Notícias Cadastro Ambiental Rural
Santa Catarina fará parte de projeto piloto para análise automatizada do CAR
Novo sistema irá simplificar e desburocratizar validação e análise das inconsistências, dando resposta mais rápida aos proprietários de terras

Com 95% das propriedades rurais inscritas no Cadastro Ambiental Rural (CAR), Santa Catarina será um dos primeiros Estados do país a automatizar a avaliação dos registros. O novo sistema estará disponível também no Pará e irá simplificar e desburocratizar a validação e a análise das inconsistências, dando uma resposta mais rápida aos proprietários de terras. A intenção é que Santa Catarina seja pioneiro no recebimento por serviços ambientais através da implantação das Cotas de Reserva Ambiental (CRA). Na segunda-feira (08), Governo do Estado, Governo Federal, iniciativa privada e representantes dos produtores rurais se uniram em uma força tarefa para dar mais agilidade às ações de cadastramento e regularização ambiental.
A proposta é garantir 100% de cobertura do CAR no território catarinense, avaliando as inconsistências e preparando os proprietários de imóveis rurais para a regularização e posterior implantação das Cotas de Reserva Ambiental. De acordo com o diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro, Valdir Colatto, esta será mais uma marca de Santa Catarina, que dará o exemplo para outros estados. “Santa Catarina será o estado pioneiro em implantar o CAR dinamizado, dando mais agilidade e simplificando o processo de cadastramento e análise dos cadastros. Nosso objetivo final é o pagamento por serviços ambientais, essa questão está evoluindo e Santa Catarina poderá se beneficiar disso”, destaca.
A união de esforços de diversas entidades do setor público e privado quer acabar com as inconsistências nos CAR em Santa Catarina, causadas principalmente por sobreposição de área e falta da declaração de cobertura de solo. As estimativas são de 35% dos cadastros tenham esses tipos de problema. “Trabalhando juntos nós podemos trazer mais agilidade ao cadastramento, principalmente no Programa de Regularização Ambiental. Esse é um processo que pode trazer ganhos para os produtores rurais, principalmente se pensarmos em licenciamento ambiental”, ressalta o secretário da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Ricardo de Gouvêa.
Santa Catarina tem 335,8 mil propriedades rurais cadastradas no CAR, isso representa 95% do total de matrículas no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). As inconformidades por sobreposição, embargos, terras indígenas ou assentamentos chegam a 122,9 mil cadastros.
Cadastro Ambiental Rural Automatizado
Uma plataforma digital está sendo desenvolvida pela Universidade Federal de Lavras (Ufla) para simplificar e desburocratizar a análise dos cadastros. O novo sistema será customizado para atender a demanda de Santa Catarina, oferecendo ferramentas melhores para que os produtores rurais tenham mais segurança durante a inscrição.
O sistema possibilitará a leitura automatizada dos cadastros sem irregularidades ou com inconsistências mais simples. Nesses casos, os registros serão aceitos e o certificado será emitido. O maior diferencial é a agilidade, já que a ferramenta é capaz de ler até 60 mil cadastros por dia.
Os técnicos do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) ainda farão uma análise criteriosa dos cadastros com irregularidades mais graves ou que necessitem de uma atenção maior. Segundo a gerente de Licenciamento Ambiental Rural do IMA, Gabriela Brasil dos Anjos, a expectativa é de que 70% dos cadastros sejam analisados automaticamente, diminuindo o tempo de aprovação e adequação ao Programa de Regularização Ambiental (PRA).
Um dos aspectos a ser melhorado será a qualidade das imagens oferecidas na inscrição do CAR – maior causa de inconsistência nos registros de imóveis rurais. Além disso, o Governo Federal lançou um aplicativo para melhorar a comunicação com as pessoas que já possuem cadastros.
Capacitação de facilitadores
As Secretarias de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Econômico Sustentável, IMA, Epagri, Cidasc, Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (Icasa), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc) e Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Santa Catarina (Fetaesc) colocarão técnicos à disposição para auxiliar os produtores rurais no cadastramento e na regularização ambiental.
Em agosto representantes da Universidade Federal de Lavras e do Serviço Florestal Brasileiro estarão em Santa Catarina para uma rodada de capacitações. A intenção é de que o estado conte com pelo menos mil facilitadores, que atuarão no meio rural para diminuir a inconsistência dos cadastros.
“Ninguém é tão forte quanto todos nós juntos. O CAR é uma realidade e pode trazer muitas possibilidades de ganho para os produtores rurais de Santa Catarina. O trabalho está só começando e esta é uma oportunidade para levar mais segurança ao meio rural”, ressalta o presidente do IMA, Valdez Rodrigues Venâncio.

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Oferta robusta pressiona preços do trigo no mercado brasileiro
Levantamento do Cepea aponta desvalorização influenciada pela ampla oferta interna, expectativas de safra recorde no mundo e competitividade do produto importado.

Levantamento do Cepea mostra que os preços do trigo seguem enfraquecidos. A pressão sobre os valores vem sobretudo da oferta nacional, mas também das boas expectativas quanto à produtividade desta temporada.
Além disso, pesquisadores do Cepea indicam que o dólar em desvalorização aumenta a competitividade do trigo importado, o que leva o comprador a tentar negociar o trigo nacional a valores ainda menores.

Foto: Shutterstock
Em termos globais, a produção mundial de trigo deve crescer 3,5% e atingir volume recorde de 828,89 milhões de toneladas na safra 2025/26, segundo apontam dados divulgados pelo USDA neste mês.
Na Argentina, a Bolsa de Cereales reajustou sua projeção de produção para 24 milhões de toneladas, também um recorde.
Pesquisadores do Cepea ressaltam que esse cenário evidencia a ampla oferta externa e a possibilidade de o Brasil importar maiores volumes da Argentina, fatores que devem pesar sobre os preços mundiais e, consequentemente, nacionais.
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Instabilidade climática atrasa plantio da safra de verão 2025/26
Semeadura avança lentamente no Centro-Oeste e Sudeste devido à má distribuição das chuvas e períodos secos, segundo dados do Itaú BBA Agro.

O avanço do plantio da safra de verão 2025/26 tem sido afetado por condições climáticas instáveis em diversas regiões do país. De acordo com dados do Itaú BBA Agro, os estados do Centro-Oeste e Sudeste registraram os maiores atrasos, reflexo da combinação entre pancadas de chuva isoladas, má distribuição das precipitações e períodos prolongados de estiagem. O cenário manteve os níveis de umidade do solo abaixo do ideal, dificultando o ritmo da semeadura até o início de novembro.
Enquanto isso, outras regiões apresentaram desempenho distinto. As chuvas mais intensas ficaram concentradas entre Norte e Sul do Brasil, com destaque para o centro-oeste do Paraná, oeste de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul, onde os volumes superaram 150 mm somente em outubro. Nessas áreas, o armazenamento hídrico mais elevado favoreceu o avanço do plantio, embora episódios de granizo e temporais tenham provocado prejuízos em algumas lavouras. A colheita do trigo também sofreu atrasos e, em determinados pontos, perdas de qualidade.

Foto: José Fernando Ogura
No Centro-Oeste, a distribuição das chuvas variou significativamente ao longo de outubro. Regiões como o noroeste e o centro de Mato Grosso, além do sul de Mato Grosso do Sul, receberam volumes acima de 120 mm, enquanto outras áreas não ultrapassaram os 90 mm. Somente no início de novembro o padrão começou a mostrar maior regularidade.
No Sudeste, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo registraram precipitações que ajudaram a recompor a umidade do solo. Minas Gerais, por outro lado, enfrentou acumulados abaixo da média — especialmente no Cerrado Mineiro, onde outubro terminou com menos de 40 mm de chuva. Com a retomada das precipitações em novembro, ocorreu uma nova florada do café, embora os efeitos da estiagem prolongada continuem gerando preocupação entre produtores.
O comportamento irregular das chuvas segue como fator determinante para o ritmo da safra e mantém o setor em alerta para os próximos meses.
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Mercado da soja inicia novembro com preços instáveis e influência do cenário internacional
Oscilações refletem exportações brasileiras em alta, avanço do plantio e incertezas sobre o acordo China–EUA, aponta análise da Epagri/Cepa.

O mercado da soja entrou novembro sob influência de uma combinação de fatores internos e externos que têm gerado oscilações nos preços e incertezas quanto ao comportamento da demanda global. Em Santa Catarina, conforme o Boletim Agropecuário elaborado pela Epagri/Cepa, a média mensal paga ao produtor em outubro registrou leve recuo de 0,6%, fechando o mês em R$ 124,19 a saca.
Já no início de novembro, até o dia 10, há indicação de recuperação: a média estadual subiu para R$ 125,62/sc, movimento influenciado principalmente pelo comportamento das exportações brasileiras e pelas notícias vindas do mercado internacional.

Foto: Claudio Neves
A elevação dos embarques do Brasil em outubro, 6,7 milhões de toneladas, com volume acumulado superior a 100 milhões de toneladas em 2025, ajudou a firmar as cotações internas. Ao mesmo tempo, o anúncio da retomada das importações de soja dos Estados Unidos pela China e os avanços no acordo comercial entre os dois países impulsionaram os contratos futuros em Chicago (CBOT), com reflexos imediatos nos preços no Brasil.
A análise é do engenheiro-agrônomo Haroldo Tavares Elias, da Epagri/Cepa, que classifica o momento como de viés misto, com o mercado reagindo de forma alternada a notícias de estímulo e pressão.
Fatores que influenciam mercado
Segundo o boletim, fatores de baixa predominam no curto prazo, puxados principalmente pela lentidão nas negociações internas no Brasil, pelo avanço do plantio da nova safra e pela sinalização do acordo China–EUA. Esse movimento pressiona o mercado brasileiro, ao mesmo tempo que fortalece o mercado americano e sustenta as cotações em Chicago.
1. Mercado internacional
Dados de USDA, CBOT, Esalq-Cepea, Investing.com e Bloomberg, compilados pela Epagri/Cepa, apontam:

Foto: Claudio Neves
Fatores de alta:
- Importações recordes da China em outubro, 9,48 milhões de toneladas, majoritariamente provenientes da América Latina;
- Recuperação da CBOT por quatro semanas consecutivas.
Fatores de baixa:
- Falta de confirmação pela China da compra de 12 milhões de toneladas dos EUA;
- Retomada das importações chinesas de soja americana, reduzindo o espaço para o produto brasileiro;
- Negociações internas mais lentas no Brasil, o ritmo mais baixo em quatro anos;
- Correção técnica de estocásticos e realização de lucros após sequência de altas em Chicago.
2. Oferta e mercado interno
Fatores de alta:
- Exportações brasileiras mantêm ritmo forte;
- Estruturação da presença chinesa no Brasil, com ampliação de operações, incluindo um novo escritório no Mato Grosso.
Fatores de baixa:
- Pressão sobre os preços internos, com queda de 1,4% em outubro.
3. Safra e clima
Fatores de baixa:
- Plantio avançado, com 47% da safra já implantada, reforçando a expectativa de safra recorde entre 177 e 180 milhões de toneladas no

Foto: Claudio Neves
ciclo 2025/26;
- Produtores nos EUA voltaram a vender após as recentes altas, aumentando a oferta global no curto prazo.
Acordo China-EUA
Embora o mercado tenha reagido às declarações do governo dos Estados Unidos sobre um novo acordo com a China envolvendo a compra de soja, não houve confirmação por parte dos chineses até 12 de novembro, ressalta a Epagri/Cepa. Caso confirmado, o pacto poderia redirecionar parte da demanda da China para a soja americana, reduzindo o volume destinado ao Brasil.
Contudo, a proximidade da entrada da nova safra brasileira — combinada com o calendário já avançado para novembro, torna improvável a formalização do acordo ainda este ano. Por isso, a tendência, segundo a análise, é que a China siga priorizando a soja brasileira nas próximas semanas.



