Conectado com

Avicultura

Salmonella: dos riscos às soluções

Por ser um dos maiores exportadores de proteína animal do mundo, o Brasil é referência em qualidade nos produtos de origem animal

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Boehringer

A salmonela continua a ser um grande desafio à avicultura mundial. Há mais de 2.600 sorovares de salmonela, diferenciáveis com base em reações sorológicas. A classificação taxonômica, por vezes, pode confundir o técnico que não trabalha diretamente com microbiologia ou diagnóstico.

Um exemplo clássico são as duas salmonelas imóveis – Salmonella gallinarum e a Salmonella pullorum – que causam enfermidades distintas, principalmente em galinhas, perus e codornas, raramente em humanos. Apesar de serem sorologicamente idênticas, diferem entre si quanto ao biovar, ou comportamento no hospedeiro: a Salmonella enterica subsp. enterica sorovar gallinarum biovar gallinarum, causa o Tifo Aviário e a Salmonella enterica subsp. enterica sorovar gallinarum biovar Pullorum, causa a Pulorose.

O médico veterinário e membro do corpo técnico da Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia Avícolas (FACTA), Paulo César Martins – Foto: Divulgação

O médico veterinário e membro do corpo técnico da Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia Avícolas (FACTA), Paulo César Martins, detalha que as outras salmonelas de importância avícola, conhecidas como Salmonelas paratíficas, são móveis e variam consideravelmente em sua epidemiologia, estas bactérias raramente produzem quadro clínico nas aves (assintomáticas). “Quando isso ocorre, geralmente acontece em aves recém eclodidas ou jovens”, explica Paulo Martins.

“Salmonella spp., tais como S. Heidelberg, S. Enteritidis, S. Minnesota, S. Newport, S. Infantis, S. Typhimurium são os principais agentes causadores de doenças transmitidas pelos alimentos (DTA), até mesmo em países desenvolvidos”, relata Martins.

Os principais tópicos com interesse contínuo para o setor avícola incluem:

Por ser um dos maiores exportadores de proteína animal do mundo, o Brasil é referência em qualidade nos produtos de origem animal. Há fatos diretamente relacionados, listados por Paulo César Martins, que merecem destaque.

– Como país tradicionalmente exportador, a busca de todo o setor de produção animal pela redução do uso preventivo de antimicrobianos (AMC) é uma realidade. A grande maioria das empresas avícola já aboliu o uso dos AMC preventivos em vacinações no incubatório, bem como interrompeu os “tradicionais” tratamentos terapêuticos periódicos com AMC no plantel de reprodutores, para controle de Salmonella
– Está em consulta pública a proibição definitiva do uso dos antimicrobianos melhoradores de desempenho (AMD) nas rações, na produção animal.
– Vacinas e produtos naturais, com menor impacto no meio ambiente, tais como: ácidos orgânicos, prebióticos, probióticos, simbióticos, posbióticos, extratos e óleos vegetais, peptídeos e bacteriófagos, constituem ferramentas já disponíveis na substituição dos AMC, na redução da colonização do trato digestivo por Salmonella , alguns até com vantagens zootécnicas e econômicas.
– Todos os fatores que contribuem para o desenvolvimento de uma microbiota em equilíbrio são de grande valor na redução da colonização do trato digestivo por Salmonella

Ainda há muitos erros nas granjas e frigoríficos?

Paulo César Martins conta que Salmonella spp. consiste em microrganismos amplamente distribuídos na natureza, sendo o homem e os animais seus principais reservatórios naturais.

“Podemos dizer que, em cada ponto da cadeia de produção, granjas de pedigree, granjas de reprodução, locais de estocagem de matérias primas, fábricas de ração, incubatórios, granjas de produção de aves comerciais, abatedouros e frigoríficos, existe o risco de introdução deste patógeno, por acidentes e erros”, afirma. “Daí a necessidade de implementação técnica e sistemática integrada de programas de análise de perigos e pontos críticos de controle (HACCP), em cada uma dessas etapas. As empresas que ainda não adotaram essa política, sempre terão maiores riscos de condenações de lotes por contaminação por esses patógenos”, diz.

Onde se encontram os maiores riscos de introdução das salmonelas na cadeia de produção?

“De modo bastante suscinto vamos citar apenas alguns pontos, sabendo que, para cada um poderíamos ter uma discussão específica”, conta Paulo César Martins.

  • Falha de capacitação, treinamento e educação continuada dos funcionários de cada um dos pontos da cadeia de produção;
  • Adubação da lavoura com fertilizantes biológicos não adequadamente tratados.
    Estocagem inadequada de matérias-primas;
  • Frequência de limpeza e desinfecção inadequadas na fábrica de ração, transporte, silos de ração, sistema de distribuição de ração e comedouros;
  • Captação, tratamento e manutenção inadequados da água de bebida, bem como em todo o sistema de distribuição;
  • Reprodutoras positivas para Salmonella produzindo ovos férteis;
  • Mistura de ovos de lotes, com distintos status sanitários, na planta de incubação.
  • Disbiose do trato digestivo de qualquer ave da pirâmide de produção;
  • Controle inadequado de vetores biológicos, principalmente os artrópodes (moscas e carrapatos);
  • Controle inadequado de animais sinantrópicos, principalmente os pássaros e roedores, que podem se infectar, multiplicar e até adoecer por alguns sorovares de Salmonella ;
  • Localização e manejo do sistema de eliminação de carcaças nas granjas. Não raro o manejo deficiente da composteira consiste numa fonte de infecção;
  • Processamento / compostagem inadequada de cama entre lotes. Fundamental o controle da temperatura e umidade de todo o processo para se ter resultados eficazes;
  • Intervalo entre lotes não compatível com o status sanitário do lote anterior: mínimo de 15 dias para lotes negativos e 30 dias, ou mais, para lotes positivos;
  • Manejo pré-abate inadequado, com longos intervalos entre a saída do lote do galpão e o abate;
  • Falhas na desinfecção de caixas e veículos de transporte de aves ao abatedouro.
  • Riscos a alta densidade;
  • Vazio sanitário curto e realizado de forma incorreta.

 

E em quais aspectos estamos evoluindo?

Hoje há maior consciência dos técnicos avícolas no sentido de se evitar o uso dos antimicrobianos de forma preventiva. “O conceito de colonização precoce, e ao longo da vida, de todo o trato digestivo das aves que compões a pirâmide de produção avícola – das avós, até os frangos de corte – já é adotado por empresas comprometidas com a redução do uso de antimicrobianos”, afirma Martins.

“Importante é que essa abordagem não somente ajuda na prevenção da colonização do trato digestivo por Salmonella spp., bem como no equilíbrio nas populações de APECs e clostrídios, sempre presentes neste sistema”, conta. “Por outro lado, o PNSA desenvolveu e desenvolve regras, sistemas de monitoria e manejo de lotes infectados no abate, além de outras ações, com vistas a melhorar a segurança do produto final (alimento)”, finaliza Paulo César Martins.

Fonte: Assessoria Facta

Avicultura

AVES reconhece os melhores ovos do Espírito Santo em 2025

Concurso reuniu 39 amostras e avaliou rigorosamente casca, clara e gema em três etapas técnicas, confirmando a evolução da avicultura capixaba e premiando produtores que se destacam em excelência e manejo.

Publicado em

em

Fotos: Divulgação/AVES

A Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) realizou em Santa Maria de Jetibá mais uma edição do Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba, iniciativa já tradicional que reconhece o profissionalismo, o cuidado e a evolução técnica da avicultura do Estado. A edição de 2025 registrou uma forte participação, com 27 amostras de ovos brancos e 12 de ovos vermelhos enviadas por produtores de diversas regiões capixabas, reforçando o alcance da atividade e a importância do evento para a cadeia produtiva.

Marcado por rigor técnico, o concurso estruturou sua avaliação em três etapas conduzidas pela Comissão Organizadora e por um grupo de dez jurados convidados, representantes de empresas, instituições e entidades do setor avícola de diferentes estados. O médico-veterinário Leandro Marinho, do Idaf, atuou como auditor externo, garantindo neutralidade e transparência ao processo.

Na primeira fase, as amostras passaram pela análise objetiva da Máquina Digital Egg Tester, que avaliou resistência e espessura da casca e Unidade Haugh, parâmetro de referência internacional para medir a qualidade interna dos ovos. Todas as amostras foram submetidas aos mesmos critérios, e apenas as dez mais bem classificadas de cada categoria avançaram. A segunda etapa consistiu em uma análise visual minuciosa da qualidade externa, em que os jurados avaliaram uniformidade de tamanho, limpeza, textura e formato dos ovos, além da coloração da casca no caso dos ovos vermelhos. As amostras iniciavam com pontuação máxima e perdiam pontos conforme fossem identificadas pequenas imperfeições, o que destacou o cuidado dos produtores com manejo, nutrição e ambiência.

A etapa final abriu quatro ovos de cada amostra finalista para avaliação interna. Os jurados observaram presença de manchas de sangue, resíduos de oviduto, consistência do albúmen, centralização da gema e uniformidade de cor, consolidando a pontuação final. Representando a Avimig, o jurado Gustavo Ribeiro Fonseca elogiou o desempenho dos produtores capixabas: “No contexto geral, os avicultores estão de parabéns. São ovos de muita qualidade”, exaltou.

Já a médica-veterinária Karin Grossman, da Poly Sell, destacou a relevância do concurso para o fortalecimento do setor: “É uma satisfação para mim estar participando desse concurso. É um reconhecimento de um trabalho realizado ao longo dos anos, colaborando para a melhoria da qualidade dos ovos”, salientou.

Para a coordenadora técnica da AVES, Carolina Covre, os resultados reforçam o papel estratégico da iniciativa. Segundo ela, a edição de 2025 ocorreu exatamente como planejado, com forte adesão, avaliações criteriosas e alto nível de desempenho entre os concorrentes. “O concurso cumpre seu papel de estimular qualidade, aprimorar práticas e fortalecer a avicultura do Espírito Santo”, afirmou.

Vencedores

Ao final das três etapas, a AVES anunciou os vencedores. Na categoria ovos brancos, o primeiro lugar ficou com Jerusa Stuhr, da Avícola Mãe e Filhos, seguida por Waldemiro Berger, da Ovos Santa Maria, e por Jesebel Foesch Botelho e Thiago Botelho, da Botelho Alimentos. Na categoria ovos vermelhos, o campeão foi Antônio Venturini, da Ovos da Nonna, enquanto Jesebel e Thiago Botelho ficaram em segundo lugar e Lourival Bold, do Sítio Pai e Filhos, em terceiro.

As empresas vencedoras do primeiro lugar que possuem marca comercial própria terão o direito de usar um selo especial em suas embalagens, identificando os produtos como “Melhor Ovo Branco do Espírito Santo – Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba 2025” e “Melhor Ovo Vermelho do Espírito Santo – Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba 2025”.

Empresas reconhecidas

Também foram divulgadas as empresas de genética e nutrição responsáveis pelo suporte técnico aos produtores vencedores, reforçando o papel fundamental desses parceiros na obtenção de resultados de excelência. Na categoria Ovos Brancos, a campeã Jerusa Stuhr contou com genética Bovans White e nutrição fornecida pela ADM-Nutriminas. O segundo colocado, Waldemiro Berger, utilizou genética Hy-Line W80 e recebeu assistência nutricional da DSM. Já o terceiro lugar, representado por Jesebel Foesch Botelho e Thiago Botelho, trabalhou com genética Bovans White e nutrição da Brasfeed.

Na categoria Ovos Vermelhos, o primeiro colocado, Antônio Venturini, utilizou genética Hy-Line Brown e nutrição da Agroceres Multimix. Em segundo lugar, Jesebel Foesch Botelho e Thiago Botelho competiram com genética Bovans Brown e suporte nutricional da Brasfeed. O terceiro colocado, Lourival Bold, participou com aves de genética Hy-Line Brown e nutrição fornecida pela Auster.

A edição 2025 do Concurso de Qualidade de Ovos Capixaba reafirma o compromisso da AVES com a promoção de boas práticas, a difusão de conhecimento e o reconhecimento do trabalho dos avicultores. Mais do que premiar os melhores ovos do ano, o evento funciona como ferramenta técnica e educativa, contribuindo diretamente para o avanço da avicultura capixaba.

Fonte: Assessoria AVES
Continue Lendo

Avicultura

Primeiro Encontro da Avicultura Capixaba impulsiona diálogo, inovação e qualidade

Evento da AVES reuniu a cadeia produtiva, premiou excelência em ovos e reforçou a importância econômica da atividade para o Espírito Santo.

Publicado em

em

Fotos: Divulgação

A Associação dos Avicultores do Estado do Espírito Santo (AVES) realizou, em 13 de novembro, a primeira edição do Encontro da Avicultura Capixaba, em Santa Maria de Jetibá. O evento reuniu produtores, empresas dos segmentos de corte e postura, pesquisadores, lideranças do setor e representantes do poder público para um dia de debates, capacitação e integração, reforçando a força da avicultura no Estado.

O produtor e presidente da Nater Coop e do Conselho Deliberativo da AVES, Denilson Potratz, destacou o avanço da atividade no Espírito Santo e o compromisso da entidade com o fortalecimento do setor. “Precisamos atuar de forma constante na cadeia para incentivar excelência na produção e garantir alimentos de qualidade ao consumidor”, afirmou.

O diretor executivo da associação, Nélio Hand, reforçou o papel econômico e social da avicultura capixaba, que fornece carne de frango e ovos com segurança e qualidade. “Eventos como este refletem a importância de um setor organizado e voltado à solução de desafios e geração de oportunidades”, salientou.

A abertura contou com autoridades estaduais e municipais, entre elas o secretário de Agricultura, Ênio Bergoli, o deputado estadual Adilson Espindula e o prefeito de Santa Maria de Jetibá, Ronan Zocoloto. Em seus discursos, destacaram a relevância da avicultura para a economia regional, especialmente na região serrana, e o papel da AVES como articuladora do desenvolvimento produtivo.

Santa Maria de Jetibá, conhecida como a “Capital do Ovo”, foi palco para o encontro. O município é o maior produtor de ovos do Brasil, com cerca de 14 milhões de unidades por dia. “Nada mais justo que este evento seja realizado aqui”, afirmou o prefeito.

Concurso valoriza qualidade dos ovos

Um dos destaques da programação foi o Concurso Qualidade de Ovos, que incentiva boas práticas de manejo, nutrição, sanidade e excelência no produto final. A edição recebeu 39 inscrições, 27 de ovos brancos e 12 de vermelhos, e teve avaliação técnica criteriosa. “O número expressivo de participantes mostra o interesse dos produtores em qualificar ainda mais seus produtos”, avaliou a coordenadora técnica da AVES, Carolina Covre.

O concurso foi transmitido ao vivo no YouTube, com grande participação de produtores e empresas.

Espaço Empresarial aproxima produtores e fornecedores

O encontro também contou com o Espaço Empresarial, área destinada à interação entre empresas e produtores, com demonstração de tecnologias, produtos e serviços. O formato interativo foi bastante elogiado pelos visitantes.

Durante o dia, duas palestras de destaque foram ministradas: Bruno Pessamilio apresentou detalhes do Plano de Contingência para Influenza Aviária, enquanto Christian Lohbauer analisou cenários e tendências para o agronegócio no Brasil e no mundo.

O evento terminou com apresentações de grupos de dança pomerana, valorizando a cultura local, seguidas de um jantar de confraternização.

Com a forte participação do público e o sucesso da iniciativa, a AVES anunciou que o Encontro da Avicultura Capixaba passará a ser anual, integrando oficialmente o calendário da entidade. A ação reforça o compromisso da associação em impulsionar o setor e valorizar o trabalho dos produtores.

Fonte: O Presente Rural com Aves/Ases
Continue Lendo

Avicultura

Excesso de oferta amplia recuo dos ovos e limita reação das cotações

Segunda semana seguida de baixas registra até 8% de desvalorização, com expectativa de manutenção do viés negativo em novembro.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

As cotações dos ovos seguem em queda nas regiões acompanhadas pelo Cepea, esse movimento é verificado pela segunda semana consecutiva.

Em parte das praças, as desvalorizações em sete dias chegam a 8%. De acordo com pesquisadores do Cepea, o menor ritmo de vendas vem aumentando gradualmente os estoques nas granjas.

Assim, produtores têm tido dificuldades em manter os valores da proteína e acabam cedendo nas negociações.

Colaboradores do Cepea indicam que, diante da maior oferta, não há espaço para reação positiva nos valores da proteína, e a tendência é de que os preços sigam enfraquecidos até o encerramento deste mês.

Fonte: Assessoria Cepea
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.