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Suínos Custo x benefício

Segregar leitões em categorias de peso pode ser injustificável, sustenta especialista

Até o momento, não há comprovações científicas de que alta homogeneidade de peso em baias ao alojamento resulte em baixa variação e/ou melhor performance nas fases de creche e terminação

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Acervo Pessoal

Segregar leitões por peso no alojamento de creche e terminação é uma prática amplamente utilizada na suinocultura global. O principal objetivo deste manejo é reduzir a variação de peso do lote de animais ao final de cada fase. Nas últimas duas décadas, a produção de suínos intensificou o foco em estratégias para aumentar a homogeneidade de peso final dos animais ao abate. Muito desse esforço em consequência de ganhos com um padrão de cortes e produtos, mas também com uma possível associação com melhoria de performance zootécnica. Neste cenário, o manejo de segregação de leitões por peso ao alojamento surgiu como uma prática que supostamente auxiliaria no atingimento de maior uniformidade e também melhor desempenho dos animais. No entanto, é importante considerar que este manejo demanda tempo e é exaustivo para os funcionários, especialmente em granjas que praticam mais de um desmame por semana. Até o momento, não há comprovações científicas de que alta homogeneidade de peso em baias ao alojamento resulte em baixa variação e/ou melhor performance nas fases de creche e terminação.

As afirmações são do médico veterinário Jamil Elias Ghiggi Faccin, mestre em estratégias de manejo para maximizar desempenho na fase de creche e doutorando da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Universidade do Estado do Kansas, nos Estados Unidos. Faccin explicou em palestra os desafios e benefícios na segregação de leitões durante o Simpósio Brasil Sul de Suinocultura, que aconteceu em agosto, em Chapecó, SC.

“A tentativa de minimizar a variabilidade de peso de um lote de animais tem como base a melhoria de performance de uma fração de leitões com menor peso. Porém, dos raros estudos que comprovaram a possibilidade de se reduzir o coeficiente de variação de peso final de um lote, somente através do manejo de abate segregado a redução foi possível. Vale salientar que este manejo é realizado nas últimas três semanas de terminação. Diversos estudos foram realizados com o intuito de melhorar a performance de leitões de menor peso e, consequentemente, reduzir a variação de peso. Nesses trabalhos foram testadas diferentes estratégias nutricionais e/ou de manejo para esta classe de leitões na fase de creche. Na maioria dos trabalhos, os autores são categóricos em afirmar que enquanto o tratamento em questão esteve presente, por exemplo, uso de sucedâneo lácteo nas primeiras semanas pós-desmame, foi possível observar melhor performance dos leitões pequenos. No entanto, os autores enfatizam ainda que após o término do fornecimento do tratamento, a diferença de peso não se sustenta e, em poucas semanas, leitões pequenos expostos a um suplemento/manejo especial já não apresentam performance equivalente. Estudos similares utilizaram tratamentos relacionados ao uso de dietas complexas, antimicrobianos, densidade, espaço de comedouro, entre outros, com resultados se comportando de maneira semelhante ao discutido”, aponta o especialista.

“Devido à dificuldade de se reduzir a variação de peso final ou melhorar o desempenho de leitões leves, cabe salientar que todo investimento realizado na fase de creche, seja em estrutura, manejo ou nutrição, deve atingir o breakeven nesta mesma fase. Considerar que a multiplicação dos pesos ocorrerá na terminação para justificar tal investimento pode ser um equívoco. Diante disso, os sistemas têm dado cada vez mais importância à taxa de mortalidade e de leitões descarte, e não somente ao desempenho zootécnico. É neste contexto que a segregação de leitões por categorias de peso ao desmame e outras práticas devem ser avaliadas na creche, como ferramentas para melhoria da sobrevivência e não propriamente de aumento de ganho de peso e/ou redução da sua variação”, defende Faccin.

De acordo com ele, aprimorar os conhecimentos nesse tema é importante por vários motivos. “A variabilidade de peso de um grupo de animais é muito importante e pouco manipulável. Muito praticado nos EUA e pouco no Brasil, a remuneração por atingimento de “janelas” de peso ao abate faz com que o tema esteja sempre em voga. Porém, o manejo de segregar os leitões por peso, ao alojamento, seja em creche ou terminação, não reduz a variabilidade de peso final e em alguns estudos em granjas comerciais, até pioram a performance geral do lote. Especificamente na creche, os primeiros dias pós-desmame são bastante impactantes na vida do leitão. Portanto, uma segregação mínima de até 15% de leitões pequenos e que não apresentam sinais de consumo de ração/água é recomendada. No entanto, segregar todo o lote em categorias de peso tende a gerar mais brigas, não interferir na performance e variabilidade de peso final e, o que julgo como maior prejuízo, desperdício do tempo da mão-de-obra priorizando uma ação que não é imprescindível que ocorra ainda mais em um momento de alto estresse para o suíno”, sugere.

As práticas que, comprovadamente resultam em uma menor variação de peso ao abate, destaca o profissional, são o aumento a idade de desmame e o manejo de abate segregado, e não a segregação por peso ao alojamento.

Mas há benefícios?

Para o professor, a segregação proporciona “benefícios relacionados à logística de carregamento e envio dos leitões à terminação em situações específicas”. “Obviamente que em creches muito grandes que abastecem muitas terminações, o fato de os leitões mais pesados já estarem separados ajuda na transferência. Porém, cada sistema deve avaliar se realmente há vantagens avaliando o resultado como um todo, do desmame até o abate, e também avaliar como o sistema remunera o produtor de creche. O fato de reduzir a amplitude de idades no momento do desmame, aumentando o número de desmames semanais, tem ajudado a reduzir a variação de peso na entrada de creche.

Para o profissional, “o manejo de simplesmente segregar os leitões por peso com o objetivo de reduzir o coeficiente de variação do peso final ou melhorar performance já foi comprovado cientificamente que é um paradigma quebrado”. No entanto, emenda, “a indústria tem focado em segregar os leitões por peso e ofertar ou manejo ou suplemento adicional à classe de leitões leves. Matematicamente é a maneira mais cabível de se reduzir a variação de peso final, aumentando o peso dos mais leves. Porém, diversos estudos com intervenções de manejo, uso de antimicrobianos, aditivos ou maior complexidade da dieta para esta classe melhora o ganho de peso enquanto esta ação “extra” estiver presente, porém, ao cessar esta intervenção, os leitões leves atingem o mesmo peso de seus pares não submetidos a este manejo/suplemento. Com isso, podemos concluir que manejos especiais para leitões leves devem ser implementados somente se houver comprovação de redução de perdas por refugagem ou mortalidade”.

Usual

Ainda segundo o especialista, muitas empresas recomendam seus técnicos para difundir esse manejo à campo. “Algumas vezes, não só ao alojamento, mas também durante o lote. Geralmente formam-se baias de leitões pequenos, médios e grandes. O relato de empresas que pararam de recomendar esta prática é de que nada mudou em performance, logística e variabilidade de peso do lote”.

O manejo é constante, admite o palestrante. “Em creches grandes e/ou que recebem leitões mais de uma vez na semana, o foco dos funcionários reside em uniformizar as baias ao alojamento ou no dia seguinte”, define.

Em outros países

Para Faccin, o desafio de menor volume de mão de obra disponível obriga os sistemas a priorizarem manejos que realmente impactam performance, sanidade e lucro. “Nos EUA, a maioria das empresas deixou de praticar o manejo de segregação por peso ao alojar creche e terminação e passou a focar em ações como criar uma equipe de primeira semana que assiste os leitões mais necessitados. Também, em um check-list pré-alojamento, onde se avalia a qualidade da limpeza e desinfecção, é garantido que 100% da estrutura e fômites já secou, se programa o aquecimento da sala 12 horas antes do alojamento e se garante que todos os comedouros e tapetes tenham ração, assim como se todos os bebedouros estão funcionando. Algumas empresas no exterior ainda segregam os leitões por peso ao alojamento. Porém, é provável que com o tempo, somente a melhoria da logística não seja suficiente para justificar a execução deste manejo”, afirma.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Suínos

Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Foto: Shutterstock

Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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