Notícias
Santa Catarina unida para evitar a entrada da Influenza aviária
Preocupação ocorre porque, além de estar cercado por países que apresentam a doença, o vírus é disseminado por meio de aves migratórias, o que aumenta os riscos. Apesar disso, tanto o território barriga-verde quanto o Brasil é livre da enfermidade.

A notícia de focos recentes de Influenza aviária em vários países da América do Sul – especialmente no Uruguai e na Argentina – deixou Santa Catarina em alerta. Considerado o segundo maior produtor e exportador de aves do Brasil, o Estado une forças para impedir a entrada da doença em território barriga-verde. A preocupação ocorre porque, além de estar cercado por países que apresentam a doença, a Influenza aviária é disseminada por meio de aves migratórias, o que aumenta os riscos. Apesar disso, Santa Catarina segue livre da doença.
Também conhecida como gripe aviária, é uma doença provocada por um vírus altamente contagioso. É mortal para as aves e pode causar grandes prejuízos econômicos e pode afetar a saúde de aves domésticas e silvestres.
A Associação Catarinense de Avicultura (Acav), o Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados no Estado de Santa Catarina (Sindicarne) e o Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (Icasa) somam esforços junto ao Governo do Estado, aos produtores rurais e demais entidades de defesa da sanidade avícola catarinense para trabalhar na prevenção da doença.
A ação do vírus
Causada por vírus que apresentam diferentes subtipos (H5N1, H5N2, H5N3, H5N6, H5N8, etc.), a IA consegue mudar geneticamente com rapidez. Nas aves, o vírus tem poder de ampla disseminação e resulta em mortalidade elevada. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) orienta aos produtores de aves que fiquem atentos aos principais sinais observados em aves contaminadas: falta de coordenação motora, torcicolo, dificuldade em respirar, intensa diarreia.

Presidente da Acav, Ricardo Castellar de Faria – Foto: Divulgação/Acav
“O vírus pode permanecer por até oito meses no ambiente, por isso, é importante evitar áreas frequentadas por aves silvestres. Essa e outras medidas de biosseguridade são importantes para evitar a entrada do vírus em uma propriedade”, orienta o presidente da Acav, Ricardo Castellar de Faria.
Defesa sanitária
O Brasil possui um laboratório de referência para Influenza aviária que conta com o mais alto nível de biossegurança. Em 2022 quase 40 mil amostras laboratoriais foram analisadas somente nos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária, de acordo com dados do Mapa.
Santa Catarina possui um status sanitário que é referência para o mundo. O presidente do Sindicarne, José Antônio Ribas Jr, considera que é a adoção de boas práticas que promove a sanidade da agricultura catarinense e nacional, além de ser uma estratégia para o desenvolvimento efeito da cadeia produtiva.

Presidente do Sindicarne, José Antônio Ribas Jr – Foto: Divulgação/Sindicarne
“Os plantéis avícolas do Brasil são livres da Influenza aviária, mas a presença da doença em países vizinhos desperta nossa atenção para a intensificação da vigilância e a identificação de possíveis suspeitas da aproximação da IA ao território brasileiro, principalmente o catarinense dada a sua importância produtiva para o país”, comenta Ribas.
O presidente da Acav ressalta que a defesa agropecuária precisa manter um robusto plano de vigilância ativa e passiva com capacidade de diagnóstico rápido, além disso, pontua que Santa Catarina deve se preparar para ter uma resposta eficaz a qualquer evento sanitário e esse é um trabalho de muitas mãos.
Faria cita a importância do setor privado em proteger as granjas reduzindo as chances de contato entre aves de produção e animais silvestres, mas lembra que essa é uma responsabilidade de todos os envolvidos na cadeia avícola.
“A educação sanitária tem que ser o alicerce para uma boa implantação das políticas públicas de qualidade. O sucesso de toda a cadeia produtiva avícola se dá graças à participação de todos os representantes do setor, incluindo não apenas os grandes produtores, as grandes empresas integradoras, os produtores de grãos, de rações, de suplementos e medicamentos, mas também os avicultores de pequena escala e, certamente, a agricultura familiar”, acrescenta.
Evite a transmissão
Para prevenir a entrada e o alastramento da doença em Santa Catarina, a Chapecó Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) recomenda:
• Evite o contato de pessoas estranhas com as aves da sua propriedade;
• Evite o contato das suas aves com as aves de vida livre;
• Mantenha suas aves em área restrita, deixando a comida e a água em local protegido, sem acesso de aves de vida livre;
• Comunique a Cidasc caso perceba sinais nervosos, respiratórios e digestivos em suas aves, ou ainda o aumento de mortalidade nas suas aves ou nas aves de vida livre;
• Em caso de dúvidas, procure a Cidasc do seu município ou ligue 0800 643 9300.

Notícias
Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
Notícias
Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
Notícias
Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



