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Seapi amplia rede de estações meteorológicas e instala a primeira em sistema silvipastoril
Recentemente foi instalada a primeira na propriedade Agropecuária Banhado, em Barra do Ribeiro.

Para compreender melhor a dinâmica das variáveis climáticas (temperatura do ar, temperatura do solo, umidade relativa do ar, umidade do solo, entre outras) em ambientes com sistema silvipastoril, o Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS) da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) e o Comitê Gestor Estadual do Plano ABC+RS estão instalando estações meteorológicas para realizar o monitoramento climático. Recentemente foi instalada a primeira na propriedade Agropecuária Banhado, em Barra do Ribeiro. A próxima será no município de Cacequi nos próximos meses.
São duas estações internas (no sistema silvipastoril) e uma externa dentro da Agropecuária Banhado, que possui uma floresta plantada de três mil eucaliptos em uma área de oito hectares, sendo cerca de 400 árvores por hectare. Segundo o meteorologista da Seapi e coordenador do Simagro, Flavio Varone, a externa é uma das 48 novas da segunda etapa do projeto de ampliação da rede de estações automáticas para o monitoramento agroclimático e desenvolvimento de produtos específicos para o setor agropecuário do Rio Grande do Sul.
Segundo Varone, este ano já foram instaladas também nos municípios de Agudo, Restinga Sêca, Pantano Grande e Porto Alegre. Até o final de 2023, serão 100 no total, com as que já existem. “As novas foram adquiridas com recursos oriundos do Programa Avançar na Agropecuária e no Desenvolvimento Rural, dentro do Programa Supera Estiagem. E para atingir as 100 unidades, vamos receber estações de outros fundos disponíveis na Seapi”.
Varone explica que a ideia é fazer o adensamento da rede, com mais estações. “Vamos coletar dados externos, que vão servir para pesquisa, para efetivação de que o sistema silvipastoril realmente vale a pena ser implantado. A estação externa nos traz uma condição de monitoramento de uma área que a gente não tinha, a região Metropolitana de Porto Alegre, perto do Guaíba, das lagoas”, enfatiza Varone.
“Agora temos uma integração entre os setores do Simagro e do ABC+RS, o que é uma novidade na Seapi. E daqui a pouco podemos fazer um trabalho conjunto com a fiscalização também, ou com a pesquisa do butiá”, diz o meteorologista. “A ideia é expandir cada vez mais esses dados no local dos experimentos e tirar dados agroclimáticos de onde está saindo o produto, dentro de uma propriedade, de uma área de lavoura, de plantio de alguma cultura, para melhorar a produção”. Conforme Varone, para o Simagro, que gera índices agroclimáticos, isso é “extremamente importante, porque vamos conseguir fazer os índices com os dados efetivos do local”.
De acordo com o meteorologista, poder ver qual é a diferença de temperatura dentro do sistema silvipastoril e na área externa, qual a diferença de umidade do solo e da umidade do ar são dados essenciais para ter um bom desenvolvimento desses sistemas, principalmente o silvipastoril.
O engenheiro florestal do Departamento de Desenvolvimento e Pesquisa Agropecuária (DDPA) da Seapi e coordenador do Comitê Gestor Estadual do Plano ABC+RS, Jackson Brilhante, esclarece que o sistema silvipastoril é uma opção tecnológica de consórcio de floresta e pecuária (consiste na combinação intencional de árvores, pastagens e gado numa mesma área e ao mesmo tempo). “É uma das oito tecnologias que compõem o plano ABC+RS, devido ao seu enorme potencial de sequestro de carbono por causa da presença de árvores”.
Além disso, conforme Brilhante,é uma tecnologia que garante maior resiliência e adaptabilidade aos riscos climáticos para a produção pecuária. “Em janeiro de 2022, visitamos vários produtores da região central do Estado com sistema silvipastoril e observamos que ele minimizou os efeitos da estiagem, porque propiciou um microclima na parte do sub-bosque, trazendo o bem-estar para os animais. Observamos diferenças de temperatura de dentro e de fora do sistema silvipastoril de 8 graus”, pontua. “Ou seja, o silvipastoril propiciou condições mais adequadas do ponto de vista de promover um conforto térmico maior para os animais, reduziu a incidência de raios solares, com isso se torna menos prejudicial para as pastagens”.
Sobre a parceria do Simagro com o Plano ABC+RS, o objetivo é unir duas políticas que convergem para o mesmo objetivo. “O Simagro tem todo o know how de monitoramento climático, agroclimático, geração de índices, alertas, toda a parte de clima. E nós temos, dentro do Plano ABC+ RS, o sistema silvipastoril, que, além de ter uma alta capacidade de estocar carbono, pela presença das árvores, promove a redução das emissões de gases de efeito estufa”, esclarece Brilhante.
O engenheiro florestal conta ainda que é um sistema que promove uma adaptação frente às mudanças climáticas. “Ele cria um microclima, trazendo uma série de benefícios para a produção agropecuária. Por isso que vamos monitorar. Para realmente a gente ter esses dados contínuos por até quatro anos, ao longo das quatro estações do ano”, destaca. “Aí vamos compreender a diferença entre uma área que não tem sistema silvipastoril, onde é o clima real, e outra onde tem, onde o sistema, com a inclusão de árvores, modifica todas as variáveis climáticas, ou seja, traz benefícios principalmente para os animais, para a pastagem”.
Brilhante explica que, com a estação meteorológica, será possível entender melhor a dinâmica das próprias forrageiras que estão no sistema. “Quando elas crescem mais, qual a temperatura que afeta o seu crescimento, então vamos ter uma série de dados sendo monitorados”.
O proprietário da Agropecuária Banhado, que possui 90 hectares no total, Pedro Feijó da Rosa, acredita que com os dados das estações vai poder melhorar o manejo. “Vamos ter os dados na ponta da língua para ver o que conseguimos aperfeiçoar nessa integração de pecuária com eucalipto”. A propriedade trabalha com gado de cria das raças Red Angus, Angus e Braford. No silvipastoril, há rotação do gado.
Para Rosa, ter os dados meteorológicos é muito bom. “Hoje só sabemos os níveis de chuva, mas a ideia é monitorar cada vez mais, para melhorar a produção, sabermos a hora certa de adubar, de entrar com o animal, tudo a gente vai conseguir ver e acompanhar com os dados”.
Brilhante acrescenta que dá ainda para saber o comportamento da espécie forrageira, que são espécies tropicais, de clima quente. “Então quando colocam as árvores, é criado um microclima que protege essas forrageiras num período de frio. Isso permite com que a pastagem fique por mais tempo viva, produzindo nesse sistema”. E, segundo Brilhante, no futuro, daqui há cerca de 10 anos, a madeira também poderá ser comercializada, com maior valor agregado. “É uma forma também do produtor diversificar a renda”.
O engenheiro florestal afirma que, nos próximos meses, com a chegada de alguns equipamentos na Seapi, vão fazer coleta de algumas amostras do solo para avaliar a quantidade de carbono e os gases de efeito estufa. “A Agropecuária Banhado vai ser uma unidade de referência tecnológica do Plano ABC+RS, onde vamos monitorar detalhadamente aspectos ligados à questão de como o sistema silvipastoril contribui tanto na adaptação de mudanças climáticas, como também na redução das emissões de gases de efeito estufa”.

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STF suspende julgamento da Moratória da Soja e mantém paralisação nacional de processos
Com pedido de vista de Dias Toffoli, segue válida a liminar de Flávio Dino que congelou ações na Justiça e no Cade, enquanto especialistas destacam impacto do caso na segurança jurídica do agro.

O Supremo Tribunal Federal suspendeu o julgamento que analisava a liminar concedida pelo ministro Flávio Dino que determinou a suspensão nacional de todos os processos que discutem a validade da Moratória da Soja na Justiça e no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Até o momento, há quatro votos para confirmar a paralisação das ações. A análise ocorre no plenário virtual desde a última sexta-feira (14) e estava prevista para terminar na próxima terça-feira (25). O pedido de vista foi do ministro Dias Toffoli, e até que o processo volte à pauta a medida segue válida.
O advogado Frederico Favacho afirma que é positiva a decisão de Flávio Dino, por reconhecer que a Moratória da Soja é legal. “Esse é o ponto mais importante de toda a controvérsia”, entende.
A Moratória da Soja é um acordo voluntário entre tradings que comercializam grãos, no qual se comprometem a não comprar soja de áreas desmatadas na Amazônia após julho de 2008. O STF julga uma ação ajuízada pelo PcdoB, PSOL, PV e Rede. As legendas pedem a suspensão de lei do estado de Mato Grosso que proíbe a concessão de benefícios fiscais para empresa que assinaram o acordo.
Em dezembro do ano passado, Flávio Dino atendeu ao pedido dos partidos e suspendeu a lei de forma liminar. Em abril deste ano, ele reconsiderou a decisão, estabelecendo que a norma passaria a valer a partir de 1º de janeiro de 2026.
Em 05 de novembro, Flavio Dino determinou a suspensão nacional de todos os processos, inclusive os que investigam possível formação de cartel no Cade. Afirmou não considerar adequado, em respeito ao princípio da segurança jurídica, permitir que o debate sobre a Moratória da Soja prossiga nas instâncias ordinárias jurisdicionais ou administrativas, diante da possibilidade de serem proferidas decisões conflitantes e em desacordo com o entendimento a ser fixado pelo STF. “No mesmo voto, Flávio Dino também reconhece o direito de os entes federativos estabelecerem as regras para concessão dos benefícios fiscais, o que, na prática, implicaria em os Estados poderem retirar os benefícios das empresas signatárias, o que continua sendo discutível na esfera infraconstitucional em relação a forma, razoabilidade e outros quesitos”, diz Favacho, complementando: “De toda forma, isso vem num momento importante, quando o mundo todo está de olhos voltados para as boas práticas ambientais do agronegócio brasileiro”.
Notícias Com mais de 200 casos no anoA Agência de
Paraná reforça ações contra a raiva após avanço de casos em animais de produção
Órgãos estaduais discutem ações conjuntas, reforçam controle de morcegos hematófagos e recomendam vacinação em todo o território paranaense.

A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) promoveu uma ação de combate e prevenção contra a raiva durante a 21ª Expovale nesta semana em Ivaiporã, município do Vale do Ivaí. A primeira oficina sobre o impacto da raiva no contexto da Saúde Única foi uma atividade respaldada pelo Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros, que é executado pela agência no Estado. Na ocasião, foram abordados assuntos como o monitoramento de abrigos de morcegos hematófagos e investigação de casos suspeitos.
Considerada uma das doenças de maior importância em Saúde Pública, a raiva permanece como uma das zoonoses mais letais, com grandes impactos econômicos, sociais e sanitários. Quando abordada à ótica da Saúde Única, que engloba a saúde humana, a saúde animal e o meio ambiente, o controle depende de uma atuação integrada entre diversos setores públicos.
O chefe do Departamento de Saúde Animal, da Adapar, Rafael Gonçalves Dias, alerta sobre a ameaça da zoonose e chama atenção sobre os números da doença no Estado. “O vírus da raiva é transmitido por um tipo de morcego hematófago e pode ser letal para os animas e para os humanos”, explica. “Os casos comprovados da doença em herbívoros no Paraná durante o último ano chegaram a 258. Em 2025, foram investigados mais de 400, destes, 218 casos confirmados até agora”.
A doença circula tanto em territórios urbanos, onde cães e gatos são os principais transmissores, quanto no em ambientes rurais, territórios em que os morcegos hematófagos são os principais reservatórios e responsáveis pela transmissão aos animais de produção. Diante desse cenário, foi realizada a oficina, unindo o órgão de defesa agropecuária do Estado do Paraná e a 22ª Regional de Saúde.
Durante a oficina, a Adapar falou sobre o grupo de animais de produção que é mais afetado pela doença, composto por bovinos, equinos, pequenos ruminantes e suínos e trouxe para discussão ações cruciais para o controle e prevenção da raiva, atuando diretamente no ciclo rural.
Prevenção
A autarquia realiza o cadastramento e o monitoramento dos abrigos de morcegos hematófagos – controle da espécie Desmodus rotundus –, investiga casos suspeitos em herbívoros com coleta de material e executa ações em focos de raiva. Além disso, são desenvolvidas atividades de educação sanitária, como a identificação dos morcegos hematófagos, o reconhecimento dos sinais clínicos da doença nos animais e como realizar a notificação.
Também foi apresentado o recente foco de raiva registrado em um bovino no município de Pitanga, na região Central do Estado, e as medidas adotadas pela agência.
Vacinação
A vacina contra a raiva tem baixo custo, pode ser aplicada pelo próprio produtor e deve ser dada anualmente. A vacinação preventiva é a melhor forma de combate direto. Uma vez que o animal apresenta sinais clínicos não há tratamento. Atualmente, a vacinação é obrigatória em 30 municípios do Oeste, conforme a portaria nº 368/2025 da Adapar.
A escolha dos municípios levou em conta a quantidade de focos registrados nos últimos anos, a proximidade com o Parque Nacional do Iguaçu, a ocorrência de áreas compartilhadas de transmissão e o elevado número de pessoas que precisaram de tratamento após contato com animais suspeitos. A obrigatoriedade abrange apenas 30 municípios, mas a vacinação é aconselhada em todo o território paranaense.
Ambiente urbano
Ao discutir sobre a raiva no contexto urbano, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), órgão responsável pela vigilância epidemiológica em humanos, cumpriu o papel de elucidar dúvidas e falar sobre as ações de monitoramento de casos suspeitos em humanos e em animais domésticos. Além disso, também foram informadas as formas corretas de tratamento pós-exposição e a importância das campanhas educativas e de sensibilização da população.
Na prática, são as equipes das secretarias municipais e estaduais que acolhem a população quando há mordeduras ou possível exposição, garantindo que o tratamento seja iniciado a tempo de salvar vidas. Mesmo sendo uma doença de fácil prevenção a raiva continua avançando por falta de cuidado da população. A atuação conjunta entre saúde humana, defesa agropecuária e meio ambiente, somada à vacinação animal e à informação da sociedade é uma forma eficaz de combater a enfermidade.
Expovale
A Expovale é uma exposição agropecuária e industrial da cidade, considerada a maior feira da região do Vale do Ivaí. O foco da exposição é na realização de negócios, promoção da inovação e fortalecimento produtivo. A edição de 2025 foi realizada entre 14 e 19 de novembro. Além de shows, o evento comemorou os 64 anos do município.
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Código georreferenciado traz mudanças na forma de identificar propriedades rurais
Ferramenta aumenta precisão logística, facilita fiscalização e organiza dados territoriais em todo o país.

A Câmara dos Deputados deu mais um passo na modernização da gestão territorial do campo. A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) aprovou, na terça-feira (18), o parecer do relator, deputado Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP), ao Projeto de Lei 2.898/2021, de autoria do deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES).
A proposta altera a Lei 6.538/1978, que dispõe sobre os serviços postais, para assegurar a designação de um código de georreferenciamento às propriedades rurais e agroindustriais em todo o país.
O objetivo do texto é facilitar a identificação e localização dessas áreas, ampliar a precisão logística, garantir maior segurança jurídica e permitir avanços na integração de dados territoriais.
O projeto já havia sido aprovado anteriormente na Comissão de Agricultura (CAPADR) e na Comissão de Ciência, Tecnologia e Inovação (CCTI). Na CCJC, cabia apenas o exame de admissibilidade, etapa necessária para atestar constitucionalidade, juridicidade e técnica legislativa da matéria.
Ao apresentar seu voto, Delegado Paulo Bilynskyj, integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), destacou que o texto é enxuto e juridicamente sólido. “Trata-se de um projeto simples, claro e bem articulado. Não há qualquer ofensa a direitos ou garantias constitucionais, tampouco afronta à legislação vigente. Do ponto de vista jurídico e técnico, o PL é absolutamente adequado”, afirmou o relator.
Ele reforçou ainda que a proposta segue os parâmetros da Lei Complementar 95/1998, que orienta a elaboração legislativa. “A alteração é objetiva e não cria redundâncias ou conflitos. Mantém-se fiel à estrutura normativa e contribui para o aperfeiçoamento da legislação”, completou.
Modernização do campo
O deputado Evair Vieira de Melo, coordenador de Direito de Propriedade da FPA, celebrou o avanço da proposta, destacando que a iniciativa atende a uma demanda crescente da agricultura brasileira por precisão, rastreabilidade e segurança territorial. “O georreferenciamento é hoje uma ferramenta indispensável. Ele fortalece a gestão das propriedades rurais, melhora o acesso a serviços e políticas públicas e coloca o Brasil na rota da agricultura de precisão”, elencou o autor do projeto.
Segundo Evair, a medida também contribui para o ordenamento territorial e para a eficiência dos serviços postais e logísticos no meio rural. “Cada propriedade poderá ter um código definido, o que facilita desde entregas até ações de fiscalização, crédito e assistência técnica. É um avanço simples, mas de enorme impacto para o produtor rural”, completou.



