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VOZ DO COOP

Suínos / Peixes

Saúde intestinal dos suínos deve ser observada desde o desmame

É importante formular dietas que tenham custo/benefício ao produtor e que preservem a saúde do animal

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Um assunto bastante complexo por envolver diferentes questões é a saúde intestinal dos animais. Médicos veterinários, zootecnistas e, principalmente, nutricionistas têm buscado alternativas para trabalhar com esta questão que pode causar grandes prejuízos para o produtor se não bem cuidada. O zootecnista e professor da Universidade Federal de Lavras (UFLA), doutor Vinícius Canterelli, falou sobre a importância da saúde intestinal no desenvolvimento animal durante o 1° Simpósio das Américas sobre Saúde e Nutrição Animal da Olmix. O evento, que aconteceu entre os dias 28 e 30 de agosto em Itapeva, MG, reuniu profissionais do setor de toda a América Latina.

O profissional explica que saúde intestinal é o estado de equilíbrio entre o microbioma e o trato intestinal do animal. De acordo com ele, é preciso tentar entender onde o animal perde em saúde intestinal e desempenho e onde o produtor pode conseguir retorno sobre o investimento. “É preciso tratar questões como o vazio sanitário ou o uso de qualquer aditivo. Temos que entender que existem várias formas de modular a microbiota, seja pela dieta, presença de micotoxinas, ou mesmo dietas contaminadas com agentes patogênicos, que irão promover uma disbiose ou disfunção na microbiota, que vai então afetar a funcionalidade da mucosa intestinal, que por sua vez vai perder a resposta imune”, diz.

Cantarelli explica que diferentes disbioses podem causar alterações nas comunidades que vão perturbar a composição de tal forma, que vai agir como um patógeno. “Dessa forma isso vai esbarrar na resposta imune do animal. E isso, para nós, significa perda de dinheiro”, comenta. Ele afirma que muitas vezes os nutrientes que estão na ração, ao invés de direcionar para ter maior retorno no investimento do animal, se perde no meio da história. “Temos que tomar cuidado e nos perguntar se a nutrição é para o hospedeiro ou para microrganismos. Muitas vezes, estamos nutrindo a patogenia”, analisa.

Antibióticos

O doutor comenta como antibióticos ainda contribuem para combater doenças infecciosas e podem ser utilizados nestes casos. Porém, se utilizadas de maneira que altera a composição e as funções da microbiota, eles podem também produzir efeito contrário ao desejado. “Vamos ter que enfrentar isso juntos, para tentar construir um projeto diferente; não tem volta”, afirma. Cantarelli explica que é necessária a busca de alternativas competitivas à utilização dos antibióticos. “É de suma importância para preservar o uso dos antibióticos, tanto em animais como em seres humanos”, comenta.

Além do mais, o estudioso conta que a relação entre os antibióticos e o sistema imune é que automaticamente os dois passam pela microbiota intestinal, ou seja, modulando a microbiota pode acontecer de deixar o sistema imune “preguiçoso”. “Agora é mais importante do que nunca revisarmos o uso dos antibióticos. Nós já vimos alternativas para isso”, expõe.

Cantarelli ainda diz que estratégias destinadas a modular a microbiota e as funções imunológicas intestinais e sistêmicas precisam ser desprovidas para melhorar a saúde dos animais. “Precisamos proteger as cadeias produtivas, as exigências vão ser cada vez maiores e temos que pensar nas próximas gerações, de como eles vão entender este tema”, diz.

Interação entre disbiose e saúde intestinal

O doutor comenta que o desmame provavelmente seja o maior fator estressante no sistema de produção. “É a fase mais crítica do leitão. Claro que hoje temos problemas na maternidade e no crescimento, ou de Salmonella. Mas, quando penamos em desafios de disbiose e estresse, olhamos para esta fase”, comenta. Isso por que deve ser avaliada a diversidade da microbiota antes do desmame e após. “Ali temos que entender que a disbiose vai promover perdas de desempenho animal”, diz. Cantarelli afirma que é preciso sair do desmame pensando na dieta.

O profissional explica que qualquer característica da deita pode provocar disbiose. “Existem metabólicos secundários que vão desfavorecer a funcionalidade e impermeabilidade da mucosa intestinal”, explica. Para ele, muitas vezes é preciso que o profissional tenha muita expertise em muitas áreas para construir um protocolo, mas o principal é que ele esteja atento para saber qual o melhor horário para fazer o que não está nestes protocolos.

Cantarelli explica que o estresse provoca barreiras intestinais, principalmente em leitões novos. “Quando pensamos em estresse devemos associar a barreira intestinal, e automaticamente associar a disbiose, e assim, com o nosso dinheiro. Da mesma forma, indivíduos desmamados precocemente são muito mais suscetíveis”, explica. Ele acrescenta que nesse sentido, quando o assunto são estas disfunções, desde a disbiose à funcionalidade de barreiras intestinais, “estamos pensando na resposta imune, no custo imune”. “Dentro do sistema de produção está acontecendo superpopulações imunológicas, que muitas vezes nos deparamos com essa situação, e o nos perguntamos o que fazer com esse indivíduo”, diz.

Além do mais, Catarelli diz que é preciso que os envolvidos na cadeia entendam a complexidade da mucosa intestinal. “Quais são as células de todo o aparato imune? Conhecemos isso. Não vai ser uma simples construção de projeto frente a essa complexidade associada à microbiota; vamos avaliar aditivos, antibióticos”, comenta. Ele acrescenta que entender metabolismo das células é entender como ela funciona. “Podemos manipular a microbiota da fêmea para interferir na microbiota do leitão, que por sua vez vai ter uma proteção melhor via colostro e leite e assim o desenvolvimento imune da mucosa vai aumentar. É uma estratégia”, afirma.

O doutor ainda comenta que é possível utilizar tecnologias para isso. “Aumentando o GLP-2, que para mim é a insulina da mucosa intestinal, podemos interferir na concentração, aumentando a atividade das enzimas, e assim aumentando a digestibilidade e, consequentemente, teremos aumento do ganho de peso. Está tudo lincado. Precisamos redescobrir o que queremos avaliar. Isso serve como um gatilho para melhorar o desempenho e o retorno financeiro para o produtor”, conta. Cantarelli acrescenta que as enzimas não são somente para melhorar a digestibilidade, mas têm uma importância significativa para melhorar a disbiose. “O GLP-2 é um gatilho para o aumento na atividade enzimática e na funcionalidade da mucosa intestinal”, diz.

Pensar na saúde intestinal e no desenvolvimento do animal são caminhos que parecem simples, mas ainda é preciso muito estudo, avalia Cantarelli. “A solução não é encontrar um nutricionista que sabe muito de microbiologia ou muito de imunologia e fisiologia. É mais do que necessário construirmos um projeto entre universidades, pesquisadores e pessoas que são do meio”, afirma. Para ele, não adianta fazer sempre as mesmas coisas. “Precisamos pensar em saúde intestinal e na eficiência absortiva. Isso vai levar o nutriente que trabalhamos na fábrica ao tecido alvo. E assim trazer o retorno sobre o investimento que esperamos”, finaliza.

Mais informações você encontra na edição de outubro/novembro de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo encerram abril com movimentos distintos

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores. Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

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Foto: Ari Dias

Os preços do suíno vivo no mercado independente encerraram abril com movimentos distintos entre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, em Minas Gerais, compradores estiveram mais ativos na aquisição de novos lotes de animais, levando suinocultores daquele estado a reajustarem positivamente os valores.

Já em outras praças, as cotações seguiram em queda, pressionadas pela demanda enfraquecida.

Para a carne, apesar da desvalorização das carcaças, agentes consultados pelo Cepea relataram melhora das vendas no final de abril.

Quanto às exportações, o volume de carne suína embarcado nos 20 primeiros dias úteis de abril já supera o escoado no mês anterior, interrompendo o movimento de queda observado desde fevereiro.

Segundo dados da Secex, são 86,8 mil toneladas do produto in natura enviadas ao exterior na parcial de abril, e, caso esse ritmo se mantenha, o total pode chegar a 95,4 mil toneladas, maior volume até então para este ano.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes

Embaixador da Coreia do Sul visita indústrias da C.Vale

Iniciativa pode resultar em novos negócios no segmento carnes da cooperativa

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Visitantes conheceram frigorífico de peixes - Fotos: Assessoria

A C.Vale recebeu, no dia 25 de abril, o embaixador da Coreia do Sul, Lim Ki-mo, e o especialista de negócios da embaixada sul-coreana, Rafael Eojin Kim. Eles conheceram os processos de industrialização de carne de frango, de peixes e da esmagadora de soja, além da disposição dos produtos nos pontos de venda do hipermercado da cooperativa, em Palotina.

O presidente da C.Vale, Alfredo Lang, recepcionou os visitantes e está confiante no incremento das vendas da cooperativa para a Coréia do Sul. “É muito importante receber uma visita dessa envergadura porque amplia os laços comerciais entre os dois países”, pontuou. Também participaram do encontro o CEO da cooperativa, Edio Schreiner, os gerentes Reni Girardi (Divisão Industrial), Fernando Aguiar (Departamento de Comercialização do Complexo Agroindustrial) e gerências de departamentos e indústrias.

O embaixador Lim Ki-Mo disse ter ficado admirado com o tamanho das plantas industriais e a tecnologia do processo de agroindustrialização da cooperativa. “Eu sabia que a C.Vale era grande, mas visitando pessoalmente fiquei impressionado. É incrível”, enfatizou o embaixador, que finalizou a visita cantando em forma de agradecimento pelo acolhimento da direção e funcionários da C.Vale.

 

Fonte: Assessoria CVale
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Suínos / Peixes

Doença do edema em suínos: uma análise detalhada

Diagnóstico da doença pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras enfermidades.

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Foto e texto: Assessoria

A doença do edema (DE) é um importante desafio sanitário em nível global na suinocultura. Com alta prevalência a patologia ocasiona perdas econômicas ao setor associadas, principalmente, com a morte súbita de leitões nas fases de creche e recria.

A doença foi descrita pela primeira vez na literatura por Shanks em 1938, na Irlanda do Norte, ao mesmo tempo que Hudson (1938) registrava sua ocorrência na Inglaterra.

Ao pensarmos no controle da enfermidade, a adoção de medidas de manejo adequadas desempenha um papel fundamental na prevenção da disseminação do Escherichia coli, o agente causador da DE.  Desta forma, é essencial reforçar práticas, como o respeito ao período de vazio sanitário durante a troca de lotes, a limpeza e desinfecção regular de todos os equipamentos e baias ocupadas com produtos adequados, e a garantia de que as baias estejam limpas e secas antes da introdução dos animais. Embora possam parecer simples, a aplicação rigorosa dessas ações é indispensável para o sucesso do manejo sanitário.

A toxinfecção característica pela DE é causada pela colonização do intestino delgado dos leitões por cepas da bactéria Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e) e que possuem habilidade de aderência às vilosidades intestinais, sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade em suínos, resultando em perdas econômicas significativas e impactos negativos na indústria suinícola.

Durante a multiplicação da bactéria (E.coli) no trato gastrointestinal dos suínos, a toxina Shiga 2 (Vt2e) é produzida e absorvida pela circulação sistêmica, onde induz a inativação da síntese proteica em células do endotélio vascular do intestino delgado, em tecidos subcutâneos e no encéfalo. A destruição das células endoteliais leva ao aparecimento do edema e de sinais neurotóxicos característicos da doença (HENTON; HUNTER, 1994).

Como resultado, ocorre extravasamento de fluido para os tecidos circundantes, resultando em edema, hemorragia e necrose, especialmente no intestino delgado. Além disso, a toxina pode desencadear uma resposta inflamatória sistêmica, exacerbando ainda mais os danos aos tecidos e órgãos afetados.

Os sinais clínicos da doença do edema em suínos variam em gravidade, mas frequentemente incluem, incoordenação motora com andar cambaleante que evolui para a paralisia de membros, edema de face, com inchaço bem característico das pálpebras, edema abdominal e subcutâneo, fezes sanguinolentas e dificuldade respiratória. O edema abdominal é uma característica marcante da doença, muitas vezes resultando em distensão abdominal pronunciada. Além disso, os suínos afetados podem apresentar sinais neurológicos, como tremores e convulsões, em casos graves.  Em toxinfecções de evolução mais aguda, os animais podem ir a óbito sem apresentar os sinais clínicos da doença, sendo considerado morte súbita.

O diagnóstico da doença do edema em suínos pode ser desafiador devido à rápida progressão da condição e à sobreposição de sintomas com outras doenças. No entanto, exames laboratoriais, como cultura bacteriana do conteúdo intestinal ou de swabs retais podem ajudar a identificar a presença. Quando há alto índices de mortalidade na propriedade, pode se recorrer a técnicas de necropsia, bem como a histopatologia das amostras de tecidos intestinais, sobretudo a identificação do gene da Vt2e via PCR, para o diagnóstico definitivo da doença

O tratamento geralmente envolve a administração de antibióticos, como penicilina ou ampicilina, para combater a infecção bacteriana, juntamente com terapias de suporte, como fluidoterapia e controle da dor.

Embora tenhamos métodos diagnósticos eficientes, o tratamento da doença do edema ainda é um desafio recorrente nas granjas. Sendo assim, prevenir a entrada da doença do edema no rebanho ainda é a melhor opção. Uma dieta rica em fibras, boas práticas de manejo sanitário, evitar situações de estresse logo após o desmame e a prática de vacinação são estratégias eficazes quando se diz respeito à prevenção (Rocha, 2016). Borowski et al. (2002) demonstraram, por exemplo, que duas doses de uma vacina composta por uma bactéria autógena contra E. coli, aplicadas em porcas e em leitões, foram suficientes para obter uma redução da sintomatologia e mortalidade dos animais acometidos.

A doença do edema em suínos representa um desafio significativo para a indústria suinícola, com sérias implicações econômicas e de bem-estar animal. Uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes à patogênese da doença, juntamente com a implementação de medidas preventivas e de controle eficazes, é essencial para minimizar sua incidência e impacto. Ao adotar uma abordagem integrada os produtores podem proteger a saúde e o bem-estar dos animais, ao mesmo tempo em que promovem a sustentabilidade e a rentabilidade da indústria suína.

Referências bibliográficas podem ser solicitadas pelo e-mail gisele@assiscomunicacoes.com.br.

Fonte: Por Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de Serviços Veterinários de Suínos da Ceva Saúde Animal.
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