Avicultura
Salmonelose: seus sorotipos e a saúde humana e animal
Salmonelose é uma enfermidade bacteriana de grande risco para a avicultura industrial e saúde pública, e a prevenção e o controle sanitário são condições fundamentais
Artigo escrito por Franciely Benthien da Costa, consultora Técnica Comercial de Aves na Agroceres Multimix
O Brasil encontra-se entre os maiores produtores e exportadores de carne de frango do mundo, o que representa um faturamento de milhões de dólares por ano.
As salmoneloses estão entre as principais doenças das aves comerciais, sendo que sua presença em plantéis avícolas é responsável por perdas econômicas. É fundamental o controle da salomonella spp para a manutenção da avicultura brasileira e conservação dos seus altos índices de produção e exportação de produtos avícolas.
A falta de controle ou prevenção da salmonela podem acarretar grandes prejuízos a toda cadeia avícola. Atualmente, as salmoneloses ocupam uma das posições mais destacadas no campo da saúde pública em todo o mundo, pois apesar de todo o desenvolvimento tecnológico e da adoção de melhores medidas de higiene, é crescente e relevante o número de casos de salmonelose humana e animal.
Salmonelose é o termo usado para denominar a infecção causada por bactérias do gênero Salmonella. É um bacilo Gram negativo, composto pelas espécies enterica e bongori. A espécie Salmonella entérica é dividida em seis subespécies.
No gênero Salmonella, estão incluídos mais de 2.500 sorotipos. Alguns desses sorotipos, infectam as aves, podendo causar três enfermidades distintas:
- Pulorose: cujo agente é a Salmonella Pullorum;
- Tifo Aviário: cujo agente é a Salmonella Gallinarum;
- Paratifo Aviário: causada por qualquer outra Salmonella que não seja S.Pullorum nem S.Gallinarum.
Pulorose
Causada pela bactéria Salmonella pulorum. chamada de diarréia branca. Doença com alta mortalidade. Acomete aves jovens de 1 a 4 semanas de vida, no entanto, aves adultas podem sofrer infecção sem apresentar sinais clínicos.
Cama, água, alimentos contaminados com material fecal ou resíduo de incubatório de lotes positivos, são as principais fontes de infecção. Equipamentos, veículos, homem e animais silvestres e domésticos também podem ser meio de contaminação.
Os sinais apresentados pelas aves jovens são: prostração, asas caídas, anorexia, diarreia esbranquiçada, perda de peso, debilidade geral, penas eriçadas, podendo apresentar artrite e dificuldade respiratória. Aves adultas podem ser portadoras assintomáticas, apresentando: diarreia, refugos, falsas poedeiras e queda na produção.
O diagnóstico pode ser feito por meio da evolução clínica do lote, sinais, lesões e comprovado por meio de exame sorológico. O tratamento pode ser feito com uso de antibióticos, mas vale a pena ressaltar que a ave tratada permanece portadora do agente. A prevenção contra a Pulorose pode ser feita por meio de boas práticas, biosseguridade e isolamento. É importante que as aves portadoras do agente sejam eliminadas do plantel.
Tifo Aviário
Causado pela bactéria Salmonella Gallinarum. Acomete principalmente aves adultas. O diagnóstico é passível de confusão com a pulorose, pois muitas das características são semelhantes.
A infecção natural por S. Galinarum é restrita às aves. As formas de transmissão da doença são semelhantes à Pulorose. De modo geral, o tifo aviário acomete aves adultas, podendo se manifestar em aves jovens.
Aves jovens apresentam dificuldade respiratória e presença de fezes emplastadas, já aquelas nascidas de matrizes infectadas, aparecem mortas nas bandejas do incubatório. Aves adultas apresentam: diarreia, apatia, anorexia, anemia, perda de peso, queda na produção, mal súbito, fezes esverdeadas ou amarela/esverdeada. Diagnóstico feito com base nos achados clínico do lote.
Lembrando que há a possibilidade de ser confundido com a Pulorose. Nesse caso, a confirmação será após o isolamento e identificação do agente.
Tratamento e prevenção seguem a mesma base das recomendações da Pulorose. Dentro das recomendações básicas de prevenção, para poedeiras comercia, a vacina também é recomendada.
Paratifo Aviário
Causado por qualquer espécie de Salmonella, com exceção da Salmonella Gallinarum, Salmonella Pullorum e Salmonella Arizonae. A predominância dos sorotipos varia de acordo com a região. A Salmonella Enteritidis e a Salmonella Typhimurium estão entre as mais prevalentes em aves e têm grande importância para saúde pública.
As aves jovens são as mais suscetíveis à doença, mas as aves adultas também podem ser afetadas. A maioria das infecções por salmonela paratífica não produzem sinais clínicos, nem lesões. Acomete: aves, mamíferos, repteis, insetos e roedores.
A transmissão principal da doença é via oral, havendo casos de transmissão por: aerossóis, cama, água, alimentos contaminados com material fecal ou resíduo de incubatório, equipamentos e veículos.
O homem e os animais apresentam doença mais grave quando a infecção ocorre em indivíduos mais jovens. Os sinais clínicos são raros, no entanto, pode ocorrer altas taxas de mortalidade e baixo desenvolvimento zootécnico do lote.
Salmonelas paratíficas tem potencial de causar altas mortalidade nos lotes, mas o mais preocupante é o ponto de vista de saúde pública. Carne de frango e ovo são considerados uma das principais fontes de contaminação de salmonela para o homem.
O diagnóstico pode ser comprovado por meio de sorologia e o tratamento consiste em aplicação de antibacterianos que, embora reduza a mortalidade, não livram as aves de continuarem sendo portadoras do agente. Assim como nas outras formas de salmoneloses aviárias, as aves com diagnósticos positivo devem ser eliminadas. As medidas preventivas são as mesmas das outras formas de salmoneloses: adquirir aves livres da doença, fazer controle de vetores, higiene e desinfecção das granjas, medidas de biossegurança e aplicação de boas práticas de manejo.
A salmonelose é uma enfermidade bacteriana de grande risco para a avicultura industrial e saúde pública, e a prevenção e o controle sanitário são condições fundamentais para garantir o desenvolvimento da avicultura brasileira no mercado interno e externo. Medidas rígidas de controle, prevenção e biosseguridade, aliados a um rápido diagnóstico, são imprescindíveis para a erradicação da doença.
No Brasil, o controle da doença é realizado por um plano denominado Plano Nacional de Sanidade Avícola, aliado à Instrução Normativa 20, de 21 de outubro de 2016 (MAPA). Temos que esclarecer ao consumidor que nem toda salmonela faz mal à saúde. Salmonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium, são os tipos que oferecem risco à saúde pública, e essas são controladas por órgãos fiscalizadores. Salmonella spp, que são encontradas com maior frequência em carne e ovos de aves, são destruídas após submetidas a altas temperaturas, sendo essas inofensivas à saúde.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
