens para compensar incertezas, produtores percebem desalinhamento entre risco real e risco cobrado, a adesão diminui e a dependência de subsídios se intensifica. Assim, o setor permanece preso a um modelo que dificulta o amadurecimento técnico e a sustentabilidade do seguro rural.
Felizmente, avanços tecnológicos oferecem uma alternativa para quebrar esse ciclo. A digitalização do agronegócio avança rapidamente: a GS1 Brasil registra crescimento contínuo na adoção de soluções digitais, e a Embrapa mostra que mais de 70% dos produtores utilizam ferramentas tecnológicas no manejo. Dados de sensores, mapas de produtividade, histórico climático e imagens de satélite permitem análises detalhadas. Combinados a inteligência artificial e monitoramento contínuo, esses recursos possibilitam precificação mais precisa, reduzem a assimetria entre produtor e seguradora e aceleram processos que antes levavam dias.
Transformar essa infraestrutura de dados em política pública estratégica e modelo de negócio sustentável é crucial para expandir o seguro rural. Um ambiente de contratação mais justo e transparente tende a reduzir prêmios, estimular competição entre seguradoras e diminuir a vulnerabilidade financeira do produtor. Em um cenário de clima cada vez mais imprevisível, a simples ampliação de subsídios não resolve as falhas técnicas que elevam o risco de base. Construir um seguro rural moderno, preciso e orientado por dados é, portanto, o passo necessário para consolidar o setor como pilar de estabilidade econômica e de resiliência frente às mudanças climáticas.

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Dia de Campo de Primavera da C.Vale recebe 20 mil visitantes
Evento antecipado para dezembro registra aumento de 66% na participação e premia melhores do sistema de integração avícola.

O Dia de Campo de Primavera da C.Vale encerrou sua edição 2025 com recorde de público. Entre terça (02) e quinta-feira (04), 20 mil pessoas passaram pelo campo experimental da cooperativa em Palotina (PR), superando em 66% os 12 mil visitantes da edição anterior, realizada em janeiro.
A antecipação do evento, antes programado para janeiro, foi uma estratégia da C.Vale para evitar o período de colheita da soja no oeste do Paraná, facilitando a participação dos produtores. “A decisão de antecipar o Dia de Campo se mostrou acertada por sair do período de colheita e permitir maior presença dos produtores”, destacou Alfredo Lang, presidente do Conselho de Administração da cooperativa.
Ele também confirmou que a próxima edição será de 01º a 03 de dezembro de 2026.
O evento contou com a participação de 147 empresas, quatro instituições de pesquisa, uma instituição de ensino e quatro instituições financeiras, consolidando-se como um espaço de atualização tecnológica e networking no agronegócio regional.
Premiação na avicultura
Durante o encerramento, a C.Vale premiou os melhores profissionais de seu sistema de integração avícola. Na categoria Promob (Programa de Monitoramento e Organização de Biosseguridade), a vencedora foi Anaí Bacci Naves, de Assis Chateaubriand. Na categoria Conversão Alimentar, Mário Toshio Yassue, de Terra Roxa, recebeu o primeiro lugar.
Outros destaques da premiação:
- Produtores Promob: 2º lugar Marcio Michelon, 3º lugar Leani Zeretski
- Produtores Conversão: 2º lugar Odair Favaro, 3º lugar Antônio Pavaneli
- Técnicos: Alisson Zschornack (Promob), Arion Ramos (Conversão)
- Equipes de apanha: 1º turno GLA, 2º turno WB Della Valentina
- Transportadoras: 1º Clair Paludo Transportes, 2º Lorenzo HS Transportes, 3º Pires & Santos Transportes
A iniciativa reforça a importância do Dia de Campo como vitrine de tecnologias, práticas de manejo e reconhecimento de desempenho, conectando produtores, empresas e instituições de pesquisa em prol do desenvolvimento do agronegócio no Paraná.
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Sindirações projeta produção de 90 milhões de toneladas de ração em 2025
Entre janeiro e setembro, produção já cresceu 2%, puxada por avicultura, suinocultura e modernização da aquicultura.

O Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) anuncia a prévia do balanço do setor referente aos nove primeiros meses de 2025, indicando que a indústria brasileira de alimentação animal alcançou 66,5 milhões de toneladas de rações entre janeiro e setembro, um crescimento de 2% em relação ao mesmo período de 2024. O avanço, aliado à projeção de 90 milhões de toneladas ao final do ano, alta de 2,8%, reflete exclusivamente o desempenho do segmento de rações, já que os números de sal mineral ainda não foram consolidados. O setor como um todo é composto pela soma de rações e sal mineral.
De acordo com Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações, os números reforçam a capacidade de adaptação do setor em um cenário global ainda marcado por incertezas. “A indústria de alimentação animal permanece resiliente mesmo diante das incertezas globais, sustentada por eficiência, inovação e forte base produtiva”, enfatiza.
PRODUÇÃO DE RAÇÕES
(milhões de toneladas)

*Estimativa | **Previsão
Avicultura mantém estabilidade

Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações: “A indústria de alimentação animal permanece resiliente mesmo diante das incertezas globais, sustentada por eficiência, inovação e forte base produtiva” – Foto: Divulgação
A avicultura de corte registrou 28 milhões de toneladas de rações consumidas até setembro, mantendo-se estável apesar dos embargos relacionados à influenza aviária. Segundo a ABPA, a produção de carne de frango deve superar 15 milhões de toneladas, impulsionada pelo consumo interno, atualmente estimado em 47,8 kg por habitante ao ano.
Zani destaca a maturidade do segmento. “O dinamismo da avicultura brasileira reflete maturidade tecnológica, previsibilidade nutricional e capacidade de resposta rápida diante das adversidades sanitárias”, evidencia, destacando que a expectativa é alcançar 37,9 milhões de toneladas de rações até o fim de dezembro.
Postura comercial cresce sustentada pela demanda doméstica
Segundo o IBGE, a produção de ovos avançou 2,8% na comparação entre os terceiros trimestres de 2024 e 2025. O consumo de rações para postura atingiu 5,6 milhões de toneladas, impulsionado pelo crescimento estrutural da demanda interna.
O setor deve concluir o ano com 7,4 milhões de toneladas produzidas. Zani reforça o papel social e nutricional do ovo. “O ovo segue como proteína estratégica do ponto de vista nutricional e econômico, o que sustenta o crescimento contínuo do setor de postura”, ressalta.
Suinocultura avança com eficiência
A suinocultura consumiu 16,4 milhões de toneladas de rações entre janeiro e setembro. Apesar de exportações firmes, a pequena sobreoferta doméstica manteve os preços do animal vivo relativamente estáveis.
O setor deve encerrar 2025 com 22 milhões de toneladas consumidas. “A suinocultura brasileira demonstra elevada eficiência zootécnica e adaptação estratégica aos movimentos de mercado”, afirma Zani.
Pecuária leiteira enfrenta demanda retraída
O setor registrou aumento de 8% na captação formal de leite, favorecido por condições climáticas adequadas e custos operacionais estáveis. Contudo, a demanda estagnada e a intensificação da concorrência de produtos importados limitaram os resultados.
O consumo de rações somou 5,6 milhões de toneladas, com estimativa de chegar a 7,3 milhões até dezembro. Zani avalia que o momento exige evolução contínua: “A pecuária leiteira exige reinvenção permanente, dada a pressão competitiva das importações e a necessidade de ganho contínuo de eficiência”, menciona.
Bovinos de corte registram melhora nas margens
O segmento consumiu 5,3 milhões de toneladas de rações até setembro. Custos menores de concentrados, reposição mais acessível e estabilidade na arroba contribuíram para margens mais favoráveis, especialmente no segundo giro do ano.
A previsão é superar 7,7 milhões de toneladas produzidas até dezembro. “O confinamento brasileiro se consolida como peça-chave para regular oferta, ampliar produtividade e garantir previsibilidade ao mercado de carne bovina”, expõe Zani.
Aquicultura mantém trajetória de crescimento
A aquicultura brasileira consumiu 1,3 milhão de toneladas de rações nos nove primeiros meses de 2025. A piscicultura industrial enfrentou impactos do tarifaço dos EUA e da concorrência asiática, ao passo que a carcinicultura se destacou pela adoção de tecnologias como alimentadores automáticos e manejos mais precisos, aumentando a produtividade por hectare.
A produção de rações deve alcançar 1,9 milhão de toneladas no ano. “A aquicultura brasileira tem espaço extraordinário de expansão, especialmente à medida que incorpora automação e precisão nutricional”, exalta o CEO do Sindirações.
Pet food acompanha tendência de humanização dos animais de companhia
O setor de alimentação para pets consumiu aproximadamente 3 milhões de toneladas entre janeiro e setembro. A estimativa para o ano é de 4 milhões de toneladas, distribuídas entre cães (80%), gatos (19%) e demais espécies como pássaros, peixes ornamentais, répteis e pequenos mamíferos (1%).
Setor reafirma robustez e protagonismo global
A cadeia de proteína animal segue apoiada em avanços tecnológicos, padronização nutricional e eficiência zootécnica, mantendo competitividade mesmo diante de barreiras tarifárias recentes. “A nutrição de precisão e os sistemas intensivos consolidam a previsibilidade técnica, reforçam a eficiência econômica e asseguram ao Brasil uma posição estratégica entre os maiores players globais de proteína animal”, salienta Zani.
PRODUÇÃO DE RAÇÕES
(milhões de toneladas e evolução percentual)

Fonte: Sindirações
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Aumento do calado impulsiona recorde histórico de embarque de milho em Paranaguá
Com navios mais carregados, porto paranaense estabelece nova marca de 77 mil toneladas e reforça sua posição estratégica nas exportações brasileiras.

O aumento do calado no Porto de Paranaguá é um dos principais responsáveis pelo primeiro recorde registrado no mês de dezembro. O navio MV Minoan Pioneer foi a embarcação que, na primeira semana de dezembro, estabeleceu o novo marco de movimentação de milho no Corredor de Exportação Leste: 77 mil toneladas embarcadas.
O calado é a distância entre a superfície da água e o ponto mais profundo da embarcação, a quilha. Quanto maior o calado, maior a capacidade de carregamento.
A disponibilidade de um calado maior favorece a produtividade geral do Porto de Paranaguá que neste ano vai bater, novamente, o próprio recorde de embarque e desembarque de mercadorias. “Nosso objetivo é receber navios cada vez maiores, que possam embarcar mais mercadorias, mantendo a excelência no atendimento. Este recorde é prova de que estamos no caminho certo”, afirmou o diretor-presidente da Portos do Paraná, Luiz Fernando Garcia.

Fotos: Claudio Neves
Em setembro de 2025, o calado operacional dos berços destinados a granéis sólidos — incluindo milho e soja — no Porto de Paranaguá subiu de 13,1 m para 13,3 m. Com esse aumento de 20 centímetros, cada embarcação pode transportar até 1,5 mil toneladas a mais do que na marca anterior. “A possibilidade de navios mais carregados, aliada à nossa eficiência operacional, consolida o Porto de Paranaguá como ponto estratégico para exportação de grãos, contribuindo para a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado internacional”, destacou o diretor de Operações Portuárias da Portos do Paraná, Gabriel Vieira.
O milho foi a commodity que mais cresceu em produtividade nos portos paranaenses entre janeiro e novembro deste ano. No acumulado de 2025, foram 4.571.970 toneladas movimentadas, um avanço de 351% em relação ao mesmo período de 2024 (1.013.174 toneladas). Entre os fatores que impulsionaram o crescimento no corredor de exportação estão a safra recorde e a maior demanda internacional.
O alto índice registrado em Paranaguá contrasta com o desempenho nacional, em que a exportação do produto não segue a mesma tendência. O Brasil deve fechar 2025 com mais de 140 milhões de toneladas colhidas, mas a maior parte foi absorvida pelo mercado interno, principalmente pela produção de etanol. Cerca de 40 milhões de toneladas estão sendo destinadas à exportação — a maior parte embarcada em Paranaguá. Países do Oriente Médio e da Ásia estão entre os principais compradores.
Canal de acesso
O resultado alcançado no embarque de milho, favorecido pelo novo calado, é apenas uma demonstração do que está por vir no Porto de Paranaguá com a efetivação da concessão do Canal de Acesso.
Com o leilão realizado em outubro deste ano na B3, o Consórcio Canal da Galheta Dragagem — formado pelas empresas FTS Participações Societárias S.A., Deme Concessions NV e Deme Dredging NV — deverá realizar investimentos de R$ 1,2 bilhão nos cinco primeiros anos da concessão.
Entre as obrigações está a ampliação e o aprofundamento do canal, permitindo o aumento do calado para 15,5 metros. Esse acréscimo de mais de dois metros representa um adicional de 14 mil toneladas de granéis sólidos vegetais ou de mil contêineres em um único navio. A concessionária também deverá realizar a manutenção do canal, que possui 34,5 km de extensão.









