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VOZ DO COOP

Suínos / Peixes Em Itajaí (SC)

Segunda edição da ExpoMar demonstra potencial do setor de pescados com sabor, tecnologias e negócios

Evento solidificou ainda mais a cidade catarinense de Itajaí como a capital nacional da pesca, reuniu gastronomia com a Cozinha Show e o Corredor do Sabor, encantando o público com as possibilidades dos pescados.

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Mais de quatro mil inscritos, 24 horas de painéis e palestras e uma marca que ultrapassou R$ 60 milhões em negócios gerados por mais de 60 expositores. Esses são os números gerais da segunda edição da ExpoMar, realizada de 09 a 11 de julho, em Itajaí (SC). O evento, que solidificou ainda mais o município como a capital nacional da pesca, reuniu gastronomia com a Cozinha Show e o Corredor do Sabor, encantando o público com as possibilidades dos pescados.

A economia azul esteve em evidência na feira e no congresso. A ExpoMar reuniu 62 conferencistas renomados do Brasil, Canadá, Chile e Oriente Médio no Congresso Internacional da Pesca e Maricultura e no Simpósio Catarinense da Piscicultura. Em mais de 20 painéis, palestras e workshops, que totalizaram 24 horas de conteúdo, foram debatidas mudanças climáticas, consumo, linhas de crédito e desafios do setor. Todas as apresentações tiveram transmissão ao vivo e estão disponíveis no site www.expomar.com.br para serem revistas.

pescaO tema central de todo o conteúdo da ExpoMar, “Transformação Azul na Pesca e Aquicultura”, está alinhado ao conceito da FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), propondo uma visão sustentável para a aquicultura, gestão eficaz na pesca e melhoria na cadeia de valor.

A ExpoMar foi palco ainda do Encontro Mulheres das Águas Empreender – já realizado em Foz do Iguaçu e Belém do Pará. Em Itajaí, o encontro contou com o patrocínio exclusivo da Caixa Econômica Federal e Governo Federal. “Reunimos armadoras de pesca, mulheres do mercado, pescadoras artesanais e piscicultoras em um momento amigável e rico em torno do protagonismo feminino no setor do pescado”, destacou a diretora da ExpoMar, Eliana Panty.

Fotos: Divulgação/ExpoMar

Com mais de 60 expositores, a feira da ExpoMar reuniu empresas nacionais e multinacionais com tecnologias revolucionárias e muita inovação para os setores da pesca, maricultura e aquicultura. Motores de última geração que prometem aumentar o rendimento com menor impacto ambiental, sonares com capacidade de localizar cardumes uniformes, tornando a pesca mais assertiva. Instituições de crédito apresentaram as novas linhas do Plano Safra 2024/25, além de robótica, tecnologias em transporte e logística. O resultado foi mais de R$ 60 milhões gerados e outros milhares prospectados.

Novidade na ExpoMar, a Cozinha Show convidou cinco chefs renomados para preparar pratos à base de peixes, frutos do mar e algas, em parceria com a Universidade do Vale do Itajaí (Univali). Além das aulas de gastronomia, que movimentaram os três dias de evento, a Cozinha Show foi palco do ritual de corte de um atum de mais de 100 quilos e apresentação do camarão carabineiro, preparado pelo ex-masterchef Victor Hugo Garcia. A programação da Cozinha Show foi gratuita e direcionada ao público presente na ExpoMar.

Na feira de negócios da ExpoMar, o Corredor do Sabor reuniu sete empresas convidadas que produzem/processam pescados, entre outros negócios que valorizam insumos locais e a biodiversidade. O espaço encantou o público com as iguarias e produtos artesanais apresentados: ostras frescas, bottarga, peixes defumados, rollmops, macroalga, queijos artesanais e cachaças produzidas em Santa Catarina.

A ExpoMar encerrou no dia 11 de julho com a preparação da Maior Paella do Brasil, que marcou ainda o lançamento da XXI Semana Nacional do Pescado, que ocorrerá em setembro. Em um tacho com 4 metros de diâmetro, 1500 quilos de frutos do mar, 400 quilos de arroz e chefs dedicados a cozinhar por mais de quatro horas, foram os ingredientes da preparação. A paella gigante foi feita com a participação de empresas locais e foi servida gratuitamente ao público presente no Centreventos Luiz Henrique da Silveira no encerramento do evento.

ExpoMar surpreendeu

Nesta segunda edição da ExpoMar foi possível participar e assistir à Transformação Azul em ação, destaca a diretora do evento, Eliana Panty. “Milhares de profissionais do setor trocando conhecimentos e expertises em um congresso dinâmico e workshops focados nas demandas do setor pesqueiro, como as revoluções de eficiência no setor naval”. Ainda, acrescentou, “mais de 60 especialistas compartilharam os últimos avanços do setor e apresentaram soluções sustentáveis para a cadeia de suprimentos”, frisou.

CEO da ExpoMar, Eliana Panty: “ilhares de profissionais do setor trocando conhecimentos e expertises em um congresso dinâmico e workshops focados nas demandas do setor pesqueiro, como as revoluções de eficiência no setor naval” 

A ExpoMar, afirma Panty, foi uma oportunidade de “contemplarmos o resultado dessa riqueza que os mares e rios oferecem para a gastronomia”. Na mesa, a riqueza das águas foi um espetáculo à parte, destacou ela, “com a apresentação de um belo exemplar de um atum-de-olhos-grandes, da espécie Thunnus obesus com mais de 100 quilos. A ExpoMar, afirma, foi uma verdadeira vitrine da diversidade da costa brasileira que pôde ser observada e provada ao vivo”.

Para Panty, “a ExpoMar se consolida como o maior evento do setor de pescados, gerando negócios e relacionamento para nossos parceiros expositores que realizaram negócios que superam os R$ 60 milhões”, informou. “Foram comercializados quatro grandes motores que valem mais de meio milhão de reais cada, foram apresentadas as sondas mais modernas do mundo, gerando negócios que superam R$ 5 milhões”, enfatizou. “O propósito de tornar a pesca brasileira relevante e reconhecida como geradora de emprego e renda, geradora de divisas internacionais dentro dos mais rígidos padrões de segurança e sustentabilidade nos enche de orgulho”, finalizou Eliana Panty.

Presidente da ExpoMar, Altemir Gregolin: “oi um evento lindo, vibrante, repleto de inovações, conteúdo e um recorde de público”

O presidente da ExpoMar, Altemir Gregolin, afirmou que a segunda edição do evento surpreendeu em todos os aspectos. “Foi um evento lindo, vibrante, repleto de inovações, conteúdo e um recorde de público. Destaque para os mais de quatro mil inscritos, R$ 60 milhões em negócios, um congresso com 62 conferencistas de 6 países e a área da gastronomia com Corredor do Sabor, Cozinha Show e a maior paella do Brasil, que serviu de atração para o público e para a imprensa”, destacou. “A ExpoMar está consolidada como o maior evento da pesca e maricultura do país”, frisou.

“Ficamos muito felizes de trazer para Itajaí, a capital nacional da pesca, os debates sobre o futuro da cadeia produtiva do pescado e de vários segmentos que congregam a economia azul”, destacou Agnaldo Hilton dos Santos, presidente do Sindipi (Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região), entidade co-organizadora da ExpoMar. “Para além do sucesso da Feira de Negócios e dos importantes temas trazidos nos congressos, a gastronomia foi o grande destaque. Agradecemos imensamente nossos associados e parceiros por nos ajudarem a proporcionar essa festa gastronômica, que serviu gratuitamente milhares de pessoas com o que há de melhor dos sabores que vêm do mar. Em 2026 tem mais e já estamos nos preparando para isso”, finalizou o presidente do Sindipi.

Realização, patrocínio e apoio

A ExpoMAR é promovida pelo IFC Brasil – International Fish Congress & Fish Expo Brasil com a correalização do SINDIPI – Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região, Univali – Universidade do Vale do Itajaí, Fundep – Fundação de Apoio ao Ensino, Extensão, Pesquisa e Pós-Graduação e prefeitura de Itajaí-SC.

Tem o patrocínio da Secretaria de Aquicultura e Pesca de Santa Catarina, Caixa Econômica Federal, Ministério da Pesca e Aquicultura, Governo Federal, Banco do Brasil, BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul), Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), Fiesc (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina) e Faesc/Senar Santa Catarina.

A ExpoMar tem o apoio da Abipesca – Associação Brasileira das Indústrias de Pescados, ACAQ – Associação Catarinense de Aquicultura, Epagri – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina, Conepe – Coletivo Nacional da Pesca e Aquicultura, IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina), Peixe BR – Associação Brasileira da Piscicultura e UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina).

Fonte: Assessoria ExpoMar

Suínos / Peixes

Apesar dos custos de produção em queda, desafios persistem na suinocultura

Na gestão de uma granja de suínos, o controle de custos desempenha um papel extremamente importante. A médica-veterinária Nicolle Andreassa Wilsek reforça que a gestão financeira e de dados é
essencial para tomar decisões assertivas, gerenciar recursos e garantir uma maior lucratividade para o produtor.

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Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

A suinocultura, um dos pilares da agroindústria nacional, enfrenta desafios constantes, entre os quais o custo de produção se destaca como um dos mais significativos. O setor, altamente dependente de fatores como preços de insumos, produtividade e condições de mercado, é fortemente influenciado pelas variações desses elementos. Nesse contexto, o custo de produção afeta a rentabilidade dos produtores e a competitividade do setor no mercado global.

Médica-veterinária e técnica do Departamento Técnico e Econômico do Sistema Faep/Senar-PR, Nicolle Andreassa Wilsek: “Os desafios relacionados ao custo de produção na suinocultura residem na manutenção do equilíbrio entre os gastos e as receitas” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

O último ano encerrou com os custos de produção na atividade atingindo a marca de R$ 6,20 por quilo vivo, queda de 23,16% em relação ao ano anterior, de acordo com dados da Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS) da Embrapa Suínos e Aves.

Santa Catarina, líder nacional na produção de suínos e referência para os cálculos do CIAS, registrou em março uma queda de 1,42% em relação a fevereiro, com o custo de produção por quilo de suíno vivo chegando a R$ 5,61 em sistema de ciclo completo. No acumulado do ano, houve uma redução de -9,52%, fazendo com que o ICPSuíno atingisse 321,12 pontos. Essa diminuição foi impulsionada pelo custo da alimentação dos suínos, que caiu para R$ 4,09, representando 73,33% do custo total.

Composição dos custos de produção

A médica-veterinária e técnica do Departamento Técnico e Econômico do Sistema Faep/Senar-PR, Nicolle Andreassa Wilsek, explica que os custos de produção na suinocultura são compostos por quatro categorias principais: os custos variáveis, que flutuam de acordo com o nível de produção, englobam despesas diretas do produtor e têm o maior impacto nos custos, incluindo genética, produtos veterinários, mão-de-obra, alimentação, transporte, energia e combustíveis, manutenção e conservação, EPIs, seguros, equipamentos, despesas financeiras, administrativas e ambientais; os custos fixos, por outro lado, ocorrem independentemente da produção e incluem depreciação de máquinas, equipamentos e edificações, além de pagamentos de capital investido na atividade; já os custos operacionais são a soma dos custos variáveis e depreciação; enquanto o custo total é a soma dos custos variáveis e fixos, excluindo o custo operacional.

Impacto direto

O preço dos insumos tem um impacto direto no custo de produção, especialmente porque a alimentação representa uma parcela significativa dos custos no setor, variando de 60 a 70%. “O aumento dos preços do milho e da soja tem um impacto imediato no aumento do custo de produção. Esse efeito também se estende a outros tipos de insumos, como energia elétrica, produtos veterinários, EPIs, entre outros”, expõe Nicolle, que tratou sobre o tema no início de abril durante o Inovameat Toledo, que se destaca como um dos principais encontros dedicados à proteína animal no Paraná.

Gestão financeira

Na gestão de uma granja de suínos, o controle de custos desempenha um papel extremamente importante. A médica-veterinária reforça que a gestão financeira e de dados é essencial para tomar decisões assertivas, gerenciar recursos e garantir uma maior lucratividade para o produtor. “É muito importante para obter um retorno maior, para atenuar os gastos desnecessários e para conservar o patrimônio, preconizando a eficiência econômica e financeira da granja”, enfatizou.

Quanto às estratégias para diminuir os custos de produção na suinocultura, a profissional destaca a importância de identificar os gargalos dentro da granja, isso inclui evitar desperdícios, como de ração, vazamentos de água e a presença de fêmeas improdutivas, entre vários outros fatores que devem estar no radar do produtor.

E da porteira para fora da granja, Nicolle cita a necessidade de pensar na organização industrial, que envolve adequação do peso de abate, adequação de formulações nutricionais e logística de transportes.  “Os desafios relacionados ao custo de produção na suinocultura residem na manutenção do equilíbrio entre os gastos e as receitas, o que é alcançado por meio de bons índices zootécnicos, práticas eficientes de gestão e considerações ambientais equilibradas”, evidencia.

A profissional menciona que a suinocultura se beneficia de diversas tecnologias que podem contribuir para diminuir os custos da atividade. “Nas granjas a automação ajuda a reduzir a necessidade de mão de obra, enquanto o uso de energias renováveis, como solar e biodigestor, auxilia na diminuição dos custos com energia elétrica e combustíveis”, relata, acrescentando: “E a escala de produção influência de forma direta os custos na suinocultura, por isso que quanto mais animais produzindo, mais eficiência terá a propriedade e, consequentemente, maior rentabilidade. Além de otimizar logística de transporte, alimentação e demais suprimentos”, aponta.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de suinocultura acesse a versão digital de Suínos, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suínos / Peixes No Paraná

Vizinhos compartilham biodigestor para produzir energia limpa da suinocultura

Para viabilizar um sistema de produção de energia limpa, dois produtores de Itaipulândia, no Oeste, decidiram compartilhar um biodigestor e um gerador. Com isso, ambos conseguem baratear contas de luz e ainda manejar os resíduos da produção de maneira ambientalmente responsável.

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A cerca que divide as propriedades de José Valdir Genaro e Ari Facioni, em Itaipulândia, no Oeste do Paraná, é uma mera formalidade quando o assunto é sustentabilidade na suinocultura. Para viabilizar um sistema de produção de energia limpa, os produtores decidiram compartilhar um biodigestor e um gerador. Com isso, os dois conseguem baratear suas contas de luz e ainda manejar os resíduos da produção de maneira ambientalmente responsável.

Usina de BioGás – produção de energia gerada a partir, neste caso, dos dejetos de suínos -, em Itaipulândia, região Oeste do Paraná.- Fotos: Roberto Dziura Jr./AEN

O compartilhamento do sistema também permite que o investimento feito pelos produtores se pague mais rápido, com uma produção diária de energia ainda maior. O modelo também serve de exemplo para pequenos produtores, que individualmente não teriam fôlego financeiro ou volume de dejetos para manter um sistema sozinho.

A história dos produtores é tema da série de reportagens “Paraná, energia verde que renova o campo”, que mostra exemplos de adesão ao programa RenovaPR e ao Banco do Agricultor Paranaense para implantar sistemas de energias sustentáveis em suas propriedades.

“Para o meu vizinho montar o gerador, a quantidade de suínos que ele tinha não seria suficiente para a finalidade que ele tinha imaginado, então ele me convidou para fazer uma parceria, cedendo o esterco dos meus animais para aumentar a capacidade de geração de energia”, explica Ari Facioni.

Com a soma dos dejetos dos 3 mil suínos da propriedade de Genaro e de 1,8 mil da propriedade de Facioni, o gerador instalado por eles produz cerca de 75 kilowatts por hora, funcionando mais de 12 horas por dia. O volume é suficiente para dar independência energética para as duas propriedades de maneira limpa e renovável. “É algo que dá conforto para nós. É uma despesa a menos que nós temos, com perspectiva, inclusive, de render uma renda extra com a venda da energia excedente para a rede”, conta Genaro.

Sistema

A geração de energia a partir dos dejetos e resíduos orgânicos acontece em duas etapas. Na primeira, os restos de ração, fezes, urina e carcaças são depositados em um poço cavado no chão e coberto por uma lona especial, chamado de biodigestor, onde passar por reações químicas que produzem o biogás. Depois, os gases passam por um gerador que os transforma em energia.

Além da energia, o sistema garante o manejo adequado dos dejetos dos animais, um dos maiores passivos da suinocultura atualmente. Com os biodigestores, todos os resíduos têm uma destinação ambientalmente correta, dentro da propriedade. “Dar destino para os dejetos e as carcaças era um serviço complicado, quase insalubre, com muita mosca e mau cheiro. Hoje o material é depositado no biodigestor e o manejo é muito mais limpo e fácil”, explica Genaro.

Os processos químicos do sistema também produzem um composto que pode ser devolvido à lavoura ou ao pasto da propriedade como um fertilizante rico em nutrientes. “Os resíduos voltam como um adubo tratado, de boa qualidade, que não queima a terra”, afirma o produtor Ari Facioni.

Sem este processo, o depósito destes dejetos é altamente prejudicial ao meio ambiente. Por causa disso, muitos suinocultores só conseguem aumentar suas produções ao construírem biodigestores nas suas propriedades. “Muitos agricultores não produzem mais porque isso significa dar destinação a mais dejetos. Sem este processo, os dejetos produzem muitos agentes contaminantes. Por outro lado, quando ele passa pelo biodigestor, ele se transforma em um fertilizante natural que deixa de ser agressivo ao meio ambiente”, explica o diretor ambiental da Prefeitura de Itaipulândia, Altair Ruschel.

Apoio

O investimento feito para a instalação de todo o sistema, que também conta com um triturador de carcaças, foi de cerca de R$ 800 mil e contou com o incentivo do Programa Paraná Energia Renovável (RenovaPR), do Governo do Estado.

O empréstimo para a construção do sistema foi feito a juro zero, por meio do Banco do Agricultor Paranaense, como forma de estimular a transformação energética no campo. O programa é uma iniciativa do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, e conta com recursos financeiros do Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE), administrado pela Fomento Paraná.

Ao todo, a subvenção de juros por meio do Governo do Estado para projetos deste tipo já passou de R$ 231 milhões desde 2021. Com este estímulo, já foram investidos mais de R$ 4,2 bilhões em 34 mil projetos de energia renovável em todo o Estado.

Em Itaipulândia, um programa da prefeitura da cidade em parceria com a Itaipu Binacional também oferece subsídio para a instalação dos biodigestores e fornece os geradores em consignação aos suinocultores. “Era uma vontade antiga instalar um sistema destes para gerar energia e dar a destinação para os resíduos da produção. Só assim a gente vai conseguir aumentar a nossa produção. Graças ao subsídio do RenovaPR a gente conseguiu concluir um projeto como este”, diz José Valdir Genaro.

Economia

A produção de suínos para corte é a quinta cultura agropecuária com maior Valor Bruto da Produção (VBP) do Paraná, com R$ 8,45 bilhões movimentados em 2023, de acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral). Este valor representa 4,27% de toda a economia do campo paranaense.

A região Oeste do Paraná, onde fica Itaipulândia, concentra a maior parte desta produção. A cidade é a sétima maior produtora de suínos do Estado, com R$ 246 milhões em VBP a partir da suinocultura. Toledo (R$ 1,25 bilhão), Santa Helena (R$ 560 milhões), Missal (R$ 482 milhões) e Marechal Cândido Rondon (R$ 450 milhões) são as maiores produtoras do Paraná.

Na comparação com outros estados, o Paraná é o segundo maior produtor do Brasil, com 3,1 milhões de suínos abatidos no primeiro trimestre de 2024, segundo dados da Pesquisa Trimestral de Abate de Animais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Santa Catarina lidera a produção nacional, com 4,1 milhões de animais abatidos. Rio Grande do Sul (2,3 milhões) e Minas Gerais (1,4 milhão) e São Paulo (735 mil) completam a lista de cinco maiores produtores do Brasil.

Série de reportagens

A série de reportagens “Paraná, energia verde que renova o campo” está mostrando exemplos de produtores rurais de todo o Estado que aderiram ao programa RenovaPR para implantar sistemas de energias sustentáveis em suas propriedades. Criado em 2021, o RenovaPR apoia a instalação de unidades de geração distribuída em propriedades rurais paranaenses e, junto ao Banco do Agricultor Paranaense, permite que o produtor invista nesses sistemas com juros reduzidos. Todas as reportagens da série podem ser conferidas aqui.

Confira o vídeo

Fonte: AEN-PR
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Suínos / Peixes

Codigestão de dejetos e plantas: a nova era na produção de biogás

A expansão da produção de biogás por meio da codigestão de dejetos e culturas energéticas em áreas rurais não apenas promove avanços ambientais, mas também traz impactos sociais e econômicos significativos.

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Foto: Geraldo Bubniak

Em busca de explorar o potencial de culturas energéticas como o sorgo e o capim elefante combinados com resíduos da produção animal para a produção de biogás, pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves, Embrapa Milho e Sorgo e da Embrapa Gado de Leite apresentaram os primeiros resultados do estudo realizado na Bioköhler Biodigestores durante o Dia de Campo sobre codigestão de culturas energéticas e resíduos da produção animal para produção de biogás, que integrou a programação do Inovameat Toledo, um dos principais eventos dedicados à proteína animal no Paraná, realizado em meados de abril na região Oeste do estado.

Doutor em Química Ambiental e pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Airton Kunz: “Todos os envolvidos na cadeia compreendem a importância desse movimento e estão comprometidos com seu sucesso, visando um futuro mais sustentável para todos” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Liderada pelo doutor em Química Ambiental e pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Airton Kunz, a iniciativa visa avaliar a viabilidade de culturas energéticas na produção sustentável de biogás para validar essa nova abordagem. “A codigestão de resíduos da produção animal com as culturas energéticas representa uma alternativa promissora para melhorar a eficiência da produção de biogás. Essa nova abordagem envolve a mistura de vários resíduos para otimizar a produção de biogás. Ao combinar dejetos suínos, aves ou de bovinos, por exemplo, com culturas energéticas como o sorgo e o capim elefante, podemos alcançar resultados significativos em termos de produção sustentável de energia”, explicou Kunz.

Em comparação com outras formas de produção de biogás, o pesquisador ressalta os benefícios ambientais associados à codigestão de dejetos e culturas energéticas, destacando sua capacidade de conferir maior estabilidade aos processos de geração de biogás. “Isso é fundamental para a implementação bem-sucedida de novos arranjos de produção e utilização do biogás”, afirma.

Desafios técnicos e operacionais

Em relação aos desafios técnicos e operacionais associados ao uso de culturas energéticas na codigestão com dejetos, Kunz destaca a importância de compreender os arranjos produtivos específicos dessas culturas. Ele ressalta a necessidade de considerar as peculiaridades de cada cultura, incluindo seus ciclos de cultivo e colheita, assim como os processos de silagem, para garantir um suprimento consistente desse substrato para a geração de biogás.

Com o uso das culturas energéticas, o pesquisador diz que se busca não apenas melhorar a estabilidade da composição do biogás, mas também dos volumes produzidos em comparação aos processos de monodigestão, que se restringem apenas aos dejetos. “Essa abordagem objetiva aprimorar tanto a qualidade quanto a consistência do biogás gerado. Ao introduzir culturas energéticas na codigestão, espera-se minimizar as variações na composição do biogás e otimizar os volumes produzidos, proporcionando uma fonte de energia mais confiável e previsível”, expõe Kunz.

Impactos sociais e econômicos

A expansão da produção de biogás por meio da codigestão de dejetos e culturas energéticas em áreas rurais não apenas promove avanços ambientais, mas também traz impactos sociais e econômicos significativos. De acordo com Kunz, esse processo impulsiona o desenvolvimento e a criação de empregos, especialmente nas regiões onde as cadeias de produção de proteína animal, como no Sul do Brasil, estão consolidadas, com modelos de integração bem estabelecidos que geram oportunidades de trabalho. “A integração de culturas energéticas e outros resíduos nesse contexto não só diversifica as atividades econômicas, mas também contribui para a geração e agregação de renda”, salienta, frisando: “Essa abordagem não apenas fortalece os elos existentes na cadeia produtiva, mas também abre novas perspectivas para a comunidade rural, promovendo um desenvolvimento mais sustentável e equilibrado”.

Abordagem em evidência

Foto: Monalisa Pereira/Embrapa Suínos e Aves

A adoção da codigestão de dejetos e culturas energéticas para a produção de biogás está ganhando destaque em diversas partes do mundo, com a Europa liderando o caminho. Países como a Alemanha se sobressai, contando com aproximadamente 10 mil plantas de geração de biogás, muitas das quais fundamentadas no uso de culturas energéticas como substrato.

No entanto, o Brasil se diferencia ao adotar uma abordagem adaptada às suas condições tropicais. Aqui, explica o pesquisador, cultivares específicas são desenvolvidas com genética local, dedicadas à geração de biogás. “Esse foco em cultivares adaptadas garante uma eficiência ainda maior no processo de codigestão”, evidencia.

Os pesquisadores brasileiros estão empenhados no desenvolvimento de tecnologias que garantam a eficiência operacional da codigestão, dimensionando cuidadosamente os parâmetros técnicos envolvidos. Isso inclui a determinação precisa da produção de biogás por hectare, a relação ideal entre os materiais dentro dos biodigestores e a quantidade de biogás produzida. “Essa abordagem orientada para a eficiência técnica não apenas impulsiona a inovação no campo da produção de biogás, mas também facilita a adoção dessas tecnologias pelo setor produtivo. A equipe da Embrapa trabalha focada no aprimoramento contínuo desse processo, para posicionar o Brasil como um líder na produção sustentável de biogás, contribuindo desta forma para um futuro energético mais limpo e resiliente”, salienta Kunz.

Na vanguarda

O pesquisador ressalta que a equipe da Embrapa está empenhada em estabelecer arranjos completos para a codigestão de dejetos com culturas energéticas, considerando todos os parâmetros técnicos e as nuances de toda a cadeia produtiva. “Entendemos que este é um processo dinâmico, com espaço para inovação contínua. Uma das áreas-chave de foco da pesquisa é o desenvolvimento de processos de tratamento para aumentar a capacidade de geração de biogás a partir dessas culturas energéticas”, expõe.

Além disso, a Embrapa está conduzindo trabalhos de melhoramento genético de cultivares especificamente voltadas para a produção de biogás. “Este investimento em pesquisa visa otimizar ainda mais o desempenho dessas culturas em termos de produção de biogás”, constata Kunz.

O doutor em Química Ambiental reforça que uma das razões fundamentais para adotar a codigestão de culturas energéticas junto aos dejetos é a complementaridade entre esses materiais. “Enquanto os dejetos líquidos, como dos suínos, têm uma alta concentração de água, em torno de 98%, as culturas energéticas possuem uma porcentagem entre 20 a 27% de matéria seca. Ao combinar esses dois materiais, aumentamos a concentração de sólidos no biodigestor, resultando em processos mais otimizados e maior rendimento na produção de biogás”, sustenta, acrescentando: “Essa abordagem é fundamental para garantir um fornecimento estável de substrato, permitindo o estabelecimento de arranjos para diversos fins, desde a geração de energia elétrica até a produção de biometano, que nada mais é que o biogás purificado, e que está ganhando destaque como uma solução de mobilidade sustentável”.

Para o setor agropecuário, a sustentabilidade dessa operação é especialmente relevante, uam vez que contribui para a redução da dependência de combustíveis fósseis, fortalecendo a competitividade das commodities tanto no mercado nacional como internacional, ao mesmo tempo que o país avança na descarbonização das cadeias de produção animal. “Todos os envolvidos na cadeia compreendem a importância desse movimento e estão comprometidos com seu sucesso, visando um futuro mais sustentável para todos”, exalta Kunz.

A pesquisa da Embrapa representa um importante avanço no setor de energia renovável, oferecendo uma alternativa econômica e ambientalmente sustentável para a produção de biogás. Com a continuidade dos estudos e o apoio de instituições parceiras, espera-se que essa tecnologia contribua significativamente para a transição para um futuro energético mais limpo e eficiente.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de suinocultura acesse a versão digital de Suínos, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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