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Santa Catarina colhe 481,5 mil toneladas de trigo
Confira as análises do Boletim Agropecuário de fevereiro, publicado mensalmente pela Epagri/Cepea com avaliação das principais cadeias produtivas do agronegócio catarinense.
A safra 2002/23 de trigo está encerrada no território de Santa Catarina, com 481,5 mil toneladas de produto, esse volume é cerca de 38% maior que no ciclo passado, quando o estado colheu 347,8 mil toneladas do cereal. O encerramento da safra mostrou crescimento de 2% na produtividade, chegando a 3.446kg/ha. Mas o maior impulso veio da evolução da área plantada, que se expandiu em aproximadamente 36% no Estado. O aumento da produção se deu apesar das condições climáticas, que não foram ideais.
O preço médio mensal pago ao produtor recuou 3,33% em janeiro em relação a dezembro, fechando a média mensal em R$87,42 a saca de 60kg. Na comparação anual, os preços recebidos em janeiro deste ano estão 1,8% abaixo dos registrados no mesmo mês de 2022, em termos nominais.
Milho
O mercado do milho no início de 2023 está com o foco no clima da América Latina, que influencia no potencial da produção da primeira safra no Brasil e Argentina, países que podem produzir juntos, cerca de 80 milhões de toneladas. Outro fator importante que atua nas cotações do cereal é o volume das exportações pelo Brasil, que, em 2022, embarcou quantidade recorde de 46,6 milhões de toneladas.
Em Santa Catarina, os preços ao produtor apresentam recuperação desde julho de 2022 na média mensal, quando atingiram a menor cotação naquele ano. No início de 2023, a média mensal dos preços pagos ao produtor apresentaram recuo, de R$84,00 para R$82,00 a saca. O início da colheita da primeira safra 2022/23, além dos estoques remanescentes que estão nos armazéns, estão pressionando as cotações nesse período.
Soja
A Epagri/Cepa estima que Santa Catarina produza 2,69 milhões de toneladas de soja na safra 2022/23. Esse número é maior do que a estimativa inicial, que era de 2,61 milhões de toneladas, e foi impulsionado pela atualização da área de cultivo feita em janeiro, que chegou a 730,6 mil hectares.
Com base nestes números, a expectativa é de uma safra normal para o Estado, beneficiada pelas condições climáticas de fevereiro, quando aconteceram chuvas mais regulares em várias regiões do Estado, que trouxeram alívio aos produtores. As baixas temperaturas de outubro e a estiagem em novembro resultaram em atraso na semeadura nas regiões de maior altitude.
Bovinos
Diferente da maioria dos estados, os preços do boi gordo em Santa Catarina apresentaram variação positiva de 0,6% na primeira quinzena de fevereiro, em comparação com o mês anterior. Na comparação entre o valor de fevereiro e o mesmo mês de 2022, por outro lado, observou-se queda de 4,1% no preço médio estadual.
Os preços de atacado da carne bovina apresentaram movimentos distintos nas primeiras semanas de fevereiro: alta de 1,5% na carne de dianteiro e queda de 0,5% na carne de traseiro, quando comparados aos do mês anterior. Na média dos dois tipos de corte, a variação foi de 0,5%. Quando se comparam os valores atuais com os de fevereiro de 2022, também se observam movimentos distintos: queda de 4,7% para a carne de dianteiro e alta de 0,5% para a carne de traseiro, com média de -2,1%. Vale destacar que essas variações dizem respeito aos preços nominais, o que não considera a inflação do período.
De acordo com os dados da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), em 2022 foram abatidos 637,4 mil bovinos nos estabelecimentos inspecionados do Estado, queda de 3,7% em relação ao ano anterior.
Frango
Santa Catarina exportou 95,37 mil toneladas de carne de frango (in natura e industrializada) em janeiro, alta de9,4% em relação às exportações do mês anterior e de 14,9%na comparação com as de janeiro de 2022. As receitas foram de US$211,39 milhões, alta de 10,4% em relação às do mês anterior e de 34,2% na comparação com as de janeiro de 2022.
A maioria dos principais destinos registraram aumento nas receitas das exportações de janeiro em relação ao mesmo período do ano passado, com destaque para a China (85,2%), o Japão (29,0%) e a Arábia Saudita (100,5%). Dentre os cinco primeiros do ranking, a única exceção foram os Emirados Árabes Unidos, com leve queda de 0,1%.
De acordo com os dados da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), em 2022 foram produzidos 836,7 milhões de frangos no estado, queda de 2,4% em relação ao ano anterior.
Suínos
Santa Catarina exportou 50 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos) em janeiro, queda de 6,9% em relação às exportações do mês anterior, mas alta de 12,1% na comparação com as de janeiro de 2022. As receitas foram de US$123,21 milhões, queda de 9,7% em relação às do mês anterior, mas alta de 25,7% na comparação com as de janeiro de 2022.
A maioria dos principais destinos registraram variações positivas nas compras de carne suína catarinense de janeiro em relação ao mesmo período do ano passado, com destaque para a China (21,6% em quantidade e 47,8% em receitas) e o Chile (53,8% e 77,9%). Por outro lado, evidenciam-se as quedas registradas nos embarques para as Filipinas (-20,6% em quantidade e -17% em receitas).
De acordo com os dados da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), em 2022 foram produzidos 17,49 milhões de suínos no estado, alta de 9% em relação ao ano anterior. Esse é o maior número de animais já abatidos em Santa Catarina.
Leite
No ano passado, as indústrias lácteas inspecionadas do Brasil adquiriram 23,750 bilhões de litros de leite cru, o que configura, segundo a Epagri/Cepa, um ano de fraco desempenho da produção leiteira brasileira. Nos últimos dez anos, quantidades inferiores a essa ocorreram apenas em 2013 (23,553 bilhões) e 2016 (23,170 bilhões). Esse dado significa também que a quantidade de leite adquirida pelas indústrias caiu 7,4% de 2020 para 2022.
Em janeiro, as importações brasileiras alcançaram 19,8 milhões de quilos de lácteos, quantidade bem abaixo das de alguns meses do segundo semestre do ano passado, mas raramente alcançada nos meses iniciais do ano. Com os atuais níveis dos preços internos do leite e lácteos, taxa cambial e preços internacionais dos lácteos, as importações seguem com preços competitivos.
Em janeiro, o Conseleite/SC projetou o preço de referência para o leite em patamar superior ao de dezembro, cenário improvável para o momento. De qualquer maneira, pelos dados parciais dos levantamentos da Epagri/Cepa, o preço médio de fevereiro aos produtores catarinenses terá elevação maior do que a indicada pelo preço de referência do Conseleite/SC.
Arroz
Até o momento, Santa Catarina colheu 14,52% da área semeada com arroz. A colheita está em média 8% atrasada em relação às duas safras anteriores, devido ao prolongado período de frio, que retardou o ciclo da cultura. Essa condição climática também preocupa os produtores com relação à produtividade e à uniformidade do grão. As estimativas da Epagri/Cepa indicam uma safra de 1.238.587t de arroz no Estado, queda de -1,07% em comparação com o ciclo passado, quando a produtividade esteve acima da média.
Os preços encerraram 2022 em ascensão e continuaram essa trajetória nos primeiros meses de 2023, tanto em Santa Catarina quanto no Rio Grande do Sul.
Cebola
A colheita da safra 2022/23 de cebola foi finalizada em Santa Catarina e deve ser a maior dos últimos anos. Os números, ainda em fase de consolidação, indicam uma produção pouco acima de 551 mil toneladas, superior ao estimado pela Epagri/Cepa até dezembro. A elevação dessa estimativa foi puxada especialmente pelos novos números da região do Alto Vale do Itajaí. A microrregião de Ituporanga deverá produzir 257.670 toneladas, o equivalente a 46,75% do total do Estado. O Estado se firma como o maior produtor da hortaliça no país.
Outra boa notícia é que os preços pagos ao produtor estão acima do custo médio estimado para Santa Catarina. Apesar do aumento da oferta da hortaliça desde dezembro, os valores se mantiveram entre R$2,30/kg e R$2,50/kg nas principais praças, como Rio do Sul. A comercialização segue em ritmo normal e o volume comercializado já é superior a 50% da produção catarinense.
Alho
A safra 2022/23 de alho catarinense já foi toda colhida. Os dados, que estão em fase final de consolidação pela Epagri/Cepa, apontam para uma produção estimada de 16.201 toneladas, distribuídas por 1.490ha. A produtividade obtida deve ser de 10.873kg/ha.
Os produtores catarinenses estão comercializando o produto a preço inferior ao custo de produção. Os preços pagos ao produtor em janeiro tiveram redução significativa na comparação com dezembro. Os alhos classes 2 e 3 passaram de R$6,00/kg para R$4,60/kg, redução de 23,33%. Os alhos classes 4 e 5 tiveram preços médios de R$8,42/kg, redução de 28,03%. Os alhos classes 6 e 7 foram comercializados a R$10,68/kg, redução de 8,71%.
Feijão
O ano de 2023 inicia com alta do preço médio recebido pelos produtores do feijão-carioca no mercado catarinense. Em janeiro foi registrado um aumento de 8,94% em relação a dezembro, o preço médio mensal fechou em R$328,32 a saca de 60kg. Para o feijão-preto, os preços também tiveram um crescimento de 13,14%, fechando a média mensal em R$253,54 a saca de 60kg. Na comparação com um ano atrás, os preços da saca do feijão-carioca estão 37% acima do que foi pago em janeiro de 2022, em termos nominais. Para o feijão-preto, pequeno acréscimo de 0,2%.
Até a primeira semana de fevereiro, aproximadamente 25,6% da área plantada com feijão primeira safra já havia sido colhida no Estado. Já para o feijão segunda safra, aproximadamente 20% da área destinada ao plantio já havia sido semeada. A safra de feijão primeira, chamada de safra das águas, representa cerca de 51% da área plantada em Santa Catarina, enquanto que a safra de feijão segunda, também chamada de safra da seca, responde por 49% da área total estadual.
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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.