Claudio Spadotto,
Santa Catarina e a energia solar
Essa modalidade de energia tem vantagem, pois reduz os investimentos em geração podendo comercializar sem custo de produção o excedente injetado na rede
Artigo escrito por José Zeferino Pedrozo, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)
O Brasil está despertando para o aproveitamento do sol como fonte de energia. A incidência solar hora/dia é uma das melhores do planeta. No local menos ensolarado no Brasil é possível gerar mais eletricidade solar do que no local mais ensolarado da Alemanha, país líder no uso da energia fotovoltaica.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou, em 2012, a geração própria de energia elétrica de fontes renováveis e possibilitou o repasse do excedente à rede pública de distribuição de energia em troca de desconto na conta de luz. Em 2015, outras facilidades foram incorporadas à norma. Os créditos gerados pelos consumidores passaram a valer durante cinco anos. Agora são permitidos sistemas de consumo coletivo e de consumo remoto — quando a energia é produzida num local e consumida em outro dentro da área de concessão de uma distribuidora.
O uso da energia fotovoltaica está sendo estimulado pelo encarecimento da energia elétrica. Desde 2012, o reajuste médio do preço da energia no País foi de 44% para uma inflação de 36% no período.
Santa Catarina precisa se inspirar em Minas Gerais que, com 5.000 sistemas instalados, lidera a corrida solar. Esse Estado foi o primeiro a isentar a cobrança de 30% de imposto sobre circulação de mercadorias e serviços que incidia sobre a troca de energia entre consumidores e concessionária. Até aqui, 23 estados seguiram o exemplo de Minas, com exceção de Amazonas, Paraná e Santa Catarina.
A Faesc reivindica desde 2017 a Isenção do ICMS da energia pelo sistema de compensação – mediante o uso de energia fotovoltaica – ao Governo do Estado de Santa Catarina. A Resolução Normativa 482/12 da ANEEL estabeleceu as regras para este sistema de compensação de energia ou de créditos de energia. Esta resolução permite fazer troca de energia com a rede elétrica. No entanto, em 2015, o Conselho Nacional da Política Fazendária (Confaz) do Ministério da Fazenda, através do Ajuste SINIEF 2, revogou o convênio que orientava a tributação da energia na rede. A partir daí, cada Estado passou a decidir se tributa ou não a energia solar que é injetada na rede da distribuidora.
A maioria dos Estados aderiu ao Convênio ICMS 16/2015 e, como meio de incentivo as novas fontes de geração distribuída, isentou do ICMS a energia obtida pelo sistema de compensação (energia fotovoltaica).
Santa Catarina precisa conceder a isenção do ICMS incidente sobre a energia elétrica fornecida pela distribuidora à unidade consumidora, na quantidade correspondente à soma da energia elétrica injetada na rede de distribuição pela mesma unidade consumidora. Essa medida auxilia fortemente para melhorar o retorno sobre os investimentos nos sistemas de geração distribuída, pois o excedente produzido que foi entregue gratuitamente a concessionária responsável pode ser compensado com a isenção do ICMS.
Essa modalidade de energia tem vantagem, pois reduz os investimentos em geração podendo comercializar sem custo de produção o excedente injetado na rede. Pode, ainda, armazenar a energia nas hidrelétricas através de seus reservatórios para ser despachada à noite, quando não há produção de energia solar. O microgerador/consumidor de energia também terá vantagens, pois poderá usufruir da energia gerada em compensação em qualquer momento do ano (dia ou noite) independente das condições climáticas e com um retorno sobre o investimento mais rápido. Já operam no País mais de 3 000 fornecedores, entre comercializadoras, projetistas e instaladoras de sistemas fotovoltaicos. Não há dúvidas que a energia fotovoltaica será massificada em breve.
Fonte: Assessoria
Por José Luiz Tejon Megido, Conselheiro Fiscal do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e Dirige o Núcleo de Agronegócio da ESPM.
Manifestações! O agro também deixa suas marcas.
Por exemplo, em Brasília, protestando e se manifestando sobre a incoerência do Supremo Tribunal Federal no julgamento do Funrural, quando a corte considerou constitucional a cobrança da arrecadação previdenciária que mudava o entendimento anterior.
Leitor, você já ouviu falar em brigada de incêndio? Provavelmente sim, no seu prédio, condomínio, ou na empresa onde trabalha. Você já deve ter ouvido falar também da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), em qualquer empresa.
Então, todos nós sabemos a diferença entre prevenir e remediar, ou então protestar.
Na vida aprendemos com as crises, traumas e acidentes, e isso nos faz aumentar a segurança, o progresso da ciência, da administração, da prevenção de doenças e de acidentes.
O que então tem a ver as manifestações com a história das brigadas de incêndio? Tudo!
O Brasil e o agronegócio precisam agora de um “mega hiper foco” na prevenção das burradas, da insensatez e dos enganos do futuro. De uma egonomia da guerra de egos.
Quer dizer, já não estaria na hora das confederações empresariais nacionais, fortíssimas entidades da sociedade civil organizada, se reunirem para construírem uma proposta de prevenção e de ampliação da possibilidade dos fatores controláveis da economia, das finanças, das estruturas do país?
Permanecerem saudáveis? Independentemente do louco, ou do mais sensato que possa estar no governo no ano que vem? Pelo que já se vê, pela reeleição da maioria dos atuais do legislativo.
Quando os três poderes entrarem em colapso de credibilidade ética, e continuarem funcionando, e o atrito aumentando, ou a sociedade civil organizada assume o bom senso do país, ou vai ser mais uma batendo bumbo e panelas nas manifestações que assolam o país, de todos os tipos. E sem dúvida pagando o preço da mesma insensatez.
O Funrural é fruto da ausência de uma liderança convergente e única no agronegócio do país.
Das 12 confederações nacionais empresariais no país, agora sem mais as arrecadações obrigatórias dos impostos, pelo menos seis delas. Saiam da moita, se encontrem e apresentem um projeto comum para o agro do Brasil nos próximos cinco anos.
Juntas essas confederações poderiam encabeçar um projeto conjunto, coletivo e acima de tudo PREVENTIVO, perante a marcha da insensatez dos demais poderes neste que é o maior exemplo de sucesso do agronegócio em todo o cinturão tropical do planeta, o nosso Brasil.
Sociedade civil organizada com poderes estruturados, apareçam e não esperem por governo!
Fonte: Ass. de Imprensa
Claudio Spadotto,
A Geografia dos Agrotóxicos Ilegais
Os agrotóxicos ilegais representam em torno de 20% do mercado legal do setor no Brasil
Por Claudio Spadotto, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e gerente geral da Embrapa Gestão Territorial.
A qualidade e a segurança dos agrotóxicos são garantidas pelos cuidados na fabricação e pelas avaliações criteriosas no processo de registro, que no Brasil envolve três Ministérios – Agricultura, Saúde e Meio Ambiente. Os agrotóxicos ilegais não têm esses cuidados assegurados e não passam por nenhuma avaliação, portanto, podem causar sérios problemas para a saúde humana, meio ambiente, economia, além de fomentarem o crime organizado.
Os agrotóxicos ilegais representam em torno de 20% do mercado legal do setor no Brasil. De 2001 a 2016 as apreensões de agrotóxicos ilegais, contrabandeados e falsificados, somaram 654 toneladas.
A Embrapa organizou uma lista das ocorrências de apreensão de agrotóxicos ilegais amplamente divulgadas na mídia nos últimos anos e determinou a localização geográfica de cada uma das ocorrências. Os resultados desse trabalho estão na publicação “Inteligência territorial no monitoramento da entrada de agrotóxicos ilegais no Brasil”, disponível no portal da Embrapa Gestão Territorial (www.embrapa.br/gestao-territorial).
Foi possível observar que o maior número de apreensões ocorre na fronteira dos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul com o Paraguai, em grandes áreas de produção agrícola no estado do Mato Grosso, além de registros esparsos no Oeste da Bahia e nos estados do Pará e do Rio Grande do Sul. A forte correspondência com as regiões de fronteira decorre possivelmente do maior movimento de produtos ilegais nessas áreas, combinado com a fiscalização mais intensa.
A publicação da Embrapa traz um mapa com a localização das apreensões de agrotóxicos ilegais e das cidades na fronteira brasileira, bem como os pontos da Polícia Rodoviária na malha rodoviária nacional. É possível observar regiões onde há cidades fronteiriças e poucos postos de fiscalização.
É importante ressaltar que as rotas ilegais de entrada de mercadorias não se restringem às principais rodovias e caminhos clandestinos podem ser usados. Assim, o trabalho também apresenta os pontos da fronteira brasileira onde foram identificados, por meio de imagens de satélite, caminhos de acesso terrestre entre o Brasil e os países vizinhos.
Esse trabalho evidencia as potencialidades de utilização de geotecnologias no monitoramento da entrada de agrotóxicos ilegais no território nacional, identificando as áreas que devem ser objeto de avaliação para a criação ou intensificação de ações de fiscalização.
Fonte: Ass. de Imprensa
Claudio Spadotto,
Genética: o insumo multiplicador da pecuária
Nos últimos 40 anos, agronegócio brasileiro passou por uma verdadeira revolução
*Bento de Abreu Sodré Carvalho Mineiro
Nos últimos 40 anos, agronegócio brasileiro passou por uma verdadeira revolução. Saímos de uma condição de importadores de alimentos para uma posição de destaque no fluxo mundial de exportações agrícolas. Tudo isso foi possível graças à inovação, tecnologia e muito trabalho que resultaram na constituição de uma verdadeira agropecuária tropical.
Neste período, aumentamos nosso rebanho e nossa taxa de lotação por hectare, o que, apesar de ter sido um grande avanço, quando observamos a demanda de alimentos, questões ambientais e a necessidade de melhor remunerar o pecuarista, constatamos que ainda existem grandes desafios a serem superados.
Para ilustrar os avanços do setor, hoje o agronegócio representa em torno de 21,4% do Produto Interno Bruto brasileiro e, dentro desta fatia, o setor da pecuária fica responsável por aproximadamente 32%, segundo dados de 2015 do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP). Porém, mesmo com resultados positivos, as demandas mundiais nos pressionam todos os dias para aumentarmos ainda mais nossa produtividade.
Em suas mais recentes publicações, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês) deixa clara a necessidade de o Brasil assumir o papel de celeiro do mundo, sendo um dos protagonistas na manutenção da segurança alimentar mundial.
Segundo projeções da entidade, em 2050 o planeta terá 9 bilhões de pessoas, o que demandará um aumento de 70% na produção mundial de alimentos. Sob vigência deste novo contexto, não há mais como fugir dos novos desafios. Graças às novas tecnologias, produtos da revolução “agrotropical” realizada no Brasil, hoje é possível viabilizar a produção de mais quilos de carne por hectare.
Quando falamos em aumento de produtividade no campo, pensamos sempre em técnicas e insumos agropecuários, ILPF (integração lavoura-pecuária-floresta), manejo rotativo, bem-estar e saúde animal, nutrição, etc. Mas, por vezes, deixamos fora deste conceito um dos insumos mais importantes para a produção pecuária e justamente aquele que capaz de potencializar o uso de todos os demais: a genética.
Neste cenário competitivo, opções anteriormente comuns como a utilização de touros sem registro e a ausência de preocupação com o melhoramento contínuo do rebanho, se mostram cada vez mais ineficientes na busca por resultados que atendam o mercado.
Portanto, temos convicção que a genética é o grande insumo multiplicador da pecuária. Além de possibilitar maior ganho durante o ciclo produtivo, esse é o único insumo com o potencial de ser transmitido por todos os demais ciclos produtivos de uma fazenda.
Recentemente, foi publicada uma pesquisa que reforça essa visão. Os resultados obtidos pela inserção de animais melhoradores estão sendo continuamente comprovados pela academia. Um estudo conduzido por Sérgio De Zen, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA/USP) e realizado com apoio da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) trouxe dados muito interessantes sobre a utilização de touros registrados.
Os pesquisadores compararam fazendas que utilizam genética zebuína registrada e provada pelo PMGZ com propriedades que utilizam touros sem registro. Como objeto de pesquisa, comparou-se uma fazenda de cria que tem o hábito de adquirir touros melhoradores no estado do Mato Grosso com outra propriedade tecnicamente próxima, mas que não faz esse investimento. Chegaram a uma diferença de 14,5% na margem de lucro líquido, representando, aproximadamente, R$ 230,00 por hectare.
Outros resultados se mostraram ainda mais estimulantes, como quando comparamos as margens de lucro líquido de propriedades de cria em Goiás. Nesta comparação, a propriedade que apostou em genética teve um ganho líquido por arroba de R$ 250,76, enquanto aquele que não investiu obteve um ganho de apenas R$ 197,92, uma diferença de 26,7%.
O Brasil está de frente com um grande desafio, mas com o auxílio de técnicas e insumos adequados a pecuária brasileira segue com o potencial de levar o país a um patamar ainda maior em relação à sua relevância no cenário mundial. Está mais do que comprovado o papel determinante da genética nessa equação, por isso, é bom levarmos em consideração os números no momento de adquirir um touro avaliado. A chave para o melhor aproveitamento de todo seu investimento em insumos e manejo pode estar nele!
*Bento de Abreu Sodré Carvalho Mineiro é diretor das Fazendas Sant’Anna, propriedades em Rancharia (SP), Pardinho (SP) e Uberaba (MG) e que há 42 anos contribuem com o desenvolvimento do agronegócio nacional.
Fonte: Ass. de Imprensa