Suínos Fase reprodutiva
Saúde intestinal de fêmeas suínas impacta na qualidade de leitões?
A suplementação com probióticos a base de bacilos durante a fase reprodutiva de fêmeas suínas é uma ferramenta capaz de melhorar sua saúde intestinal e promover melhoria na qualidade do leitão desmamado, além de benefícios em outros indicadores de produtividade e saúde da granja.

Os probióticos são definidos como microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde do hospedeiro. O primeiro conceito de probiótico é bastante antigo, desde 1907, entretanto nos últimos anos com o banimento do uso de antibióticos na produção de suínos em muitos países os probióticos ganharam importância e cada vez mais informações têm surgido a respeito de seu modo de ação. Os probióticos são capazes de manter as funções gastrointestinais saudáveis, especificamente digestão, absorção, barreira e funções imunológicas, além de regular a microbiota intestinal (Figura 1).

Importância da escolha da cepa
Em suínos, os efeitos probióticos são diversos e dependerão da cepa, dose e duração do tratamento. Sendo assim, é de extrema relevância conhecer, diferenciar e escolher as cepas corretas para sucesso no programa de probióticos na produção, pois a diversidade entre as mesmas é grande. Dentre os probióticos existentes, espécies de bacilos são conhecidos por seus efeitos imunoestimuladores e estimulação benéfica da microbiota intestinal, aumentando assim a imunidade inata e adaptativa do suíno. Mas, considerando a espécie Bacillus subtillis, com mais de 1000 cepas diferentes, poderão ser encontradas aproximadamente 20% de diferenças genéticas com características morfológicas, bioquímicas e modos de ação distintos.
Resultados com bacilos na suinocultura
Em vários estudos com fornecimento diário de bacilos para suínos nas diferentes fases de produção, incluindo leitões de maternidade, creche ou terminação, o intestino manteve-se mais saudável com a microbiota diversificada e em eubiose, ou seja, com uma proporção benéfica de bactérias comensais (não patogênicas) e patogênicas. Também foram observadas redução na incidência de diarreias em decorrência de menor prevalência de patógenos entéricos, impactando positivamente nos indicadores de produtividade da granja.
Em se tratando de fêmeas suínas, as fases de gestação e lactação são períodos críticos e podem ser muito estressantes, de modo a afetar negativamente na funcionalidade e saúde intestinal com impactos na eficiência reprodutiva, vitalidade dos leitões recém-nascidos e desempenho dos leitões lactentes. Como forma de evitar e minimizar essas ocorrências, há vários estudos, principalmente na Europa, com a suplementação de probióticos a base de bacilos na ração de fêmeas suínas.
Resultados de 21 desses estudos apresentaram redução média de 3% de mortalidade de leitões durante a fase pré-desmame, correspondente cerca de um leitão desmamado a mais por fêmea/ano. Em avaliação de campo realizado na Letônia, o fornecimento de bacilos através da ração para fêmeas suínas em lactação teve como resultado a melhoria de 7,5% no número de leitões desmamados e leitões com 800 gramas a mais no peso ao desmame, sendo este indicador com diferença estatística.
Num outro estudo realizado na Grécia, com objetivo de avaliar a performance de fêmeas suínas, foram comparados dois grupos, sendo um grupo com o fornecimento de bacilos via ração durante a gestação e lactação e outro grupo com a ração controle sem probiótico. O grupo de fêmeas que recebeu ração com bacilos apresentou melhores indicadores ao parto, como 0,5 leitão nascido vivo a mais, leitões com maior peso ao nascimento e a leitegada ao nascer com 1,6kg a mais em relação às leitegadas de fêmeas que não receberam o probiótico.
Durante a fase de lactação, foram observados efeitos positivos com validação estatística, como redução de 47% na mortalidade de leitões lactentes (Grupo Controle 9% x Grupo Probiótico 5,4%), leitões com melhor desempenho durante a lactação com 460 gramas a mais no peso de cada leitão desmamado e maior peso total da leitegada desmamada aos 28 dias de idade (Grupo Controle 67,8 kg x Grupo Probiótico 79,2 kg). O consumo de ração das fêmeas do grupo probiótico durante a lactação foi maior, demonstrando melhor eficiência alimentar em relação ao desempenho das leitegadas desmamadas, além de apresentarem intervalo desmame-cio menor em relação aos grupos de fêmeas sem probiótico.
Estudo de campo com bacilos em fêmeas suínas no Brasil
Em estudo recente, foram avaliados os efeitos da suplementação com a combinação de Bacillus subtillis e Bacillus licheniformis durante toda a fase de gestação e lactação sobre o desempenho de matrizes suínas e suas respectivas leitegadas comparado ao grupo controle sem probiótico (dados em publicação). O estudo foi realizado em granja comercial e utilizadas fêmeas suínas com ordem de paridade de 2 a 8, distribuídas em dois tratamentos: Controle (95 Fêmeas) e Probiótico (95 fêmeas) que consistiu na suplementação contendo Bacillus subtillis e Bacillus licheniformis. A suplementação via ração ocorreu diariamente e teve início no primeiro dia de gestação e persistiu até o final da lactação. Os resultados de desempenho para fêmeas suínas e leitões são mostrados na tabela abaixo.

Resultados
Foram observadas melhorias nos indicadores ao parto, com diminuição de leitões mumificados no grupo de fêmeas suplementadas com o probiótico e suas respectivas leitegadas com cerca de 100 gramas a mais no peso ao nascimento. O peso ao desmame e o ganho de peso diário foram maiores nos leitões nascidos de fêmeas suínas suplementadas com bacilos, sendo que os leitões foram desmamados 376 gramas mais pesados. Também se observou efeito positivo na saúde dos leitões lactentes com redução de 0,7% de mortalidade na fase pré-desmame, com menor incidência de diarreias.
Os resultados obtidos no Brasil reforçam os efeitos benéficos dos probióticos a base de bacilos, que têm as características de manter a saúde intestinal e prevenir a disbiose intestinal dos suínos, inclusive fêmeas, que têm um papel fundamental no primeiro contato dos leitões ao nascimento com uma microbiota benéfica. Além disso, alguns estudos mostraram que as fêmeas suínas alimentadas com bacilos apresentaram colostro e leite com maior qualidade; portanto, um leite de maior qualidade representa maior peso do leitão desmamado e leitões com intestino saudável são mais propensos a desenvolver-se melhor e sobreviver durante o período de lactação.
Considerações finais
A suplementação com probióticos a base de bacilos durante a fase reprodutiva de fêmeas suínas é uma ferramenta capaz de melhorar a saúde intestinal das mesmas e promover melhoria na qualidade do leitão desmamado, além de benefícios em outros indicadores de produtividade e saúde da granja. É importante a escolha da cepa correta para que se tenha sucesso no programa probiótico implementado na granja.
As referências bibliográficas estão com a autora. Contato via: brdade@chr-hansen.com.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



